FILHOS DE GARIS, PEDREIROS E FAXINEIRAS: PRIMEIRA TURMA COM COTISTAS NEGROS SE FORMA NO CURSO DE DIREITO DA USP


“Olhava ao meu redor e pensava: 'será que deveria mesmo estar aqui?’.”

“Eu me sentia uma extraterrestre.”

“Contei nos dedos quantos negros vi ali. Fiquei assustada.”

As frases acima foram ditas por alunos cotistas que ingressaram na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) em 2018, na 1ª turma — em quase 200 anos de história da instituição — a ter vagas reservadas para pretos, pardos e indígenas.

Após concluírem o curso em dezembro de 2022, os estudantes reuniram-se no fim de janeiro para tirar as fotos da formatura (veja abaixo). Filhos de faxineiras, garis, pedreiros, donas de casa e professores, esses 35 jovens venceram a sensação inicial de não pertencimento à faculdade e promoveram uma série de transformações na instituição ao longo dos últimos 5 anos, como:

implementação de políticas de permanência mais efetivas, com reajuste de bolsas para jovens de baixa renda e reformas na residência estudantil;

inclusão de novos debates em sala de aula e de autores negros nas bibliografias das disciplinas.

“A gente não podia se dar ao luxo de só estudar. A primeira turma de cotistas negros tinha de ser ativa politicamente”, conta Letícia Lé, de 24 anos.

Ela relembra que havia certo espanto com a sua presença ali. “Eu andava pela faculdade e ouvia: ‘mas você estuda aqui?’. Havia um estranhamento em ver alunos como nós. Acho que agora, 5 gerações depois, os novos cotistas que entram ficam mais confortáveis de sentir que é um espaço deles também.”

Em dezembro de 2022, na turma de Letícia, formaram-se 312 estudantes.

Um dos grandes marcos dessa luta política dos alunos mais pobres aconteceu em 2019, quando, pela primeira vez em 116 anos, uma mulher negra ganhou as eleições internas para ser presidente do mais antigo centro acadêmico do Brasil: o XI de Agosto.

O cargo, que já havia sido ocupado pelo ex-senador Aloysio Nunes Filho (PSDB) e pelo ministro Fernando Haddad (PT), por exemplo, passou a ser da cotista Letícia Chagas, de 22 anos, filha de um caminhoneiro e de uma empregada doméstica aposentados.

“Meus colegas tinham pais e avós que fizeram a São Francisco [como é conhecida a faculdade] — e o direito tem muito de tradição e networking”, diz.

Chagas conta que, no começo, sentia dificuldade nas disciplinas que exigiam domínio de outros idiomas. “Faz muita diferença não ter o mesmo capital cultural que os outros alunos, porque a maioria dos escritórios exige que a gente saiba mais de uma língua [nos processos seletivos para estágio].”

Esse tipo de obstáculo pressionava o grupo.

“Nós sentíamos uma responsabilidade muito grande. Se errássemos e fôssemos mal, isso ia virar argumento contra cotas. Precisávamos ter notas boas. Era um peso.”

Com o passar dos anos e a ampliação das políticas de cotas, universidades brasileiras, inclusive a USP, passaram a oferecer programas gratuitos de aulas de inglês. Ao g1, a Faculdade de Direito afirma que atualmente tem uma parceria com escritórios para facilitar a contratação de cotistas.

A chapa de Letícia Chagas no centro acadêmico e o movimento político Travessia levantaram debates para vencer as principais dificuldades dos alunos das cotas étnico-raciais. Veja abaixo:

Os alunos de baixa renda da Faculdade de Direito da USP recebiam da instituição, em 2018, R$ 400 por mês como auxílio financeiro (atualmente, são R$ 600). Aos poucos, outros programas de assistência foram criados pela iniciativa privada, como o “Adote um aluno”, sustentado por contribuições financeiras de quem já estudou lá, e o “Projeto de Promoção à Dedicação Acadêmica”, que oferece auxílio a quem se dedica a atividades acadêmicas.

Ainda assim, para os cotistas que precisavam ajudar a família, era difícil se bancar em São Paulo.

