FLAVIO LEANDRO E O SENTIMENTO DA DESPEDIDA DE SEU TETÉ-JOSE FURTADO LEITE NETO

O pai do cantor e compositor Flávio Leandro, faleceu nesta quarta-feira (28). José Furtado Leito Neto, "Seu Teté", como é conhecido estava internado no Crato, Ceará. A família informou que o velório acontecerá em Bodocó, onde será Realizada uma Missa às 9hs na Igreja Matriz São José  e logo após o sepultamento na quinta-feira (01) de março.

Flávio Leandro, um dos mais talentosos compositores da música brasileira, autor de canções como De Mala e Cuia, Chuva de Honestidade, também imortalizou, "Seu Tetê), na música com o título de Meu Pai.
Confiram letra de Meu Pai:

"Quando tu chegava em casa
Com os pés pisando em brasa
E umas quatro na cabeça, Pai
Mãe saía pro terreiro,
Deus do céu que desespero!
Quanto tempo aquilo faz
E eu, um moleque sambudo
Pequenino, vendo tudo
Mãe, cadê pai?

Meu pai, o tempo agora é ouro
Eu tenho um grande orgulho de ser o seu filho
E adoro ver meus filhos de chamar de avo
Meu pai, dos cinco bons irmãos que vocês me deram
Um foi morar com Deus, os anjos lhe quiseram
E os quatro que ficaram são parte da minha vida
Eu sei, que do pai do seu pai, herdei um grão de milho
O gene que vai chegar ao filho do meu filho

Atrás desse bigode tem um homem bom
Debaixo do chapéu tem um cabra decente
Lá dentro dessa roupa de tom sobre tom
Mora o homem que me deu a vida de presente
No passo do sapato todo brilhoso
Vai andando o esposo de uma grande mulher
Seu anjo protetor e minha rainha
No coração de Izinha mora Teté
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ZÉ DANTAS SE VIVO FOSSE COMPLETARIA 97 ANOS

Se vivo fosse José de Souza Dantas Filho, O compositor Zé Dantas, completaria 97 anos de existência física. Nascido no dia 27 de fevereiro de 1921, a cidade de Carnaíba de Flores, Pernambuco, Zé Dantas, foi um dos mais importantes parceiros de Luiz Gonzaga. O Rei do Baião gravou 52 músicas do médico Zé Dantas.

Zé Dantas, faleceu há 56 anos, estava com apenas 41 anos. É o compositor que mais clássicos escreveu para  à música brasileira. Uma de suas músicas mais conhecidas, O xote das meninas tem mais de uma centena de gravações diferentes, sem contar com regravações pelo mesmo intérprete. Depois de Luiz Gonzaga e Ivon Cury, os primeiros que a gravaram, O xote das Meninas foi gravadas pelos mais diversos artistas, com versões inusitadas como a de Os Patinhos, Gerson King Combo, ou o Coro de Câmara Villa-Lobos.

Outros clássicos cantados Brasil e mundo afora da autoria de Zé Dantas são: A volta da asa branca, Vem morena, Forró de Mané Vito, Paulo Afonso, Algodão, Noites brasileiras, A dança da moda, A letra I,  Acauã, Cintura fina, Riacho do navio, Farinnhada, Samarica Parteira.

Luiz Gonzaga conheceu Zé Dantas em 1947, no antigo Grande Hotel, no Cais de Santa Rita. Zé Dantas era médico obstetra, chegou a diretor do Hospital dos Servidores do Rio de Janeiro, paradoxalmente faleceu em consequência do rompimento do tendão de aquiles, na fazenda de Luiz Gonzaga, em Miguel Pereira, região serrana fluminense.

"Para aliviar as dores, ele sofria também da coluna, Zé tomava cortisona, que mandava buscar nos Estados Unidos. Continuou tomando durante muito tempo, até três comprimidos por dia, aquilo comprometeu os rins. Ele sofreu o acidente num carnaval, e morreu no carnaval seguinte”. contava dona Yolanda Dantas, que criou os três filhos que teve com o compositor, ao mesmo tempo em que cuidava de preservar sua memória.

Zé Dantas participou do Programa na Rádio Nacional, junto com Humberto Teixeira, Luiz Gonzaga e o apresentador Paulo Roberto, o programa No mundo do baião.

Luiz Gonzaga dizia que Zé Dantas era "tão autêntico que chegava a sentir cheiro de bode nele".
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FAZENDA ARARIPE: IGREJA SÃO JOÃO BATISTA 150 ANOS DE HISTÓRIA

Este ano 2018, A Igreja de São João Batista, na Fazenda Araripe, localizada em Exu, Pernambuco  completa 150 anos. A professora e escritora Thereza Oldam é conhecedora dos episódios e sentimentos que nortearam a criação, o desenvolvimento e a consolidação do território exuense. Desde a época da colonização, quando a região ainda era habitada pelos índios Ançus, do tronco da nação Cariri. Passando pela chegada de seu fundador Leonel de Alencar Rego, até os dias atuais.

A professora escreveu no ano de 1968, uma apresentação para o disco Luiz Gonzaga-São João do Araripe., quando foi comemorado o centenário do Araripe, imortalizado em música até os dias atuais.

Na época escreveu Thereza Oldam: 
"O Povoado do Araripe, tantas vezes cantado pelo Rei do Baião, Luiz Gonzaga, é o desdobramento da Antiga Fazenda do Barão de Exu. Domina-o até os dias atuais, a Casa Grande. de estilo Colonial e a Capela de São João Batista. O Povoado do Araripe, está situado à margem esquerda do Rio Brígida, próximo da Fazenda Caiçara, berço de Barbara de Alencar.

Para os descendentes direto dos primeiros povoadores, o São João do Araripe é único. É o culto das suas melhores tradições. Anualmente, os festejos juninos são um pretexto para a confraternização, pois no calor da fogueira, comendo milho assado, discutem política, exaltam os seus herois, choram seus mortos e pedem aos céus a oportunidade de voltar sempre, sempre ao Araripe.

Ali, no Araripe aprenderam a venerar São João Batista, ouvindo vozez de Sinhazinha e Nora, ecoando o coro da Capela. Quem dos seus desconhece o Barão do Exu, Sinhô Aires, Neném de João Moreira, Santana de Januário, Dona de Seu Sete. Qual dos seus meninos não sentiu o irresistível desejo de puxar a corda do sino da igreja?

O Povoado do Araripe é um santuário de fraternidade do presente com o passado. Seu fundador deu-lhe a fidalguia e tradição e um seu filho deu-lhe a melodia do baião, este filho é Luiz Gonzaga.

