CARTA DE APOIO ÁS COMUNIDADES ATINGIDAS PELA GRILAGEM DE TERRAS EM CAMPO ALEGRE DE LOURDES, BAHIA

Carta de apoio às comunidades atingidas pela grilagem de terras em Campo Alegre de Lourdes (BA). Confira:

O Fórum de Entidades Populares de Campo Alegre de Lourdes vem a público denunciar a tentativa de grilagem de terras, iniciada na última quinta-feira (24), no território tradicional de fundo de pasto Angico dos Dias, formado pelas comunidades Angico dos Dias, Açu, Baixão Novo, Baixão Grande e Baixãozinho. Há seis dias, os/as trabalhadores/as rurais estão convivendo com pessoas estranhas em seu território, seguranças particulares armados e ameaças constantes.

Funcionários, que dizem estar a serviço da empresa Terra Quente Agropecuária – de propriedade do português Carlos Manuel Subtil Duarte -, invadiram parte da área do fundo de pasto das comunidades, que é utilizada há várias gerações pelas famílias para criação de animais. A empresa desmatou a vegetação nativa, transportou maquinário e materiais para o local, fez perfurações no solo, colocou postes de energia e iniciou uma construção. 

A área invadida fica na divisa com os municípios de Caracol e Guaribas (PI), a cerca de 700 metros da PI-470 e próxima ao Parque Nacional Serra das Confusões. Em agosto de 2021, essa mesma área foi atingida por incêndios, que destruíram mais de 2 mil hectares de vegetação na região.

Moradores das comunidades atingidas afirmam que a situação é bastante preocupante e temem que o conflito se agrave. Na última quinta-feira (24), os trabalhadores/as rurais foram surpreendidos também pela presença de cinco policiais militares do município de Caracol, que queriam garantir a continuidade da obra. Os policiais tentaram intimidar os trabalhadores, ameaçando prendê-los.

As famílias camponesas das comunidades da região de Angico dos Dias ocupam tradicionalmente esse território há mais de 150 anos. Os posseiros/as vivem da criação de animais e da agricultura. Há quase 20 anos, a população vem sofrendo com os danos socioambientais provocados pela mineradora Galvani, que extrai fosfato no meio do território, e com diversas tentativas de grilagens de terras, que se intensificaram na última década.

Há mais de cinco anos, as comunidades têm denunciado a participação do empresário Carlos Manuel Subtil nas tentativas de grilagem no território de fundo de pasto. Os/as trabalhadores/as rurais têm apontado também a relação de Carlos Manuel com o José Dias Soares Neto, o Zé do Salvo, envolvido nas tentativas de grilagem dos últimos anos, inclusive na obra iniciada na última semana. De acordo com dados levantados pela Comissão Pastoral da Terra, mais 70% do território tradicional das comunidades de Angico dos Dias é ameaçado por processos de grilagem (documentos fraudulentos, grilagem verde).

Diante dessa situação, o Fórum de Entidades Populares de Campo Alegre de Lourdes solicita das autoridades competentes medidas urgentes para que os invasores sejam retirados da área e as comunidades possam continuar suas atividades no território com tranquilidade.

Campo Alegre de Lourdes, 30 de agosto de 2023

Fórum de Entidades Populares de Campo Alegre de Lourdes 

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MARCELO JENECI MOSTRA PROPOSTA FUTURISTA NO REPERTÓRIO CARAVANA SAIRÉ

No terceiro álbum, Guaia (2019), o paulistano Marcelo Jeneci cruzou referências existenciais e musicais de Guaianases – periférico bairro natal onde se criou na zona leste da cidade de São Paulo (SP) – com ecos dos sons do agreste de Pernambuco, epicentro da vivência nordestina do artista.

No quarto álbum de estúdio deste filho de migrantes pernambucanos, Caravana Sairé, Jeneci atiça ainda mais as memórias musicais e afetivas de Sairé (PE), cidade do interior onde viveu parte da infância.

Primeiro título da ambicionada trilogia fonográfica idealizada pelo artista com o cineasta pernambucano Helder Pessoa Lopes, diretor artístico do disco que desembarcou nos aplicativos via ONErpm, Caravana Sairé é álbum de intérprete, derivado do homônimo show apresentado por Jeneci desde 2022.

O compositor assina somente duas músicas, ambas já conhecidas, cedendo a vez ao cantor na maioria das dez faixas, gravadas com sanfonas – inclusive a de Jeneci (também no bass synth) – com os instrumentos de percussão evocativos das bandas de pífano.

Com os toques dos músicos Ivson Santos (pandeiro), Juba Carvalho (percussão), Junior Caboclo (pífanos), Lucas Dan (sanfona), Mestre Bastos (zabumba) e Mestre Zé Gago (pratos), Jeneci aborda sucessos da música nordestina abrigada sob o amplo guarda-chuva dos ritmos genericamente rotulados como forró.

O xote Sou o estopim (Antonio Barros, 1976), apresentado por Marinês (1935 – 2007) e rebobinado por Jeneci no balanço do reggae, abre alas e pede passagem para Caravana Sairé, disco mixado por Mario Caldato.

Na sequência, o cantor remói Lembrança de um beijo (Accyoli Neto, 1994) com o toque flamenco da guitarra de Daniel Casares e tenta dar pisada pop ao seminal Baião (1946), pedra fundamental da parceria de Luiz Gonzaga (1912 – 1989) com Humberto Teixeira (1915 – 1979).

Também do rei do baião, mas em parceria com Zé Dantas (1921 – 1962), Vem morena (1949) ganha registro em seleção de repertório que une o standard junino Olha pro céu (Luiz Gonzaga e José Fernandes, 1951) com Felicidade (2010), joia da parceria de Jeneci com Chico César, autores também de Oxente, música apresentada na voz arretada de Elba Ramalho no álbum O ouro do pó da estrada (2018) e já gravada pelo próprio Jeneci no citado álbum anterior Guaia (2019).