“Nas férias, víamos no Instagram nossos colegas na Europa. Vivemos graduações diferentes, não tem jeito”, conta Erick Araújo, de 23 anos, filho de uma diarista e um dos formandos da 1ª turma com cotas étnico-raciais.

Ao g1, a Faculdade de Direito da USP diz que, “depois de muita movimentação dos estudantes sobre a insuficiência deste valor para a permanência, a universidade promete aumentar o valor [de assistência estudantil] neste ano”.

Com o aumento do número de alunos de baixa renda, uma orientação comum dos professores deixou de fazer sentido: não dava mais para pedir que a turma se dedicasse exclusivamente ao curso de direito e só trabalhasse depois do terceiro ano da graduação.

“Como que um aluno que veio de outro estado vai se manter? Esses discursos vão violentando quem não tem suporte. Criamos quilombos para nos apoiar”, conta Erick.

Reuniões entre esses alunos da 1ª turma de cotas étnico-raciais aconteciam frequentemente na Casa do Estudante, moradia estudantil gratuita no centro de São Paulo, onde vivem atualmente 55 jovens matriculados na Faculdade de Direito da USP.

O prédio estava muito degradado na pandemia. Mas, depois de uma reforma, estamos com condições melhores agora.”

No caso de Erick, foi essencial contar com a residência da universidade. Antes de passar no vestibular, ele morava em um conjunto habitacional na periferia de São Paulo. “Do Itaim Paulista até a USP, eu demoraria de 2 a 2,5 horas em cada trajeto. Teria perdido a possibilidade de participar de projetos extracurriculares, de fazer parte do centro acadêmico e de estagiar desde cedo”, conta.

Letícia Chagas diz que, na semana de calouros, o coletivo Travessia batalhou para que houvesse novos debates sobre as reformas da Casa do Estudante e as políticas de permanência.

Por meio também desse movimento político, o grupo de alunos conseguiu que professores incluíssem na bibliografia do curso novos temas e teóricos negros importantes para o direito.

“Mudaram as provocações. Não que os alunos brancos não se preocupassem com racismo; muitos eram nossos aliados. Mas a gente trouxe [esse debate] com mais ênfase”, conta Chagas.

Erick chora ao falar das mudanças que a entrada na universidade promoveu em sua vida. “Saí de uma escola muito precária e hoje tenho a oportunidade de participar intelectualmente da vida política do país.”

Outra aluna dessa turma, Gislaine Silva, de 24 anos, é filha de pedreiro e de dona de casa, e está se preparando para o seu segundo intercâmbio pela USP — já estudou na França, e, agora, vai para a Espanha.

“Saí da minha cidade [São Carlos, em SP] e cheguei a São Paulo com a minha mochilinha. Não consegui me identificar com as pessoas, me sentia um extraterrestre. Agora, [depois de 5 anos de cotas], vai ter gente pobre como eu, que veio da periferia, mostrando que a universidade é um lugar perfeito para nós.”

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JOQUINHA GONZAGA, SOBRINHO DE LUIZ GONZAGA E NETO DEJANUÁRIO

Joquinha Gonzaga completa no dia primeiro de abril de 2023, 71 anos  de nascimento. O sanfoneiro, cantor e compositor é neto de Januário e sobrinho de Luiz Gonzaga. João Januário Maciel, o Joquinha Gonzaga é hoje um dos poucos descendentes vivos da família.

A história conta que Aos 13 anos de idade ganhou um fole de oito baixos, dado pelo tio famoso, Luiz Gonzaga, que achava o sobrinho com cara de sanfoneiro. A partir daí  Joquinha não largou mais a sanfona e tempos depois tornou-se discípulo fiel do Rei do Baião.

No ano de 1970, ingressou na Força Aérea Brasileira na Ilha do Governador no Rio de Janeiro. Cinco anos depois abandonou a carreira militar e entrou de vez no mundo da música, passando a acompanhar Luiz Gonzaga, como sanfoneiro da sua banda de apoio. Joquinha Gonzaga casou a primeira vez em 1979, no Rio de Janeiro, com a Francisca Salustiano com quem teve dois filhos: Pablo Salustiano Maciel e Patrícia Salustiano Maciel.  Do segundo casamento com Maria Pereira dos Santos, conhecida por Nice. Do matrimônio nasceu os filhos Sara Luiza dos Santos Maciel e Luiz Januário dos Santos Maciel.

