SÃO PAULO TERÁ MEDICAMENTO À BASE DE CANNABIS NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

A lei que garante a inclusão dos medicamentos à base da cannabis no Sistema Único de Saúde (SUS) em São Paulo foi sancionada hoje (31), com vetos parciais. O projeto foi aprovado em 21 de dezembro na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) com proposição do deputado Caio França (PSB). 

Nas redes sociais, o parlamentar disse que esta é uma vitória das famílias “de autistas, pessoas com síndromes raras, Parkinson e outras patologias”. No dia  (30), o deputado entregou um abaixo-assinado com 40 mil assinaturas, além de notas de apoio, ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. A nova lei tinha que ser sancionada ou vetada até esta sexta-feira (3).

Os vetos parciais, segundo o governo, dizem respeito a trechos em desacordo com a Constituição Federal de 1988. O texto será remetido à Alesp para apreciação.

O governo estadual informou que um grupo de trabalho será criado para regulamentar a nova lei. “Os profissionais serão responsáveis pela implementação, atualização e reavaliação da Política Estadual de Medicamentos Formulados à Base de Cannabis”, apontou em nota.

A medida “minimiza os impactos financeiros da judicialização e, sobretudo, garante a segurança dos pacientes, considerando protocolos terapêuticos eficazes e aprovados pelas autoridades de Saúde”. 

A importação de produtos medicinais feitos a partir da cannabis foi liberada em 2015 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Os medicamentos só eram fornecidos pelo governo do estado mediante decisão judicial.

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COMUNIDADES TRADICIONAIS REALIZAM PROTESTO EM SENTO SÉ BAHIA

“Quando chove, atola, quando tá seco é a poeira horrível”. A frase de Dona Maria Rosa Cruz, 59, define bem a situação que a população de comunidades ribeirinhas de Sento Sé (BA) tem vivido. Desde 2020, com o início do funcionamento da Tombador Iron Mineração, os/as moradores/as do território não têm mais um minuto de sossego. Faça sol ou chuva, todos dias, dezenas de carretas que transportam o minério de ferro da empresa passam pelo trecho da BA-210, que liga onze comunidades à sede do município, gerando inúmeros transtornos.

Poeira, buracos, falta de visibilidade na estrada, riscos de acidentes, animais mortos e sem acesso à caatinga e fontes de água. Esses são alguns dos problemas enfrentados pela população local. “Já passei momentos difíceis nessa estrada, de moto, você não vê nada, quem tá vindo ou quem tá indo. Tá insuportável, não estamos aguentando mais”, desabafa Domingos Lima, 55, da comunidade Tombador de Cima.

O grande fluxo de carretas da empresa de mineração já tem até interferido na renda e no jeito de viver das comunidades tradicionais. Seu Raimundo Nonato, 65, do Limoeiro, teve que se desfazer da sua criação de gado. “Minha roça é aqui na beira da estrada, fui obrigado a vender minha criação porque não tinha mais como eles beberem água, e eu fiquei sem nada. Só estamos sendo prejudicados”, comenta.

Cansadas dessa situação e com receio de que os problemas se agravem, as comunidades atingidas pela Tombador Iron Mineração iniciaram um protesto na manhã da última segunda-feira (30). Com dois pontos de ocupação na estrada, carretas e funcionários da empresa não conseguem trafegar pelo local há mais de 36 horas. O objetivo principal da manifestação é conseguir o asfaltamento da via, cerca de 100 quilômetros de extensão.

“Estamos sofrendo, não conseguimos mais fazer um trajeto com tranquilidade daqui pra Sento Sé. A nossa luta é pela nossa melhora, estamos fazendo um protesto digno. Nós somos gente”, afirmou Marismar Vital, 39, pescadora da comunidade Aldeia.

Até o momento, as comunidades não receberam nenhum retorno sobre a reivindicação. Representantes da Prefeitura Municipal e da Secretaria de Infraestrutura do Estado estiveram no local. As Polícias Rodoviária Estadual e Militar também estiveram na ocupação na tarde de ontem. Na ocasião, tentaram intimidar e desmobilizar o protesto. No entanto, as comunidades seguem em manifestação até que a pauta seja atendida.

Texto e fotos: Comunicação CPT Juazeiro

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NILDA ARAÚJO: UM SENTIMENTO CHAMADO PAIXÃO PELA DANÇA E CULTURA GONZAGUEANA

O professor Aderaldo Luciano, doutor e mestre em Ciência da Literatura, afirma que Luiz Gonzaga plantou a sanfona, estampou a zabumba em nossos corpos, trancafiou-nos dentro de um triângulo e imortalizou-nos no registro de sua voz. Dentro do seu matulão convivemos, bichos e coisas, aves e paisagens. Pela manhã, do seu chapéu, saltaram galos anunciando o dia, sabiás acalentando as horas, acauãs premeditando as tristezas, assuns-pretos assobiando as dores, vens-vens prenunciando amores.

É em Luiz Gonzaga  que seu peito abriga o canto dolente e retorno dos vaqueiros mortos e a pabulagem dos boiadeiros vivos. As ladainhas e os benditos aninhavam-se por ali, buscando eternidade.

Este sentimento é vivenciado pela dançarina Nilda Araujo, paraibana de Gurjão, região do Cariri, e por isto traz a sonoridade dos Canários de Campina, sabiás, provocando a suavidade presente nas danças dos pássaros e arquetipos da leveza e a paixão pela cultura gonzagueana. Nilda declara sempre a sua paxão  pelo ritmo cantado por Luiz Gonzaga. Nilda é formada em filosofia pela Universidade Estadual da Paraíba.

"Meu primeiro contato com forró foi no Sítio Poço de Pedras, nos sítios. Meus pais sempre gostaram... e me levavam para os forrós, eu desde bebê...Taí meu amor pelo bom forró. Comecei dançar nos sítios, com candeeiro e depois, lampião de gás... o forró era sanfona, triângulo e zabumba. Painho toca zabumba, triângulo e pandeiro.Ele integrava um trio de lá do sítio. Somos família apaixonada por forró", revela Nilda Araújo, que já foi dançarina do grupo que se apresentava com a cantora Elba Ramalho.

A cada ano já é tradição na terra do Rei do Baião, Exu Pernambuco,  o encontro, denominado "Grande Encontro dos Gonzagueanos que prestam homenagens a Luiz Gonzaga. 

Centenas de pessoas se deslocam de diversos lugares do Brasil para prestigiar a data de nascimento, 13 de dezembro,  daquele que é uma das maiores referências da música brasileira.

Entre os Clubes de Fãs e Pesquisadores  presentes nas festividades estão o Eterno Cantador (Paus Ferros-RN), Fã Clube 100% de Santa Cruz do Capibaribe (PE), Irmãos Gonzagueanos (Caruaru PE), Amigos Gonzaguianos (Senhor do Bonfim), Tropa Gonzagueana (Petrolina/Juazeiro), Aracaju, Salvador, Fortaleza. 

A Missa em Ação de Graças na sombra do pé de juazeiro, no Parque Asa Branca, tem a presença do Padre Fabio que é o fundador do site Na Cabana de Gonzagão. Exemplo são as admiradoras da biografia de Luiz Gonzaga, as bacharéis em Turismo, pela Universidade Federal do Piauí,  Jacimara Almeida e Fran Santos; elas viajaram quase 900 km para chegar a Exu, Chapada do Araripe. A origem da viagem Caxingó, Piauí.

"A sanfona é o principal instrumento das festas espalhadas pelo mundo. Fascina pela sua sonoridade, pela diversidade de modelos e gêneros, mas seu encanto transcende o poder da música, porque desperta um afeto misterioso. Talvez pelo fato de ficar junto ao coração do sanfoneiro, ou, quem sabe, por ser um instrumento que é abraçado ao se tocar. Ou ainda, por ser um instrumento que respira...O fato é que a sanfona une as pessoas e é amada por todos os povos".

O Fã Clube Irmãos Gonzaguianos de Caruaru foi fundado com o objetivo de valorizar a vida e obra de Luiz Gonzaga e Dominguinhos. Todos os anos está presente em Exu e Garanhuns além do Encontro dos Gonzagueanos que é realizado em Caruaru, Pernambuco. O Fã Clube Irmãos Gonzaguianos tem na diretoria Vanderson Gomes, Nadir Ribeiro, Luiz Carlos e Edilson Guedes.

Edilson Guedes é funcionário público e trabalha em Gravatá Pernambuco. Ele apresenta também o Programa de Rádio Relembrando O Gonzagão e ainda mantém o site com 24 horas no ar tocando músicas de Luiz Gonzaga e todos aqueles que fazem o forró trilhado na sanfona, triangulo e zabumba.

Santa Cruz do Capibaribe, Pernambuco é também conhecida como A Capital do Jeans. Um dos mais ativos grupos, o Fã Clube 100% Gonzagão foi criado desde 2004, os amantes de seu Lula vem manifestado seus gostos e admiração pelo mestre Lua, dando início a um compromisso que se tornou tradição. Todo mês de dezembro, mês do aniversário do Gonzagão, o grupo segue em caravana com destino à Exu-PE, onde acontece uma grandiosa festa em homenagem ao Rei do Baião. 