Sucessos conhecidos dentro das fronteiras do nordeste com o toque do Trio Nordestino, Amor não faz mal a ninguém (Onildo Almeida, 1980) e Cadeira de balanço (Assisão e Lindolfo Barbosa, 1976) encorpam a trilha sonora de Caravana Sairé ao lado de Devagar (Jorginho de Altinho, 1984) e de Ai que saudade d'ocê (Vital Farias, 1983).

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MISSA DO POETA ZÉ MARCOLINO SERÁ CELEBRADA NO MÊS DE SETEMBRO, EM TABIRA

A tradicional Missa do Poeta é promovida anualmente, no terceiro sábado de setembro, na cidade pernambucana de Tabira, no Sertão do Pajeú, homenageando o poeta Zé Marcolino.

Este ano será celebrado os 36 anos de saudades do Poeta Zé Marcolino.

Zé Marcolino nasceu em Sumé, Paraíba e é considerado um dos mais talentosos compositores da música brasileira. Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Trio Nordestino, Fagner, Elba Ramalho, gravaram músicas do Poeta, como ele gostava de chamar os amigos. 

O poeta morreu no dia 20 de setembro de 1987, em acidente de carro, nas proximidades de São José do Egito, Pernambuco.

MISSA É PATRIMONIO: Em 2022, a Missa do Poeta de Tabira comemorou 35 anos de edições ininterruptas. Em 2010, por meio da Lei nº 14.174/2010, a Assembleia Legislativa de Pernambuco reconheceu a Missa do Poeta como Patrimônio Cultural Imaterial de Pernambuco.

Atualmente, é um dos festejos mais tradicionais do Sertão pernambucano e sempre esteve atrelada à defesa do patrimônio imaterial da arte (música e poesia), difundida por artistas de todo Pajeú, os quais participam desde a primeira Missa, realizada na cidade de Serra Talhada, no ano de 1988, quando diversos artistas nordestinos se reuniram para celebrar o primeiro aniversário de morte do músico, compositor e poeta Zé Marcolino.

A partir do ano de 1991, passou a ser celebrada na cidade de Tabira, onde acontece, até os dias atuais, com uma vasta programação que vai de formação cultural às apresentações de poetas, repentistas, forrozeiros e cantores da música popular nordestina.

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A FLORA DA CHAPADA DO ARARIPE COMO PATRIMÔNIO AMBIENTAL DÁ HUMANIDADE É TEMA DA MOSTRA CARIRI 2023



Em mais um ano, o Cariri será palco de um dos maiores encontros culturais do Brasil, a Mostra Sesc Cariri de Culturas. O evento soma-se ao caldeirão cultural da Região, levando ao público uma programação que valoriza uma cultura plural e de tradições, sem deixar de voltar o olhar para os territórios culturais cearenses. 

Com o tema A flora da Chapada do Araripe como patrimônio ambiental dá humanidade, a Mostra acontece de 24 a 27 de agosto, com apresentações em todo o Cariri e em três cidades do Centro-Sul: Iguatu, Icó e Orós.

O evento vai proporcionar, nesses quatro dias, um verdadeiro intercâmbio de territorialidade, levando para o Cariri e para o Centro-Sul um pouco do que foi a Mostra Sesc HQ de Pacoti, realizada no Maciço de Baturité, e a Mostra Sesc de Artes Visuais de Sobral, no Vale do Acaraú. Dessa forma, os artistas cearenses vão circular de um território para o outro, abrindo espaço para diversas trocas.

“Com isso, vamos gerar não apenas o intercâmbio cultural e artístico dos territórios do Estado, mas também formação de plateia tendo acesso à cultura do povo cearense. Dessa forma, ampliamos a compreensão de que a missão cultural da Mostra está consolidada na política cultural que o Sistema Fecomércio, através do Sesc, vem desenhando para o Ceará”, explica o gerente de cultura do Sesc Ceará, Alemberg Quindins.

Neste ano, através do Sesc, o evento contará com 192 grupos, 337 ações nas linguagens de Artes Cênicas, Artes Visuais, Audiovisual, Biblioteca, Expressões da Tradição, Literatura, Música e Oficina de Formação Artística e 1.828 artistas, músicos, escritores, mestres e brincantes da tradição.

O Senac chega com oficinas, palestras, rodas de conversas, desfiles, aulas de gastronomia, turismo ecológico, apresentação de atrações artísticas e culturais representativas da região, ações educacionais, dentre outras.

A programação é gratuita, contando apenas com o ingresso solidário para o show de abertura, com a cantora Baby do Brasil, no dia 24 de agosto, às 20h, no Parque de Exposição do Crato. Para garantir o ingresso, basta doar 2kg de alimentos não perecíveis nas unidades do Sesc e Senac de Crato e Juazeiro, Educar Sesc Juazeiro e na Fundação Casa Grande, em Nova Olinda.

Durante o evento, o Sesc inaugura o Museu Orgânico Terreiro Cultural da Mestre Maria de Tiê, no dia 25, a partir das 17h. Será o 14º museu orgânico de uma rede de fomento à tradição e um reconhecimento à figura de Maria de Tiê, liderança comunitária e mestra responsável por manter viva a Dança do Coco e o Maneiro-Pau na Comunidade Quilombola dos Souza, localizada no Sítio Vassourinha, em Porteiras-CE. Os Museus Orgânicos, projeto do Sesc Ceará, em parceria com a Fundação Casa Grande, valoriza o saber popular, transformando a casa dos mestres da cultura em lugar de memória.

