JOQUINHA GONZAGA LANÇA EP 50 ANOS DE FORRÓ E TRADIÇÃO
Joquinha Gonzaga completou no dia (01) de abril, 73 anos, (né mentira não!) de nascimento. Ele é neto do tocador de oito baixos Januário e sobrinho de Luiz Gonzaga, Rei do Baião. João Januário Maciel, o Joquinha Gonzaga é hoje um dos poucos descendentes vivos da família. Dos nove filhos de Santana e Januário, todos eles, ja "partiram para o Sertão da Eternidade".
Nesta sexta-feira, 26 de setembro de 2025, a data se faz mais especial, Joquinha Gonzaga lança nas plataformas digitais o EP (com cinco músicas), 50 anos de Forró e Tradição.
Joquinha Gonzaga além de tocar sanfona de 120 baixos, é tocador de sanfona de 8 baixos, um instrumento quase em extinção no cenário cultural brasileiro. No repertório do cantor e sanfoneiro, ao lado do tio Luiz Gonzaga, o sanfoneiro Joquinha cantou em dueto a música "Dá licença prá mais um". Joquinha Gonzaga reside atualmente em Exu, Pernambuco.
Não oficialmente, Joquinha Gonzaga é um Patrimônio Vivo da Cultura. Além de sobrinho do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, Joquinha é neto de Januário (tocador de 8 Baixos) e ainda tem como tios o Mestre da Sanfona, Zé Gonzaga, Chiquinha Gonzaga (tocadora de sanfona 8 Baixos), Severino Januário e primo do saudoso Gonzaguinha.
Contato para shows de Joquinha Gonzaga: (87) 9 99955829 e (87) 9 96770618-Sara Gonzaga.
TRAJETÓRIA: Em 1986, gravou o seu primeiro disco, “Forró cheiro e chamego”, pela gravadora Top Tape. Na sequência, foi convidado por seu tio, Luiz Gonzaga, a integrar uma turnê à França.
Em 1988, participou do disco “Aí Tem…”, de Luiz Gonzaga, na faixa “Dá licença pra mais um”.
Em 1989, gravou um disco com composições de seu tio, pela gravadora Copacabana.
Em 1990, lançou mais um álbum, “É só remexer”, novamente pela Copacabana.
No início dos anos 1990, atuou em shows e participou de eventos tradicionais como a Missa do Vaqueiro de Serrita, preservando a memória de Luiz Gonzaga.
Em 1993, lançou o LP “Sobrinho de Gonzagão e neto de Januário”, pela Somari, obtendo divulgação nacional.
Em 1996, lançou o álbum “Raiz e tradição”, que trouxe participações de Alcimar Monteiro, Joãozinho do Exu e Maída.
No ano seguinte, lançou mais um disco, “Cara e coração”, pela Ingazeira Discos, e com produção de Alcymar Monteiro. O CD apresentou músicas de compositores como João Silva e Dijesus, além dele próprio.
No mesmo ano, realizou participação especial em um álbum de Dominguinhos, cantando a música “Tacacá”.
Em 1998, ao lado de Oswaldinho do Acordeon e Daniel Gonzaga, participou do evento “Tributo a Luiz Gonzaga”, realizado em Nova York, nos EUA, para um público de 10 mil pessoas.
Em 2000, lançou mais um disco de carreira, dessa vez de forma independente, “Mala e cuia”, que teve participação especial de Daniel Gonzaga na faixa “Espelhos das Águas do Itamaragy”.
Em 2003, realizou participação especial no disco “Na varanda do Rei”, de Flavio Baião, na faixa “São João Tradição”.
Em 2004, lançou o CD “Sanfoneiro da serra do Araripe”, também de forma independente. O disco trouxe uma gravação de Luiz Gonzaga de 1988, em que o apresentou como herdeiro musical da família e perpetuador do baião.
Em 2005, realizou participação especial no disco “Forroboxote 4”, de Xico Bizerra, cantando a faixa “Toró de alegria”.
Em 2006, lançou o disco “Contos e causos do Gonzagão”, em que apresentou três causos que presenciou nas viagens que realizou ao lado de seu tio.
No mesmo ano, participou do disco de Chiquinha Gonzaga “Oito e oitenta”, interpretando a faixa “Sabino”.
Em 2007, realizou participação especial no disco “Forroboxote 7”, de Xico Bizerra, cantando a música “Jorge da Lua”.
No mesmo ano, realizou participação especial no disco “Achando bom!!!”, de Targino Gondim, cantando a música “Começo de namoro”.
Em 2012, realizou participação na coleção tripla de CDs “Pernambuco forrozando para o mundo – Viva Dominguinhos!!!”, produzida por Fábio Cabral, cantando, ao lado de Dominguinhos, a música “Retrato do nordeste”, de sua autoria com Zé Peixoto e Dijesus.
A coletânea trouxe forrós diversos, interpretados por 48 artistas, e que fazem referência aos 50 anos de carreira do seu inspirador, Dominguinhos. Interpretando músicas de compositores em sua grande maioria pernambucanos, fizeram parte do projeto também artistas como Acioly Neto, Adelzon Viana, Dudu do Acordeon, Elba Ramalho, Jorge de Altinho, Irah Caldeira, Liv Moraes, Petrúcio Amorim, Geraldo Maia, Sandro Haick, Spok, Jefferson Gonçalves, Chambinho, Hebert Lucena, Maciel Melo, Luizinho Calixto, Silvério Pessoa, Walmir Silva, entre outros, além do próprio Dominguinhos.
PESQUISA MOSTRA AVANÇO EM SALAS DE AULA COM PROIBIÇÃO DE CELULARES
Uma pesquisa realizada pela Frente Parlamentar Mista da Educação, em parceria com o Equidade.info, iniciativa do Lemann Center da Stanford Graduate School of Education, revelou que 83% dos estudantes brasileiros têm prestado mais atenção nas aulas depois da restrição ao uso de celulares em salas de aula.
A percepção de impacto positivo é maior nos anos iniciais do Ensino Fundamental I, com 88% afirmando prestar mais atenção nas aulas. No Ensino Médio, 70% disseram perceber mudanças para melhor sem os celulares.
O estudo mostra, também, que 77% dos gestores e 65% dos professores relataram diminuição do bullying virtual dentro das escolas. Entre os alunos, entretanto, apenas 41% afirmaram sentir essa mudança, o que sugere que parte dos conflitos pode não estar sendo reportado pelos estudantes ou percebido por professores e gestores escolares.
Segundo os dados do levantamento, 44% dos alunos disseram sentir mais tédio durante os intervalos e os recreios. Esses números são mais elevados entre estudantes do Ensino Fundamental I (47%) e do período matutino (46%). Além disso, 49% dos professores relataram aumento de ansiedade entre os alunos com a ausência do uso do celular.
Em relação ao comportamento dos estudantes, o Nordeste aparece como destaque positivo, representando 87% dos avanços. O Centro-Oeste e o Sudeste são as regiões com o menor índice de melhora no ambiente escolar, com 82% indicando que a eficácia das medidas tende a variar segundo fatores regionais.
“Proteger nossos estudantes do uso do celular em sala de aula é garantir um ambiente mais saudável e focado no aprendizado. O resultado que vemos hoje é a confirmação de que a educação precisa ser prioridade, com políticas que cuidem do presente e preparem o futuro dos nossos jovens”, disse o presidente da Frente Parlamentar Mista da Educação, deputado Rafael Brito.
A presidente do Equidade.info, Claudia Costin, ressaltou que a pesquisa mostra avanços positivos no foco e na atenção dos alunos, mas as questões como tédio, ansiedade e bullying, ainda muito presentes entre os estudantes, indicam que ainda há desafios a serem enfrentados.
“Houve uma queda significativa no bullying virtual na visão dos gestores, mas é crucial ouvirmos os estudantes que ainda sentem o problema. Ou seja, a conclusão é que a restrição foi positiva, mas sozinha não basta: as escolas precisam criar alternativas de interação e estratégias específicas para cada idade", avalia.
Estratégias-Segundo o coordenador do Equidade.info e docente da Stanford Graduate School of Education, responsável pela pesquisa, Guilherme Lichand, os dados reforçam a necessidade de estratégias diferenciadas por faixa etária e rede de ensino, além do desenvolvimento de práticas pedagógicas que mantenham os estudantes engajados e promovam seu bem-estar mesmo sem o celular em sala de aula.
