Azulão e Alceu Valença abrem o São João de Caruaru no Parque de Eventos Luiz Lua Gonzaga

O dia de começar o arrasta-pé chegou. A partir deste sábado (31), o Parque de Evento Luiz “Lua” Gonzaga, em Caruaru, no Agreste de Pernambuco, será tomando por turistas de todas as partes do país dispostos a dançar forró e se divertir no Maior São João do Mundo. Na noite de abertura da festa, sobem ao palco principal o caruaruense Azulão, o pernambucano Alceu Valença, além do cantor Dorgival Dantas e a banda Brucelose.
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Eliane Brum: O Adeus de Ana das Carrancas a Zé Vicente (2008)

Fonte: Jornal Zero Hora- Eliane Brum, com fotos de Denise Adams-2008)

Denise Adams
Denise Adams
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Ana Leopoldina Santos Lima era o nome dela. Isso muito antes de o barro moldar seu destino lhe dando por amor um homem que não tinha olhos para enxergá-la. Os monstros gerados pelas mãos de Ana eram cegos como o companheiro de sua vida. Com um golpe rápido, certeiro, ela vazava os olhos de suas criaturas com a ponta de um pedaço de pau. Com Ana era assim, a desgraça virava épico. Ao morrer, na quarta-feira passada (1º/10), aos 85 anos, a maior carranqueira do São Francisco voltou ao barro que a fez. E deixou Zé dos Barros, pela primeira vez, na escuridão.
Ela era uma mulher de solenidades. Não falava, entoava. “Minha vida é extensa...”, era a frase com que iniciava a narrativa. Analfabeta, fazia literatura pela boca. E mesmo limitada por uma seqüência de derrames, parte dos dedos com que tocava a lama do mundo paralisados, Ana era grande. Carregava nos gestos uma largura de alma. E o rio era seu espelho em mais de um sentido. A mulher que moldava o barro do chão só pisava o reflexo do céu. 

Ana das Carrancas costumava dizer que sua arte era a síntese de seu amor por um cego que via o mundo mas não era visto por ele. Entre ela e Zé dos Barros nunca se soube quem era criador, quem era criatura. Ela já veio ao mundo retirante, na cidade pernambucana de Ouricuri. Mas diferente de quase todos, nunca lamentou a terra estéril sob seus pés. A estirpe de mulheres da qual era continuidade moldava pratos, panelas, vasos. Ana aprendeu com a mãe, e antes dela a avó, que do barro se arranca tudo, até a vida.
Uns poucos anos depois dela, José Vicente de Barros nasceu em Jenipapo, outro canto sertanejo. Desembarcou na vida sem olhos, por culpa do amor incestuoso entre primo-irmãos. Desde cedo a ele ensinaram que “quando Deus faz uma criança sem vista é porque quer que ela sobreviva como pedinte”. Para se localizar na escuridão, desde menino ele balançava a cabeça. E nesse de lá pra cá, de cá pra lá, encontrava equilíbrio mesmo nas trevas.
Ana e Zé só cruzaram seus pés descalços quase trinta anos mais tarde. Ana tornara-se viúva desde que seu marido despencara de um pau-de-arara. Conheceu Zé pedindo esmolas na feira de Picos. Ele balançava guizos, cantava cantigas. Mas era um cego desaforado por anos ouvindo os meninos mangando dele, pegando nele. Ana, não. Era resignada, como costumam ser as mulheres com fome e filhos para dar de comer. Ana dava comida a Zé sem que ele precisasse implorar.
Como Zé acreditava que homem sem olhos não tinha direito à mulher, Ana precisou criar ela mesma o enredo de seu romance. Era uma Sexta-Feira da Paixão, tempo prenhe de possibilidades, já que até Cristo ressuscitaria em seguida. Ana aproveitou-se da data e aconselhou a Zé: “Peça uma esposa no modelo de Nossa Senhora. Uma que seja mãe e mulher”. Zé não entendeu bem, mas não quis discutir com amiga tão prestativa. Por três vezes clamou, como manda a tradição: “Minha virgem Nossa Senhora, vosso bento filho ressuscitou agora. Eu quero que me dê uma esposa no vosso modelo. Mãe e mulher”. 