“A Mostra proporciona ao público diversas vivências culturais, sendo uma importante incentivadora das nossas mais diversas manifestações populares, que marcam a identidade do povo nordestino e que permanecem vivas, sendo abraçadas pelas novas gerações. Ao mesmo tempo, o evento também celebra o que há de contemporâneo na cultura, por isso, ele está consolidado como um dos maiores projetos de difusão das artes e da cultura brasileira”, comenta o superintendente de Ações Integradas do Sistema Fecomércio e diretor regional do Sesc Ceará, Henrique Javi.

Riqueza patrimonial da flora-A base da cultura é o patrimônio material e imaterial de seu povo e o Cariri é reconhecido por ser uma vitrine de tradições. Em 2019, o Sesc iniciou a campanha de reconhecimento da Chapada do Araripe como Patrimônio da Humanidade e, até o momento, foram realizados três seminários, que vêm destacando o potencial da Chapada do Araripe como “patrimônio dá humanidade” em seus valores mistos culturais e ambientais.

Nesta Mostra, a riqueza patrimonial da flora da floresta nacional do Araripe será evidenciada. Para isso, foi escolhido como olhar observador para construir a identidade visual do evento o trabalho do fotógrafo e músico cratense Pachelly Jamacarú que, além de uma exposição de artes visuais, fará o show de encerramento da Mostra, no dia 27, a partir das 21h, na praça Siqueira Campos, no Crato.

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ADERALDO LUCIANO LANÇA LIVRO ESTRADAS ENGENHOS SINAS NESTA TERÇA (22), EM NATAL

O professor Aderaldo Luciano, mestre e doutor em Ciência da Literatura lança nesta terça-feira (22), em Natal, Rio Grande do Norte, o livro Estradas Engenhos Sinas. O evento acontece na Estação do Cordel, às 16hs. A escritora Janaína de Castro Azevedo Silva,  Mestre em Linguística pela UEPB, professora e elaboradora de projetos culturais escreveu texto quando do lançamento do livro em Areia Paraíba, terra natal do autor. CONFIRA:

Minha mãe, hoje, me deu a seguinte missão: “Escreva um texto bem bonito sobre Aderaldo Luciano. Ele merece!”. Essa missão quase me fez desistir de vir aqui apresentar o novo livro de Aderaldo, que recebi há dois dias e li, de chofre, em poucos minutos. Leitura fluida e boa. Vou ficar devendo o belo texto, nunca o afeto e a gratidão pela honra do convite. Venho de uma família de ansiosos e, amanhã, serei madrinha de casamento do meu primeiro sobrinho. E, como ser madrinha de casamento será o mais perto que cheguei e chegarei de um altar, estou eu tão nervosa quanto a noiva. Pois bem, apresentado o motivo real pelo qual vocês não ouvirão esse belo texto, vamos a ele: o texto.

Sobre o livro, falarei depois, porque o autor é figura deveras instigante. Seguindo o conselho do escritor, na orelha do livro: “Quanto a mim, quem quiser saber mais dos meus desencantos, jogue meu nome na busca da internet.” Assim o fiz. Quase sem fim, a busca. Em suma, louvam o Mestre e Doutor em Ciência da Literatura, pela UFRJ, poeta, músico, cantor e um dos maiores nomes no estudo da poética nordestina. Mas, querido Aderaldo, li muita coisa e, creio, que sabemos mais dos seus desencantos que todos os navegadores de busca, nós, os amigos de sempre. Uma amiga querida me disse outro dia: “Eu não entendo Aderaldo Luciano”. Ao que respondi: nem você, nem ele, nem eu. Nem nós.

Mas apresentadora elegeu um leque de adjetivos para sua alma inquieta e para quem quiser entender Aderaldo Luciano. Aderaldo, o inquieto, o polêmico, o performático, o inteligente, o saudosista, o satírico, sarcástico e lírico, ao mesmo tempo. O sensível, o corrosivo, o lúcido, o louco, o provocador, o conciliador, o avesso do avesso. Um belo verso de pé quebrado, talvez lhe seja uma boa definição. O verso de pé quebrado é aquele que fere a métrica ou o ritmo do poema, mas para alcançar melhor o sentido. Aderaldo sempre grita porque sempre careceu de gritar para ser ouvido. Como disse Clarice: “como atingir sem exagerar? Sem exagerar, como conseguir?”. Por isso, ele superou aos outros, ao meio e a si e serve de modelo e exemplo para quem veio antes e depois dele.

Passando por cima do autor, vamos à obra: Estradas, Engenhos, Sinas.

Talvez a escolha da pessoa para apresentar a obra tenha sido devido ao afeto, de há muito tempo, entre mim e ele: cursamos algumas disciplinas no Curso de Letras da, hoje, UFCG. Já naquela época, ele armora um levante para exigir a saída do professor de Crítica Literária, considerado terrível, pois só duas alunas (eu e outra) teriam pago a disciplina e deveria haver outros motivos mais.

Aderaldo, o notívago insone, a fazer a ronda noturna, acompanhando os vigias, quando havia os poéticos vigilantes pelas ruas enladeiradas. Aderaldo, o que largou tudo e, de repente, estava bem instalado no RJ, para a surpresa dos amigos. O que casou, fundou editora, largou tudo e foi pra SP. O que vai e vem sempre, porque é ser de fluidez absoluta.

Deixemos o autor em paz. Vamos ao texto.

Não tenho sido autoridade quando o tema é a poesia popular, o maravilhoso cordel. Nunca soube contar bem sílabas poéticas e cédulas reais, sou também um verso de pé quebrado no poema trágico que é a vida.

Pois bem, vamos tentar fazer o melhor com o pouco que temos. A apresentação é um texto perfeito, são 8 itens explicativos, como sinalizadores da forma escolhida, da história de Sebastião e seu lugar. São sextilhas, seis estrofes, versos de sete sílabas poéticas (aqui o ritmo é que manda) e rimas soantes, são as que levam em conta a identificação sonora entre as vogais até a última sílaba tônica do verso. E, claro, os bem vindos versos de pé quebrado, que desobedecem as ordens estabelecidas. Tal qual o autor do texto. Assim, somos apresentados à leitura  da história de Sebastião e à paisagem brejeira, aos Engenhos de fogo Morto, às estradas sinuosas e simpáticas que ligam Pilões, Serraria, Areia, aos famigerados temporais. Sim. Tudo é Areia.