O primeiro disco de Joquinha Gonzaga foi lançado em 1986, intitulado “Forró, Cheiro e Chamego”. Foi a partir daí que o tio-rei via no sobrinho, o herdeiro de toda uma herançacultural. A composição Amei a Toa, parceria com João Silva, foi gravada na Voz de Luiz Gonzaga.

Após a morte de Luiz Gonzaga, em 1989,  e consequentemente a do primo Gonzaguinha, em 1990, Joquinha mudou-se para o município de Exú,  pernambucano, para cuidar dos interesses do tio e do primo, dando continuidade as atividades de implementação do “Museu do Gonzagão” no Parque “Aza” Branca.

Entre os anos de 1990 e 1993, dedicou-se aos shows regionais procurando manter a tradição do seu mestre Luiz Gonzaga, participando ativamente de grandes eventos culturais do Nordeste.Luiz Gonzaga declarou em público que Joquinha é o seguidor cultural da Família Gonzaga.

Ao lado do tio Luiz Gonzaga, o sanfoneiro Joquinha cantou em dueto a música "Dá licença prá mais um". Joquinha Gonzaga aos 70 anos reside atualmente em Exu, Pernambuco. 

Além de sobrinho do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, Joquinha é neto de Januário (tocador de sanfona 8 Baixos) e ainda tem como tios o Mestre da Sanfona, Zé Gonzaga, Chiquinha Gonzaga (tocadora de sanfona 8 Baixos) e Severino Januário.

Detalhe: Joquinha Gonzaga também é tocador de sanfona de 8 baixos, um instrumento quase em extinção no cenário cultural brasileiro e também por isto um dos aspectos que faz Joquinha merecedor da valorização cultural.

Contato para shows de Joquinha Gonzaga: (87) 999955829 e watsap: (87)999472323

CLIPE: Tanta saudade preservada num velho baú de prata dentro de mim. Digo num velho baú de prata porque prata é a luz do luar. Este baú é como um museu pessoal, o museu que todos temos, feito de lembranças, quinquilharias e reminiscências que alimentam o nosso presente. Como todos os museus pessoais, o da canção tem qualquer coisa que vai além do eu...é futuro”.

Os versos do cantor e compositor Gilberto Gil pode traduzir o sentimento do clipe gravado pelo sobrinho de Luiz Gonzaga e neto de Januário, tocador de 8 Baixos, Joquinha Gonzaga, valorizando o patrimônio de Exu Pernambuco. A música é um universo de riquezas culturais.

O clipe mostra a letra da música Espelho das águas do Itamaragy, composta por Gonzaguinha e Joquinha Gonzaga. No último dia 08 de setembro Exu, Pernambuco, completou 114 anos de Emancipação Política. Exu é privilegiada pela sua diversidade cultural e abraçada pela exuberante beleza da Chapada do Araripe,

Em contato com a REDEGN, Joquinha Gonzaga, disse que apesar das dificuldades que todos os cantores e músicos enfrentam o momento é de otimismo. 

"Resolvi prestar mais esta declaração de amor juntando voz e imagens da nossa Exu, Pernambuco e assim o Brasil conhece nossas riquezas culturais", disse Joquinha.

Dos nove filhos de Santana e Januário, todos eles, ja "partiram para o Sertão da Eternidade". 

MÚSICA - ESPELHO DAS ÁGUAS DO ITAMARAGY:

Quando Gonzaga chegava no exu

Naquela cadeira abraçava os amigos

Olhando o açude contava histórias

Do espelho das águas do Itamaragy

O sol se deita em cada entardecer

E a lua derrama sua luz de prata

E o verde da mata em volta vem beber

Mulheres, latas, roupas e homens

Meninos, moleques e animais

A vida da minha cidade está toda ali

No espelho das águas do Itamaragy

Meus zamô deixa não, essa história se quebrar

Meus zamô deixa não, esse espelho se quebrar

Deixa não, cuida aí,

Do espelho das águas do Itamaragy

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CHICA BARROSA: A VIOLEIRA NEGRA NO SERTÃO QUE SUBVERTEU A ORDEM SOCIAL DE SUA ÉPOCA