Luiz Gonzaga nasceu no Araripe e ai sempre viveu! Ninguém melhor do que ele preservou as suas tradições e podemos afirmar que Luiz Gonzaga é a encarnação do Araripe, no amor que dedica á sua terra, na exaltação de sua gente. 

Ainda menino, Luiz Gonzaga, correu por aqueles patamares, gritando o bode ou tocando forró, crepitava em seu peito a ternura do Araripe, sem saber porque. Era a voz de um pássaro, os costumes do sertão, a beleza das coisas...e fugiu...fugiu porque seu coração não comportaria aquele grito da alma. Era a voz da terra. Era a arte. 

E a arte explodiu: surgiu o artista, o Rei do Baião, o filho de Januário e Santana, o cantor do Araripe. E hoje (1968), ocasião de seu Centenário, o Povoado do Araripe recebe comovido a homenagem de Luiz Gonzaga. É uma mensagem de arte e de amor: da arte que nasceu dele e não cabe nele, do amor que o torna maior fazendo os outros felizes.

O Araripe pede a Deus para seu filho a eternidade da arte que o persegue.

Fonte: Professora e escritora Thereza Oldam, Exu, Pernambuco, 20 de fevereiro de 1968
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RESPEITEM A SANFONA DE 8 BAIXOS DE CHIQUINHA GONZAGA

Esta semana durante conversa com Maira Barros, Ceceu e a sanfoneira Ana Marques, lá das bandas de Ilheus, Bahia lembramos de Chiquinha Gonzaga, irmã do Rei do Baião. lChiquinha Gonzaga em vida costumava dizer: "É preciso manter a tradição de meu pai Januário, o  maior sanfoneiro que o Nordeste já teve". Generoso, disposto a arrumar trabalho para a família inteira, Gonzagão criou o grupo Os Sete Gonzagas, formado por ele, o pai e mais cinco irmãos, incluindo, mesmo sob os protestos de dona Santana.

A cantora e compositora Francisca Januária dos Santos, Chiquinha Gonzaga, "partiu para o Sertão da Eternidade, aos 85 anos, no ano de 2011, era a caçula dos 10 irmãos de Luiz Gonzaga. Moradora da cidade de Santa Cruz da Serra, no Rio de Janeiro.

Em vida sua história foi marcada por lutas. Chiquinha enfrentou o machismo da sociedade. Irmã de Luiz Gonzaga, também seria vítima do mesmo tipo de preconceito ao arriscar as primeiras notas na sanfona de  oito baixos do pai, mestre Januário. Proibida de tocar pela mãe, Dona Santana, Chiquinha só aos 74 anos gravou um disco inteiro dedicado a sanfona de 8 Baixos. Méritos de Gilberto Gil, que bancou a idéia, produziu o CD e encorajou sua volta aos palcos.

Chiquinha e o compositor baiano ficaram amigos durante as filmagens, de "Viva São João!", documentário dirigido por Andrucha Waddington. No filme, um entusiasmado relato das festas juninas em 19 cidades do Nordeste, os dois visitam Exu, cidade da família Gonzaga, e relembram histórias do rei do baião e do sertão pernambucano. Na oportunidade Gilberto Gil prometeu que iria ajudar Chiquinha a voltar a gravar.

Devoto do baião, Gil já tinha feito o mesmo agrado ao irmão mais velho de Chiquinha, mergulhado no ostracismo no fim da década de 60, depois do  surgimento da bossa nova e da jovem guarda. O compositor baiano gravou "17 Légua e Meia", antigo sucesso de Gonzagão, no álbum "Gilberto Gil" - que contém "Cérebro Eletrônico"-, em 1969. Outro tropicalista, Caetano Veloso  (exilado em Londres), repetiria a homenagem dois anos mais tarde, numa histórica regravação de "Asa Branca".

O álbum "Pronde Tu Vai, Luiz?", lançado de forma independente, conta com a participação de Gilberto Gil na faixa-título, originalmente gravada por Gonzagão em 1954, num dueto com a irmã. Há outros convidados ilustres, como o tocador de gaita e acordeonista gaúcho Renato Borghetti, mas quem brilha mesmo é Chiquinha.

Chiquinha nas suas conversas contava que esperava os pais partirem para o trabalho na roça para que ela pudesse pegar a sanfona num canto do quarto de Seu  Januário. A farra durava pouco. Quase sempre era pega em flagrante pela mãe. "Larga isso, menina! Isso é coisa pra homem!", censurava Dona Santana.

A emancipação só veio em 1949, quando Luiz Gonzaga, já desfrutando da fama de sanfoneiro no Rio de Janeiro, como autor de "Baião", "Asa Branca" e "Juazeiro", comprou um caminhão e mandou buscar a família em Exu (Gonzagão queria que os parentes viajassem de avião, mas Seu Januário, indignado - ou com medo-, disse que não era urubu para andar pelos céus).

Tanto Seu Januário como Dona Santana, enraizados em Pernambucano, nunca pensaram em deixar o Estado. Achavam, aliás, que o Sul do país não era lugar para o "menino" Luiz se aventurar.

Mudaram de idéia e foram para o Rio de Janeiro. A viagem para o Rio de Janeiro durou  vários dias ("tinha até fogão dentro do caminhão", lembrava Chiquinha), mas 
valeu a pena, principalmente para a jovem cantora.

A popularidade do irmão explodiu na década de 50 e Chiquinha, mesmo sem tocar sanfona, passou a cantar forró em pequenas casas noturnas do Rio. No embalo do irmão gravou cinco LPs e estrelou programas de rádio. 

Chiquinha sempre lembrava de histórias curiosas dessa fase. Como chegou a desfrutar 
de um relativo sucesso, algumas pessoas passaram a confundi-la com a musicista carioca de mesmo nome, morta 20 anos antes, em 1935. "Eu achava que esse tipo de confusão nunca aconteceria. Mas ficava assustava quando pediam para eu cantar 'Ô Abre-Alas' (marcha carnavalesca de estrondoso sucesso, composta em 1899)", recorda-se Chiquinha.

Gonzagão, principal incentivador da irmã e seu padrinho musical, tratou de desfazer a confusão. Passou a apresentá-la aos donos de casas noturnas e empresários como "Chiquinha Gonzaga, a Cantadora de Forró". Ela lembra que, mesmo assim, sempre havia alguém que estranhava a ausência do piano clássico no palco.