Aderaldo é um homem de sua terra, o telurismo, o amor à terra natal perpassa todos os versos. Amar um lugar nunca é amor contínuo, segue exatamente como são as batidas irregulares do coração, vezes amor, outras puro ódio, outras devoção. Amar Areia e seus arredores não é amor fácil. Todos sabemos disso. Mas li de um autor que nada é mais significativo que o lugar em que a gente nasce e a pessoa a quem a gente ama. Não há nada mais importante que isso.

Pois bem, a forma perfeita, o lugar imperfeito são o cenário, para a história de Sebastião, um cambiteiros dos Engenhos, como chamados aqui. Sebastião e o cenário descritos pelo autor me lembraram os personagens de José Lins do Rego e me levou um pouco mais longe: a Juca Mulato, de Menochi dele Picchia, lá de 1922, leitura amada na adolescência, do caboclo que cisma e passa a se sentir inadequado desde que, ali, a filha da patroa começa a lhe dirigir olhares. Aqui, em Aderaldo, a própria patroa. O desfecho é perfeito: sem amores perfeitos, ele volta apenas como observador que não julga, apenas observa e louva e aceita, altivo, o seu destino:

Suas certezas estavam

Claramente definidas:

Um momento é um momento,

Pode ou não mudar as vidas.

Os detalhes vêm na estrada,

Nas léguas todas vencidas.

Ainda no fim do texto, os dísticos (as parelhas, estrofes de dois versos) perfeitos, que resumem, todo o telurismo e o amor â terra, pretendidos pela obra: toda estrada só nos leva ao lugar que mais amamos. É a certeza.

Por fim, as ilustrações feitas pelo artista plástico areienses Severino Ramos vão narrando, junto com as sextilhas, a história de Sebastião, e dos meeiros, cambiteiros, agregados que ainda compõem o repertório do nosso lugar. Meus desenhos eleitos são as  duas primeiras ilustrações porque são imagens eternizadas desde a primeira infância.

Parabéns, Aderaldo. Obrigada, Aderaldo. Fico devendo o Belo texto.

(Texto: Areia Paraíba 14 dezembro de 2022. Janaína de Castro Azevedo Silva,  Mestre em Linguística pela UEPB, professora, Secretaria de  Educação de Areia Paraíba, é  escritora, elaboradora de projetos culturais)

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AGRICULTURA FAMILIAR É DESTAQUE NO CORTEJO KARIRI DA CULTURA

A Federação das Entidades Comunitárias do Cariri realizou no sábado, 19, em Crato o Cortejo Kariri da Cultura 2023. No Parque de Exposição Pedro Felício Cavalcanti aconteceu solenidade de abertura que contou com a presença do prefeito do Crato, José Ailton Brasil (PT).

De acordo com José Domingos, presidente da FEC a ideia é unir os movimentos comunitário e cultural e divulgar esses movimentos, refletir sobre temas de interesse das comunidades e debater os direitos do povo.

O cortejo saiu da Praça São Vicente, cortou ruas do centro do Crato e terminou no parque de Exposição.

Uma feira de artesanato e comidas típicas, além da Casa da Farinha movimentou o evento.


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TEMPERATURAS MÁXIMAS AUMENTARAM ATÉ 3 GRAUS EM ALGUMAS REGIÕES DO BRASIL

Um mapa com as tendências das temperaturas máximas diárias observadas nos últimos 60 anos no Brasil aponta que já houve aumento de até 3 graus em algumas regiões. A análise considerou dados registrados entre os anos de 1961 e 2020. O mapa foi elaborado por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), unidade vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

“O resultado é uma evidência das alterações nos padrões de temperatura”, avalia o cientista climático, Lincoln Alves.

O pesquisador do Inpe salienta que diversos trabalhos científicos têm apontado a mudança do clima como um dos principais responsáveis por essas alterações. Contudo, fatores como urbanização e mudanças no uso e na cobertura da terra também contribuem para o aumento das temperaturas. “A mudança climática já está afetando todas as regiões do Brasil de muitas maneiras”, complementa.

De acordo com o mapa, na maior parte do território nacional foram observadas alterações de até 1,5oC, que estão sinalizadas nas cores amarelo claro e escuro. Bolsões em vermelho mais escuro, que indicam aumento das temperaturas máximas entre 2,5oC e 3oC, preponderam no interior do Nordeste e no noroeste da região Norte. No Centro-Oeste e no Sudeste também aparecem regiões com aumento acima de 1,5oC.

O pesquisador ressalta que os resultados apresentados são importantes para compreender as alterações no Brasil e corroboram com as conclusões dos relatórios mais recentes do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC). “Em nível regional, o aquecimento é por vezes muito maior que a média global. E não só no Brasil, mas em várias outras partes do mundo, o que potencialmente amplifica os efeitos da mudança do clima”, explica.  

As análises envolvendo mudanças climáticas consideram longas séries de dados para obter maior robustez. Outro aspecto envolve as incertezas associadas, inerentes a qualquer análise, que, neste caso, estão relacionadas às regiões que historicamente possuem poucas informações, mas que de uma maneira geral não modifica o padrão espacial dos resultados.

Mundo mais quente-O mês de julho deste ano registrou recordes de temperatura média global, conforme divulgado pela Organização Meteorológica Mundial (WMO, na sigla em inglês) e pelo observatório europeu Copernicus. O fenômeno El Niño, um aquecimento anômalo das águas superficiais do oceano Pacífico equatorial, de intensidade moderada, contribui para os recordes de temperatura no verão do Hemisfério Norte.