O Fã Clube 100% Gonzagão distribui camisetas, adesivos e outros brindes, gratuitamente, além de festejar. O trabalho não tem fins lucrativos, toda e qualquer despesa é bancada pelos componentes do grupo 100% Gonzagão. Fortalecendo e dando continuidade a cultura Gonzagueana, todos os anos são realizados em Santa Cruz, festejos para alegria da população, em comemoração as festividades Juninas, ao Forró, Baião e arrasta pé.

O Fã Clube “Eterno Cantador”, de Pau dos Ferros-RN, foi fundado em 13 de agosto de 2011, constituído por fãs e admiradores da vida e da obra do cantor e sanfoneiro Luiz Gonzaga do Nascimento, o Rei do Baião –Gonzagão, tendo por finalidade divulgar, preservar, propagar e enaltecer a obra deste vulto imortal da música popular brasileira e especificamente da nossa região nordeste. 

O precursor deste grupo, hoje com mais de 100 sócios, entre eles os Engenheiros agrônomos Epifanio Silvino do Monte, Euzébio Fernandes Neto e Hélio Diógenes Amorim.

"Se Deus quiser, 2023 estaremos mais uma vez, Todos unidos em Exu Pernambuco e também em Garanhuns no Festival Viva Dominguinhos. O fã clube promove mensalmente suas reuniões sediadas por seus sócios, onde são discutidas e tomadas as decisões inerentes às atividades culturais e recreativas, com também promoverem a confraternização de seus membros e convidados, tendo sempre como fundo musical o repertório do Rei do Baião, executado por sanfoneiros exaltando o nosso forró de verdade", finaliza Helio Diogenes. 

(Texto: Jornalista Ney Vital-apresentador e produtor Rádio Cidade FM 95.7 Programa Nas Asas da Asa Branca Viva Luiz Gonzaga e seus Amigos)

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MINISTRA DOS POVOS INDÍGENAS ESPERA DEMARCAÇÃO DE 14 ÁREAS ESTE ANO

A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, afirmou, em entrevista a veículos da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que 14 processos de demarcação de terras indígenas estão prontos para homologação pelo governo federal.

São áreas localizadas em oito estados de quase todas as regiões do país. "Temos 14 processos identificados, que estão com os estudos prontos, concluídos, já têm a portaria declaratória. A gente espera que o presidente Lula possa assinar a homologação", disse.

As terras indígenas prontas para o reconhecimento definitivo ficam no Ceará, Bahia, Paraíba, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Acre, Amazonas e Mato Grosso. O governo anterior, de Jair Bolsonaro, havia paralisado todos os processos de demarcação de terras indígenas e a retomada desses processos foi um compromisso de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No fim ano passado, durante a transição de governo, o grupo de trabalho temático sobre questões indígenas já havia incluído, no seu relatório, uma lista das 13 áreas prontas para demarcação. Ao todo, elas somam cerca de 1,5 milhão de hectares.

AMEAÇAS: Primeira indígena a assumir um cargo de ministra no governo federal, Sônia Guajajara foi a entrevistada da edição desta sexta-feira (27) do programa Voz do Brasil, da EBC, em que atualizou a situação de vulnerabilidade de diversos povos.

O tema ganhou evidência nos últimos dias com a eclosão da crise sanitária vivida pelos Yanomamis, em Roraima. Segundo a ministra, este caso é apenas "a ponta do iceberg". 

"Tivemos seis anos de muita ausência do poder público. Yanomami é uma pontinha do iceberg", afirmou Guajajara. A ministra citou os casos dos povos Arariboia e Guajajara, no Maranhão, Uru-eu-wau-wau, em Rondônia, Karipuna, no Acre, e Munduruku, no Pará. "Todas essas áreas estão com situação grave de madeireiro ou de garimpeiro e, com isso, [há] uma insegurança geral de saúde e alimentar", disse.

A ministra também mencionou a situação dos indígenas Guarani Kaiowá, grupo que já esteve em evidência há alguns anos, mas que segue grave. Eles vivem em área ainda não demarcada e que é disputada por fazendeiros, as chamadas de áreas de retomada, em que há conflito permanente.

 “Temos recebido demanda do Guarani Kaiowá. Eles vivem em áreas de retomadas e isso dificulta a produção de alimentos. Tem a situação do povo Pataxó, também numa área de retomada. É uma terra indígena que aguarda portaria declaratória do governo federal. [Há também] os Awá Guarani, no Paraná, que têm procurado a gente para dar uma atenção especial", acrescentou.

Outra fonte de preocupação, de acordo com a ministra, segue sendo a região Vale do Javari, no extremo oeste do Amazonas, que concentra o maior número de povos indígenas isolados de todo o país. No ano passado, a região foi notícia mundial com os assassinatos brutais do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira.

"Nas duas últimas semanas foi encontrada uma bomba dentro da casa de um servidor da Funai [no Vale do Javari]. A Polícia Federal foi chamada e conseguiu desarmar a bomba. O Vale do Javari é uma prioridade para garantir proteção", revelou a ministra.

"Com essa afirmação do presidente Lula de que vai retomar a demarcação de terras indígenas, de que vai avançar com esses processos, então [isso] já gera uma certa turbulência, animosidade de quem é contra a demarcação e, com isso, eles tentam formas de intimidar a própria atuação do governo federal", acrescentou.

A ministra do Povos Indígenas ainda falou sobre a necessidade de ações permanentes nos territórios indígenas, para repelir ameaças e evitar novas situações de vulnerabilidade.  

"Essa ação é muito importante, é a retomada da presença do Estado no território. E é preciso que seja feito um trabalho articulado com vários ministérios. Para isso, instalou-se uma comissão de enfrentamento que vai começar na segunda-feira (30), e a ideia é que o Ministério da Defesa permaneça ali com essa presença de fiscalização, juntamente com Ministério da Justiça, [com] a Polícia Federal", finalizou. (Fonte Agencia Brasil)

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FEIRA AGROECOLÓGICA E ORGÂNICA FORTALECE COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS DA AGRICULTURA FAMILIAR

Juazeirenses e visitantes contam com Feira Agroecológica e Orgânica que acontece semanalmente com comercialização de diversos produtos da agricultura familiar e artesanatos. A feira acontece ao lado do Armazém da Caatinga, na Vila Bossa Nova, Orla II de Juazeiro.

O espaço tem sido uma oportunidade para escoar o excedente da produção de dezenas de agricultores/as familiares da região. “A gente tem uma coisa mais certa, a gente produzia, mas pra onde ia escoar essa produção? E hoje, a gente já tem o ponto certo. Através da Coopervida, a gente fez esse gancho de expandir essa comercialização e aí a gente não tá dando conta da demanda”, destaca a agricultora do assentamento São Francisco em Juazeiro e coordenadora do Pré-Núcleo Sertão do São Francisco, Carmem de Oliveira.

A Cooperativa Agropecuária Familiar Orgânica do Semiárido - Coopervida e a Central da Caatinga são as organizadoras da feira. A presidente da Coopervida, Gizeli Maria Oliveira, ressalta que tem trabalhado para “[...] fortalecer mais ainda as comunidades dos distritos de Juazeiro. Muitas famílias, nos quintais agroecológicos, por exemplo, que não tinham para onde escoar os excedentes da produção, com a entrega de cestas, a venda na quitanda, que é num bairro periférico aqui de Juazeiro e a Feira Agroecológica, nós estamos conseguindo absorver essa produção”.

Gizeli pontua que esse trabalho junto às famílias agricultoras conta com “um circuito de apoio” de técnicas/os de organizações que atuam na região e que “fazem essa ponte entre a Coopervida e as famílias que estão nas comunidades”. O Irpaa é uma das entidades que apoiam a feira.

A articulação com as parcerias para garantir a logística com as/os agricultoras/es resulta, por exemplo, na comercialização de cestas, com média de 25 por semana. Devido à comodidade, esse serviço tem sido bem procurado e é uma forma de garantir o acesso da população a produtos saudáveis, sem agrotóxicos. “As famílias fazem o pedido no WhatsApp uma vez por semana e recebem na sexta-feira pela manhã em suas casas. Então, a feira está se ampliando e a proposta é essa, que ela se amplie não só aqui no espaço da Orla, mas também em outras localidades de Juazeiro para a maior parte da população também ter acesso a esses produtos”, destaca Gizeli Maria.

Com essa proposta de ampliação, diferentemente das quintas-feiras, em que são comercializados apenas produtos orgânicos, às sextas há uma diversidade maior. É possível encontrar produtos orgânicos, agroecológicos e itens da economia solidária como artesanatos de couro e madeira, bordados, comidas típicas e perfumes. Nos dois dias, o horário de funcionamento é das 16h às 20h.