"É preciso manter a tradição de meu pai Januário, o maior sanfoneiro que o Nordeste já teve", dizia Chiquinha, cantarolando "Respeita Januário", um dos 
grande sucessos de Gonzagão: 'Luiz, respeita Januário/ Luiz, respeita Januário/ Luiz, tu pode ser famoso mas teu pai é mais tinhoso/ E com ele ninguém vai, Luiz/ Respeita os oito baixo do teu pai/ Respeita os oito baixo do teu pai." 
  
"Chegou a hora de respeitarem os oito baixos da irmã de Gonzagão", brincava a cantora." 

Fonte: Tom Cardoso-Valor Econômico
  
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ANTONIO BARROS POETA BRASILEIRO

"Chora Nordeste neste baião em homenagem a teu irmão/ Chora comigo Nordeste chora comigo Sertão/ Chora o caboclo que veste roupa de couro gibão... Chora meu olho d'água chora meu pé de algodão. As folhas já estão se orvalhando saudade do nosso irmão Zé Dantas. As saudades são tantas  Por que você partiu...Chora também nosso baião chora por essa cruel separação...No meu canto  na minha voz vai o pranto, o  pranto de todos nós. Chora Nordeste...Saudade de Zé Dantas".

Homenagem a Zé Dantas. É um dos mais belos versos musicados da literatura brasileira. Sensibilidade de quem sabe ser grato e falar de amor fraterno. O autor é o paraibano universal Antonio Barros.

Estes dias tive a suprema alegria/emoção de compartilhar por algumas horas da presença de Antonio Barros. Antonio Barros que eu não conhecia pessoalmente, mas que foi responsável e isto falei pra ele, responsável, pelo cidadão, pesquisador, jornalista que sou atualmente. Imaginei o menino lá da Paraiba que ouvia o ídolo no pé do Rádio. Vivi 49 anos e o destino me proporcionou este encontro. Na maioria do tempo o ouvi. O brilho das palavras e lembranças faladas cantadas de um Toinho que conviveu e deu vida a centenas de músicas interpretadas por Luiz Gonzaga, Trio Nordestino, Trio Mossoró, Dominguinhos, Ney Matogrosso e quase toas as estrelas da música brasileira.

As músicas de Antonio Barros embalou meu tempo criança através das ondas do Rádio. Adulto me fez pensar sobre o Nordeste e a importância de sua história. Eu ouvi certa vez um locutor dizendo que a música era  autoria de Antonio Barros. Logo fiquei a imaginar de onde viria tamanha grandeza humana para falar dos mistérios mais escondidos do ser humano, das paixões, desencontros, esperanças de uma chuva que está para chegar.

Hoje compreendi com a trajetória do tempo. Antonio Barros é um sopro de Deus, Poder Superior feito de Luz que deu de presente a este pedaço de terra, um Poeta. Poeta Antonio Barros.

Lembro que meu amigo Aderaldo Luciano numa carta endereçada ao cantador Beto Brito, relatou a certeza e vai colocar isso em um livro, "que Deus era um tocador de pife e foi soprando nele, num pife feito de taboca, que deu vida ao Homem com seu sopro fiel".

É por isto que todo dia às 18horas digo em prece: Antonio és um Sopro de Deus...Agradeço por tua existência e a cada letra, ritmo, melodia, harmonia que você alimentou por este Brasil afora. És alegria das Noites de São João, São Pedro e Santo Antonio. És luz. Antonio Barros fogueira luz acesa da grandeza da música que encanta almas e alimentas os seres humanos de Paz.
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ANTONIO BARROS E CECEU ESTRELAS DE OURO DO BAIÃO, XOTE, FORRÓ E XAXADO


Antônio Barros e Cecéu, são duas lendas vivas da música brasileira. Eles visitaram Juazeiro e Petrolina, em companhia de Flávio José, Jorge de Altinho, Alcymar Monteiro e Quinteto Sanfonico, gravaram participação no Programa da TV Caatinga-Univasf/TV Futura.

Quando era menino, em Queimadas, cidade onde nasceu, no interior da Paraíba, Antônio Barros se encantava com as músicas que conhecia por meio do serviço de alto-falante local. Costumava cantá-las no fundo do quintal de casa, com a cabeça dentro de uma lata para ouvir a própria voz. “Só que eu não tinha ideia que se fazia música. Pra mim, ela simplesmente existia, como existe o vento, a luz do sol…”, conta. Por isso, foi grande a surpresa quando, já adolescente, assistiu, encostado na porta do cabaré de Campina Grande, à apresentação de um cantor e, maravilhado, soube depois, pelo intérprete, que o samba cantado era composição do saxofonista do conjunto, “um careca, meio zarolho”.

“Rapaz, quer dizer que se faz música?!”, espantou-se. Ele se lembra até hoje dos versos: “Goiás, coração do meu Brasil/ Tem riquezas minerais dos sertões orientais/Goiás, suas ricas florestas têm madeira de lei, pau-brasil e outras mais…”. O jovem nem fazia ideia de que, tempos depois, seria ele mesmo o autor de alguns dos maiores sucessos da música brasileira.

Raras são as pessoas que nunca ouviram as composições de Antônio Barros, incluindo aquelas feitas em parceria com a esposa, Cecéu. A dupla é referência na hora de animar um arrasta-pé e de incentivar naturalmente a participação do público, que sempre canta junto com o casal. São mais de 700 músicas e 134 regravações de 1971 a 1995, constituindo um rico acervo de clássicos, já consagrados nacional e internacionalmente, na voz de diversos intérpretes.

Como diz Cecéu, o repertório passa pela tradição nordestina. ‘Bate coração’, ‘É proibido cochilar’, ‘Homem com H’. “São clássicos bastante conhecidos. E isso é o que realmente nos satisfaz, quando vemos o público cantando todas as músicas que são de raiz nordestina”, afirmou.

Antônio Barros tem muitas histórias para contar, que se confundem com o próprio caminho traçado pela música popular brasileira. Nos anos 1960, ele morou no Rio de Janeiro. Na época, tocou triângulo no regional de Luiz Gonzaga e também chegou a morar na casa do ‘Rei do Baião’, na Ilha do Governador.

Em 1970, numa das viagens no navio de cruzeiro ‘Ana Neri’ pelo litoral brasileiro, onde Antônio Barros trabalhava como contrabaixista, nasceu o sucesso ‘Procurando tu’. A música foi gravada pelo ‘Trio Nordestino’ e, depois de Antônio Barros deu a parceria de J.Luna – disc-jóquei baiano que ajudou a divulgar a canção no Nordeste – a composição fez sucesso e chegou a ser gravada por Ivon Curi e até Jackson do Pandeiro, entre outros músicos.