“As mudanças que estamos observando aumentarão com aquecimento adicional, principalmente tornando os eventos climáticos extremos, incluindo ondas de calor, mais frequentes e severas”, conclui Alves.

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LÍDER DO MST DIZ QUE USO DE VENENO NA FRUTICULTURA IRRIGADA DO VALE DO SÃO FRANCISCO VAI PREJUDICAR EXPORTAÇÕES


Em depoimento à CPI do MST, um dos líderes nacional do movimento, João Pedro Stédile, avaliou na terça-feira (15) que foi um "erro" a invasão a terras da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Pernambuco.

Stédile afirmou, no entanto, que cada acampamento do MST tem autonomia para decidir como agir.

De acordo com a chefe-geral da Embrapa, Maria Auxiliadora Coelho de Lima, a área ainda segue produtiva e serve à realização de pesquisas sobre as espécies forrageiras e nativas da caatinga.

Joao Pedro Stedeli também fez uma avaliação pessimista para a fruticultura irrigada no Vale do São Francisco. Ao criticar o uso de veneno, agrotóxixo que, segundo ele, ainda é usado como defensivo agrícola nas produções.

Stedeli afirmou que a exportação de frutas da região do ficará comprometida e é preciso mudar a realidade.

De acordo com Stedeli as rutas exportadas estão repletas da substancia quimica GLISOFATO, herbicida utilizado no controle de plantas daninhas.

Até 2026 isto terá que mudar, disse o lider do MST.

Quanto ao MST, João Pedro Stedeli, destacou que um dos princípios que norteia a atuação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é a coexistência entre a manutenção da biodiversidade existente no meio ambiente, a produção de alimentos saudáveis e as populações tradicionais, como indígenas, ribeirinhos e quilombolas, e suas práticas. 

Em outras palavras, isso significa uma interação entre o ser humano e o meio ambiente pelas vias sustentáveis de produção, além do respeito aos saberes tradicionais.  Stédile critica a permissividade com que se prolifera no Brasil o uso de agrotóxicos já proibidos em outras partes do mundo por sua agressividade ao ambiente e à saúde. 

Na CPI, eles destacou que pesquisas que associam o veneno agrícola ao crescimento da incidência de doenças como câncer de próstata, de mama, mal de Parkinson e a problemas de infertilidade. Alerta que, no cigarro, a má fama fica com a nicotina, “que só vicia – o que mata são os produtos químicos usados, sobretudo, no cultivo do fumo”. E que a produção em larga escala de cana-de-açúcar levando o veneno também para a aguardente: “Pode largar mão de tomar pinga. No Brasil se bebe cachaça há 400 anos, mas antigamente não tinha veneno, e agora tem”.

"O modelo do agronegócio é apenas um modelo de se ganhar dinheiro. Se o único objetivo é ter lucro, não importa se vão destruir a natureza, se vão usar venenos, se desempregam pessoas", disse Joao Pedro Stedeli.

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RIO SÃO FRANCISCO: O HOMEM CHEGA E JÁ DESFAZ A NATUREZA, TIRA GENTE E PÕE REPRESA

Sucesso na voz de Sá & Guarabyra, "Sobradinho" embala a abertura da novela "Mar do Sertão", numa versão inédita de Chico César. A novela mais uma vez coloca em destaque a Barragem de Sobradinho, Bahia.

"O homem chega, já desfaz a natureza tira gente, põe represa, diz que tudo vai mudar/ O sertão vai virar mar dá no coração o medo que algum dia o mar também vire sertão/ O Rio São Francisco, lá pra cima da Bahia diz que dia menos dia vai subir bem devagar e passo a passo vai cumprindo a profecia do beato que dizia que o sertão ia alagar/ Vai ter barragem no salto do Sobradinho e o povo vai-se embora como medo de se afogar...Adeus Remanso, Sento Sé, Casa Nova, Sobradinho, Pilão Arcado"...

Histórias. Sentimentos mais humanos. Sem elas, não há uma boa canção. Todos os bons cantores e compositores deveriam contar os bastidores de suas canções.  A música “Sobradinho” provocou a questão ecológica na música brasileira. Sá e Guarabyra ergueram a voz contra a injustiça e olhos viram o que poucos enxergavam. 

Conta-se que no ano de 1977, quando Sá e Guarabyra faziam um percurso de carro pelo sertão do Vale do São Francisco, nas margens do Rio São Francisco em direção à cidade de Bom Jesus da Lapa, onde o pai, de Guarabyra vivia, caminhavam pelas ruas quando ouviram uma prosa estranha dita por mais de duas pessoas. Caminhões gigantes, como nunca vistos por ali, andavam levantando as terras de uma região vizinha.

Então seguiram para lá e viram o que jamais imaginavam. Não só os caminhões, mas também muitos homens trabalhavam para construir a represa gigante de Sobradinho, um lago 600 vezes maior do que a Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, construído com águas represadas do Rio São Francisco para fazer funcionar a usina hidrelétrica de Sobradinho. Ninguém sabia disso naquela tarde em que Sá e Guarabyra tiveram a visão do sertão virando mar. Sob regime ditatorial, os jornais nada noticiavam e o projeto era tocado às escuras.

Seis cidades seriam inundadas, centenas de famílias seriam removidas e o impacto ambiental se anunciava.  

As cobranças previstas e as inimagináveis logo chegariam, como o aumento nos índices de degradação ambiental, e destruição, além do impacto na mente humana. Quantos amores deixaram de existir?