Invertendo a ordem social da época, Chica Barrosa, poetisa, repentista, negra, nascida na Paraíba na segunda metade do século 19, foi um ícone no campo das poéticas orais no Nordeste brasileiro. Ficou conhecida como a “Rainha Negra do Repente”. Se vivesse hoje, ela seria uma ativista dos movimentos feministas e/ou do antirracismo. Em suas apresentações, fazia questão de se identificar como mulher negra e atrevida, e dava ênfase à pronúncia do sufixo feminino de seu sobrenome, dizendo-se “Barrosa”, com letra “A”.

“Era mesmo atrevida e foi assim que conquistou o seu lugar na cantoria, um espaço que era predominantemente masculino. Embora fosse respeitada e admirada como grande repentista de sua época, tudo indica que ela também provocou muito incômodo por onde passou. 

Em um contexto bastante adverso, marcado pelo domínio patriarcal e por relações escravistas, mesmo nos anos do pós-abolição, Chica, cujo nome de batismo era Francisca Maria da Conceição, foi brutalmente assassinada durante uma cantoria” conta ao Jornal da USP Mariana do Nascimento Ananias, autora da pesquisa que resultou em uma dissertação de mestrado, defendida em janeiro de 2023, no Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP. 

“Os depoimentos encontrados apontam diferentes versões sobre as circunstâncias desse assassinato. Em todas elas, fica evidente a violência cometida contra uma mulher negra, vítima de feminicídio”, diz a pesquisadora.

O estudo dessas histórias biográfico-literárias, permeadas de glórias e dramas, foi realizado por Mariana, que também é musicista e formada em Letras pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. A pesquisadora fez análise de notas e fragmentos coletados em fontes bibliográficas, realizou entrevistas com autores especialistas em cordel e cantoria, coletou depoimentos de moradores antigos dos lugares onde Chica se apresentava, de descendentes de repentistas que duelavam com ela; além de consultar cartórios, arquivos, acervos privados, incluindo o da Universidade de Poitiers (França) e fontes eclesiásticas. 

Sobre a data exata do nascimento de Chica Barrosa ou de suas apresentações, não foi possível verificar com precisão. Segundo a pesquisadora, a estimativa é que ela tenha nascido por volta de 1867, na Província da Paraíba. Mariana chegou a procurar documentos de batismo em igrejas locais, mas não encontrou nenhum que confirmasse esse dado.

“Meu objetivo foi apresentar um estudo multidisciplinar acerca da poesia e da atuação dessa grande autora negra da Paraíba oitocentista, que produziu a sua arte através da oralidade e é considerada a primeira mulher repentista a se estabelecer na profissão”, diz a pesquisadora ao Jornal da USP.

Segundo o professor Paulo Teixeira Iumatti, orientador da pesquisa, o trabalho de Mariana é muito importante na medida em que se concentra no estudo da trajetória individual de uma cantadora negra que deixou poucos registros, aprofundando-se no levantamento de documentação primária e em depoimentos orais.

“Muita mitologia se construiu em torno de Chica Barrosa e faltava um estudo mais sistemático dos documentos e de rastros deixados na memória social. A pesquisa rompe com o binômio idealização/detração (ataques), fazendo avançar o conhecimento científico. Mariana foi hábil em lidar com os silêncios da documentação, em mapear os circuitos que Chica Barrosa integrava e em fazer uma leitura sensível dos registros dos folcloristas, incorporando uma dimensão literária e de retórica”, diz Iumatti.

Mariana lembra aspectos marcantes na poética de Chica Barrosa: a firmeza em relação às questões sociais e raciais de seu tempo e seu deslocamento por diferentes territórios do Nordeste, desafiando célebres cantadores.

Há registros de duelos com repentistas do Piauí, da Paraíba e do Ceará. Em seus repentes, Barrosa respondia à altura aos ataques e provocações que recebia em uma cantoria.