Foi também o ‘Trio Nordestino’ que gravou e divulgou outras músicas de Antônio Barros, como ‘Corte o bolo’, ‘Cuidado com as coisas’, ‘É madrugada’ e ‘Faz tempo não lhe vejo’. No ano de 1974, ‘Vou ver Luiza’, que é uma parceria com Lindolfo Barbosa, foi gravada por Bastinho Calixto, pela gravadora EMI.

O grupo ‘Os Três do Nordeste’, por sua vez, gravou composições de Antônio Barros. O trio lançou sucessos como ‘É proibido cochilar’, ‘Forró do poeirão’, ‘Forró de tamanco’ e ‘Homem com H’. Essa última foi composta para a novela ‘O bem amado’. No início da década de 80, Luiz Gonzaga e Gonzaguinha gravaram ‘Estrela de ouro’, enquanto ‘Quebra pote’ foi entregue ao ‘Trio Mossoró’, e saiu pela gravadora Copacabana.

Na mesma década, Ney Matogrosso gravava ‘Homem com H’, que se tornou um dos grandes sucessos da época. Também é nesse período que Zé Piata interpretou, pela gravadora Copacabana, o forró ‘Procurando tu’.

Em 1981, o xote ‘Bate coração’, parceria entre Antônio Barros e Cecéu, foi gravado por Elba Ramalho, durante o Festival de Montreux, na Suíça. No ano seguinte, a música estourou como sucesso nacional. No decorrer da década, outras composições se tornaram conhecidas na voz de diversos intérpretes, a exemplo de ‘É madrugada’.

Antonio Barros diz que "Acredita muito na parte espiritual, Outro dia fiz uma música que diz assim, tipo um samba meio baião:
Quando eu chegar lá do outro lado
Quando eu chegar lá
Eu vou saber porque foi que eu nasci
Por que vivi aqui do lado de cá

Quando eu chegar lá do outro lado
Quando eu chegar lá
Eu vou saber porque foi que eu nasci
Por que vivi aqui do lado de cá

Por enquanto meu viver é um penar
É uma total desilusão
Eu faço tudo pra viver em harmonia
Eu só queria muita paz no coração

Mas eu nasci como todo mundo teve esse direito
Muita gente tem um coração no peito
Como o meu batendo até chegar o fim
Se é assim eu só vou saber quando chegar a hora
A hora da partida, quando eu for embora
Alguém do outro lado vai dizer pra mim

Quer dizer, tem vida do outro lado? É verdade? Eu quero saber como é".

"Eu sempre tive cuidado, os poemas que eu faço nas melodias. Esta eu fiz para Cecéu:

Tu és minha flor silvestre
Meu capuchinho de algodão
A escultura do mestre
Do mestre que fez Adão
Tu tens o dom da beleza
Da terra tu és o sal
Será que a natureza faz coisa igual?
Eu não duvido mas penso
Que igual a tu ninguém mais
Tu és um universo imenso
O berço da minha paz." 

Fonte: Syusk Santos-Campina Grande-Paraíba
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FESTIVAL VIVA DOMINGUINHOS ESTÁ COM SELEÇÃO DE CONVOCATÓRIA ABERTAS

O Viva Dominguinhos chega à 5ª edição este ano e a Secretaria de Turismo e Cultura de Garanhuns lançou a convocatória para a seleção de propostas que poderão compor a programação do evento. O documento foi publicado no Diário Oficial dos Municípios/AMUPE desta sexta-feira (16), as inscrições devem ser realizadas até o dia 02 de março presencialmente ou via Correios. O Viva Dominguinhos será realizado no período de 19 a 21 de abril de 2018.

O Viva Dominguinhos foi criado para homenagear José Domingos de Moraes, músico natural de Garanhuns. A convocatória define alguns detalhes para quem deseja submeter a inscrição e se apresentar no palco do evento. Podem se inscrever pessoas físicas ou jurídicas que devem comprovar com fotos, CDs, filmagens, releases, matérias em jornais, declarações de órgãos públicos, associações comunitárias ou culturais entre outras documentações a atuação como artista, há pelo menos seis meses. 

Para a inscrição presencial, o proponente deve se dirigir, de segunda à sexta-feira, no horário das 8h30 às 14h, até à sede da Secretaria de Turismo e Cultura de Garanhuns, situada no Centro Cultural Alfredo Leite Cavalcanti, na Praça Dom Moura, bairro São José. Para envio via Correios, basta encaminhar a documentação para este mesmo endereço, com postagem até às 17h do dia 02 de março. Não serão aceitas inscrições via fax, internet ou qualquer outra forma de encaminhamento. 

Após o período de inscrições, as propostas serão submetidas à avaliação por parte da Secretaria de Turismo e Cultura, com resultados divulgados no site institucional. O edital completo está disponível nos sites www.garanhuns.pe.gov.br e www.diariomunicipal.com.br/amupe.
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GREGÓRIO FILÓ MENEZES, POETA DAS BANDAS DE SÃO JOSÉ DE EGITO

Tem verso que é bonito. Tem verso que é bem feito. Tem verso que é bem feito e bonito.Gregório Filomeno de Menezes é mestre nesta terceira opção. Autodidata, compenetrado,leitor voraz, perfeccionista; lapida seu tesouro poético com o respeito e a dedicação que todos os poemas merecem ter.

Quem conhece sabe que ele abomina hipocrisia; prefere usar a franqueza, mesmo que contrarie o interlocutor. Ferrenho defensor da verdade, inclusive nas várias histórias engraçadas e interessantes vividas pelo nossso povo, e que ele narra com precisão e riqueza de detalhes.

Gregório  nasceu no dia 13 de fevereiro de 1944, no sítio Cachoeira, municipio de São José do Egito, Pernambuco, abraçando desde cedo, com sua alma inspirada, firme em sua trajetória andarilha, a defesa incondicional da conduta ética no pensamento político. Gregório é filho de um agricultor digno e poeta, José Filomeno e de Teresa Maria de Jesus.

Gregório viveu a infância no meio rural, e já na adolescência ganhava a vida negociando carvão com seu irmão Zuca, no então próspero povoado do Feliciano, município de Sertânia, Pernambuco, no vale do Moxotó.

Gregório ganhou a estrada, exercendo as atividades de representante comercial e algumas funções como servidor público. Mas sem se afastar muito, para estar sempre de volta ao Pajeú, seu chão natal, sua fonte, seu roteiro eterno. Nessa terra, nasceram, também, seus filhos; alguns destes, com a natural capacidade de versejar, convivem cotidianamente com a poesia de outros autores e escrevem seus próprios versos. Tem plena afinidade com o tema.