Sá & Guarabyra fizeram a primeira reportagem, poesia denunciando em música o que o mundo saberia em breve. “Adeus, Remanso, Casa Nova, Sento-Sé / Adeus, Pilão Arcado, vem o rio te engolir / Debaixo de água lá se vai a vida inteira / Por cima da cachoeira o gaiola vai, vai subir / Vai ter barragem no salto do Sobradinho / e o povo vai-se embora com medo de se afogar / O sertão vai virar mar / dá no coração / o medo que algum dia o mar também vire sertão…” 

Foi a partir do sucesso da música que o Governo Militar então começou a fazer propagandas para reverter a imagem e dizer que a iniciativa faria bem ao País.

Sá e Guarabyra. No batismo Luiz Carlos Pereira de Sá é carioca. O baiano da dupla é Guttemberg Nery Guarabyra. Os dois tiveram suas músicas gravadas na voz de Biquini Cavadão, Elis Regina, Roupa Nova, Trio Nordestino, Gal Costa entre outros grandes artístas.

Assim ouvi e aqui reproduzo. Ney Vital - (Jornalista)

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CONTRIBUIÇÃO DE PAÍSES RICOS PARA MEIO AMBIENTE NÃO É FAVOR, DIZ LULA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira (14) que a contribuição de países ricos para a preservação da floresta amazônica não é favor, mas o pagamento de uma dívida com o planeta. Em seu programa semanal Conversa com o presidente, Lula destacou que, após a conclusão da Cúpula da Amazônia na semana passada, os países da região têm condições de participar da COP28, nos Emirados Árabes, no fim do ano, cobrando essa contribuição.

“É muito simples compreender. Os países ricos tiveram a sua introdução na Revolução Industrial bem antes que o Brasil. Então, eles são responsáveis pela poluição do planeta muito antes de nós. Eles conseguiram derrubar suas florestas muito antes de nós. Agora, o que eles têm que fazer é contribuir financeiramente para que os outros países possam se desenvolver. Nós não queremos ajuda. Nós queremos um pagamento efetivo. É como se estivessem pagando uma coisa que eles devem à humanidade,” diz Lula.

“Temos condições de chegar ao mundo, lá nos Emirados Árabes, e dizer o seguinte: "olha, a situação é essa. Nós queremos essa contribuição de vocês. E isso não é favor. É pagamento de uma dívida que vocês têm com o planeta Terra porque vocês derrubaram a floresta de vocês 100 ou 150 anos antes de nós. Então, agora, vocês paguem pra que a gente possa preservar as nossas florestas gerando emprego, oportunidades de trabalho e condições de melhorar a vida das pessoas,” explicou o presidente.

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CANTOR ASSISÃO AGORA É PATRIMÔNIO VIVO DA CULTURA

Foram divulgados nesta quinta-feira (10) os nomes dos dez novos "Patrimônios Vivos" de Pernambuco, eleitos pelo Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural (CEPPC-PE). Com isso, o estado passa a ter 95 artistas e grupos contemplados desde 2002, quando a iniciativa foi criada pela Lei Estadual nº 12.196.

Segundo a norma, os artistas eleitos recebem uma pensão vitalícia. Atualmente, o valor é de R$ 2.041,53 para pessoas físicas e R$ 4.083,10 para pessoas jurídicas.

Em contrapartida, eles devem participar de programas de ensino e aprendizagem realizados pela Secretaria Estadual de Cultura (Secult).

Foram escolhidos nomes que representam diferentes regiões do estado. De acordo com a Secult, o edital deste ano contou com 103 candidaturas inscritas e 101 habilitadas.

Confira os novos "Patrimônios Vivos" por município e região:

As Cantadeiras do Povo Indígena Pankararu, de Tacaratu (Sertão de Itaparica);

Afoxé Alafin Oyó, de Olinda;

Reisado da Comunidade Quilombola do Saruê, de Santa Maria da Boa Vista (Sertão do São Francisco);

Caboclinho Canindé de Goiana (Zona da Mata Norte);

Troça Carnavalesca Mista Pitombeira dos Quatro Cantos, de Olinda;

Assisão, de Serra Talhada (Sertão do Pajeú);

Coco de Roda Negros e Negras do Leitão da Carapuça, de Afogados da Ingazeira (Sertão do Pajeú);

Mestra Nilza Bezerra da Bonequinha da Sorte de Gravatá (Agreste Central);

Ilé Axé Oxalá Talabi, de Paulista (Grande Recife);

Mestra Vera Brito, de Vicência (Zona da Mata Norte).

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SERRA TALHADA: MUSEU DO CANGAÇO CORRE RISCO DE FECHAR AS PORTAS

O Museu do Cangaço, em Serra Talhada, Pernambuco, está enfrentando sérias dificuldades financeiras e corre o risco de fechar as portas. O museu é mantido pela Fundação Cultural Cabras de Lampião, uma ONG sem fins lucrativos, e não recebe nenhum apoio governamental.

A Fundação usou as redes sociais para divulgar uma nota alertando sobre o problema e solicitando a ajuda da sociedade civil para que o museu não venha a ser fechado. 

Leia abaixo a íntegra da nota:

Prezados amigos, hoje viemos trazer uma notícia preocupante: o Museu do Cangaço está enfrentando sérias dificuldades financeiras e, tristemente, fechará suas portas se não conseguir apoio.

O Museu do Cangaço, que nunca recebeu qualquer convênio governamental, sempre foi e é mantido unicamente pela Fundação Cultural Cabras de Lampião, uma ONG comprometida com a preservação da nossa cultura, que vem passando por dificuldades financeiras e agora encontra-se sem os recursos necessários para manter o Museu aberto por mais tempo.

O Museu do Cangaço é muito mais do que um destino turístico e centro de pesquisa para todo o Brasil. Ele é o símbolo do orgulho que sentimos ao dizer que somos cidadãos de Serra Talhada. É o reflexo de nossa força coletiva, de nossa resiliência e da capacidade de nosso povo de transformar as dificuldades em empoderamento.