Mariana explica que esse procedimento é conhecido como “insulto poético” e faz parte dos desafios do repente. “Trata-se de um momento do embate em que ambos se atacam através da poesia e procuram demonstrar, diante do público, quem é melhor repentista. No entanto, no caso de Chica Barrosa, por ser uma mulher negra naquele período, verifica-se que foi preciso grande fôlego poético na elaboração de estratégias para responder aos ataques associados ao seu gênero e à sua raça.”

Relações de poder: desafio aos homens que possuíam terra

“Neco, você não se esqueça

De que sou negra atrevida…

Eu no dia em que me estorvo

Só canto é à toda brida

Meus olhos se acacurutam,

Fica a venda retorcida,

Cantadô macho é bobage,

Não pode com a minha vida.”

Fragmento extraído do livro Cantadores (1921), de Leonardo Mota, página 81.

Nos versos acima, há o registro de um fragmento do duelo entre Chica Barrosa e um coronel fazendeiro (Neco Martins) que era poderoso no Ceará. A repentista dizia que ninguém a dominava e que se fosse preciso até em fera, e das mais bravas, ela se transformaria, relata Mariana em sua dissertação.

Em outro momento, esse mesmo Neco Martins entoou o seguinte verso provocando Chica:

“Eu agora, estou ciente, (Neco Martins)

Que negro não é cristão:

Pois a alma dessa gente

Saiu debaixo do chão,

E lá na mansão celeste,

Não entra quem é ladrão!”

“Mas seu Neco, a diferença (Chica Barrosa)

Entre nós, só é na cô,

Eu, também, fui batizada

Sô cristão como o sinhô!

De meter mão no alheio

Nunca ninguém me acusô!

De ir o preto para o céu,

Seja o branco sabedô,

E, lá na Mansão Celeste,

Se quiser Nosso Sinhô;

Vai o branco pra cozinha

E o preto para o andô!”

GRANDES ESCRITORAS NEGRAS: Mariana conta que, ao longo do tempo, “a literatura de mulheres negras existiu e resistiu no Brasil”, e lembra do nome de Maria Firmina dos Reis. Mulher negra nascida e criada no Maranhão, foi reconhecida recentemente como a primeira romancista brasileira. O livro Úrsula, de sua autoria, foi considerado o primeiro romance abolicionista do Brasil.

A pesquisadora lembra ainda da escritora mineira Carolina Maria de Jesus, que migrou para São Paulo e foi morar em uma favela na zona norte paulistana. Ela é autora do livro Quarto de despejo: o diário de uma favelada (1960). É destaque da literatura negra. A obra conta sua lida cotidiana e pesada (era empregada doméstica e catadora de material reciclável) para criar sozinha seus três filhos. Carolina disse certa vez: “Assim como as palavras, as pessoas que as escrevem não podem ser apagadas. Não, senhor. Ninguém vai apagar as palavras que eu escrevi…”

Mariana diz que, além da palavra escrita que está mais bem consolidada na academia, “a poesia brasileira também ecoa através da oralidade na voz de diversas mulheres e homens de várias regiões do País”. E foi neste contexto que Chica Barrosa se situou. “Sua produção se insere no universo da cantoria e do improviso poético, uma rica tradição que teve origem no século 19 na região que hoje chamamos de Nordeste do Brasil”, conclui.

REPENTE: O repente é uma poesia cantada diante do público com acompanhamento de um instrumento, no caso de Chica Barrosa, uma viola, mas podia ser pandeiro, tambor, rabeca ou ganzá.

Segundo Mariana, o nome é repente porque acontece de repente: é uma poesia improvisada a partir de regras e de determinadas formas fixas que estruturam as métricas dos versos que precisam ser dominadas pelos poetas. Realizado como prática coletiva diante de um público, o repente podia assumir também a forma de desafio quando dois poetas se enfrentam por meio de criação poética cantada e improvisada.