Gregório não apenas escreve: além de poeta valoroso, sabe explicar didaticamente todo o fenômeno poético que caracteriza e engrandece as regiões do Pajeú, em Pernambuco e do Cariri, Paraíba; lançando teorias, explicando as origens, citando os grandes nomes do passado e do presente.

"Em Gregório Filó, a gente vê
Uma digna e honrosa trajetória:
Coerente, senhor de sua história,
Incisivo ao mostrar tudo em que crer.
Militante do velho MDB,
Integrado onde tem sabedoria
Bom de farra, eleição, democracia,
Professor de assunto do repente
E agora nos tranz como um presente
Seu legado de bela poesia"

*Fonte: Mauricio Menezes-poeta e escritor

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ALMIR SATER E O DOM DE SER FELIZ SEMPRE TOCANDO EM DEFESA DA PAZ

Avesso às tecnologias, vestido com bota e chapéu, Almir Sater é um sujeito simples e por isso encanta por onde passa. Na verdade, não apenas devido a esse motivo. O talento para tocar viola faz do instrumentista um dos maiores nomes da música brasileira.

O trabalho de Almir Sater visa manter vivas as chamas da música sertaneja de raiz. “Sou assim mesmo. Caboclo nascido e criado em Mato Grosso, que conviveu com pessoas que sabem valorizar as coisas da terra e reconhecer a igualdade do ser humano, isso não pode mudar. Temos que melhorar a cada dia sendo sabedores que um ser humano não é mais que o outro por ter talento diferente ou mais dinheiro".

Almir Satter possui uma carreira reconhecida nacionalmente. Para ele, o sentimento que o move é a satisfação de ver que o público aprova seu jeito simples de ser, a sua música executada com carinho para os que apreciam a arte. “Prefiro que as pessoas escutem minha música de olhos fechados”, contou. Ele também não tem página oficial nas redes sociais nem na internet em geral. “Se eu fizer um site oficial, vou ter a responsabilidade de colocar conteúdo nele sempre e não quero isso”, justificou.

Um dos maiores sucesso da carreira de Almir Sater é a música “Tocando em Frente”, feita em parceria com o amigo Renato Teixeira. A canção, que tem como início “ando devagar porque já tive pressa”, é conhecida e admirada por muitos.

Quando fala da música, Almir se emociona e diz lembrar claramente do dia em que a composição foi feita. “Essa música foi pura inspiração. Certo dia, fui jantar na casa do Renato, em determinado momento, a esposa dele chamou a gente para jantar. Nesse intervalo, fizemos essa música. Não acredito em uma composição tão instantânea como aquela que a gente fez ali, naquele 

momento, e que se tornou uma música muito tocada. Sou muito feliz por isso”, revelou. “Acho que essa música veio como um presente pra gente poder cantar essa mensagem tão bonita. Acho que essa música foi psicografada mesmo”, completou, em entrevista para a TV Cultura.

A música "Tocando em frente" fala do aprendizado ao percorrer uma vida e que cada um tem o necessário pra poder ser feliz, de saber que é capaz de “compõe a sua história”, sabendo dos percalços da vida, de saber quando deve entrar e sair de cena.
A gente fica mais velho, mas com mais capacidade de ser feliz, ao ver e compreender o mundo e com isso tocar a vida em frente e ter o dom de ser feliz.
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NEY VITAL SACODE O FORRÓ COM BOM JORNALISMO


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NOS CAFUNDO DE BODOCÓ A SONORIDADE DA PALAVRA QUE REVELA MUNDOS

Cada arte emociona o ser humano de maneira diferente! Literatura, pintura e escultura nos prendem por um viés racional, já a música nos fisga pelo lado emocional. Ao ouvir música penetramos no mundo das emoções, viajamos sem fronteiras.

Fui a Bodocó, o homem que pesquisa é um lutador. Desbravador. Deve vestir a roupa do destemor e despir os pés para adentrar os caminhos, sentindo o chão que pisa...há anos eu precisava sentir a poeira dos caminhos de Bodocó. 

Bodocó. Desde menino a palavra Bodocó zumbe nos meus ouvidos. Na cidade, o sentimento invadia meus pensamentos, alma de menino cantador/jornalista: "Nas quebradas caem as folhas fazendo a decoração. Chora o vento quando passa nas galhas do aveloz. Chora o sapo sem lagoa todos em uma só voz. Chora toda a natureza na esperança, na incerteza de Jesus olhar pra nós...Nos cafundó de Bodocó, de Bodocó, de Bodocó. Nos cafundó de Bodocó, de Bodocó, de Bodocó"... 

Na companhia do amigo Flávio Leandro/Cissa/Emanuel, Jurandy da Feira, Miguel Alves Filho, Franci/Dorinha, no Rancho Febo, tive a felicidade de apreciar a sonoridade da palavra Bodocó.

A cidade é mencionada na canção "Coroné Antônio Bento", que integra o primeiro LP de Tim Maia, de 1970. A música conta a história do casamento da filha de um "coronel", que dispensa o sanfoneiro e chama um músico do Rio de Janeiro para animar a festa. A canção é de autoria de Luis Wanderley e João do Vale.

A cidade também consta na música Pau de Arara (Guio de Moraes)..."Quando eu vim do sertão, seu moço, do meu Bodocó, a malota era um saco e o cadeado era um nó, só trazia a coragem e a cara, viajando num pau de arara, eu penei, mas aqui cheguei".

E uma das mais belas ja citadas aqui: Nos Cafundó de Bodocó, de Jurandy da Feira. "Nas caatingas do meu chão se esconde a sorte cega/Não se vê e nem se pega por acaso ou precisão/ Mas eu sei que ela existe pois foi velha companheira do famoso Lampião".

Também ouvi atentamente o relato de Flávio Leandro quando mostrava uma análise, diálogo/pesquisa, a gênese de nossas raízes. Flávio aproxima nossos ancestrais ao termo, a cultura árabe. Lembrei que Elomar, em sua cantiga O Violeiro, canta “Deus fez os homens e os bichos tudo fôrro...”. De forria para fôrro, de fôrro para forró, celebração da liberdade, da quebra do jugo e dos grilhões. 

E  aqui registro, o magistral Emanuel, o Manu, filho de Flávio/Cissa, na batida do Pandeiro. Ritmo e talento.