O Museu representa a riqueza de nossa história, tradições e identidade. Serra Talhada, além de ser a terra de Lampião, possui uma rica história ligada ao cangaço, e esse museu desempenha um papel crucial em manter viva essa parte significativa de nosso passado.

Estamos abrindo um chamado a sociedade civil e organismos públicos para ajudar ao nosso resgate. Convidamos a todos a se unirem a nós nesta campanha para salvar o Museu do Cangaço.

Contribuindo financeiramente: qualquer quantia é bem-vinda e fará a diferença. Você pode mandar um PIX para cabrasdelampiao@gmail.com. 

Divulgando nossa campanha: compartilhe esta mensagem com seus amigos e familiares para que mais pessoas conheçam nossa causa. 

Unidos como uma comunidade, temos o poder de preservar a história e a identidade de Serra Talhada. Esperamos que, juntos, consigamos mudar esse cenário e garantir a preservação de nosso patrimônio histórico e turístico.

Junte-se a nós no resgate de nossa história! Seja um herói dessa causa e faça a diferença no futuro de Serra Talhada.

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LULA FALA EM INCLUIR CONTEÚDO DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO CURRICULO ESCOLAR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira (8) que é necessário incluir os debates sobre o clima no currículo escolar. Ele deu as declarações no programa Conversa com o Presidente, uma live semanal de Lula, que tem produção da EBC.

"Temos de ter aulas para as crianças sobre a questão do clima", declarou o presidente da República. "Vamos colocar no currículo escolar, é uma discussão que vou fazer com o ministro Camilo, com o pessoal da Educação", disse Lula, referindo-se a conteúdos sobre meio ambiente de forma geral.

O presidente da República está em Belém, no Pará, onde participa da Cúpula da Amazônia. Ele também disse que é necessário fazer mais concursos da Polícia Federal para aumentar o efetivo e combater o narcotráfico na região amazônica.


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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA DISCUTE IMPORTÂNCIA DAS CULTURAS POPULARES

A quinta edição do seminário "Griô culturas populares: Brasil quem conta essa história?" está com as inscrições abertas na Bahia. O projeto acontece entre os dias 8 e 10 de novembro, na Universidade Federal da Bahia (UFBA).

As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas através do site oficial. A ação tem como público, estudantes de graduação, de pós-graduação, pesquisadores, docentes, profissionais, mestres e mestras das culturas populares, educadores e artistas populares.

Na programação será realizada uma submissão de palestras sobre diversos temas ligados às culturas populares em grupos de trabalho específicos, com emissão de certificados.

Nos seminários serão contados através de espaços para socialização de pesquisas, produções culturais e iniciativas educacionais, que possam conversar e se alinhar com as culturas populares.

O evento acadêmico-científico abrange as produções e experiências provenientes do campo das culturas tradicionais e identitárias. O formato visa a valorização dos participantes, como professores, alunos e pesquisadores de instituições públicas e privadas de todos os níveis.

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MINISTRA ANUNCIA COMITÊ DE ENFRENTAMENTO AO RACISMO AMBIENTAL

O que muda a vida das pessoas são políticas públicas bem construídas, compromissadas e com financiamento adequado, afirmou a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, ao participar neste domingo (6) da plenária “Amazônias Negras: Racismo Ambiental, Povos e Comunidades Tradicionais”, em Belém (PA), dentro da programação do Diálogos Amazônicos.

“As políticas que estamos construindo precisam ser efetivas para fazer a diferença na vida das pessoas”, disse.

Dentro da construção de políticas voltadas ao povo amazônico, Anielle Franco citou pacto firmado com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, para a criação do Comitê de Monitoramento da Amazônia Negra e Enfrentamento ao Racismo Ambiental. Com o governo do Pará, foi assinado acordo de cooperação técnica para medidas emergenciais de mitigações graves, questões socioambientais enfrentadas pela população do arquipélago de Marajó, além de parceria com a Secretaria de Igualdade Racial e Direitos Humanos do Pará para criação de políticas públicas na temática.

Dados do Censo 2022, divulgados recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que 32,1% dos residentes da Amazônia Legal são quilombolas, descendentes de africanos.

 “São vidas impactadas pelas mudanças climáticas, que provocam desastres de alto risco para quem habita moradias precárias em áreas de alto risco, sem acesso ao saneamento básico, convivendo com a poluição de rios e mares, com a pobreza e a incerteza sobre a vida do amanhã”, ressaltou, lembrando o papel dos povos da região como agentes defensores da sociobiodiversidade.

A ministra defendeu ainda a demarcação de terras indígenas e a titulação de territórios quilombolas. “É preservar a Amazônia. Isso é salvar o mundo. A gente não tem mais tempo a perder. A gente quer celebrar as mulheres e jovens negros em vida, quer salvar os nossos territórios, quer defender o nosso sagrado em vida”.

Anielle Franco destacou que o evento Diálogos Amazônicos é momento de construção de políticas públicas para a população mais vulnerabilizada e apagada dos processos de decisão. “É ainda um momento de denúncia e de alerta para que a Amazônia não seja vista somente como pulmão do mundo, mas como a morada de pessoas indígenas, negras, quilombolas, dos povos de terreiro e comunidades tradicionais que vivenciam desigualdades e violências cotidianas”, disse, ao defender que o combate ao racismo ambiental tenha prioridade nos debates da Cúpula da Amazônia, que irá reunir chefes de Estado dos países amazônicos nos próximos dias 8 e 9.

Aos jovens estudantes presentes na plenária, a ministra da Igualdade Racial salientou que sempre ouviu de sua mãe que conhecimento ninguém tira de uma pessoa. “Eu espero que vocês saibam o tamanho da responsabilidade que nós temos na mão e que nunca devem desistir de lutar pelo que acreditam”.