“Os resultados confirmam que a regulação do uso de celulares trouxe ganhos importantes para o aprendizado. Mais do que limitar o uso do telefone celular, a lei abre espaço para repensarmos como a escola se conecta com os alunos. O próximo passo é garantir que a aplicação da lei seja efetiva em todas as etapas, respeitando as particularidades de cada contexto escolar. Assim, conseguiremos transformar a medida em uma política duradoura, que una foco acadêmico e bem-estar dos estudantes”, enfatiza.
A lei que proíbe o uso de celular dentro das escolas pelos alunos foi sancionada em janeiro de 2025 após aprovação no Congresso Nacional.
O estudo ouviu 2.840 alunos, 348 professores e 201 gestores em escolas públicas municipais, estaduais e privadas de todas as regiões do país, entre maio e julho de 2025.
GONZAGUINHA 80 ANOS. POR PAULO VANDERLEY
Gonzaguinha chega aos 80 anos neste 22 de setembro. Um dos artistas mais intensos da nossa música. Transformou sentimento em poesia, inquietude em contestação. Filho do Rei do Baião, sim. Mas também filho do morro, da luta, da palavra certeira, do afeto profundo. Viveu com coragem. Cantou o Brasil com firmeza e doçura. Fez da música um jeito de cuidar da gente.
Lembro dele chegando lá em casa, sentando no alpendre para conversar com painho sobre o sonho que carregava como missão: inaugurar o Museu do Gonzagão, em 1989. Eu tinha 9 anos. A gente morava em Exu, cidade natal de Gonzagão, numa época em que a infância seguia o destino do meu pai, gerente do Banco do Brasil.
Depois da partida de seu Luiz, Gonzaguinha vinha sempre a Exu. Se reunia com a comunidade, com a Maçonaria, com a prefeitura. Era toda uma articulação pra tocar o projeto pra frente. E de vez em quando aparecia lá em casa, ou encontrava meu pai no BB, pra conversar, ouvir, construir junto.
Até hoje mainha comenta: “quem me dera se naquele tempo já existisse celular”. Teríamos uma ruma de retratos.
Meses depois, na manhã de 13 de dezembro de 89, o museu foi inaugurado no Parque Aza Branca, ao lado da casa de seu Luiz. Na véspera teve forró arretado, com Dominguinhos, Elba, Fagner, Joquinha, Waldonys menino. O parabéns anunciado por Gonzaguinha foi emocionante. E o único registro em vídeo desse momento foi feito com a filmadora do meu pai, Paulo Marconi, que também gravou a inauguração.
Em 91 ele se foi. Foi muito duro pra todos nós. Cresci mergulhado nas suas canções. Na adolescência, trancado no quarto, ouvia suas lições de cidadania, coragem e afeto.
Em 1997, criei o site gonzaguinha.com.br. Um dos primeiros do Brasil dedicados a um artista. Feito no meu quarto, com todo carinho. Quase 30 anos depois, continuamos cuidando de uma influência que ajudou a formar tantos brasileiros.
Hoje seguimos trabalhando no livro que ele tanto merece, ajudando a manter viva sua memória.
“Eu acredito é na rapaziada, que segue em frente e segura o rojão.”
É mais que lembrar. É reconhecer o que se tornou parte do que sou.
DIA DO NORDESTINO SERÁ COMEMORADA COM CANÇÕES DE LUIZ GONZAGA
No mês em que é celebrado nacionalmente o Dia do Nordestino (08 de outubro), Salvador ganha uma exposição gratuita inspirada nas canções de Luiz Gonzaga. "Sertão de Fé — a Fé Sertaneja nas Canções de Luiz Gonzaga" reúne gravuras produzidas pelo artista plástico Bi Morais, unindo ilustrações acompanhadas por textos em cordel, em cartaz entre 04 de outubro e 04 de novembro, no Espaço Uno (Rua da Ordem Terceira, 1, Pelourinho).
Nela, o artista baiano convida o público a olhar para as gravuras que são ilustradas poeticamente pelos cordéis, retratando de forma visual e literária o diálogo entre fé e cultura nordestina sertaneja, notadamente existente nas canções de Luiz Gonzaga. As gravuras foram inspiradas no traço das xilogravuras e nas letras de canções de Gonzagão, onde a religiosidade do catolicismo popular é um tema comum. Através do cordel, são narradas as histórias e causos presentes nas gravuras, dando à mostra um caráter multiartístico. Para isso, o cordelista e músico Rodrigo Chianca foi convidado para compor esse projeto, que parte de uma pesquisa de Bi Morais, que é também músico forrozeiro, sobre a cultura sertaneja, as canções do Rei do Baião e a religiosidade popular.
"Percebi a recorrência de alguns temas sempre presentes na obra de Gonzagão e uma deles é a religiosidade sertaneja. Através disso, eu comecei a criar desenhos baseados nas xilogravuras nordestinas, desenvolvendo e estudando um novo traço que remetesse às características presentes nas xilogravuras e ao mesmo tempo, tivesse uma identidade minha", destaca Bi, que recorreu às suas memórias afetivas com a vivência no sertão baiano, mais precisamente na cidade de Xique-Xique, na Bahia.
A abertura oficial acontece em uma vernissage gratuita no dia 04 de outubro, às 19h00, dia de São Francisco de Assis, santo que dá nome ao rio mais famoso da região. Este projeto foi contemplado nos Editais da Paulo Gustavo Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura, Governo Federal. Paulo Gustavo Bahia (PGBA) foi criada para a efetivação das ações emergenciais de apoio ao setor cultural, visando cumprir a Lei Complementar no 195, de 8 de julho de 2022.
" A ARTE DE SER VAQUEIRO" É TEMA DO SHOW DE ALDY CARVALHO EM PETROLINA
Nos 130 anos de Petrolina, o cantador, poeta e violeiro ALDY CARVALHO, preparou um show memorável a ser realizado nesta quinta-feira, dia 18 de setembro, às 20h, no CASARÃO - Centro de Petrolina, onde fará, também, o lançamento do seu livro A ARTE DE SER VAQUEIRO - um cordel ilustrado que exalta a bravura, a fé e a tradição nordestina.
A obra homenageia ZÉ DO MESTRE- vaqueiro de Salgueiro.
ALDY, que é petrolinense e radicado em São Paulo há várias décadas, não vê a hora de chegar quinta-feira, dia 18, para realizar essa proposta em Concerto Litéro Musical para amigos, convidados e povo em geral. " Estar em Petrolina é gratidão e rever pessoas que marcaram minha trajetória artística, além do desenvolvimento dessa belíssima cidade, a quem tanto amo, é estar em transe constante. Me aguarde pois estou chegando!"
Além de ALDY CARVALHO, teremos a participação de vários artistas que comungam com a idéia do cantador nesse show/encontro imperdível!
Lembrando que ALDY CARVALHO tem mais um trunfo para comemorar. Ele foi indicado pela segunda vez a receber PRÊMIO DE RECONHECIMENTO ARTÍSTICO na Câmara Municipal de São Paulo, em cerimônia a ser realizada dia 24 de setembro.
PADRE CICERO, A FÉ E A ECOLOGIA
Cícero Romão Batista nasceu em Crato, Ceará no dia 24 de março de 1844. Foi ordenado no dia 30 de novembro de 1870. Celebrou a sua primeira missa em Juazeiro em 1871. No dia 11 de abril de 1872 fixou residência em Juazeiro do Norte Ceará. Padre Cícero faleceu no dia 20 de julho de 1934.
A jornalista Camila Holanda escreveu que nas entranhas do Cariri do Ceará foi emergido uma versatilidade de ícones que, entrelaçados povoam o imaginário cultural que habita a região.
Nas terras do Ceará a reportagem da REDEGN, ouviu uma das mais belas histórias: o então, professor, teatrólogo, pesquisador cultural Oswaldo Barroso, ressaltava um dos mais valiosos símbolos, a vigorosa força mítica e religiosa presente na figura do Padre Cícero.
O saudoso Oswaldo Barroso, cidadão honorário de Juazeiro do Norte, dizia que a primeira vez que esteve no Cariri foi nos anos 70 e a experiência fez com que suas crenças e certezas de ateu fossem desconstruídas e reconstruídas com bases nos sentimentos das novas experiências e epifanias vividas.