Para a coordenadora da Rede Mulher em Juazeiro, Karine Pereira, que participa com artesanatos, o espaço é uma oportunidade para mulheres do coletivo. “É uma novidade, ainda mais se tratando de artesanato que as mulheres ainda estão começando a produzir pensando na comercialização fora do seu ambiente domiciliar, como vender pro vizinho, para uma amiga; mas, para sair da cidade pra ir para outro município, não (ter condições). Então, é um espaço inovador para a Rede Mulher, é um espaço que a gente tá aprendendo”.

Karine avalia que é preciso a comunidade aproveitar e valorizar mais ainda a iniciativa, principalmente, porque é uma forma de apoiar a produção das famílias. “O que a gente mais acha desafiante, no momento, é a população de Juazeiro perceber o valor, a importância de ter uma feira como essa. São produtos de qualidade, com preços super acessíveis e que, além de fomentar a economia local, também contribuem para que as pessoas tenham uma melhor alimentação e com a renda de muitas famílias”.

Há um mês, aproximadamente, o jovem Maurício Fábio da Silva e os amigos participam da Feira Agroecológica e Orgânica de Juazeiro. Maurício avalia que o espaço é importante para divulgar o trabalho de artesanato com reciclagem que é realizado por eles. “A ideia da ‘Berro do Gato’ é isso, pegar material reciclado, que as pessoas não utilizam mais e a gente faz a nossa arte. Exemplo, uma empresa que vai jogar material fora, a gente vai lá e cata. As pessoas procuram mais para trabalhos encomendados e a feira, a gente usa como parte de vitrine mesmo. A gente já conseguiu muita encomenda por fora”.

A feira foi inaugurada no dia 30 de junho de 2022, como parte integrante de um projeto que engloba também o Armazém da Caatinga. O contato disponibilizado pela organização para os pedidos de cestas, via WhatsApp, é o (74) 98859-9873.

Fonte: Arte de divulgação: Organização da Feira Texto e foto: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa

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SÃO 18 HORAS E MAIS UMA ORAÇÃO

Tenho caminhado em busca de conhecimento da mística Hora do Angelus. Um dos mais belos discos Lp de Luiz Gonzaga tem o título: o sanfoneiro do povo de Deus. Nele canta beatas e louvações, mística, trabalho e fé.

O cantor Maciel Melo canta:
...Um poeta já disse Deus virá
Dou-te o nome Maria Fortaleza
Tua fé é sinônimo de grandeza
Em teu reino quem reina é o coração

Oh Maria Lourdes da Labuta
Em sumé foste doce, amarga e bela
Paraíba foi tua passarela
Pernambuco te trouxe a sedução
O destino entregou tua missão
Onze ítens a ti foi destinado
E a lei que constitui o teu reinado
Foi escrita com a tinta do perdão

Tú andaste muito mais que muitas léguas
Tú abriste as cancelas do destino
Te vististe com o manto do divino
Traçaste um futuro sem ter régua
Teu amor incansável não dá trégua
Teu silêncio arenga com o fracasso
E o sol ao cair deixa o mormaço
São seis horas e mais uma oração...

Cida Golin doutora em Letras, Professora do Departamento de Comunicação da Universidade do Rio Grande do Sul e Bárbara Salvatti, bolsista de iniciação cientifica apontam em artigo para a tela A Hora do Angelus (1858-9 – Museu D’Orsay) de François Millet, com a imagem de um casal na lavoura, mãos cruzadas e a cabeça baixa em sinal de reverência, registra, às vésperas do movimento impressionista, a luz e a dimensão religiosa do calendário.

A cena naturalista e poética, associada a um ritual de base sonora, conquistou o público e foi amplamente difundida em cartões postais e almanaques. A prece alude à passagem bíblica da Anunciação do Anjo Gabriel à Virgem Maria; oração essa que, paulatinamente, incorporou-se ao culto católico como eixo meditativo quando "bate às seis horas", regulando a disciplina dos corpos e das mentes.

Dentro dessa vivência da religiosidade, o culto à Maria, configurada como uma visão materna protetora, vigilante  e poderosa, capaz de interceder pelos fiéis. Reproduzo aqui um dos momentos mais reflexivos apresentado na Rádio Jornal do Comérccio - Recife-Pernambuco.

"Seis horas, esta é a hora do ângelus Hora da anunciação. A humanidade esquece por um momento a sua luta inglória, deixa de lado os pensamentos pecaminosos, a perseguição desenfreada dos homens contra os próprios homens e contempla a paz da natureza, uma sombra pálida do olhar de Maria.

Nos templos, nas ruas e nos campos, as preces brotam espontâneas de todos os lares. Esta é a hora do ângelus, a hora da anunciação! Nós vos suplicamos Maria que olheis por nós, vossos filhos ingratos.

Dai-nos a graça do arrependimento e a vossa benção materna, porém, mais do que nós, Maria, outros necessitam do vosso apoio, nessa hora. Os que morrem de necessidade. Os que blasfemam. Os que não creem. Iluminai-os Virgem Santíssima Vós que fizestes os homens semelhantes a Deus por que foste Mãe de Jesus.

 Olhai para os que perderam a fé Protegei-os, vislumbrai-os como um relâmpago aos olhos de Paulo

Lembrai-vos deles nessa hora, Maria e sede, para todo o sempre, louvada e bendita!

Ave Maria Cheia de Graças  Senhor é convosco Bendita sois vós entre as mulheres

Bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus".

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FESTIVAL SALITRANDO A HISTÓRIA, 25 ANOS DE SACERDÓCIO DO PADRE TITO ACONTECE DIA 05 DE FEVEREIRO

Anita Rodrigues, 81 anos. Diva Rodrigues, 70 anos. São duas irmãs que tiveram o privilégio de nascer nas margens do Rio São Francisco, em Juazeiro Bahia. As duas cultivam a valorização da cultura e religiosidade. "Nossos antepassados, ancestrais, nos passaram essa devoção. A Casa de Oração, os terços, ofícios, terços das almas, tudo é motivo de gratidão e festejos", diz Anita.

No próximo dia 05 de fevereiro, as duas vão viver um momento de emoção. Trata-se do Festival Salitrando a História, 25 anos de sacerdócio do filho de dona Anita e sobrinho de dona Diva. Padre Tito Regis Rodrigues da Silva festeja o Jubileu de Prata.

Anita revela que Salitre, vem do sal, de sabor. "Salitrar é restituir, devolver sabores. Estamos na emergencia cultural e ste momento é de valorizar a nossa história e por isto os salitreiros vão mostrar habilidades humanas, culturais, sociais e religiosas".

O padre Tito diz que a festa tem razões bíblicas. "Os livros de Números e Crônicas apresentam o sal como o simbolo que confirma amizade entre as regiões e nos Evangelhos, Jesus chama seus discípulos de Sal da Terra e alerta para  que todos tenham sal entre si e estejam em paz uns com os outros".

Além da Missas no dia 5 de fevereiro ás 8hs, no Sítio Recanto da Emaus, Salitre, a programação consta de várias manifestações culturais, congada, paineis referente história do Salitre, roda de São Gonçalo,  Samba de Vei, distribuição de plantas nativas para plantio, lançamento da cartilha cultural, brincadeiras para crianças, bumba meu boi e folia de reis, entrega Troféu Salitrando a História.

Durante o período da noite haverá apresentação dos penitentes do Salitre e Alimentadoras de Almas e festas juninas.

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MAIO, O MÊS MÁGICO PARA GUIMARÃES ROSA

Há exatos 70 anos – em maio de 1952 -, o escritor mineiro João Guimarães Rosa (1908-1967) acompanhou uma boiada – conduzida pelo vaqueiro Manuelzão – numa viagem de 240 quilômetros pelo sertão de Minas Gerais, desde Sirga até Araçaí, ao longo de dez dias. Enquanto seguia com o rebanho em sua lenta marcha, Rosa registrou o que via em cadernetas penduradas no pescoço, que conservaram suas anotações em forma de rabiscos e comentários soltos. 

Os escritos, que descrevem com minúcias os cenários e situações vividas naquela ocasião, foram depois datilografados e serviram de base para duas das mais importantes obras do escritor, Corpo de Baile e Grande Sertão: Veredas, ambas lançadas em 1956.

Essas anotações de Rosa – que só foram publicadas em livro em 2011 pela Editora Nova Fronteira, com o título A Boiada – serão o tema do ciclo de seminários Infinitamente Maio: A Boiada – 70 Anos, que o Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP e a Oficina de Leitura Guimarães Rosa, instalada no IEB, promovem nesta terça, quarta e quinta-feira, dias 10, 11 e 12, sempre às 15 horas. “Maio é um mês mágico para Guimarães Rosa”, afirma Regina Pereira, da Oficina de Leitura Guimarães Rosa, uma das organizadoras do evento, citando um trecho do conto Desenredo, de Rosa, que inspirou o título do ciclo de seminários: “Sorriram-se, viram-se. Era infinitamente maio e Jó Joaquim pegou o amor. Enfim, entenderam-se”. Regina acrescenta: “É um mês muito citado nas obras dele. A viagem que fez pelo sertão mineiro e a publicação de Grande Sertão: Veredas também ocorreram em maio”. 