Texto: Ivanir Ferreira-Jornal da USP

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PRIMEIRA DOUTORA EM ECOLOGIA HUMANA E GESTÃO SOCIOAMBIENTAL DO BRASIL DEFENDE TESE NO CAMPUS III EM JUAZEIRO BAHIA

Com o título da tese “As Ecologias do Sertão e do (a) Sertanejo (a): um estudo topofóbico-topofílico do semiárido nordestino na representação (de) colonial de personagens do cenário artístico brasileiro”, mestra em Educação – Formação de professores e práticas interdisciplinares pela UPE, Elisangela Campos Damasceno Sarmento, sob a orientação do Prof. Dr. Geraldo Jorge Barbosa de Moura da UFRPE, tornou-se em 01.02.2023, a primeira doutora do Programa de Pós-graduação em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental (PPGEcoH), único programa de doutorado em Ecologia Humana do Brasil e da América Latina.

A autora da tese, Elisângela Damasceno, é professora do IFPI – Campus Paulistana e ingressou no PPGEcoH no dia 20.12.2020. Participaram da banca examinadora, além de seu orientador, os membros externos: Prof. Dr. Eraldo Medeiros Costa Neto – UEFS; Profa. Dra. Ana Maria dos Anjos Carneiro Leão – UFRPE; e Membros internos: Prof. Dr. Josenilton Nunes Vieira – UNEB; Prof. Dr. Josemar da Silva Martins – UNEB. A Tese multipaper contém 11 artigos (9 publicados, 1 aceito e 1 ainda submetido).

O Programa de Pós-graduação em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental (PPGEcoH) da Universidade do Estado da Bahia – Campus III, em Juazeiro, é de natureza interdisciplinar, com os cursos em nível de Pós-Graduação Stricto Sensu Mestrado e Doutorado. Seu objetivo é formar profissionais que pretendam adquirir ou aprofundar conhecimentos na área de Ecologia Humana numa perspectiva multidisciplinar, adquirindo as competências necessárias para desenvolver projetos de investigação no ramo científico da Ecologia Humana.

Com sede no Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais, Campus IIII da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, em Juazeiro, o PPGEcoH oferta anualmente 20 vagas para o curso de Mestrado e 15 para o curso de Doutorado, além de 50 vagas para aluno de Matrícula Especial, a cada semestre. 

Para informações sobre o Programa, acesse: https://ppgecoh.uneb.br/

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MINISTRA ASSEGURA REAJUSTE DE BOLSAS DE PESQUISAS AINDA NO PRIMEIRO SEMESTRE

A ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, garantiu que o reajuste das bolsas de pesquisa científica ocorrerá ainda no primeiro semestre de 2023. Em discurso realizado no Rio de Janeiro, durante a 13º Bienal da União Nacional dos Estudantes (UNE), ela disse que não poderia adiantar quais serão os novos valores.

"Quem vai anunciar será o presidente Lula", justificou. As duas principais instituições responsáveis pelo fomento da pesquisa no país são o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), atrelado ao Ministério da Educação (MEC). Os valores das bolsas pagas por ambos não são atualizados desde 2013.

O reajuste foi uma promessa de campanha de Lula. Há duas semanas, o ministro da Educação, Camilo Santana, chegou a dizer que o anúncio aconteceria ainda em janeiro, o que não se concretizou.

Segundo Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG), passados mais de nove anos da última atualização, houve perda de 75% do poder de compra. Para Luciana Santos, a situação se agravou com o menosprezo à ciência durante o governo de Jair Bolsonaro, cujo mandato se encerrou no ano passado. "Ocorreram drásticos cortes no financiamento da pesquisa do país. Mas o tempo da negação da ciência passou. A ciência voltou a ser uma prioridade nesse país", afirmou.

Considerado o maior festival estudantil da América Latina, a Bienal da UNE conta com uma programação de atividades culturais e debates sobre arte, educação, política e ciência. Luciana Santos, participou de uma mesa conduzida pela ANPG, que é parceira da UNE na organização do evento.

A ministra falou ainda que o governo irá enviar ao Congresso Nacional um projeto de lei para reverter a redução de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). Ela também criticou a Medida Provisória 1.136 de 2022, assinada por Jair Bolsonaro no ano passado, que libera o contingenciamento de verba do FNDCT.

Também está no horizonte do MCTI uma reformulação do edital da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) voltado para apoiar laboratórios na compra de equipamentos. Segundo Luciana Santos, a pasta irá atuar de forma a contribuir com o desenvolvimento nacional.