"Desde o início, não acreditava em nada de Deus. Mas quando fiz a primeira viagem ao Horto do Juazeiro do Norte, foi que eu compreendi o que era Deus. Isso mudou minha vida completamente", revelou Oswaldo.
Um outra narrativa importante encontrada na mitologia dos Indios Kariris. Nela a região é tratada como sagrada, centro do mundo, onde no final dos tempos, vai abrir um portal que ligará o Cariri para a dimensão do divino.
A estátua do Padre Cícero encontra-se no topo da Colina. Muitos romeiros percorrem a Trilha do Santo Sepulcro. A pé eles percorrem às 14 estações trajeto marcado por frases e conselhos ambientais do Padre Cícero, que já alertava naquela época para os muitos desequilíbrios ambientais e impactos da agressão humana na natureza.
No ano de 2015 o Vaticano (Italia) reconciliou o padre Cícero Romão Batista com a igreja católica. Com a reconciliação, não há mais fatores impeditivos para que o "santo popular" do interior do interior do Ceará seja reabilitado, beatificado ou canonizado, segundo o chanceler da diocese do Crato, Armando Lopes Rafael. Leia o resumo da carta do Vaticano à diocese do Crato.
Padre Cícero morreu sem conciliação com a igreja católica.
Padre Cicero descreveu os preceitos ecológicos:
1) Não derrube o mato, nem mesmo um só pé de pau;
2) Não toque fogo no roçado nem na caatinga;
3) Não cace mais e deixe os bichos viverem; 4) Não crie o Boi e nem o bode solto; faça cercados e deixe o pasto descansar para se refazer;
5) Faça uma cisterna no oitão de sua casa para guardar água de chuva;
6) Não plante em serra a cima, nem faça roçado em ladeira que seja muito em pé; deixe o mato protegendo a terra para que a água não a arraste e não se perca sua riqueza;
7) Represe os riachos de 100 em 100 metros, ainda que seja com pedra solta;
8) Plante cada dia pelo menos um pé de algaroba, de caju, de sabiá ou outra árvore qualquer, ate que o sertão todo seja uma mata só;
9) Aprenda tirar proveito das plantas da caatinga a maniçoba, a favela e a jurema; elas podem ajudar a conviver com a seca;
10) Se o sertanejo obedecer a estes preceitos a seca vai aos poucos se acabando o gado melhorando e o povo terá sempre o que comer, mas se não obedecer, dentro de pouco tempo o sertão todo vai virar um deserto só.
Rezemos com Fé! . Os sorrisos são a alegria da alma.
ARTIGO: JOÃO GILBERTO DIZIA: A VOZ É O VENTO
João Gilberto foi uma das pessoas mais gentis e generosas que conheci. Alegre, sincero, falante, intenso. Faro era amigo antigo de João. O diretor do programa Ensaio, da TV Cultura, já havia gravado dois programas com o artista: na TV Tupi, com Caetano e Gal, em 1972, e outro a partir de um show na Bahia, nos anos 1980. Não se viam há muitos anos. Fomos para o Rio, e João desmarcou o encontro dois dias seguidos, por causa de uma indisposição. Eu não acreditava muito que o encontro aconteceria e tinha receio que Faro ficasse desapontado. Até que fomos para a casa da escritora Edinha Diniz, amiga comum, em um final de tarde. Ali Edinha falou várias vezes com João no telefone, procurou me conhecer (conversamos muito sobre os grupos vocais brasileiros), e lá pelas nove da noite fomos enfim convidados para jantar no apartamento de João, no Leblon.
No elevador eu entendi o que estava acontecendo e disse “não acredito que vou conhecer João Gilberto”. Edinha me alertou dizendo que João era muito reservado e não gostava de reações efusivas nem que o chamassem de gênio.
Esperava encontrar alguém sério e calado, quando abriu a porta de serviço do apartamento um homem grande, muito branco, e com o sorriso maior e mais sincero que já vi, dizendo “Farinho…”, com um abraço. Antes que ele pensasse como me cumprimentar dei um beijo em seu rosto.
Foi uma noite encantada, com muita música, conversa, lagostins, chocolate e hospitalidade.
Ouvindo a voz de João sem os fios e os microfones pensei que tinha mais graves, era mais encorpada e ainda mais aveludada e agradável. Ficaria ouvindo por horas, e ficamos, mesmo. Efusivo, ligou para Miúcha para convidá-la, mas ela não podia ir. Ficou imediatamente contrariado, mas logo retomou o semblante sorridente. Faro sugeriu que fizessem um programa sobre Marino Pinto, João adorou a ideia. Com o violão no colo, João passeava por vários assuntos, lembranças, indignações, histórias engraçadas. Ouvimos CDs dos Namorados da Lua e Anjos do Inferno, João falou com carinho de São Paulo, da Rita Lee e de Roberto, da Gracinha, do Vavá, de seu irmão, de futebol, dos EUA e do Brasil, do Lúcio Alves e do Tonzinho. Disse que era uma pena a cortina ter de ficar fechada porque da janela dava pra ver o mar. Eu perguntei “posso olhar um pouquinho?”. Ele disse, educadamente, “Selminha, se quiser abrir pode abrir, mas se eu fosse você não abriria… as pessoas são muito curiosas…”.
O vinho, os licores e os lustres japoneses completavam a sensação de aconchego. Fomos embora às quatro da madrugada; estava clareando quando chegamos em Guaratiba, flutuantes e musicais.
O cochilo do João-Na primeira visita que fiz a João levei o CD do grupo vocal Arirê, de que fazia parte, para dar a ele de presente. Era um CD em homenagem aos grupos vocais antigos, produzido por Faro, e como João sabia tudo sobre os grupos vocais brasileiros achei que poderia se interessar. Certa altura, muito gentilmente, ele colocou o CD para tocar, queria ouvir um pedacinho. Faro ia explicando sobre as versões que fizemos para os arranjos dos Namorados da Lua, entre outros.
João ia ouvindo, Baixinho escolhendo algumas faixas… então disse “mostra o Lamento sertanejo pra ele”, que não era versão de grupo nenhum, era um arranjo meu, solo meu. Muito envergonhada lá fui eu escolher a faixa. João encostou a cabeça no sofá e fechou os olhos. A música era muito delicada, só com viola, acordeon e quatro vozes femininas. Na repetição da música notamos, eu, Faro e Edinha, que João havia cochilado. Eram três da manhã e achei que pudesse estar com sono. Mas morri de vergonha e constrangimento por estar talvez entediando o genial artista… Baixo fechou a cara, um pouco ofendido. Quando acabou a faixa João acordou e disse “eu dormi no meio da música? Isso é muito difícil… bom sinal”.
Aula de música-Então João começou a falar sobre a prática: cantar é fácil. Mas é um músculo, tem que treinar.
Ele dizia, voz é vento. Sobre as divisões, disse que a gente deve experimentar várias, diferentes, em cada frase, procurando deixar natural e facilitar o entendimento da letra. Deu exemplos, cantou uma frase com uma divisão (infelizmente não me lembro a música), depois fez outra divisão bem diferente para a mesma frase e disse, essa não ficou boa, fez de outro e outro jeito, e disse até gostar, então você escolhe.
Sobre o violão dizia que os acordes são como vozes de um grupo vocal: as movimentações têm de ser sutis, e cada voz é uma melodia, poderia ser cantada, deve ter sua independência, seu sentido. Ele pensava as harmonias como vozes. Dava exemplo de mudanças de acordes bruscos ou com saltos e dizia, isso não soa, não ficaria bom uma voz cantar esse salto. E a mão direita era o tamborim e o surdo… e tinha grande prazer em transformar músicas que não eram samba em samba, por exemplo A valsa de quem não tem amor, que teve que sofrer um ajuste para ser tocada em dois, porque, claro, era ternária, era uma valsa.