“Às 6 horas da manhã. Claridade da madrugada. O sol ainda não saiu. “Está clareando agora, resumindo”. “Romper da aurora”, perto de nós, o grosso, enorme rôlo reto, de bruma branca (‘fumaça’) desce da bocâina pela baixada. Sôbre êle o outeiro, que marca o nascente. Grandes nuvens alaranjadas, que, a certa hora, se mudam em azuis – mas sobre elas o céu se toma de difusos laivos côr de rosa, extensos – aumentação dos raios do sol (parecem uma). Maiora a claridade.” (Trecho das anotações de Guimarães Rosa feitas em maio de 1952)

“Esta madrugada, deitado, via a lua, já baixa, lua cheia, pronta a ir-se. (Lado meu era o do poente). Poente da lua cheia (ainda alto, eclipsado). Depois, às 4 hs. 30, as nuvens cinzento-verde, leves. Hora em que as nuvens (isoladas) refletem os verdes do mundo. Depois, elas ficam azul e rosa.” (Trecho das anotações de Guimarães Rosa feitas em maio de 1952)

A Boiada em Imagens é o título do segundo seminário do ciclo, no dia 11. Nele, o coordenador do Museu Casa Guimarães Rosa, de Cordisburgo – cidade natal de Rosa -, Ronaldo Alves, fará análises sobre as imagens da boiada produzidas pelo fotógrafo Eugênio Silva para a revista O Cruzeiro, no último dia do percurso. Já a arquiteta Gabriella Roesler Radoll, da Oficina de Leitura Guimarães Rosa, vai apresentar mapas da época que descrevem a trajetória da boiada acompanhada por Rosa. Ainda nesse segundo seminário, a pesquisadora Beth Ziani vai explicar a obra coletiva O Manto do Vaqueiro, idealizada por ela, que foi composta com bordados feitos por mais de 200 moradores do sertão mineiro e está em exposição no Museu Casa Guimarães Rosa. A mediação será de Regina Pereira.

A importância das anotações para a compreensão da obra completa de Guimarães Rosa será o tema do terceiro e último seminário, no dia 12, intitulado A Boiada Presente em Corpo de Baile e Grande Sertão: Veredas. A apresentação será do pesquisador Frederico Camargo, organizador do Arquivo de João Guimarães Rosa, com mediação de Rosa Haruco Tane, da Oficina de Leitura Guimarães Rosa. “Essas anotações são um material muito interessante para aqueles que fazem crítica genética”, destaca Regina Pereira, referindo-se ao campo de estudo voltado para a investigação das origens mais remotas de uma obra de arte.

Regina conclui: “Ao reler as anotações, você percebe o quanto o Cerrado foi destruído. Guimarães Rosa já possuía a visão de que o progresso estava chegando e aquele local não continuaria o mesmo por muito tempo. Refletir sobre o que mudou na geografia de Guimarães Rosa é essencial para a conservação desse patrimônio ecológico e cultural brasileiro”.

“TREM DE GADO – Passando (Brumadinho). Alguns bois, ao extremo de uma das gaiolas, conseguiram deitar-se. Um guarda-freio sentado, no extremo final, perto do engate, no último carro. Outro vem andando, sôbre a táboa longa, de cima do carro (tablado). Os bois estão lá dentro, quietos.” (Trecho das anotações de Guimarães Rosa feitas em maio de 1952)

Mariana Carneiros-Jornal da Universidade de São Paulo - USP

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AGRICULTORES TRANSFORMAM DESERTO EM FLORESTA NO SEMIÁRIDO

Uma mancha esverdeada se destaca na paisagem ondulada dos arredores de Poções, pequeno município no Semiárido baiano. Ali, a profusão de cactos, suculentas e árvores da Caatinga contrasta com a pastagem degradada e os solos nus do entorno.

O responsável pelo "oásis" é o engenheiro aposentado Nelson Araújo Filho, de 66 anos. "Quando comecei aqui, o solo era compactado e não produzia nada". 

Sentado na sombra de um umbuzeiro, Araújo conta que por muitos anos aquela área, que pertence a seu pai, abrigou roças de milho e aipim. Depois, virou pasto para gado.

Mas os anos de uso intensivo esgotaram o solo e o deixaram em vias de virar deserto — fenômeno que atinge cerca de 13% das terras do Semiárido brasileiro, segundo o Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites da Universidade Federal de Alagoas.

Araújo começou a reverter o processo há três anos com a implantação de um sistema agroflorestal em 1,8 hectare, área equivalente a dois campos de futebol.

O método, que tem sido adotado em várias regiões brasileiras e do mundo, se espelha no funcionamento dos ecossistemas originais de cada região.

No início, Araújo plantou espécies da Caatinga que sobrevivem mesmo em solos degradados, como a palma forrageira e o avelós. Depois, passou a podar a vegetação com frequência, usando todo o material cortado para cobrir e adubar o solo.

Com a melhora das condições, espécies mais exigentes, como árvores frutíferas e de grande porte, já começam a pedir passagem. A abundância de flores e frutos atrai aves e abelhas; e animais silvestres que há muito não eram vistos, como veados, voltaram a circular pela região.

Em mais alguns anos, Araújo espera que seu sistema se assemelhe a uma área intocada da Caatinga, com plantas de todas as alturas e alta variedade de espécies, de onde possa tirar mel, frutas e alimento para rebanhos o ano todo.

E tudo isso sem usar agrotóxicos, adubos químicos ou uma só gota de água com irrigação.

"Não falta água na Caatinga", diz o agricultor, referindo-se ao orvalho que banha a vegetação todas as noites e que o deixa com a roupa molhada ao visitar a agrofloresta pela manhã.

Ele afirma que a água do sereno é suficiente para "manter o sistema funcionando".

"A chuva, para mim, é um bônus", diz, questionando a noção de que, no Semiárido, toda plantação precisa de irrigação ou de verões chuvosos para prosperar.

Técnicas como as usadas por Araújo têm atraído holofotes num momento em que líderes globais discutem como frear as mudanças climáticas. 

Para climatologistas, sistemas agroflorestais são ferramentas tanto para a adaptação às mudanças quanto para a redução do ritmo das transformações.

Isso porque a diversidade dos sistemas deixa os agricultores menos vulneráveis a extremos climáticos, ao mesmo tempo em que as agroflorestas ampliam a absorção de carbono na atmosfera.

E, segundo os especialistas, o Semiárido brasileiro já tem sido uma das regiões mais afetadas pela mudança do clima no mundo.

Em seu último relatório, divulgado em agosto, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) afirmou que o Semiárido tem enfrentado secas mais intensas e temperaturas mais altas, condições que tendem a acelerar a desertificação de seus solos.

Daí a urgência em substituir uma agricultura que fragiliza os solos por outra capaz de restaurá-los.

Em seu relatório de 2019, o IPCC já havia dito que "sistemas agroflorestais podem contribuir com a melhora da produtividade de alimentos ao mesmo tempo em que ampliam a conservação da biodiversidade, o equilíbrio ecológico e a restauração sob condições climáticas em mutação".

Para a agrônoma Eunice Maia de Andrade, professora da Universidade Federal do Ceará, sistemas agroflorestais são capazes de recuperar uma boa parcela dos solos do Semiárido.

Especialista em conservação de solo e água no Semiárido, com doutorado em Recursos Naturais Renováveis pela Universidade do Arizona (EUA), Andrade afirma que esses sistemas facilitam a infiltração da água e reduzem seu escoamento superficial, o que protege a microbiologia do solo e ajuda a reter nutrientes.

Mas ela afirma que a implantação do sistema seria "muito difícil" em algumas partes do Semiárido, como em regiões onde o solo é muito raso e rochoso, ou em áreas onde chova menos de 500 milímetros ao ano.

As partes mais secas do Semiárido brasileiro recebem cerca de 250 mm de chuva ao ano, um terço do índice verificado nas partes mais úmidas da região.

Em Poções, onde Nelson Araújo Filho implantou seu sistema agroflorestal, o índice médio de chuvas é de 624 mm/ano, segundo o portal Weather Spark.

Para a professora Eunice Maia de Andrade, o combate à desertificação exige "um conjunto de ações e técnicas distintas", que considerem o nível de chuvas e as aptidões de cada local.

Área desertificada no interior de Alagoas, onde fenômeno atinge 32,8% do território estadual

Nos últimos anos, vários coletivos e movimentos sociais têm realizado cursos e vivências no Semiárido para estimular a adoção de sistemas agroflorestais ou agroecológicos.

Os dois conceitos são semelhantes e se opõem à chamada Revolução Verde, conjunto de técnicas agrícolas que se disseminaram pelo mundo a partir dos anos 1930 e se baseiam no uso intensivo de fertilizantes, agrotóxicos e mecanização.