"A ciência tem que estar a serviço do combate à fome. Tem que estar a serviço do enfrentamento às mudanças climáticas. Tem que estar a serviço da produção dos insumos para as vacinas, para diminuir nossa dependência de outros países. A política de ciência e tecnologia deve buscar a autonomia brasileira e garantir a soberania nacional", acrescentou.

CAMPANHA VACINA ministra da Saúde, Nísia Trindade, também participou de mesa conduzida pela ANPG. "Queria pedir a todos os estudantes que se unam a nós em um movimento nacional pela vacinação que terá início nesse mês de fevereiro", disse ela aos presentes. Está previsto para 27 de fevereiro o início da aplicação da vacina bivalente contra a covid-19, que protege contra diferentes cepas do vírus que causam a doença.


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BRASIL SE DESPEDE DE UMA VIDA DE GLÓRIAS, NUM PAÍS AINDA MARCADO PELO RACISMO E DIFERENÇAS SOCIAIS, AFIRMA JORNALISTA NILTON LEAL

A jornalista e apresentadora Glória Maria morreu, na manhã desta quinta-feira (2), no Rio de Janeiro por complicações de um câncer no cérebro e o assunto repercute em todo o Brasil.

O jornalista Nilton Leal, doutorando em Ecologia Humana, através das redes sociais, destacou a importância de Gloria Maria, em meio a lutas e conquistas identitárias. " O Brasil se despede de uma vida de Glórias, num país ainda marcado pelo racismo e diferenças sociais. Glória Maria fez história". Confira texto:

A doença ( câncer) é algo mesmo terrível, que nos deixa sem palavras diante dos mistérios da vida. Sem contestação, a nossa trajetória na terra é mesmo dinâmica e implacável, não sabemos ao certo como estaremos amanhā, sendo velhos ou jovens, o bom mesmo é aproveitar os momentos, procurando sempre a harmonia interna e externa, mantendo sempre vivos, o amor, a alegria e o respeito com nós e com os outros. Um dia triste para o jornalismo brasileiro. Glória Maria será lembrada como um ícone do nosso ofício, (jornalismo), mas também como uma mulher, que driblou narrativas racistas, de injustiças e desigualdades políticas e sociais. Não a conheci pessoalmente, mas sua empatia e espírito libertário mediados pela TV, são sem dúvida inspiração para todos nós,  um bom dia  a todos! E que Deus nos abençoe!!

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BRASIL SE DESPEDE DE UMA VIDA DE GLÓRIAS, NUM PAÍS AINDA MARCADO PELO RACISMO E DIFERENÇAS SOCIAIS, AFIRMA JORNALISTA NILTON LEAL

A jornalista e apresentadora Glória Maria morreu, na manhã desta quinta-feira (2), no Rio de Janeiro por complicações de um câncer no cérebro e o assunto repercute em todo o Brasil.

O jornalista Nilton Leal, doutorando em Ecologia Humana, através das redes sociais, destacou a importância de Gloria Maria, em meio a lutas e conquistas identitárias. " O Brasil se despede de uma vida de Glórias, num país ainda marcado pelo racismo e diferenças sociais. Glória Maria fez história". Confira texto:

A doença ( câncer) é algo mesmo terrível, que nos deixa sem palavras diante dos mistérios da vida. Sem contestação, a nossa trajetória na terra é mesmo dinâmica e implacável, não sabemos ao certo como estaremos amanhā, sendo velhos ou jovens, o bom mesmo é aproveitar os momentos, procurando sempre a harmonia interna e externa, mantendo sempre vivos, o amor, a alegria e o respeito com nós e com os outros. Um dia triste para o jornalismo brasileiro. Glória Maria será lembrada como um ícone do nosso ofício, (jornalismo), mas também como uma mulher, que driblou narrativas racistas, de injustiças e desigualdades políticas e sociais. Não a conheci pessoalmente, mas sua empatia e espírito libertário mediados pela TV, são sem dúvida inspiração para todos nós,  um bom dia  a todos! E que Deus nos abençoe!!

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