Miguel Filho me levou a caminhar na história de Bodocó. Pedra Claranã. Capela São Vicente de Paulo e histórias que envolvem Bodocó e a família de Luiz Gonzaga.

Miguel Filho é o típico sertanejo. Humildade franciscana. Compositor da safra das palavras de qualidade.  Miguel é compositor parceiro de Flávio Leandro, nas músicas Utopia Sertaneja, uma das mais belas da literatura brasileira; e de Fuxico. Miguel tem músicas gravadas também com o Quinteto Violado, Pedras de Atiradeira e Experiências.

E assim a sonoridade Bodocó ganhou ainda mais beleza e sentido. Compreendi que existem palavras que são portas/janelas servem para revelar mundos e situações. Bodocó és encantamento de um janeiro de 2018. 
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ESTUDO DEMONSTRA QUE MÚSICA BRASILEIRA PERDEU QUALIDADE

A música brasileira é bastante diversificada – vai da bossa nova ao rap, da MPB ao sertanejo, do samba ao axé. Porém, críticos e parte do público têm contestado sua qualidade, apontando o empobrecimento dessa importante manifestação cultural do país. Estudo publicado pelo analista Leonardo Sales na internet demonstra verdade nessa premissa.

Em Análise da música brasileira, Sales estudou acordes e letras. Um dos parâmetros adotados foi a evolução temporal da produção nacional, considerando todos os ritmos. Segundo ele, houve declínio da complexidade da música criada no Brasil, quando se leva em conta os acordes (quantidade, tamanho e raridade).

A primeira “queda” nesse quesito se deu nos anos 1960. Depois, a tendência se fortaleceu no fim dos anos 1980 e início dos 1990, permanecendo constante até hoje.

O analista cita três razões para o fato: a absorção da música brasileira pelo rock – primeiramente, com a Jovem Guarda, na década de 1960, quando houve a primeira queda no quesito acordes –; a popularização do rap e do hip-hop, com harmonias mais simples nos anos 1980; e a guerra televisiva dos anos 1990, que influenciou a linha de criação de hits. “A produção de música de prateleira foi o golpe final na complexidade das composições brasileiras”, diz Sales.

 Por outro lado, o pesquisador aponta artistas e estilos mais complexos da cena brasileira. O ranking geral, que considera variáveis relacionadas a acordes e letras (raridade, quantidade, percentual e tamanho), é encabeçado por Chico Buarque. O autor de Construção lidera o índice de raridade de acordes e ocupa a terceira posição no quesito quantidade de palavras.

O segundo colocado nesse ranking da complexidade é Djavan. O alagoano se destacou nas categorias raridade de acordes e quantidade de harmonias diferenciadas. O ranking dos 10 mais tem ainda Ivan Lins, João Bosco, Ed Motta, Caetano Veloso, Lenine, Vinicius de Moraes e Gilberto Gil.

O estudo destaca Ed Motta e Lenine, que tiveram bons índices relativos a acordes de suas composições. Lenine é o autor que mais usa harmonias desconhecidas, enquanto Ed Motta se destaca na área de acordes únicos.
De acordo com Sales, a MPB é o estilo mais completo em relação a harmonias, seguida por bossa nova, samba e pagode (analisados como gênero único) e gospel.

Quando se fala de amplitude de vocabulário, o campeão é o rap, seguido por MPB e música regional. “Alguns resultados me surpreenderam. Outros eu já esperava. O protagonismo da MPB já era previsto, com sua música muito complexa. Sabia também que as letras do rap teriam destaque, apesar de o gênero trazer harmonia mais simples”, comenta Leonardo Sales.

De acordo com ele, o grupo Facção Central apresentou mais variações de letras. Nos anos 1990, essa banda de rap se tornou famosa com versos fortes que denunciam as mazelas do país. Destacam-se ainda Apocalipse 16, Chico Buarque e Caetano Veloso.

 Levando em consideração a similaridade de acordes, Leonardo Sales chegou a cinco classificações relativas à musica brasileira, batizadas de Feijoada clássica, Mistureba, Leve seu filho pro bom caminho, Ouça com seus pais e Pra ninguém reclamar.

Mistureba engloba rock oitentista, axé, forró atual e sertanejo atual, reunindo Legião Urbana, Capital Inicial, Engenheiros do Hawaii, Asa de Águia, Babado Novo, Cheiro de Amor, Fernando & Sorocaba, Falamansa e Calcinha Preta. Polêmico? Leonardo explica: “A impensável junção da Legião e Asa de Águia ocorre no Mistureba porque ali se juntaram os acordários mais enxutos, como é próprio da Legião, dadas as influências do rock inglês e do punk. A axé music também investe em harmonias simples.”

Em Pra ninguém reclamar (MPB atual, axé, pagode, reggae e funk melódico), o pesquisador reuniu Lenine, Chico César, Cássia Eller, Claudinho e Buchecha, Perlla, Netinho, Banda Eva, Natiruts e Armandinho. As demais classificações são menos surpreendentes. Leve seu filho pro bom caminho, por exemplo, mescla rock dos anos 1990 e punk (Raimundos, Charlie Brown Jr., Tianastácia, Mamonas Assassinas e Planet Hemp).

Ouça com seus pais tem MPB e samba (Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maysa, Herivelto Martins, Baden Powell, Toquinho, Cartola, Arlindo Cruz e Exaltasamba), enquanto Feijoada clássica juntou brega, sertanejos antigos e Jovem Guarda. A íntegra do estudo Análise da música brasileira está disponível em https://leosalesblog.wordpress.com/
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FESTIVAL VIVA DOMINGUINHOS 2018: 5º EDIÇÃO ACONTECERÁ DE 19 A 21 DE ABRIL

A Prefeitura de Garanhuns, no Agreste de Pernambuco, divulgou no dia do aniversário do Mestre Dominguinhos (12 de fevereiro), a data 5ª edição do Festival Viva Dominguinhos. O evento acontecerá nos dias 19, 20 e 21 de abril, nos polos Praça Cultural Mestre Dominguinhos e Espaço Colunata (palco Canta Dominguinhos).

O Festival valoriza a obra do sanfoneiro falecido em julho de 2013 e é um dos pontos de encontro dos amantes do forró e da música brasileira e fãs do eterno Dominguinhos. O objetivo do festival é perpetuar a obra deixada pelo homenageado, um dos mais talentosos sanfoneiros do Brasil. 


Além das apresentações musicais, o festival contará com uma série de aulas-espetáculos em escolas públicas e privadas sobre a vida e obra do homenageado, além de introdução à sanfona, com noções de como o instrumento é tocado, sua sonoridade e notas musicais.