Já a agroecologia e os sistemas agroflorestais buscam conciliar a produção de alimentos com a restauração ambiental. Além disso, valorizam a autonomia dos agricultores e o uso dos recursos que já estão disponíveis no local.

Uma das organizações que têm difundido as práticas no Semiárido é Centro de Assessoria e Apoio a Trabalhadores e Instituições Não-Governamentais Alternativas (Caatinga).

Um dos membros do grupo, Vilmar Luiz Lermen, recebe frequentemente em seu sítio em Exu, Pernambuco, agricultores de vários Estados interessados em aprender os métodos e visitar uma agrofloresta com 15 anos de idade.

No Semiárido, porém, assim como em outras partes do país, há obstáculos à penetração dessas ideias e relutância em abandonar certas práticas tradicionais.

O próprio Nelson Araújo Filho enfrentou resistências quando começou a implantar sua agrofloresta em Poções.

Alguns vizinhos e parentes protestaram, afirmando que a grande presença de palma forrageira (um tipo de cacto) na plantação desvalorizaria a área.

Isso porque essa espécie é bastante usada como alimento para cabras, cuja criação é associada à pobreza na região.

Os descontentes defendiam que, em vez de palma, ele plantasse capim para bois, já que a pecuária bovina, ao contrário, é uma atividade valorizada.

Agricultores que implantaram sistemas agroflorestais em outros pontos do Semiárido lidam com questionamentos semelhantes.

Antonio Gomides França, que  cultiva uma agrofloresta no Crato, interior do Ceará, diz que muitos vizinhos relutam adotar seus métodos por não saber como lidar com a vegetação da Caatinga nas áreas onde os sistemas são implantados.

Em geral, essa vegetação é formada por árvores duras e espinhentas que sobrevivem em solos degradados, como a jurema, a unha de gato e o mameleiro.

Quando uma agrofloresta é plantada, é preciso podar ou derrubar essas árvores para dar lugar a outras espécies que ajudem a recuperar o solo e ampliem a diversidade do sistema.

"Mas o agricultor, quando vai derrubar essa vegetação espinhenta, não sabe como organizar o material, então ele derruba e taca fogo", diz França.

O problema é que a queimada se contrapõe radicalmente aos conceitos agroecológicos, pois deixa o solo exposto à erosão e mata microorganismos essenciais para a vida vegetal - além de gerar emissões de gases causadores do efeito estufa.

Para França, no entanto, com técnicas e equipamentos simples, é perfeitamente possível abrir mão do fogo no Semiárido, usando as plantas espinhentas para adubar e proteger o solo.

Outra vantagem do sistema em relação à agricultura convencional, diz ele, é a diminuição dos riscos por conta da diversidade de espécies. Enquanto o agricultor convencional deposita todas as suas fichas em alguns poucos alimentos, podendo perder tudo se não chover no mês certo ou se surgir alguma praga, o agrofloresteiro maneja um sistema em que há colheitas o ano todoO.

Gomides pretende implantar outra agrofloresta que ele quer transformar em um ponto de referência no Cariri, no Ceará.

Segundo ele, há grande dificuldade na região para encontrar mudas e sementes de plantas adequadas a agroflorestas.

Por isso, França quer criar um banco de matrizes dessas plantas para compartilhá-las com outros agricultores da região. O passo seguinte, diz ele, será criar uma "força coletiva" com moradores para implantar e manejar sistemas agroflorestais em série.

"Você chega com a estrutura, implanta, vai para a próxima área, até criar um circuito de agrofloresta popular na região."

Hoje Gomides diz que falta apoio técnico e incentivo do governo para que agricultores migrem para o sistema.

"Aqui somos nós por nós mesmos, estamos cavando uma cacimba na unha", diz.

Fonte BBC-João Fellet e Felix Lima 


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CHEIA DO RIO SÃO FRANCISCO PROVOCA ESPETÁCULO DA NATUREZA

A visitação às cachoeiras do Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso, na Bahia, foi aberta pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Eletrobras Chesf), neste mês de janeiro. O espetáculo da natureza acontece por causa do aumento da vazão do Rio São Francisco, ocasionado pela situação de cheia nessa bacia hidrográfica.

As visitas são realizadas em grupo, nos turnos da manhã e da tarde, com duração média de uma hora. No percurso, os visitantes podem conhecer o Dreno de Areia; o Mirante do Bondinho e a Ilha do Urubu. A contemplação do espetáculo das cachoeiras acontece de terça a domingo, pela manhã, das 8h às 11h, reabrindo à tarde,  das 13h às 16h.

Para os empregados da Eletrobras Chesf a entrada é gratuita, já os demais visitantes devem procurar a Secretaria de Turismo do Município para realizar o agendamento. O deslocamento aos pontos de visitação só pode ser feito por meio de carros de passeio, ônibus, micro-ônibus e vans, mediante prévio agendamento.

A ação é realizada em parceria com a Prefeitura de Paulo Afonso e conta com a presença de aproximadamente 2,5 mil turistas nos fins de semana. 

Ascom CHESF Foto: Socorro Fernandes

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DIA NACIONAL DA BOSSA NOVA É COMEMORADO NESTE DIA 25 DE JANEIRO


Neste dia 25 de janeiro, comemora-se o Dia Nacional da Bossa Nova. A data foi sancionada pela lei nº 11.926, de 17 de abril de 2009, e foi escolhida por ser o aniversário do maestro Tom Jobim (1927-1994), um dos precursores do gênero.

O estilo musical brasileiro teve início no final da década de 1950. O marco inicial foi a música Chega de Saudade, de autoria de Tom Jobim e Vinicius de Moraes (1913-1980). Inicialmente, a canção foi gravada pela cantora Elizeth Cardoso (1920-1990) e, posteriormente, ficou imortalizada na voz de João Gilberto (1931-2019).

Na Bossa Nova é João Gilberto Prado Pereira de Oliveira, a joia mais rara. João Gilberto nasceu em Juazeiro, cidade do interior da Bahia, no dia 10 de junho de 1931. Filho do comerciante Juveniano Domingos de Oliveira e da dona de casa Martinha do Prado Pereira de Oliveira, a popular Patu, João Gilberto viveu em sua cidade natal até 1942, aos 11 anos, quando foi morar e estudar em Aracaju (SE). Na capital sergipana, João passou a fazer parte da banda da escola.

Em 1946, de volta a Juazeiro, João Gilberto ganhou um violão do pai e começou a ouvir os mais variados tipos de música. Com a ajuda da Rádio Nacional, o jovem passou a ter contato com a suavidade do som de Dorival Caymmi, com o romantismo de Orlando Silva e com a agressividade aveludada do jazz de Chet Baker. Na mesma época entrou para o grupo Enamorados do Ritmo, e viu sua cidade natal ficar pequena.

Aos 16 anos foi morar e estudar em Salvador (BA). Chegando na capital, abandonou os estudos para se dedicar à música [quer atitude mais rock and roll do que essa?] e aos 18 anos já trabalhava com carteira assinada na Rádio Sociedade da Bahia. Na mesma época fez parte do grupo vocal Garotos da Lua e gravou discos em 78 rotações. Ao deixar o grupo, chegou a gravar alguns singles, mas não conseguiu sucesso.

Depois de algum tempo dedicado ao estudo de harmonia na música, João Gilberto compreendeu que ao cantar mais baixo e manter a batida, poderia adiantar ou atrasar o canto. E foi armado com essa inovação sonora, além de seu violão debaixo do braço, que João chegou na cidade do Rio de Janeiro (RJ).

Na Cidade Maravilhosa, um destemido homem de 26 anos procurou seguir a trilha de quem poderia fazer a diferença em sua carreira. Numa dessas tentativas de network, o violonista baiano caiu nas graças do produtor e também violonista Roberto Menescal, simplesmente um dos personagens mais importantes da música brasileira do século XX.

No cenário musical carioca, o violão de João Gilberto era a joia mais admirada, observada e aplaudida. Sua levada era uniforme, mas surpreendentemente deslocava os acentos fortes para lugares poucos usuais entre os violonistas. Suas opções de harmonia abriam desbravaram um admirável violão novo! Por suas vezes, as inquietas mãos fazia o instrumento de cordas virar percussão.

Ah, e havia a questão da voz! A técnica vocal de João abria mão da impostação e procurava soar da mesma maneira que soava o trompetista Chet Baker quando cantava. Volume baixo e notas de longa duração, limpas, sem vibrato. Com o violão na ponta dos dos dedos e bem resolvido com seu jeito de cantar, João Gilberto estava pronto para voar alto.

Entre os anos de 1959 e 1961, João Gilberto lançou uma trinca de álbuns que mudou o curso da música brasileira popular. Com os discos Chega de saudade (1959), O amor, o sorriso e a flor (1960) e João Gilberto (1961), o cantor e compositor baiano influenciou tudo que veio depois.