Lembro agora de outras que viraram samba, Besame mucho, Ave maria no morro, You do something to me, Málaga, Guacira…
Outra fala de João Gilberto que me encantou. Não lembro as palavras exatas, mas disse que antes mudava as linhas melódicas das músicas, como um coautor. Deu como exemplo a música Segredo, de Herivelto Martins… “Quando o infortúnio nos bate à porta”… e cantava “porta” com outra melodia, diferente da original, como está na gravação pirata na casa de Chico Pereira, e como cantou na primeira estrofe, no CD João (na repetição canta a original). E então, com o tempo, concluiu que não deve mudar as melodias. As harmonias sim, ele mudava, criava novas, e mudava outra vez… dava exemplos, isto pode ser assim mas assim também, antes tocava isso deste jeito, agora toco deste… Falou sobre o cuidado que tinha para comunicar com clareza a letra e a melodia destes antigos compositores, considerados por ele grandes mestres.
Nesses encontros quase que só tocava este repertório antigo: Vicente Paiva, Marino Pinto, Herivelto Martins, Caymmi, Janet de Almeida, Orestes Barbosa, Lúcio Alves… Pouco ouvi Tom Jobim, Triste, Wave, Corcovado, uma vez… Lembro mais de É preciso perdoar, Eu sambo mesmo, Siga, Treze de ouro, Rosinha e Hino ao sol, de Billy Blanco e Jobim: “Quero morrer em um dia de sol…”
Por Selma Boragian, orientadora de técnica vocal do Coralusp
PROJETO PRETENDE FORNECER LEITE DE JUMENTA PARA HOSPITAIS NEONATAIS EM PERNAMBUCO
Um projeto da Universidade Federal do Agreste de Pernambuco (Ufape), em Garanhuns, pretende fornecer leite de jumenta para abastecer bancos de leite em hospitais neonatais, responsáveis por atender bebês e crianças. Em fase de testes, a iniciativa acadêmica já faz planos de virar startup e também desponta como uma possível solução para salvar os animais, atualmente em risco de extinção, ao reinseri-los no sistema produtivo do Brasil.
Intitulado “Caracterização do potencial produtivo leiteiro de fêmeas asininas do ecótipo Nordestino”, o projeto de extensão foi criado em 2018, depois que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) procurou a universidade em busca de uma destinação para jumentos abandonados nas estradas.
“As pessoas perderam interesse econômico nesses animais e, naquele momento, um grande número de acidentes estava sendo registrado”, afirma Jorge Lucena, professor do curso de Zootecnia da Ufape e um dos coordenadores da atividade.
Segundo a ONG Internacional The Donkey Sanctuary, a população de jumentos no Brasil sofreu uma redução de 94% no Brasil, entre os anos de 1999 e 2024. Além das mudanças na dinâmica de trabalho no campo, a espécie tem sofrido com extrativismo do colágeno, encontrado sob a pele dos asininos.
Da substância, deriva o elijao, produto utilizado pela medicina tradicional chinesa há cerca de 5 mil anos para tratar problemas de saúde como menstruação irregular, anemia, insônia e impotência sexual. Sem comprovação científica, o produto tem motivado a atividade de abatedouros de asininos no Brasil.
Alternativa de preservação-Lucena acredita que a produção de leite de jumenta pode representar tanto uma alternativa sustentável para a sobrevivência da espécie quanto uma fonte de renda para famílias camponesas. “Em termos bioquímicos, o leite de jumenta é o mais próximo ao leite materno humano. Como os aminoácidos estão livres, em moléculas menores, eles são mais fáceis de digerir e causam menos alergia”, explica.
Os pesquisadores esperam fornecer leite de asininos para unidades de saúde neonatais do estado já no primeiro semestre do ano de 2026. “Estamos na fase de avaliação microbiológica do leite, para ver se há contaminação de alguma bactéria nociva, além de aspectos como o teor das proteínas”, conta Victor Netto, professor da Ufape e colaborador do projeto.
Atualmente, os pesquisadores trabalham com plantel próprio, constituído por animais doados e resgatados. A equipe tem atuado para induzir geneticamente a produção de mais fêmeas, a exemplo do que já acontece com as vacas.
A gestação das jumentas leva entre 11 e 12 meses. Após esse período, a fêmea pode produzir leite entre 4 e 8 meses, a depender do manejo. “Esperamos que a quantidade de leite produzido aumente ainda neste ano, permitindo que a gente inicie a produção desse leite em pó. Nessa forma, ele é mais seguro por causa do tempo de prateleira, facilitando a utilização em UTI’s”, ressalta Netto.
A produção do leite em pó acontece através do liofilizador, máquina a vácuo responsável por aquecer e desidratar o líquido. “O nosso é capaz de liofilizar entre 8 e 12 litros de leite por dia. Estamos com um projeto-modelo de startup, para buscar investimentos para a melhoria do equipamento e dos processos, desde a melhoria genética, até a rotulagem dos produtos”, diz Netto.
O projeto inclui a produção de outros produtos derivados do leite de jumenta, como cosméticos, sabonetes e queijos. “Todo animal que dá retorno financeiro é bem tratado pelo produtor. A cadeia de bem estar deles está muito ligada à produção, pois um animal bem cuidado produz mais. A gente espera que o aumento do valor agregado de jumento também melhore a qualidade de vida deles”, completa.
Bastante consumido no Oriente Médio, o queijo de leite de jumenta pode custar até 80 vezes mais caro do que o convencional leite de vaca. “A jumenta não produz leite durante todo o dia, como a vaca. Além disso, devido à qualidade nutricional desse leite, precisamos de muitos mais litros para produzir um quilo de queijo”, explica Gerla Chinelate, professora Associada do curso de Engenharia de Alimentos da UFAPE.
Com alto potencial nutritivo, o queijo de jumenta possui sabor mais adocicado, em razão do alto teor de lactose, o açúcar natural do leite. Seu aroma, contudo, pouco difere do já conhecido cheiro do queijo tradicional.
“Quanto ao sabor, a gente não trata da modificação sensorial para melhor aceitação do consumidor. Pelo contrário, mantemos as características naturais para que as pessoas se acostumem com o leite de jumenta e derivados”, acrescenta Chinelate.
A professora destaca a diversidade da produção de derivados de leite de jumenta no âmbito da pesquisa. A partir de processos de pasteurização, sua equipe vem fabricando, além de queijo, coalhada, iogurte e até sorvete com o leite asinino.
“Muitas pessoas ainda não têm o conhecimento da capacidade dos jumentos de produzir materiais de alto valor agregado e nutricional. A gente espera que essa iniciativa mostre o potencial desses animais aos produtores”, conclui Chinelate.
MÚSICA É UM DOS FATORES QUE IMPULSIONAM O TURISMO
O ato de viajar para outras localidades é associado a diversas motivações, como descanso, saúde, cultura, sustentabilidade ou visitar parentes. Eventos do ramo musical também se apresentam como catalisadores turísticos e são vistos como tendência pelo Ministério do Turismo, em uma prática conhecida como gig tripping. A gíria em inglês gig faz referência a “show” ou “apresentação musical”; já tripping remete a “viajar”.
Esses deslocamentos podem envolver trajetos pequenos, como ir a uma cidade vizinha para um show de uma banda local, ou viagens internacionais para acompanhar turnês. De acordo com a revista Tendências do Turismo 2025, a influência musical na área continuará em expansão e o mercado pode atingir US$ 13,8 bilhões até 2032.
A imersão na cultura e a visita a locais icônicos — como o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, o Atomium, na Bélgica, e o Píer de Santa Mônica, nos Estados Unidos — fazem parte do turismo musical. Destinos conhecidos por sua tradição em festivais e grandes shows se beneficiam, mas cidades e vilarejos também veem suas economias aquecidas por hospedagens e visitas.
No Brasil, algumas cidades têm eventos fixos em seus calendários anuais ou bienais. Eduardo Silva Sant’Anna, doutorando em Turismo pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, revela: “Fãs de gêneros diversos, do pop e rock ao pagode e MPB, viajam pelo País para assistir seus artistas preferidos”. Acontecimentos como Lollapalooza, Rock in Rio, The Town — que teve início no dia 6 de setembro e acabará no dia 14 deste mês — e o Festival de Verão de Salvador são destaques que incentivam um número considerável de pessoas para suas regiões.
O projeto Todo Mundo no Rio, o qual teve sua primeira edição em 2024, é outro exemplo da força dos eventos para uma localidade. Sem cobrar ingressos e realizado na praia de Copacabana, o evento reuniu 2,1 milhões de pessoas — segundo a Riotur, empresa de turismo do município do Rio de Janeiro — em maio para assistir ao show da cantora Lady Gaga. No ano passado, Madonna movimentou 1,6 milhão de fãs para festejar sua performance.
