Cooperar: Paraíba vence prêmio nacional com projeto de reciclagem de resíduo urbano

O subprojeto de reciclagem de resíduos da Associação dos Catadores de Material Reciclado (Ascamare) de Bonito de Santa Fé, Paraíba,  financiado pelo Governo do Estado através do Projeto Cooperar e Banco Mundial, foi um dos quatro vencedores da primeira edição do Prêmio Cidade Pró-Catador promovido pela Secretaria-Geral da Presidência da República. O resultado foi divulgado no site oficial do Governo Federal.

Os outros contemplados foram os municípios de Arroio Grande (RS), Crateús (CE) e Ourinhos (SP).

O prêmio tem como objetivo reconhecer e dar visibilidade às prefeituras cujas práticas com inclusão social e econômica de catadores possam ser referências para incentivar outros municípios a implementarem suas iniciativas.

Também tem a finalidade de aprofundar o conhecimento dos gestores públicos federais, estaduais e municipais sobre políticas públicas de reciclagem, coleta seletiva e inclusão social e econômica de catadores, e criar um banco de boas práticas.

A premiação acontecerá em São Paulo durante o Natal da presidenta Dilma Rousseff com os catadores de materiais recicláveis e população de rua, no próximo mês.

Além do reconhecimento, dois representantes de cada experiência – um gestor público municipal e um catador – serão contemplados com viagens para conhecer experiências internacionais de reciclagem.

O Subprojeto de Reciclagem de Resíduos Sólidos foi contemplado com recursos do Cooperar no valor de R$ 399,8 mil investidos em obras, instalações e equipamentos, como a construção de galpão para triagem com área coberta de 273 m2, caminhão com tela de proteção, garagem, equipamentos e material permanente, empilhadeira elétrica manual, balança digital, 10 carrinhos manuais para coletar recicláveis, 16 contentores de resíduos sólidos, prensa mecânica e outros, além de material de consumo, como luvas, máscaras para proteção e fardamento. O terreno de 2 hectares foi conseguido em parceria com a Prefeitura Municipal.

Dos 63 municípios inscritos no Prêmio Cidade Pró-Catador, dez foram selecionados na primeira etapa: Arroio Grande (RS), Bonito de Santa Fé (PB), Crateús (CE), Itaúna (MG), Lavras (MG), Manhumirim (MG), Novo Hamburgo (RS), Ourinhos (SP), Santa Cruz do Sul (RS) e Tibagi (PR).

Qualidade de vida – Para a presidente da Ascamare, Rita da Silva Miguel, que trabalhava como gari e agora também é responsável pela coleta seletiva de Bonito de Santa Fé, o prêmio é um reconhecimento do trabalho feito. “Antes, com o preconceito, nós éramos escanteados, e agora estamos mostrando que temos valor para a sociedade”, destacou.

Rita da Silva disse que o Cooperar foi à base de tudo, pois antes do apoio do órgão em 2012, não tinha sequer o fardamento para trabalhar. “Com a coleta melhorou muito e ainda vai melhorar mais. Com os ganhos, minha feira passou a ser maior e ainda comprei a mobília da minha casa”, lembrou.

De acordo com o extensionista da Universidade Federal da Paraíba, Tarcísio Valério da Costa, que foi responsável pelo projeto de implantação da coleta seletiva em Bonito de Santa Fé, para consolidar a ação, a associação passou por um período de capacitação sobre associativismo, economia solidária e educação ambiental, em parceria com a UFPB, e passou por oficina de capacitação imersa pelo Método Itog (Investimento, Tecnologia, Organização e Gestão) do Cooperar.

Além disso, toda a cidade praticamente foi envolvida na capacitação com campanhas educativas e palestras, que continuam sendo feitas nas escolas, associações e nos meios de comunicação locais.

Tarcísio Valério lembrou que após a implantação da coleta, em março de 2012, a associação chegou a produzir em três meses cerca de 2 toneladas de material reciclável. Hoje, mensalmente tem uma produção de 7 toneladas e faturamento de R$ 3,8 mil, divididos entre os 113 associados. A produção do material é vendida para uma empresa de reciclagem de Juazeiro do Norte (CE).

Adesão – A cidade também aderiu à coleta seletiva e duas vezes por semana os moradores dividem em sacolas plásticas os resíduos gerados em suas residências, separando o material orgânico do material reciclável (vidros, papelão, alumínio, entre outros).

O material coletado vai para dois Pontos de Entrega Voluntária (Pev), de acordo com calendário semanal distribuído pela Ascamare.

Tarcísio destacou que reciclar é bom tanto para o meio ambiente como para quem recicla. Mas lembrou que as pessoas ainda não atentaram para a iniciativa, pois apenas 55% dos resíduos produzidos são recicláveis e 45% não são aproveitados e o destino infelizmente são os aterros sanitários.

Ele disse que dados do Ipea de 2010 revelam que o potencial da cadeia produtiva de recicláveis pode chegar a gerar uma movimentação financeira de R$ 8 bi com a implantação de políticas públicas para o segmento. “A indústria da confecção, por exemplo, utiliza 32% de pet”, informou.

O Prêmio Cidade Pró-Catador conta ainda como parceiros com o Ministério do Meio Ambiente, Fundação Banco do Brasil, Ipea e o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis.

Fonte: Secom/PB
Nenhum comentário

← Postagem mais recente Postagem mais antiga → Página inicial

0 comentários:

Postar um comentário