José Domingos de Morais, o Dominguinhos, foi um grande instrumentista, cantor e compositor brasileiro. Exímio sanfoneiro, teve como mestres nomes como Luiz Gonzaga e Orlando Silveira. Sua formação musical tinha influências de baião, bossa nova, choro, forró, xote e jazz. Dominguinhos, nasceu em Garanhuns,  dia 12 de fevereiro, no  agreste de Pernambuco continuará sendo um dos mais importantes e completos músicos, instrumentistas, tocador de sanfona. É imortal em discos, DVD e milhares de entrevistas por este Brasil afora.
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RANGEL ALVES DA COSTA: POÇO REDONDO E O VIRGULINO TRISTE PELA ALMA CANSADA DE LAMPIÃO

Lampião e seu bando percorreram quase o Nordeste inteiro. Em cada lugar a cangaceirama deixou marcas de sua passagem. Contudo, em estados como Pernambuco, Bahia, Sergipe e Alagoas, a presença foi mais constante, principalmente pela teia de protetores e apoiadores que Lampião teceu com maestria.

Do mesmo modo, alguns municípios e povoações receberam a visita do bando com mais constância. Os sertões dos referidos estados eram frequentemente percorridos pelo bando e, consequentemente, pela volante no encalço. Contudo, mesmo que as refregas e perseguições não permitissem que o bando se demorasse em determinado em local, certamente que Lampião tinha suas predileções.

Desde os testemunhos orais aos relatos dos historiadores, firmou-se o entendimento de que Lampião sempre gostou de bandear para o sertão sergipano. A verdade é que o Capitão se sentia bem na proximidade de amigos como o Coronel João Maria de Carvalho (da Serra Negra, município baiano vizinho a Poço Redondo) e Teotônio Alves China, o China do Poço. Certamente não acoitava aos pés dos serrotes baianos por causa de Zé Rufino e seu quartel-general também na Serra Negra. Então permanecia nas terras de Poço Redondo.

Lampião certamente gostava de se amoitar na região limítrofe entre o Velho Chico e as montanhas e carrascais sertanejos. Ficava, a um só tempo, perto do caminho das águas e das veredas espinhentas mais adiante. E a Gruta do Angico é assim, de um lado a então grandeza do rio e do outro e arredores a selva de catingueiras, facheiros, umburanas, mandacarus e xiquexiques. E a gruta ou grota fica, pois, entre serras dessa brutal e encantadora paisagem.

Outro fator de relevância para a predileção pelo sertão sergipano está também no grande número de coiteiros da região. Pedro de Cândido, suposto delator de Lampião, era coiteiro filho da dona da Fazenda Angico, Dona Guilhermina. Durval, então aprendiz na lide da serventia aos homens das caatingas, também era filho da proprietária. E pelos arredores os préstimos de outros sertanejos como Mané Félix e Messias Caduda, dentre muitos outros.

Há relatos afirmando que Lampião se sentia em casa na região de Poço Redondo. Quando deixou as distâncias hostis e esturricantes do Raso da Catarina, no sertão baiano, o Capitão dizia abertamente que não via a hora de chegar logo ao Angico para um repouso mais demorado. Estava muito cansado, sem dúvidas, pois já chegando aos vinte anos de luta pisando em sangue, com quase toda uma vida vivida na mira do mundo.

Dizem até que houve premeditação na escolha do Angico. Além do cansaço da luta, também estava de alma cansada. Nesta última fase da vida, o Lampião já era outro homem buscando o seu destino. Já não era o feroz comandante, mas apenas o homem compreendendo a si mesmo. Estava mais apegado às coisas sagradas, mais tomado de fé, mais reflexivo. E também muito mais entristecido. Não suportava mais viver aquela desdita na vida.

O que aconteceria a 28 de Julho, quando os homens comandados por João Bezerra se fizeram de vaga-lumes no cerco ao bando para chaciná-lo, assemelha-se muito mais a uma consequência a uma fatalidade. Ora, o cangaço estava destinado a morrer ali. Lampião não queria mais combater, mas apenas sobreviver. Lampião não queria mais um fogo na sua vida, mas tão somente um destino de um homem qualquer. Mas também sabia que era impossível. Daí o sofrimento de Virgulino. O Virgulino triste pela alma sofrida de Lampião.

E todo o desfecho da saga se deu nas terras sertanejas do Poço Redondo. E não há outra localidade nordestina onde o cangaço se fez tão presente. Mais de duas dezenas de poço-redondenses se tornaram cangaceiros do bando do Capitão. Coiteiros, fazendeiros, pessoas influentes de então, todos indistintamente serviram à cangaceirama. Por fim, há o cenário maior de toda a história do cangaço: a Gruta do Angico.

Portanto, cada município ou estado nordestino tem o direito de chamar para si o reconhecimento e as homenagens ao Capitão e seu bando, mas o verdadeiro museu do cangaço está mesmo em Poço Redondo, não entre paredes e objetos cangaceiros, mas na história viva, nos cenários e paisagens que falam por si mesmos. Não só no Angico, mas também na Maranduba e outros arredores de fogo e sangue.

Fonte: Escritor, pesquisador e advogado Rangel Alves da Costa
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RAIMUNDO ANICETO 84 ANOS DE UMA VIDA DEDICADO AO PIFE

Aderaldo Luciano numa carta endereçada ao cantador cantor Beto Brito, relatou a certeza, "e vai colocar isso em um livro, que Deus era um tocador de pife e foi soprando nele, num pife feito de taboca, que deu vida ao Homem com seu sopro fiel".

Visitei no Crato, Ceará, o mestre da cultura de tocar pife, Raimundo Aniceto, 83 anos, nascido em 14 de fevereiro de 1934. Fui na casa do líder da Banda Cabaçal de Pife dos Irmãos Aniceto.  A Banda de Pífe é Patrimônio Cultural Imaterial.

Formado no século 19 pelo “Véi Anicete”, ou José Lourenço da Silva, que mais tarde se tornaria José Aniceto, um descendente de índios do Kariri, o grupo se encontra na quarta geração — e não deixa de lado a música do sertão. A Banda de Pífe já tem mais de dois séculos de fundação.

Seu Raimundo começou a tocar com 6 anos, ele acompanhou de perto a renovação da banda. A formação atual é composta por  Adriano, Antonio (seu irmão), Jeová e Ciço. Eles têm um sexto integrante, Ugui, escalado em situações especiais.