Anielle comentou que a presença dos jovens no evento já representava um gesto político, porque “as estatísticas comprovam que os nossos jovens e as nossas jovens negros tombam a cada minuto”. Para ela, o fato de esses jovens estarem vivos já era um gesto político. “Não deixem que ninguém diminua ou dilua o sonho de vocês. Jamais. Que vocês estudem cada vez mais. Porque o conhecimento abre portas e, por mais que nos neguem esses espaços, que vocês entendam cada vez mais que é necessário adentrar em espaços como esses”.

Para que isso possa acontecer, entretanto, a ministra insistiu que o conhecimento será essencial. “Se cuidem. Cuidem uns dos outros, sempre, porque a nossa luta só faz sentido porque ela é coletiva”, concluiu.

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CONHECIMENTOS TRADICIONAIS PODEM SALVAR PLANETA, DIZ LIDER QUILOMBOLA

As soluções que estão sendo debatidas durante o Diálogos Amazônicos “têm potencial para salvar o mundo”. Mas, para tanto, é fundamental a colaboração efetiva de todos os países participantes da Cúpula da Amazônia, pondera o coordenador Executivo de Articulação da Malungu, Hilário Moraes.

Ele se refere às propostas que estão sendo elaboradas durante o evento iniciado nesta sexta-feira (4) em Belém (PA). A Malungu é uma organização das comunidades quilombolas que, apesar de centrada no Pará, atua indiretamente junto a cerca de 600 comunidades não afiliadas localizadas em outras partes do país.

Segundo ele, a grande expectativa com o encontro – que prepara propostas a serem apresentadas aos chefes de Estado durante a Cúpula da Amazônia nos dias 8 e 9 de agosto – é a de se construir, de forma conjunta, com a participação de autoridades e povos da Amazônia, uma salvaguarda que realmente proteja os territórios quilombolas, indígenas, bem como outras comunidades tradicionais e povos da Amazônia.

“Sem essa salvaguarda, o planeta passa, hoje, por um processo muito duro das mudanças climáticas. Os povos que destruíram suas florestas investem agora pesado na Amazônia, para que se possa deixar a floresta em pé e para que o planeta possa sobreviver”.

Ele lembra que, historicamente, são os povos da região os que dominam conhecimentos tradicionais que garantem uma relação sustentável com a floresta, e que isso precisa ser levado em conta pelas autoridades.

“Nós podemos salvar o planeta, mas a gente precisa ter essa cooperação dos países que estão na Amazônia Legal. Que eles realmente escutem e leiam o que ficará visível na carta-síntese que vai ser construída, falando de toda problemática e de toda emblemática que existe dentro da Amazônia”, acrescentou.

O Diálogos Amazônicos reúne, até dia 6 de agosto, representantes de entidades, movimentos sociais, academia, centros de pesquisa e agências governamentais do Brasil e demais países amazônicos, com o objetivo de formular sugestões para a reconstrução de políticas públicas sustentáveis para a região.

Durante o evento preparatório para a Cúpula, serão organizadas cinco plenárias-síntese, que debaterão temas como participação social, erradicação do trabalho escravo, saúde, soberania, segurança alimentar e nutricional, ciência e tecnologia, transição energética, mudança do clima e a proteção aos povos indígenas e tradicionais da região.

Estão previstas também plenárias transversais para debater situações de públicos específicos, como mulheres, jovens e negros na região amazônica.

Os resultados servirão de base para a produção de cinco relatórios a serem entregues aos presidentes dos países amazônicos durante a cúpula.

"Nossa expectativa é a de que realmente possamos ser escutados. Nós estamos dentro das florestas, dos rios, dos igarapés e dos campos. E tudo isso nos está sendo retirado. Estão tirando nosso sono, nossa vida e a floresta que é uma herança e um patrimônio que está sendo destruído diante dos nossos olhos”, acrescentou, referindo-se a empreendimentos como os do agronegócio e as “obras faraônicas” construídas em território amazônico. (Agencia Brasil)

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LULA QUER PREMIAR PREFEITOS QUE EVITAREM QUEIMADAS E DESMATAMENTO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer premiar os prefeitos que melhor trabalharem para conter o desmatamento ilegal e evitar as queimadas em seus municípios. Nesta quinta-feira (3), em entrevista a rádios de estados amazônicos, Lula defendeu uma ação conjunta entre os entes federados na prevenção de delitos ambientais e disse que não adianta ficar, de Brasília, “brigando contra o desmatamento".

“Se a gente compartilhar as nossas decisões com os prefeitos das cidades dos estados da Amazônia e esses prefeitos se sentirem motivados a participar junto com o governo, a gente vai ter muito mais resultado do que se a gente ficar apenas denunciando”, disse. “Em vez de a gente punir, a gente premiar aquelas pessoas que fizeram bem para a preservação da nossa fauna, da nossa floresta, da nossa água, para que as pessoas denunciem as queimadas, o garimpo ilegal, os madeireiros legais, eu acho que vai dar certo”, acrescentou, sem detalhar como seria essa premiação.

Nos dias 8 e 9 de agosto, Lula reunirá, em Belém, os presidentes dos oito países amazônicos, na Cúpula da Amazônia, para discutir uma política unificada para a região. Lula explicou que o encontro terá a participação dos governadores dos estados brasileiros, mas que também será organizada uma reunião com as lideranças municipais.

“Nós vamos fazer uma reunião com todos os prefeitos das cidades amazônicas, vamos discutir com eles uma política de combater tudo que for ilegal. Vamos colocar a Polícia Federal [PF] com uma base central em Manaus, para que a gente possa atuar em conjunto com todos os outros estados, vamos fazer convênio com os países fronteiriços para que a gente possa combater o crime organizado, o narcotráfico, o garimpo ilegal, os madeireiros ilegais, ou seja, nós vamos dar um pouco de cidadania a esse povo [que vive na Amazônia]”, disse. (Agencia Brasil)



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