Se acabasse terminasse nessa trilogia, a missão artística de João já estaria cumprida e com louvor. Acontece, porém, que ele criou um jeito genuinamente brasileiro de se tocar violão brasileiro e, com isso, ajudou a fundar um gênero de música que influenciou tudo que veio depois. De Roberto Carlos a Chico Buarque, passando por Djavan e colando com os Los Hermanos, todo mundo tem um flerte com a obra de João.

Canções como Desafinado sempre estará entre as mais importantes do cancioneiro da música brasileira.

No dia 21 de novembro de 1962, João Gilberto foi uma das estrelas de um concerto no Carnegie Hall, em Nova Iorque. Produzido pela Audio Fidelity Records e patrocinado pelo Itamaraty, o evento foi tinha o objetivo de promover a bossa nova nos Estados Unidos. Entre os presentes estavam Tony Bennett, Peggy Lee, Miles Davis e Herbie Mann. Havia grande presença da imprensa americana, de críticos especializados do mundo inteiro e de uma rádio que transmitiu o acontecimento para Moscou. Começou ali a internacionalização da música brasileira.

Enquanto esteve na ativa, o artista seguiu lançando discos lendários. Sua discografia contempla 52 obras, assim distribuídas:

12 discos de estúdio

9 álbuns ao vivo,

7 compactos

3 EPS

21 coletâneas

Um dos registros de estúdio mais memorável é o álbum Amoroso, que foi gravado nos Estados Unidos. Lançado em 1977, o trabalho celebra a conexão harmoniosa da música do do artista brasileiro com o maestro alemão Claus Ogerman.

O fato de ser reverenciado publicamente por Roberto Carlos não é a única ligação de João Gilberto com o rock. Como todo artista respeitoso, o violonista nunca limitou seu trabalho.

Pouco se comenta, por exemplo, de seu papel na carreira dos Novos Baianos, uma das bandas mais importantes do rock nacional. No ano de 1972, João atuou como mentor intelectual do disco Acabou Chorare, uma das obras canônicas da música feita na década de 1970. Com as sugestões e palpites do violonista baiano, os roqueiros encontraram a fórmula correta para cruzar Jimi Hendrix com Jackson do Pandeiro.

Em 1982 ele colaborou com Rita Lee, a eterna e única rainha do rock brasileiro. Na ocasião, João tocou violão na faixa Brazil com S, uma das músicas mais interessantes do disco Rita Lee e Roberto de Carvalho. No ano seguinte, o artista baiano foi uma das atrações do lendário Festival de Águas Claras, uma espécie de Woodstock made in Brazil.

Já em 1986, João gravou Me Chama, de Lobão, para a trilha sonora da novela Hipertensão. Lobão afirma ter recebido ligações do baiano para a aprovação da execução, além de ter de explicar o estado emocional que se encontrava quando escreveu a letra.

Nos últimos dez anos, o João Gilberto ícone da bossa nova foi aos poucos dando espaço para o seu lado mais complexo. Vivia recluso e cercado por questões complexas.

Em 2008, em ocasião dos cinquenta anos da bossa nova, João se se apresentou em São Paulo, no Rio, em Salvador e nos Estados Unidos. Seus shows tiveram a venda de ingressos esgotada em poucas horas. Do alto de seus 77 anos, o artista arrancou elogios do público e da crítica. Já em 2011, infelizmente, os problemas de saúde o impediram de celebrar suas oito décadas de vida com uma turnê.

No final de 2017, o homem que internacionalizou a música brasileira foi interditado pela justiça, a pedido de sua filha Bebel Gilberto, que justificou que seu pai não tinha condições de cuidar de sua saúde ou finanças por sua fragilidade física e mental.

De um lado, a decadência física e as questões de família devoravam cada partícula de seu ser. Na outra ponta do cabo de guerra, os problemas de dinheiro e os contratos mal feitos também cobravam a conta.No dia 6 de julho de 2019, João Gilberto partiu rumo a uma outra dimensão astral.

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POETA, CANTOR E COMPOSITOR LUIZ DO HUMAYTÁ LANÇA EP O TEMPO E O SERTÃO

O cantor, poeta e compositor Luiz do Humaytá lançou seu mais novo EP-O tempo e o sertão. O trabalho que agora se encontra em todas as plataformas digitais traz 6 músicas, cinco de autoria de Luiz do Humaytá e uma do cantor e compositor Alexandre Pé de Serra. 

O cantor e compositor Luiz do Humaytá completou, em junho de 2021, 10 anos de vida profissional na música. Iniciou sua trajetória em 2011, ao criar a banda Forró Avulso em Salvador. Com essa banda, tocou na noite soteropolitana por 5 anos e também fez apresentações em outros estados, como Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Em 2016, iniciou carreira solo e se mudou para o sertão baiano, onde mora atualmente.

No segundo semestre de 2021, o poeta lançou o oitavo CD da carreira, o álbum Boemia Cult, em que interpreta grandes sucessos já consagrados da música romântica, além de alguns bregas clássicos.

O poeta, que mora na Fazenda Humaytá em Curaçá da Bahia, tem o nome de batismo de Luiz Carlos Forbrig. Quando foi para o sertão, passou a ser chamado de Luiz do Humaytá, contemplando, assim, esta peculiaridade, típica do sertanejo, de incorporar um adjetivo de identificação aos nomes.

O cantador é natural de Jabuticaba Velha, distrito de Palmeira das Missões, no interior do Rio Grande do Sul. Com os pais Anoly e Guilhermina, aprendeu a veia musical: a mãe era puxadeira dos cantos religiosos na igreja católica e o pai, tocador de gaita de boca.

Confira nas redes sociais postagem de Luiz do Humaytá:

DISCOGRAFIA CDs

2012 ‡ Acústico

2014 ‡ Pé de Chão

2015 ‡ Luiz do Humaytá Canta Músicas Gaúchas

2016 ‡ Luiz do Humaytá e Forró Avulso – 5 Anos de Estrada

2017 ‡ Luiz do Humaytá Avulso

2019 ‡ Decanto o Sertão

2020 ‡ Luiz do Humaytá ao Vivo

2021 ‡ Boemia Cult

2022- Clipe  "Vou me embora pro Sertão". 

2023 EP O tempo e o sertão

71 98869-4488 74 99914-8813 Luiz do Humaytá luizdohumayta@gmail.com

Confira nas redes sociais postagem de Luiz do Humaytá:

Uma boa história sempre tem o seu valor, na verdade, desde menino que ouvimos e gostamos de histórias. As que nossos pais contavam e a gente ouvia atentamente, e tem também as que nós contamos pros nossos filhos, que irão contar para nossos netos e assim sucessivamente desde que o mundo é  mundo. E tem mais, contar história tá sempre na moda, nunca envelhece, é contemporâneo e moderno.

Grandes livros de sucesso narram belas histórias, tais como Os Sertões de Euclides da Cunha, que conta a saga de Antonio Conselheiro, ou, A volta ao mundo em 180 dias de Julio Verner que é uma história fantástica!

Na música também temos grandes sucessos de histórias musicadas, como Eduardo e Mônica de Renato Russo e também A saga do vaqueiro de Rita de Cássia, que faleceu recentemente.

Agora, puxando a brasa pro meu assado, as minhas músicas de maior sucesso são boas histórias musicadas, tais como Chuva no Sertão e O Enterro do Bruninho. Recentemente eu fiz a música Tempo de Menino, que conta a história da minha infância e adolescência. O mês passado eu fui ao Rio Grande do Sul e estive no local onde nasci e me criei e gravei um clipe dessa música lá em Jabuticaba Velha. A casa que nasci já não existe mais, hoje é  só um gramado, ou um "potreiro" como dizem lá no sul. Mas o clipe ficou bem realista, acho que voces vão gostar e está sendo lançado agora no meu canal do youtube. Acessem o link abaixo, curtam, comentem, compartilhem etc. Valeu gente.


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CONCURSO DA EMPRESA PARAIBANA DE COMUNICAÇÃO SEGUE COM INSCRIÇÕES ABERTAS ATÉ O DIA 14 DE FEVEREIRO

O edital do concurso público da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC) foi publicado no Diário Oficial do Estado (DOE). A banca organizadora escolhida foi a Fundação Vunesp, e o certame irá ofertar 159 vagas.

De acordo com o edital, são 159 vagas distribuídas entre os níveis superior, médio e técnico. Do total de vagas, são distribuídas dentre 41 funções. O cargo com a maior oferta de vagas é para jornalista, com 26 vagas, e, desse total, oito vagas são destinadas a pessoas com deficiência e candidatos negros.

A remuneração varia de acordo com o nível de escolaridade do cargo, sendo R$ 1,8 mil para os cargos de nível médio, R$ 2,4 mil para nível técnico e R$ 3 mil a remuneração oferecida para os cargos de nível superior.