Durante a visita o mestre Raimundo Aniceto mostrou as fotos e os ollhos marejam com retratos da disposição de outrora. Responsável pela coreografia, ele dançava, pulava e arriscava até um salto mortal na apresentação.

Raimundo Aniceto está se recuperando de um AVC-Acidente Vascular Cerebral. Já não toca! Todavia a mente, alma e corpo falam do Guerreiro Cultural que bem sabe e pede socorro: o pife não pode acabar!

No final da visita fiquei a pensar: o Brasil trata realmente com o maior desprezo a sua verdadeira riqueza cultural. A situação atual de Raimundo Aniceto carece de maior respeito e dedicação por parte do poder público...

Mestre Raimundo Aniceto tem seis filhos e de acordo com Dona Raimunda a esposa pediu para que não deixassem acabar o grupo e manter vivas essa tradição. Preocupada Dona Raimunda sentenciou: "É muito difícil, pois a juventude não está muito ligada na tradição. Mas vamos conseguir".
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JUSTIÇA: BEATRIZ SE VIVA FOSSE COMPLETARIA 10 ANOS NO DOMINGO (11)


O assassinato de Beatriz Angélica, morta dentro da Escola Nossa Senhora Auxiliadora em Petrolina, completa neste sábado (10), dois anos e dois meses, sem que a Justiça aponte a solução do crime. 

Beatriz foi assassinada com 42 facadas no dia 10 de dezembro de 2015. Até o momento a Policia não conseguiu desvendar o autor e ou os mandantes do crime. Ninguém foi preso.

Beatriz nasceu no dia 11 de fevereiro de 2008, portanto completaria se viva fosse 10 anos de idade, amanhã domingo. A família e amigos continuam solicitando as autoridades empenho para solucionar o caso. Segundo as investigações, O crime teria sido premeditado, e os suspeitos conheciam bem a escola.

De acordo com a polícia, três chaves da escola sumiram antes do crime. Na ocasião, o molho de chaves foi passado por alguns funcionários da escola, que registraram o desaparecimento delas no final do dia.

Elas dariam acesso aos portões internos e externos da escola. "Além disso, no momento do crime, toda a iluminação estava desligada. As lâmpadas da escola estavam todas apagadas nos corredores. Ou seja: visibilidade zero", disse o delegado na época.

"Todas as manhãs eu acordo e sinto aquele impacto da dor e da realidade. Elucidar um caso como esse nos traria um pouco de conforto. Trazer Beatriz de volta, jamais! Mas nos daria mais tranquilidade", diz o pai de Beatriz, Sandro Romilton. "É como se algo tivesse tirando de dentro de mim todas as minhas forças e todos meus sentimentos", completa a mãe, Lúcia Mota.

Até agora o suspeito pela morte da garota não foi preso. A Polícia Civil conseguiu imagens que revelam a face do autor do crime. Para os investigadores, não há dúvidas de que o homem que aparece nas filmagens de câmeras de segurança de estabelecimentos próximos ao Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, onde ela estudava, é o assassino. O Disque-Denúncia oferece R$ 10 mil de recompensa para quem tiver informações sobre a localização do homem. 

Quem tiver informações sobre o caso, deve ligar (81)937194545, (87)98878-5733 e 9(87)981373902. O sigilo é absoluto e a recompensa é de R$ 10 mil. 
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ANTÔNIO NOBREGA: O FREVO É UM DOS SÍMBOLOS DO POVO BRASILEIRO

Nesta sexta-feira, dia 9 de fevereiro, comemora-se o dia do frevo. O frevo foi elevado à condição de patrimônio imaterial da humanidade. Como se vê, o frevo está em alta. Mas frevo para quê? Por que frevo?

Foi o escritor Ariano Suassuna quem, indiretamente, apresentou-me a ele. Com seu convite para integrar o Quinteto Armorial, dei início a uma viagem de aprendizado dos cantos, danças e modos de representar presentes em manifestações populares como o reisado, o maracatu, o caboclinho e sobretudo o frevo.

Com o passar dos anos, esses aprendizados foram se conectando a estudos e reflexões sobre a cultura brasileira em geral e a popular em particular. Esse casamento entre conhecimento empírico e teórico foi conduzindo-me à constatação de que vivemos num país que reluta em aceitar-se integralmente.

Que outra razão para tal desperdício de insumos culturais tão vastos e de tão imensa riqueza simbólica como o nosso reservatório de ritmos presente em batuques, cortejos e folguedos; de formas e gêneros poéticos –quadrões, décimas, galope à beira-mar; de passos e sincopados armazenados no nosso imaginário corporal popular?

E o que temos feito com tudo isso? Empurrado para o gueto da chamada cultura folclórica, regional ou popular, falsamente antagonizante daquela que se convencionou denominar de cultura erudita.
Há mais de cem anos que a "entidade" frevo vem despejando no país, especialmente em Recife, volumoso material simbólico.

 Esse "material" foi se formando dentro daquilo que venho denominando de uma linha de tempo cultural popular brasileira. Essa "entidade" frevo materializou-se por meio de um gênero de música instrumental, o frevo-de-rua, orgânica forma musical onde palhetas e metais dialogam continuamente, ancorados pela regular marcação do surdo e a sacudida movimentação da caixa; uma dança, o passo do frevo, imenso oceano de impulsos gestuais e procedimentos coreográficos; e dois gêneros de música cantada: o frevo-canção e o frevo-de-bloco, cada um com características particulares tanto de natureza poético-literária quanto musical. Um valioso armazém de representações simbólicas.

Mais do que preservar o frevo, nossa tarefa está em amplificar, dinamizar, trazer para a órbita de nossa cultura contemporânea os valores, procedimentos e conteúdos presentes nessa "instituição" cultural.

Essa ação amplificadora poderia abranger escolarização musical – por que não se estuda frevos em nossas escolas de música?–; a prática da dança – a riqueza lúdica e criadora proporcionada pelo seu multifacetário estoque de movimentos–; a valorização de modelos de construção e integração social advindos do mundo-frevo etc. Tudo isso ajudaria ao Brasil entender-se melhor consigo mesmo e com o mundo em que vivemos.

O frevo é uma das representações simbólicas mais bem-acabadas e representativas que o povo brasileiro construiu. Assim como o samba, o choro, o baião, uma entidade transregional cuja imaterialidade poderemos transmudar em matéria viva operante se tivermos a suficiente compreensão do seu significado e alcance sociocultural.

Fonte: Antonio Nobrega é multi-instrumentista, dançarino e cofundador do Instituto Brincante de cultura e dança popular.
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