Turnês internacionais, como a The Eras Tour, de Taylor Swift, e dominATE, do grupo sul-coreano Stray Kids, também são elencadas pelo pesquisador como fenômenos que lotam estádios e movimentam hotéis, restaurantes e o comércio local.
Megaeventos musicais são estratégias para atrair visitantes em diferentes épocas do ano, segundo Sant’Anna. “Do ponto de vista do planejamento, são fundamentais para enfrentar a sazonalidade típica do turismo, que concentra grande parte do fluxo em períodos específicos, como férias escolares e temporadas de verão”, explica. O projeto Todo Mundo no Rio, por exemplo, está previsto para ocorrer anualmente em maio, no outono.
O turismo musical, entretanto, pode estar restrito a públicos com maior poder aquisitivo, devidos aos custos altos de ingressos, viagens e hospedagens. Além disso, as emissões de carbono em deslocamento longos e a produção de resíduos pelos viajantes e artistas têm levado o meio a buscar alternativas mais sustentáveis, como compensação de carbono e turnês mais concentradas, do ponto de vista geográfico.
Eduardo Silva Sant’Anna chama atenção aos impactos para as comunidades locais, como a interrupção da rotina dos moradores e interferências no ambiente. Ele cita algumas formas de evitar conflitos: comunicar de forma clara os riscos e adaptar suas estratégias, valorizar os benefícios coletivos e planejar a localização das estruturas para minimizar incômodos em áreas residenciais.
LULA SANCIONA LEI QUE DECLARA LUPICINÍNIO RODRIGUES E PIXINGUINHA PATRONOS DA MÚSICA BRASILEIRA
Ícones da cultura nacional, Pixinguinha e Lupicínio Rodrigues são oficialmente agora patronos da Música Popular Brasileira. A Lei nº 15.204 , que oficializa a homenagem, foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e publicada na edição desta sexta-feira, 12 de setembro, do Diário Oficial da União. O texto também é assinado pelas ministras Margareth Menezes (Cultura) e Macaé Evaristo (Direitos Humanos e Cidadania).
O título de Patrono é atribuído a brasileiros mortos há pelo menos 10 anos que tenham se destacado por excepcional contribuição ou especial dedicação ao segmento homenageado.
Nascido em Porto Alegre, em 16 de setembro de 1914, Lupicínio Rodrigues é considerado o criador do estilo “dor-de-cotovelo”, caracterizado por canções que expressam desilusões amorosas com profundidade poética. Obras suas, como “Felicidade” e “Nervos de Aço”, foram interpretadas por grandes nomes da música brasileira e seguem vivas na memória afetiva dos brasileiros.
Sua primeira música, “Carnaval”, surgiu aos 14 anos. A fama veio com “Se acaso você chegasse”, igualmente eternizada por grandes intérpretes. O gaúcho era fiel à inspiração da vida real, compondo com base nas próprias histórias. Casou-se em 1949 e abriu uma churrascaria, unindo música e boemia. Autor do hino do Grêmio, deixou cerca de 150 canções. Faleceu aos 59 anos, vítima de complicações cardíacas.
Pixinguinha-Nascido no Rio de Janeiro, em 4 de maio de 1897, Pixinguinha foi maestro, flautista, saxofonista, compositor e arranjador carioca. É celebrado como um dos maiores expoentes da música brasileira. Foi responsável por consolidar o gênero choro e por influenciar profundamente a formação da música popular brasileira moderna. Entre suas obras mais conhecidas estão “Carinhoso”, “Rosa” e “Lamentos”. O Dia Nacional do Choro, comemorado em 23 de abril, homenageia seu legado.
Apelidado de Pixinguinha pela avó, Alfredo da Rocha Vianna Filho começou a trajetória musical sob a batuta do pai e, ainda jovem, integrou o grupo “Os Oito Batutas”, levando o choro a palcos nacionais e internacionais. Definiu o estilo do choro com suas melodias ricas e arranjos sofisticados. Trabalhou como arranjador na RCA Victor e criou trilhas para cinema, mantendo viva sua influência até falecer em 17 17 de fevereiro de 1974.
O ANO DE 2025 É O QUINTO COM MAIOR ÁREA QUEIMADA EM QUILOMETROS QUADRADOS
O ano de 2025 é o quinto com maior área queimada em quilômetros quadrados entre janeiro e agosto desde 2003, quando se iniciou o monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Foram 186.502 quilômetros quadrados (km²) atingidos, a maioria (119.243 ou 64%) em áreas de Cerrado. O bioma, que comemora seu dia nacional em 11 de setembro, é o mais atingido desde o começo da série histórica, registrou neste ano maior diferença em relação aos demais.

O dado representa queda de cerca de 20% em relação a área atingida em 2024, que foi de 224.381 km², queda considerada discrepante em relação à diminuição de focos de queimada. Para esse dado houve recuo de 65% de 2024 para 2025, passando de 167.452 para 57.676 focos (período entre 1º de janeiro e 10 de setembro em ambos os anos), com queda de 47% em focos no Cerrado. Em relação à área queimada até agosto o Cerrado teve aumento entre 2024 e 2025: em 2024, um total de 106.677 km² havia sido atingido, frente aos mais de 119 mil km² neste ano. Apenas os anos de 2010, 2024, 2007 e 2005 tiveram maior área queimada registrada.
A situação pode se agravar em setembro, com a permanência do clima seco. Áreas entre o Paraná e Tocantins estão com alerta de baixa umidade, indicado pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e vigente até o começo da tarde de amanhã, coincidindo com a maior parte da incidência do bioma no país. Os alertas têm se repetido constantemente desde meados de agosto. Os atuais incluem estados de todas as regiões, com destaque para as áreas de Caatinga e Cerrado, onde as condições são mais severas.
BANCOS DE SEMENTES REFORÇAM RESILIÊNCIA DO SEMIÁRIDO
Enquanto o mundo debate as metas climáticas e o colapso dos ecossistemas, no coração do Semiárido brasileiro pulsa uma rede silenciosa de resistência. São as casas e bancos comunitários de sementes crioulas, estruturas simples carregadas de história, saber e biodiversidade.
Ali, agricultores e agricultoras selecionam, guardam, multiplicam e trocam variedades de sementes adaptadas ao clima local, mantêm vivas práticas ancestrais e constroem, dia a dia, respostas concretas à crise ambiental.
As famílias estão envolvidas profundamente nessa movimentação. Trazem até uma carga de emoção nos nomes de “batismo” das sementes, como: sementes da “liberdade”, “resistência” ou “paixão”.
Essas estruturas comunitárias fazem parte de um sistema de gestão coletivo, organizado pelas próprias famílias agricultoras. Muitas nasceram dentro do Programa Sementes do Semiárido, coordenado pela Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), e hoje representam uma frente importante na luta contra a desertificação e o esvaziamento rural.
O mais recente mapeamento promovido pela ASA, o “Levantamento Avaliativo das Casas ou Bancos de Sementes no Semiárido” – lançado durante um seminário transmitido pelo YouTube – revela a abrangência e o impacto dessa rede. São 875 casas e bancos de sementes em 29 territórios, que beneficiam diretamente mais de 15 mil famílias. Ao todo, foram identificadas 262 variedades de feijão, 108 de milho, 75 de fava e dezenas de hortaliças, frutíferas e espécies florestais nativas.
É importante destacar o papel dessa linha de ação ao se considerar, no panorama nacional, o Boletim Temático Desertificação, lançado em julho de 2025. Ele mostra que cerca de 18% do território brasileiro está suscetível à desertificação.E que aproximadamente 39 milhões de pessoas vivem em Áreas Suscetíveis à Desertificação (ASD).
Essas regiões cresceram 170 mil km² entre 2000 e 2020, um território maior que os estados de Pernambuco, Paraíba e Alagoas somados. A desertificação, nessas áreas, compromete solos, água, biodiversidade e segurança alimentar.