O prazo de inscrições para o concurso público está previsto para iniciar às 10 horas de 9 de janeiro e se estende até às 23h59 de 14 de fevereiro. Para confirmar a inscrição, os candidatos devem realizar o pagamento de uma taxa, que varia de acordo com o nível de escolaridade do cargo, sendo R$ 70 o valor da taxa para os cargos de nível médio e técnico e R$ 100 para os cargos de nível superior.

O processo de seleção consiste em algumas etapas a depender do nível de escolaridade do cargo pleiteado. Dentre as etapas do processo, será aplicada prova objetiva e prática para os empregos de nível médio e técnico; e prova objetiva, prática e de títulos para os empregos de nível superior. As provas serão aplicadas em João Pessoa, com previsão de aplicação em 2 de abril, no período da tarde.

Concurso público da Empresa Paraibana de Comunicação

Vagas: 159

Nível: médio, técnico e superior

Remuneração: entre R$ 1.800 e R$ 3 mil

Prazo de inscrição: 9 de janeiro a 14 de fevereiro

Local de inscrição: site da organizadora, a Fundação Vunesp

Provas objetivas: 2 de abril

Resultado final: maio de 2023

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A HUMANIDADE ESTÁ PERDENDO SUAS ESTRELAS. POLUIÇÃO LUMINOSA CRESDE DE FORMA ACELERADA

A humanidade está perdendo suas estrelas. Um novo estudo mostra que, entre 2011 e 2022, a poluição luminosa cresceu de forma acelerada no mundo todo, reduzindo a capacidade de observação do céu noturno sobretudo, mas não só, nas grandes cidades.

O brilho do céu a luminância difusa que ganha o firmamento e é especialmente notada logo após o anoitecer no período estimado parece ter crescido algo como, em média, 9,6% ao ano.

De acoro com a  Reportagem é de Salvador Nogueira, Folha de S.Paulo, com essa taxa de aumento, se alguém nasce hoje num local em que o olho humano consegue distinguir 250 estrelas, dali a 18 anos só será possível perceber as 100 mais brilhantes. É como se o céu estivesse literalmente se apagando diante de nós.

Para fazer a medida do brilho do céu, os pesquisadores Christopher Kyba e Yigit Öner Altinta, do Centro de Pesquisa Alemão para Geociências, em Potsdam, e Constance Walker e Mark Newhouse, do NOIRLab (Laboratório Nacional de Pesquisa de Astronomia Óptica-Infravermelha), em Tucson (EUA), lançaram mão de uma medida indireta, mas bem relevante: milhares de pessoas observando o céu em sua região e estimando a magnitude das estrelas.

O NOIRLab mantém um projeto de ciência cidadã chamado Globe at Night (Globo à Noite), que recruta participantes e distribui vários mapas estelares representativos do céu do usuário, com mais ou menos estrelas. Cabe ao participante comparar os mapas com o que está vendo e dizer qual é o que mais se aproxima, em termos de estrelas visíveis.

Isso entrega uma boa estimativa da magnitude limite a olho nu daquela região, ou seja, o quanto dá para ver o céu numa noite clara, sem nuvens, em cada local. O fator mais importante a influenciar essa variação é justamente o chamado brilho do céu –que, por sua vez, é causado pelo espalhamento de luz vindo de fontes artificiais na atmosfera.

Para a análise, o quarteto contou com 51.351 observações de cientistas cidadãos realizadas entre 2011 e 2022. Os participantes, naturalmente, concentraram-se mais em áreas urbanas, sobretudo na América do Norte e na Europa. Embora outros continentes não tivessem participantes suficientes para uma avaliação local mais precisa, foi possível extrair uma média global, o tal aumento de brilho do céu de 9,6% ao ano. América do Norte figura no extremo superior (10,4%) e Europa no inferior (6,5%), com o resto do mundo somado ficando em 7,7%.

SURPRESA DESAGRADÁVEL: O aumento é muito maior do que o medido por estudos anteriores, que contaram com imagens de satélite, e na contramão do que esperado em razão da adoção de medidas de redução de poluição luminosa ao redor do mundo.

Esperava-se que, ao longo da última década, o brilho do céu pudesse até diminuir, já que em muitas cidades a iluminação externa tem sido substituída para explorar as vantagens da tecnologia de LEDs. Estimativas do uso de lâmpadas de LED globais foram de menos de 1% em 2011 para 47% em 2019.

Como são mais eficientes e focadas, imaginava-se que pudessem contribuir com a redução da poluição luminosa. Mas os novos resultados mostram que o tiro pode ter saído pela culatra. Elas de fato são benéficas, numa troca um por um. Mas, como também são mais econômicas, é possível que o número total em uso tenha crescido.

Além disso, cidades ganham cada vez mais fontes de iluminação horizontal (ou seja, que emitem luz na direção do horizonte), como grandes painéis de rua e mesmo janelas. Essa iluminação horizontal é ainda pior do que a que vai direto para cima, pois é a que viaja por mais tempo pela atmosfera antes de chegar ao espaço e sofre maior espalhamento.

E mais: essas, por viajarem na direção do horizonte, não são captadas pelos satélites que medem poluição luminosa –o que ajuda a explicar a discrepância observada. Os equipamentos atualmente em órbita também não são sensíveis a LEDs azuis, de onde deve vir outra parte da diferença medida.

Moral da história: o céu noturno tido como patrimônio cultural da humanidade, fonte infinita de inspiração para a arte e ciência ao longo de milhares de anos está desaparecendo cada vez mais rapidamente de nossas vistas.

"É uma situação muito triste", diz Cássio Leandro Barbosa, astrônomo do Centro Universitário FEI, em São Bernardo do Campo (SP), que não participou do estudo, publicado na última edição da revista Science.

"Há pouco tempo discutíamos o fato de que dois terços da população mundial nunca viram a projeção da Via Láctea no céu, que forma uma mancha difusa e leitosa visível sobretudo no inverno no Brasil. Agora estamos testemunhando o desaparecimento de estrelas. É um prejuízo enorme, não só para astronomia."

O pesquisador brasileiro lembra que animais e vegetais são sensíveis à luz e a usam para regular suas atividades, por meio da alternância entre claro e escuro do dia e da noite. Os impactos e desequilíbrios ambientais causados por essas noites cada vez mais claras ainda não foram medidos, mas certamente não podem ser desprezados.

"Se essa situação não for controlada com políticas de uso racional de lâmpadas em espaços abertos, em breve a contemplação do céu será apenas uma atividade em planetários ou programas de computador."

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RIO SÃO FRANCISCO: VAZÃO DA BARRAGEM DE SOBRADINHO PERMANECE EM 4 MIL METROS CÚBICOS POR SEGUNDO NESTE SÁBADO (22)

A Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Eletrobras Chesf) informa que o patamar de vazão da usina hidrelétrica de Sobradinho será mantido em 4.000 metros cúbicos por segundo (m³/s), no mínimo, até o próximo dia 31 de janeiro.

A operação segue as regras e diretrizes vigentes do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). 

A Empresa reforça ainda que a Bacia do Rio São Francisco se encontra no período úmido, reafirmando, assim, a importância da não ocupação do leito do rio, considerando que a vazão de máxima (de restrição) do vale do São Francisco a partir da Usina Hidrelétrica de Sobradinho é de 8.000 m³/s.

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NONA EDIÇÃO DO FORRÓ DO POEIRÃO ACONTECE NO SÁBADO (28), EM OURICURI

Tacyo Carvalho, Joquinha Gonzaga, Dijesus, João Lacerda, (filho de Genival Lacerda que será o nome homenageado em memória), Jurandy da Feira , Jaiminho de Exu, Junior Baladeira entre outras grandes atrações se apresentam no sábado (28), no Forró do Poeirão,em sua 9ª edição,  a partir das 13h, em Ouricuri-Pernambuco, na Churrascaria Chico Guilherme. 

O evento será um Tributo a Genival Lacerda. A programação consta de Feira de Artesanato. Segundo Tacyo Carvalho, cantor e compositor, organizador do Forró do Poeirão, o Tributo acontece e dá visibilidade aos músicos e ao próprio forró. “O projeto amplia o espaço para os artistas divulgarem seus trabalhos. O compromisso é o legado deixado por Luiz Gonzaga”.

Tácyo ganhou o apelido de Luiz Gonzaga: o garotão de Ouricuri. Isto aconteceu devido a popularidade que Tácyo atingiu apresentando programas de Rádio no Rio de Janeiro e sendo um dos responsáveis em divulgar a vida e obra de Luiz Gonzaga nos meios de comunicação no sudeste. Tácyo é o autor de Trem do Sertão, uma das mais belas músicas do cancioneiro brasileiro. 

"O forró do poeirão é uma oportunidade de fazermos um grande encontro, confraternização de amigos e amantes da boa música e valorizar nosso forró, xote e baião".

Contatos: Alzenir 71 994066714

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RECIFE DIVULGA HOMENAGEADOS DO CARNAVAL 2023; GERALDO AZEVEDO É UM DOS NOMES

Geraldo Azevedo, Dona Marivalda e Zenaide Bezerra. Esses três grandes nomes da cultura pernambucana serão os homenageados do Carnaval do Recife em 2023, que acontece entre os dias 17 e 22 de fevereiro e será marcado pela volta da folia nas ruas após dois anos sem festa por causa da pandemia de Covid-19.

