MÚSICA É UM DOS FATORES QUE IMPULSIONAM O TURISMO

O ato de viajar para outras localidades é associado a diversas motivações, como descanso, saúde, cultura, sustentabilidade ou visitar parentes. Eventos do ramo musical também se apresentam como catalisadores turísticos e são vistos como tendência pelo Ministério do Turismo, em uma prática conhecida como gig tripping. A gíria em inglês gig faz referência a “show” ou “apresentação musical”; já tripping remete a “viajar”. 

Esses deslocamentos podem envolver trajetos pequenos, como ir a uma cidade vizinha para um show de uma banda local, ou viagens internacionais para acompanhar turnês. De acordo com a revista Tendências do Turismo 2025, a influência musical na área continuará em expansão e o mercado pode atingir US$ 13,8 bilhões até 2032. 

A imersão na cultura e a visita a locais icônicos — como o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, o Atomium, na Bélgica, e o Píer de Santa Mônica, nos Estados Unidos — fazem parte do turismo musical. Destinos conhecidos por sua tradição em festivais e grandes shows se beneficiam, mas cidades e vilarejos também veem suas economias aquecidas por hospedagens e visitas. 

No Brasil, algumas cidades têm eventos fixos em seus calendários anuais ou bienais. Eduardo Silva Sant’Anna, doutorando em Turismo pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, revela: “Fãs de gêneros diversos, do pop e rock ao pagode e MPB, viajam pelo País para assistir seus artistas preferidos”. Acontecimentos como Lollapalooza, Rock in Rio, The Town — que teve início no dia 6 de setembro e acabará no dia 14 deste mês —  e o Festival de Verão de Salvador são destaques que incentivam um número considerável de pessoas para suas regiões. 

O projeto Todo Mundo no Rio, o qual teve sua primeira edição em 2024, é outro exemplo da força dos eventos para uma localidade. Sem cobrar ingressos e realizado na praia de Copacabana, o evento reuniu 2,1 milhões de pessoas — segundo a Riotur, empresa de turismo do município do Rio de Janeiro — em maio para assistir ao show da cantora Lady Gaga. No ano passado, Madonna movimentou 1,6 milhão de fãs para festejar sua performance. 

Turnês internacionais, como a The Eras Tour, de Taylor Swift, e dominATE, do grupo sul-coreano Stray Kids, também são elencadas pelo pesquisador como fenômenos que lotam estádios e movimentam hotéis, restaurantes e o comércio local. 

Megaeventos musicais são estratégias para atrair visitantes em diferentes épocas do ano, segundo Sant’Anna. “Do ponto de vista do planejamento, são fundamentais para enfrentar a sazonalidade típica do turismo, que concentra grande parte do fluxo em períodos específicos, como férias escolares e temporadas de verão”, explica. O projeto Todo Mundo no Rio, por exemplo, está previsto para ocorrer anualmente em maio, no outono. 

O turismo musical, entretanto, pode estar restrito a públicos com maior poder aquisitivo, devidos aos custos altos de ingressos, viagens e hospedagens. Além disso, as emissões de carbono em deslocamento longos e a produção de resíduos pelos viajantes e artistas têm levado o meio a buscar alternativas mais sustentáveis, como compensação de carbono e turnês mais concentradas, do ponto de vista geográfico.

Eduardo Silva Sant’Anna chama atenção aos impactos para as comunidades locais, como a interrupção da rotina dos moradores e interferências no ambiente. Ele cita algumas formas de evitar conflitos: comunicar de forma clara os riscos e adaptar suas estratégias, valorizar os benefícios coletivos e planejar a localização das estruturas para minimizar incômodos em áreas residenciais.

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