Do território às negociações-A foto mostra uma pequena casa simples de alvenaria pintada de branco, com telhado de telhas de barro, no meio de uma área rural. Acima da porta, em letras verdes, está escrito: “Casa de Sementes da Fartura Lauro Chaves dos Santos”. Em frente ao prédio estão dois homens usando chapéus de palha, um deles vestido de preto e o outro de jaqueta amarela, ambos sorrindo. À esquerda, no primeiro plano, há flores cor-de-rosa. O céu está azul com nuvens brancas, e a casa é cercada por árvores e um cercado rústico de madeira
A cada safra, guardiãs e guardiões escolhem os grãos mais resistentes e adaptados às condições climáticas da região e com isso, alimentam o ciclo da agrobiodiversidade | Foto: Kléber Nunes / ASA
A cada safra, guardiãs e guardiões escolhem os grãos mais resistentes e adaptados às condições climáticas da região. Com isso, alimentam o ciclo da agrobiodiversidade e enfrentam os efeitos do aquecimento global com práticas sustentáveis, sem depender de pacotes tecnológicos externos.
“O uso de sementes adaptadas é extremamente importante porque garante, num primeiro momento, a autonomia e a soberania alimentar dessas famílias. Além disso, é um elemento fundamental para a manutenção da diversidade biológica, pois essas sementes estão adaptadas ao clima local”, explica o pesquisador Fernando Curado, da Embrapa Alimentos e Territórios.
Para a ASA, o fortalecimento desses bancos deve ser entendido como política climática e não apenas como ação agrícola. “As práticas desenvolvidas pelas famílias guardiãs em seus territórios servem como recomendações para a formulação de novas políticas públicas capazes de superar esses desafios revelados pelo estudo (Levantamento Avaliativo das Casas ou Bancos de Sementes no Semiárido). São medidas que precisam promover a agrobiodiversidade, entendendo esta como ferramenta para criar sistemas mais resilientes de produção e consumo de alimentos saudáveis, ao mesmo tempo preservando os biomas”, defende Claudio Ribeiro.
Esse protagonismo das comunidades é ainda mais relevante diante dos desafios ambientais enfrentados por territórios como o de Jucati (PE), onde vive o agricultor Givaldo Pimentel. O município está entre os 100 brasileiros com maior percentual de área em desertificação severa – níveis 4 e 5 -, segundo o Boletim Temático Desertificação. Diante desse cenário, a expectativa do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) é que a realização da COP30 no Brasil ajude a colocar o tema no centro das negociações globais e a atrair investimentos que fortaleçam soluções baseadas na natureza e no conhecimento dos povos do Semiárido.
Patrimônio ameaçado-A imagem mostra de perto uma vagem de feijão aberta, segurada por uma mão. Dentro dela, estão três grãos de feijão ainda frescos, de cor branca com manchas e pintas rosadas, que dão um aspecto rajado. O fundo da foto está desfocado, mas é possível perceber outras vagens
A seca prolongada, a falta de apoio técnico, o avanço de transgênicos e o desinteresse das novas gerações ameaçam a continuidade do trabalho | Foto: Cláudio Ribeiro / ASA
Apesar da importância, os bancos de sementes enfrentam riscos reais. O estudo da ASA revela que pouco mais da metade das casas e bancos mapeados estão desativados ou extintos (50,4%). Dos 49% restantes, 42,6% estão funcionando e outros 7% não existem mais. As porcentagens correspondem a 441, 373 e 61, respectivamente. A seca prolongada, a falta de apoio técnico, o avanço de transgênicos e o desinteresse das novas gerações ameaçam a continuidade do trabalho.
“Muitas vezes o pessoal desanima da roça de sementes, principalmente pelo valor comercial da semente crioula”, relata Givaldo, que faz parte da Rede Municipal de Sementes de Jucati. O agricultor também afirma que existem questões financeiras que dificultam, principalmente na hora de realizar encontros e reuniões, “Isso é o nosso grande desafio para manter o banco de sementes”.
As dificuldades se agravam com o afastamento das novas gerações. “Nós temos dificuldades com os jovens. Tanto na sucessão rural, quanto no banco de sementes”, conta Givaldo. Ele explica que, mesmo dentro da própria família, o incentivo à educação formal acaba afastando os jovens do campo: “A gente mesmo costuma dizer que o filho ou o sobrinho tem que estudar para ter uma vida melhor”.
Apesar do êxodo rural ser uma realidade em muitas regiões, há movimentos que apontam para o caminho inverso. Em diversas comunidades, jovens que tiveram acesso à educação formal estão retornando ao campo com um novo olhar sobre a agricultura familiar. Combinam o saber acadêmico com os conhecimentos tradicionais.
Além das dificuldades de sucessão, outro risco preocupante é a contaminação por transgênicos. Segundo o pesquisador Fernando Curado, o problema atinge especialmente cultivos de polinização aberta, como o milho crioulo, que sofre contaminação cruzada por meio do pólen transportado por vento, água ou insetos.
Essa realidade tem gerado preocupação entre agricultores, que relatam a perda de variedades crioulas. Curado reforça que “as ações têm se voltado para o monitoramento dessa contaminação”, mas reconhece que isso ainda é insuficiente. Para ele, “os riscos principais estão exatamente na perda dessa agrobiodiversidade, a partir da erosão genética”.
Mesmo diante desse cenário, a ASA reforça que é possível reverter parte das perdas. “As que estão inativas podem voltar a operar com ações simples, como a recomposição dos estoques”, afirma Claudio Ribeiro, assessor de coordenação do Programa Sementes do Semiárido da ASA.
Ele ainda destaca que manter quase metade das casas ativas já é, por si só, um feito relevante: “Essa realidade de resistência das famílias agricultoras e guardiãs tem ainda mais valor se considerarmos que, em mais da metade desse tempo, vivemos sob os governos Temer e Bolsonaro, marcados por severos contingenciamentos de recursos públicos destinados aos programas sociais”.
A desmobilização, segundo ele, foi agravada pela pandemia de Covid-19, que paralisou ações em campo e enfraqueceu redes locais. “Essa conjuntura evidencia a importância de políticas públicas contínuas, investimento em assessoria técnica agroecológica e o fortalecimento de redes de cooperação entre as comunidades, como pilares fundamentais para garantir a sustentabilidade e a longevidade dessas iniciativas”, defende. (O ECO NORDESTE)
FESTIVAL JUÁ LITERÁRIA ACONTECE ENTRE OS DIAS 22 A 25 DE OUTUBRO
O Festival Juá Literária promete transformar Juazeiro na cidade da arte e da leitura, com música, poesia, dança, literatura, teatro e cultura popular em uma programação pensada para toda a família. O evento gratuito acontecerá de 22 a 25 de outubro e vai reunir grandes nomes como Arnaldo Antunes, Russo Passapusso, Letícia Sabatella, Xangai, Itamar Vieira Junior, Xico Sá, Ana Mametto, Maciel Melo, Mariana Aydar e muito mais.
O Festival, que é realizado pela Prefeitura de Juazeiro, por meio da Secretaria de Educação/Seduc, conta com a curadoria de Maviael Melo e será uma culminância do programa Juá Literária. A iniciativa engloba uma série de ações de educação, cultura e arte, para a formação de estudantes cada vez mais leitores e integrando família, sociedade e escola em uma viagem ao mundo transformador da leitura.
Durante os quatro dias de evento, o Festival vai reunir cerca de 80 atrações em shows musicais, mesas redondas, lançamentos de livros, contação de histórias, apresentações teatrais, a Kombi do Zé Livrório, Cineteatro Busarte, Carreta Literária, Feira de Livros, oficinas e mesa de autógrafos. A programação vai acontecer, simultaneamente, na Orla II de Juazeiro, no Centro de Cultura João Gilberto, nos nove distritos, no Quintal do Poeta e no Rio São Francisco.
O Festival ainda conta com o apoio do Governo do Estado da Bahia, Fundação Pedro Calmon, Editora IMEPH, Ande Livros. A produção é assinada pela Carranca Produções e pela Entre Versos e Canções Produções Artísticas. (ASCOM/PMJ)
O RÁDIO NASCEU EM PERNAMBUCO: 06 DE ABRIL DE 1919
Pernambuco tem uma contribuição determinante para a história do rádio no Brasil. Aqui, em 6 de abril de 1919, o extinto Jornal do Recife noticiava: “Consoante convocação anterior, realizou-se ontem na Escola Superior de Eletricidade, a fundação do Rádio Clube, sob os auspícios de uma plêiade de moços que se dedicam ao estudo da eletricidade e da telegrafia sem fio. Ninguém desconhece a utilidade e proveito dessa agremiação, a primeira do gênero fundada no país.”