O anúncio foi feito nesta sexta-feira (20) pelo prefeito João Campos, que fez o convite aos artistas durante visita à Casa do Carnaval, no Pátio de São Pedro, no bairro de São José, Centro da cidade.

Segundo a Prefeitura, os três foram escolhidos como representantes de duas das principais expressões artísticas do Estado: o frevo e o maracatu. "A gente fica muito feliz de poder fazer esse movimento em nome da nossa cidade, do povo do Recife, sabendo que, neste ano, nós teremos o maior e mais bonito Carnaval da história, depois de dois anos adormecidos em virtude da pandemia", afirmou o prefeito João Campos.

Dona Marivalda-Matriarca, rainha e presidente do Maracatu Estrela Brilhante desde os idos de 1995, Marivalda Maria dos Santos representa e congrega muitas gerações e tradições da cultura popular recifense e pernambucana. Costureira de mão cheia, começou devotando seus talentos e afetos a diversos brinquedos, de escolas de samba a grupos de maracatu, que nascem, se fundem e se confundem nas periferias do Recife.

Muito trabalho e festa depois, assumiu seu lugar na linhagem de majestades, divindades e mestres das brincadeiras populares, sendo coroada rainha nas avenidas de Momo e também nos terreiros sagrados de seus ancestrais. Marivalda é testemunho de festa e fé, uma vida inteira devotada às tradições que sustentam o Recife e sua gente.

Zenaide Bezerra-Considerada a mais antiga passista em atividade do Brasil, Zenaide Bezerra tem 73 anos de idade e pelo menos 65 de frevo. Começou a dançar reproduzindo os ensinamentos e movimentos do seu pai, o renomado passista Egídio Bezerra.

Em 1975, montou um grupo de dança, Grupo Folclórico Egídio Bezerra, que se dedica a transmitir, desde então, as tradições pernambucanas a muitas gerações de recifenses. Zenaide jamais aposentou a sombrinha e participa ininterrupta e efetivamente, até hoje, da programação do Carnaval do Recife.

Em 2022, foi declarada Patrimônio Vivo do Recife, em reconhecimento à história que ela conta e perpetua a cada passo que se dedica a apresentar e legar para as próximas gerações do Carnaval e da cultura recifense.

Geraldo Azevedo-Nascido em Petrolina, Geraldo Azevedo entrou pela porta do frevo na carreira musical. Suas primeiras experiências no palco foram como integrante de uma banda de Carnaval. O frevo também marcou sua estreia como compositor, em 1967, quando ele escreveu a música “Aquela Rosa”, que mais tarde viria a se tornar um clássico momesco, em parceria com seu parceiro de muitos sucessos e carnavais, Carlos Fernando.

Naquele mesmo ano, o frevo de bloco, que nunca mais seria esquecido pelas ruas do Recife, chegou a ser vencedor do Festival de Música Popular do Nordeste. Geraldo participou ainda do Projeto Asas da América, que resgatava o ritmo, desde seu primeiro disco, em 1979. Ao longo da carreira, seguiu colecionando parceiros importantes, como Naná Vasconcelos, Alceu Valença, Xangai e Elomar, Elba e Zé Ramalho.

Com seu timbre inconfundível, confirmou-se a voz a falar por um povo inteiro. Gravou mais de 20 discos e rodou meio mundo dedilhando forró e xote, baião e maracatu, além do frevo de sempre em sua inseparável viola. Em 2019, ele revisitou o ritmo com um lançamento de um inédito disco todo dedicado ao ritmo, sob o título ‘É o Frevo. É Brasil’. Quando fevereiro chegar, faz tempo que ele profetiza, saudade já não mata a gente.

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CENTENÁRIO DO CANTADOR DE VIOLA ZÉ VICENTE CONTINUA RECEBENDO HOMENAGENS

O Compositor, Poeta e Enfermeiro Alexandre Pé de Serra, nasceu na capital João Pessoa - PB, mas tem raízes em Serraria, no brejo paraibano. Traz no seu cantar o Nordeste traduzido em forró, xote, xaxado, arrasta-pé, baião e outros gêneros.

O poeta deste o ano passado vem destacando o centenário do cantador de viola, Zé Vicente da Paraíba. A produção em homenagem a Zé Vicente pode ser conferida nas redes sociais de Alexandre Pé de Serra.

Ainda este ano será lançado um livro homenagem a Zé Vicente. Confira abaixo poesia de autoria de Welington Vicente - poeta, escritor, filho de Vicente da Paraíba.

HISTÓRIA: Zé Vicente da Paraíba começou a tocar viola na adolescência, incentivado pelo pai, que o levava para assistir as cantorias de violeiros nas fazendas próximas a sua casa, tornou-se profissional nos anos de 1940, tocando ao lado dos Irmãos Batista e Pinto de Monteiro. Zé Vicente ganhou o prêmio Talentos da Maturidade, o artista concorreu na categoria Contador de História, com a história “Minha viola, minha vida”. Em 1955, gravou o primeiro LP de cantoria. Foi o primeiro do gênero gravado no Brasil, pela extinta gravadora pernambucana. Na década de 1970 seus versos foram gravados por grandes artistas da MPB (Zé Ramalho, Alceu Valença, Marília Pêra, Ruy Maurity).

O Lançamento do “Documentário Zé Vicente da Paraíba – Uma história no Repente” aconteceu ano passado, É uma justa homenagem ao seu centenário de José Vicente do Nascimento, paraibano de Pocinhos (PB), que nasceu no dia 07 de agosto de 1922. 

A vida, a obra e todo o talento de Zé Vicente da Paraíba foram transformados nesse documentário, o qual é narrado por dois dos seus quatros filhos, pesquisadores da obra do mestre, amigos que conviveram com ele e por artistas de vários seguimentos musicais que o tem como inspiração de seus trabalhos. 

Em 09 de maio de 2008, Ze Vicente partiu pra cantar com outros poetas no céu. 

O cantor, compositor, Poeta e Enfermeiro  paraibano "Alexandre Pé de Serra" nasceu na capital João Pessoa e com raízes em Serraria no brejo paraibano. Ele traz no seu cantar o Nordeste traduzido em forró, xote, xaxado, arrasta-pé, baião e outros gêneros da música popular nordestina.

Enveredando  pelas estradas da vida musical com um estilo único no seu cantar, no declamar e alegrando por onde passa com sua música e o seu show. 

Com mais de 20 anos de carreira musical e forrozeira  dedicados ao legítimo forró. Já vem no seu matulão discográfico com: 10( Dez )CDs e 02 (Dois) DVDs, sendo o primeiro nos seus 15 anos de carreira gravado  em João Pessoa sua terra natal  e o outro um documentário gravado em Monteiro dentro das festividades do Festival Zabé da Loca ,no cariri paraibano, cidade onde se respira versos e melodias.

Alexandre Pé de Serra se solidifica como um legítimo seguidor dos mestres: Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Dominguinhos, dentre outros. Com um jeito simples e singular de interpretar e compor. Ele vem com um show Alegre, Cultural e fiel as suas origens forrozeiras. Como ele sempre diz: "Um Abraço Forrozado". 

Um dos destaques do ano 2022 é uma Canção em parceria com os  poetas, Antônio Carneiro e Cicinho Gomes In Memoriam. 

Uma Bela Homenagem ao poeta ZÉ MARCOLINO . Zé Marcolino poeta, compositor e cantor que o Rei do Baião, como também centenas de artistas gravaram suas canções. 

Música: Um Terço de Saudade.  De: Alexandre Pé de Serra, Antônio Carneiro e Cicinho Gomes.

POESIA: Cem anos de Zé Vicente da Paraíba Há cem anos vinha ao mundo

O cantor Zé Vicente

Paraíba foi seu berço

Pocinhos sua vertente

Taperoá abrigou

Itapetim o formou

Num imortal do Repente.

Caruaru deu patente

Na arte da cantoria

E na Rádio Difusora

Com a sua maestria

Com Aristo e outros mais

Levava a muitos locais

A mágica da poesia.

Teve a rima como guia

A viola como escudo

Amigos por toda parte

Em cada cena um estudo

Sorriso aberto no rosto

E um lápis sempre disposto

A descrever de um tudo.

Foi doutor sem ter canudo

Professor de todos nós,

Carismático, conselheiro,

Um desatador de nós

E a viola, enlutada,

Numa sala pendurada

Espera ouvir sua voz.

E hoje a saudade atroz

Chega pra dizer pra gente

Que a arte imortaliza

Os feitos de um vivente

No céu deve ser cantado,

Na Terra, a gente lembrando

Cem anos de Zé Vicente!

(Welington Vicente - poeta, escritor, filho de Vicente da Paraíba)

Link para o vídeo: https://youtu.be/AmstgmiFpW4


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