Era o marco inicial de uma conquista de nomes como o radiotelegrafista Antônio Joaquim Pereira. A Rádio Clube foi a pioneira em função de ter feito a primeira transmissão oficial, em um estúdio improvisado na Ponte d’Uchoa, no Recife.
Em fevereiro de 1923, a Rádio Clube de Pernambuco passou a operar com um transmissor de 10 W, tendo sua abrangência aumentada para toda a área do Recife. Toda essa história levantou um amplo debate na sociedade e uma certeza entre estudiosos e pesquisadores: a Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia (Alcar) atesta que a data de nascimento oficial do rádio no Brasil é 6 de abril de 1919.
A notícia foi localizada em uma microfilmagem do Jornal do Recife, durante pesquisa do professor Pedro Serico Vaz Filho, da Universidade Anhembi Morumbi (UAM), que desde o fim dos anos 1990 investiga a história do rádio. A nova data de aniversário foi corroborada por mais notícias localizadas pelo pesquisador em jornais e revistas, publicados dentro e fora de Pernambuco, inclusive sobre o estatuto da nova emissora.
Jovens curiosos: “Claro que não foi uma rádio com a estrutura que nós temos. Eram jovens estudantes curiosos, que estudavam a radiotelegrafia e resolveram montar uma estação de rádio, [de caráter] bem amador, bem experimental. Mas já deram o título de Rádio Clube de Pernambuco”, disse Vaz Filho em entrevista à Agência Brasil.
Além da investigação em periódicos impressos, o pesquisador reviu a bibliografia a respeito e fez entrevistas com diferentes fontes que testemunharam o funcionamento da Rádio Clube ainda na primeira metade do século 20.
“Os preparativos para a fundação da emissora, segundo apuração com o ex-presidente da Rádio, também pesquisador Antônio Camelo, aconteceram na Rua das Mangueiras, atualmente Rua Leo Coroado, no bairro da Boa Vista”, descreveu a reportagem de Vaz Filho.
Segundo ele, “a Imprensa Oficial do Estado publicou no dia 7 de abril de 1919, um despacho da prefeitura recifense, doando um pavilhão do Jardim 13 de Maio, atualmente Parque 13 de Maio, para funcionar como sede da Rádio Clube.”
As descobertas de Pedro Vaz Filho sobre a primazia da Rádio Clube confirmam o que o professor, jornalista e radialista Luiz Maranho Filho, sempre defendeu. O pai de Maranho Filho trabalhou na emissora pioneira.
Data avalizada: a Carta de Natal, produzida a partir desse estudo, confirmou: “Avalizam essa decisão os dados apresentados há mais de três décadas pelo pesquisador Luiz Maranho Filho (UFPE) e validados, mais recentemente, pelo pesquisador Pedro Serico Vaz (Anhembi Morumbi).”
O novo entendimento sobre o nascimento do rádio no Brasil muda o conteúdo das aulas dos cursos de jornalismo, audiovisual e publicidade nas faculdades de comunicação.
De acordo com Vaz Filho, o líder da fundação da Rádio Clube de Pernambuco foi o radiotelegrafista e contabilista Augusto Joaquim Ferreira, também de perfil intelectual, mas não acadêmico. “Ele e outros jovens pensaram naquela possibilidade como meio de comunicação, não exatamente para levar educação às pessoas, o objetivo era outro: levar informações”, como ainda se dá hoje no rádio escutado no dial dos aparelhos de pilha ou na podosfera acessada pelos serviços de streaming.
Só isso para explicar por que, em Pernambuco, o rádio continua sendo um veículo tão forte, popular e protagonista do desenvolvimento do Estado.
Diariamente, dezenas de prefixos, estado afora, produzem entretenimento, levam informação, prestam serviço e ajudam Pernambuco a ser um estado referência na comunicação no país.
Agregado às novas tecnologias e multiplataformas, o rádio pernambucano é cada vez mais dinâmico, forte, moderno e interativo. Por isso, no radinho, no aplicativo, na web, nas redes sociais, Pernambuco não desliga o rádio!
MEMÓRIA E FÉ: EXPOSIÇÃO BENZA ESTREIA RETRATANDO REZADEIRAS DO SERTÃO DE PERNAMBUCO
O município de Salgueiro (PE) receberá, nesta semana, a abertura da exposição "Benza", assinada pela fotógrafa e pesquisadora Karen Lima. O projeto retrata a força simbólica, cultural e espiritual das rezadeiras do Sertão pernambucano, reunindo 35 fotografias que transitam entre o documental e o poético.
Realizada com o incentivo do Governo de Pernambuco, através do Programa Nacional Aldir Blanc (PNAB), a mostra estará aberta para visitação nos dias 4 e 5 de setembro na Praça Carlos Pena, das 16h às 20h e das 9h às 15h, respectivamente; e no sábado (6), na Praça de Eventos da Comunidade de Conceição das Crioulas, das 10h às 17h.
A exposição mergulha nas histórias, na fé e na espiritualidade de cinco guardiãs de saberes ancestrais em Pernambuco: Mãe Joana, do Quilombo Conceição das Crioulas (Salgueiro); Rita Pankará e Dona Terezinha, de Orocó; Dona Teinha, de Floresta; e Mãe Neide, de Petrolina. Produzidas a partir de pesquisas realizadas por Karen Lima em visitas a essas localidades, as fotografias buscam retratar a essência de cada uma delas e valorizam tanto a imagem quanto a oralidade dessas mulheres, reconhecidas como referências comunitárias e espirituais em seus territórios.
Montada em estrutura itinerante, a instalação propõe uma experiência sensorial, com fotografias impressas em tecido, monóculos que remetem à memória familiar e recursos de audiodescrição para pessoas cegas. "Queríamos que a exposição chegasse às comunidades, para que elas mesmas pudessem se ver nas imagens. É um reconhecimento, uma forma de valorização e difusão das histórias dessas mulheres", explica Karen Lima.
Ricas em sabedoria, as rezadeiras no Sertão de Pernambuco guardam aspectos importantes da cultura local. De acordo com Karen, a tradição das rezadeiras carrega saberes transmitidos de geração em geração e que ainda resistem, mesmo diante do risco de desaparecimento. "A exposição também se propõe a preservar essa herança cultural tão importante. Ao fotografar essas mulheres, sinto que preservo não só uma tradição, mas também parte da minha própria história", afirma a fotógrafa e pesquisadora. Após a estreia, "Benza" segue para os municípios de Floresta e Orocó, em locais comunitários e de acesso livre ao público.
Este projeto foi contemplado nos Editais da Política Nacional Aldir Blanc Pernambuco e tem apoio financeiro do Governo do Estado de Pernambuco, através da Secretaria de Cultura do Estado via PNAB, direcionada pelo Ministério da Cultura - Governo Federal.
POETA CANTADOR PETROLINENSE ALDY CARVALHO É INDICADO PARA O PRÊMIO RECONHECIMENTO ARTÍSTICO NA CÂMARA VEREADORES DE SÃO PAULO
O poeta e cantador petrolinense, Aldy Carvalho, é indicado pela segunda vez a receber prêmio de reconhecimento artístico na Câmara Municipal de São Paulo em cerimônia no dia 24 de setembro de 2025.
Aldy Carvalho é um artista do sertão de Pernambuco, cuja obra reflete o rico universo nordestino. Como poeta, cantador, escritor, compositor e violonista, sua arte é um verdadeiro mosaico de sons e histórias.
O Prêmio Mceys Qualidade Brasil é um projeto social sem fins lucrativos, idealizado pelo Mceys Instituto de Produção Cultural (MIPC) e Mceys PRO Produções e Eventos, criado no ano de 2015, na cidade de São Paulo, com o objetivo de promover um momento de reconhecimento aos trabalhos sociais dos(as) intérpretes, autores, músicos(as) e produtores que participavam exercendo suas respectivas funções no dia a dia de trabalho com a Mceys PRO Produções e Eventos, se restringindo somente a este ciclo artístico até o segundo semestre de 2016, quando a mesa coordenadora do prêmio, em reuniões, aprovou uma nova ideia adotando mais oportunidades na configuração do processo de indicados(as).
O evento foi expandido, não apenas homenageando e certificando o meio artístico pelos trabalhos sociais que realizam, mas também todas as pessoas e profissionais que os envolvem e contribuem de alguma forma para com suas atividades bem sucedidas, classificando-as em categorias a serem indicados(as), honrando os serviços prestados a nossa sociedade, principalmente com sentimento gratuito e o espírito de doação. Sendo assim, o perfil do indicado(a) ao PRÊMIO MCEYS QUALIDADE BRASIL será conveniente ao seu currículo de vida social, sem escolha de gêneros, etnias, religiões e classes sociais.
Para a definição do objeto de honra atribuído aos(às) indicados(as) a serem laureados(as), a mesa coordenadora elege anualmente um tema, visando a disseminação da cultura, preservação ambiental e o compromisso social.
Os homenageados, apoiadores e voluntários são convidados a doar alimentos não perecíveis no dia do evento. Os mantimentos arrecadados são destinados aos 9 núcleos assistenciais do Mceys Instituto de Produção Cultural (MIPC), atendidos e apoiados em São Paulo e Grande São Paulo.
O projeto tem como objetivo despertar a doação, o sentimento de voluntariado e valorização pela cultura. Além disso, tem como missão incentivar e estimular positivamente o ser humano.
Dentre os homenageados desta edição de 2025 destaca-se o poeta e cantador Aldy Carvalho
O evento, aberto ao público em geral, será realizado na Câmara Municipal de São Paulo em 24 de setembro de 2025
GERALDO AZEVEDO É TEMA DE PROJETO ARTÍSTICO CULTURAL EM PETROLINA
A Escola Municipal de Educação em Tempo Integral Professor Anézio Leão realizou a culminância do projeto "Anézio canta Geraldo", iniciado em março deste ano, que integra a proposta anual da Rede Municipal de Educação "Eu, você, o mundo pro que der e vier". A iniciativa homenageou os 80 anos do cantor, compositor e poeta petrolinense Geraldo Azevedo, levando para a sala de aula música, arte e identidade cultural.
Durante todo o processo, os estudantes participaram de oficinas criativas inspiradas em cinco grandes sucessos do artista: Barcarola, Dia Branco, Bicho de Sete Cabeças, Dona de Minha Cabeça e Táxi Lunar. O resultado foi apresentado em grande estilo com exposição dos trabalhos produzidos no pátio interno da escola. Na quadra, as crianças emocionaram o público com apresentações de dança coreografadas ao som das canções.
Os estudantes Mikaele Silva Souza (5º ano A), Heitor Gonçalves de Souza Silva (4º ano C) e Miguel Matos Lima (2º ano B) tiveram papel especial e protagonizaram ao abrir o evento com a biografia de Geraldo Azevedo e a contextualização histórica das músicas trabalhadas. As professoras de Arte Andréa Shirley Sousa dos Santos (1º ao 3º ano) e Richelly Cavalcanti de Sousa (4º e 5º ano) foram responsáveis pela condução das atividades ao longo do projeto que ficará marcado como uma homenagem de Petrolina a um de seus maiores ícones culturais.
Um dos momentos mais marcantes do evento, foi a presença da senhora Gracilda Azevedo, irmã de Geraldo Azevedo, que expressou sua emoção diante da homenagem.
"Não existem palavras para descrever o que foi feito aqui. É muita felicidade ver esse carinho na nossa terra. Geraldo foi uma criança como esses alunos, começou a se interessar pela música com nossa mãe, e mesmo tendo ido para o Recife para estudar engenharia, a música falou mais alto. Ele enfrentou muitas dificuldades, mas venceu e hoje orgulha toda a cidade. As apresentações foram lindas, e eu levo comigo tudo que vi aqui para mostrar a ele. Tenho certeza de que Geraldo ficará muito emocionado em saber o quanto é amado", destacou. (Fonte Texto: Fabiana Diniz - Assessora de Comunicação da Secretaria de Educação e Esporte)
DESERTIFICAÇÃO É UM DOS PROCESSOS AMBIENTAIS MAIS GRAVES DA ATUALIDADE
A desertificação é um dos processos ambientais mais graves da atualidade. Ela ocorre quando solos férteis, sob a pressão combinada de fatores climáticos e da ação humana, perdem progressivamente sua capacidade produtiva.
O desmatamento, o uso intensivo da terra, o sobrepastoreio, as queimadas e a má gestão da água aceleram esse processo. Já as mudanças climáticas contribuem para intensificar secas prolongadas e ondas de calor que fragilizam os ecossistemas.
De acordo com relatório “The Global Threat of Drying Lands”, da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD), mais de três quartos de todas as terras do Planeta ficaram mais secas nas últimas três décadas até 2020 — em comparação com o período de anterior.
A organização também estima que 40% da superfície terrestre já se enquadra em regiões áridas ou semiáridas. Nessas áreas vive um terço da população mundial, em sua maioria em situação de vulnerabilidade socioeconômica.
Segundo Aldrin Martin Pérez Marín, pesquisador do Instituto Nacional do Semiárido (Insa), coordenador do Observatório da Caatinga e Desertificação e correspondente científico do Brasil junto à UNCCD, o problema não pode ser reduzido a uma questão ambiental.
“Esse processo […] toca a vida de milhões de pessoas, fragiliza a agricultura familiar, ameaça a segurança alimentar e coloca em risco o futuro da nossa Caatinga – bioma único, 100% brasileiro, que é, ao mesmo tempo, floresta, cultura e esperança”, afirma.
O Brasil também convive com esse problema. O Semiárido brasileiro é considerado uma das regiões mais vulneráveis do Planeta. Segundo o Insa, quase 30 milhões de habitantes, estão concentrados áreas onde a desertificação já é uma realidade.
Ainda conforme o Instituto, cerca de 85% do Semiárido apresentam algum grau moderado de desertificação, enquanto 9% estão desertificados. Para o pesquisador, compreender a gravidade da desertificação exige olhar para além dos números,e observar também seus efeitos sobre a vida das pessoas.
“Hoje, o País enfrenta desafios climáticos e ambientais que exigem não apenas ações urgentes, mas também uma mudança paradigmática na forma como lidamos com a convivência com a semiaridez. […] Nesse contexto, a desertificação tornou-se um dos maiores problemas ambientais enfrentados pelo Brasil, especialmente no Semiárido”, comenta Aldrin.
Além da degradação ambiental, há impactos diretos sobre a população. Famílias agricultoras ainda enfrentam quedas na produtividade, pecuaristas veem seus rebanhos morrerem pela falta de pastagem, e jovens acabam migrando para centros urbanos em busca de sustento.
“Se a terra adoece, adoece também o povo que dela depende. Agricultores familiares, povos indígenas, comunidades quilombolas e assentados da reforma agrária são os que mais sentem a degradação avançar”, explica o pesquisador.
O fenômeno da desertificação está ligado às mudanças climáticas. A elevação das temperaturas médias, combinada à irregularidade das chuvas, gera um ciclo de degradação que se retroalimenta.
O pesquisador Aldrin Martin Pérez Marín explica que, com o uso excessivo e sem cuidados adequados, o solo começa a perder sua fertilidade, fica exposto ao vento e à água da chuva, que levam embora o material fértil | Foto: Arquivo pessoal
Segundo Aldrin, o processo de desertificação é uma espécie de ciclo vicioso. Inicia com a ocupação de uma área específica, seguida pela derrubada da vegetação nativa, e uso do solo para a pecuária ou agricultura.
Ele ainda completa: “com o uso excessivo e sem cuidados adequados, o solo começa a perder sua fertilidade, fica exposto ao vento e à água da chuva, que levam embora o material fértil, e empobrecem ainda mais a área”.
Esse ciclo é sentido de forma ainda mais intensa no Semiárido brasileiro. A agricultura de sequeiro, predominante na região, depende diretamente da regularidade das chuvas. Quando elas falham, a produção acompanha.
A configuração atual fragiliza a economia regional, gera insegurança alimentar e pressiona os serviços públicos urbanos diante da migração forçada. Portanto, o combate à desertificação é também uma estratégia de adaptação às mudanças climáticas.