Nem assim Zé compreendeu. Oito dias depois pediu a irmã de Ana em casamento. Mesmo sendo “moça-velha”, a escolhida renegou. “Se eu quisesse casar, teria casado com um de vista. Não quero saber de homem que balança a cabeça”, recusou a eleita. Ferida de morte, Ana sentenciou: “Não se orgulhe, minha irmã, que cego não é demônio. Cego é humano como qualquer cristão”. Desta vez, Zé despertou. Pediu a moça certa em matrimônio. E passaram a dividir teto e misérias: Ana na feira, Zé nos guizos.
Um dia a vizinha abordou Ana na rua. “Desenteirei açúcar do meu filho para dar esmola a Zé”, queixou-se. O rosto de Ana queimou de vergonha. Tirou uma nota do bolso e retrucou: “Enteire de novo o açúcar do seu filho. Por Zé ele não vai passar fome”. Naquela noite não dormiu. Sua tristeza não coube na rede que dividia com Zé. Quando acordou, chamou o marido e anunciou: “Meu velho, nunca lhe fiz um pedido. Mas hoje lhe peço. De agora em diante, você não vai mais pedir esmola". Assustado, Zé rebateu: “Deus me fez sem vista para que eu pedisse esmola”. Ana fincou pé: “De hoje em diante sua vista é a minha. Você pisa o barro, eu faço a peça. Nós vamos levar para a feira, nós vamos ser felizes”.
Ana pegou a enxada e caminhou até as margens do São Francisco, em Petrolina. Diante da fartura de líquidos, invocou o espírito do rio: “Meu grande Nosso Senhor São Francisco. Pelo poder que ostenta, pelas águas que estão correndo, do próprio barro melhore a nossa vida”. Ao terminar, juntou um bolo de lama e fez, sem que até hoje saiba como, a primeira carranca. Começou levando na feira, suportando calada riso e maldades. “É tão feia quanto a dona”, cutucavam. No dia seguinte, em vez de uma, Ana levava duas. Até que caiu nas graças dos turistas e dos ricos da cidade e, de lá, suas obras ganharam o mundo. Ela então deixou de ser Ana do Cego e virou Ana das Carrancas. E ele virou Zé dos Barros.
Denise Adams
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As carrancas de Ana são diferentes de todas as outras que, desde o final do século XIX, apontaram a face horrenda na proa das barcas do São Francisco. A maioria dos carranqueiros célebres esculpe em madeira, Ana, em barro. Mas a maior singularidade são mesmo os olhos vazados do seu monstro. São eles que dão a expressão melancólica, contendo mais sofrimento do que ameaça, à obra de Ana. É do feminino que Ana tira sua carranca dilacerada diante da dor do mundo.
“Os olhos vazados da carranca são uma homenagem a ele. O Zé pisa o barro, prepara o bolo, faz a forma no pensamento. Eu moldo. Furo o nariz, as orelhas. Então, toco um pedaço de pau bem feitinho no olho”, me contou ela, anos atrás. “Não me sinto bem furando os olhos. Furo com pena, com dor. É como estar judiando dele. Porque todas são ele. Então, digo: '‘Olha, meu velho, homenagem a Zé Vicente de Barros'. Fico aliviada, porque lembro que faço por amor a ele." Sacudindo a cabeça para lá e para cá, Zé dos Barros concluía: “Eu era um bicho. Virei gente. Esta mulher me fez”.
Os traços deformados das carrancas de Ana expressam, pelo avesso, a perfeição de seu amor. É este sentimento avassalador que tomava conta de Ana, anos atrás, quando ela começou a pressentir que o fio de sua vida atingia seu cumprimento. “O barro é como gente. Tem o barro ruim e o barro bom. E até o barro regular. Conhecendo o barro se conhece o mundo”, sussurrava ela. “O barro é o começo e o fim de tudo. Sem ele não sou ninguém. Foi ele que me deu o direito. Não me separo dele pra coisa nenhuma, porque eu amo aquilo que ama a mim. O barro é um caco de mim.”
As lágrimas abriam então sulcos em sua face. Por um momento, ela assemelhava-se à sua criação. Movia o rosto em direção a Zé, que não a via com os olhos, mas era o único a abarcá-la por completo. Ana então dizia: “Não estou pedindo a morte. Mas quando eu me for, qualquer pedacinho de orelha, nariz ou olho é lembrança dele. E de mim”. 
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Morre em Petrolina José Vicente, viúvo da artesã Ana das Carrancas

 Nesta sexta-feira (30) morreu aos 82 anos, em Petrolina, no Sertão pernambucano, José Vicente de Barros. Ele era viúvo da artesã Ana Leopoldina Santos, a Ana das Carrancas, conhecida nacionalmente pelo seu artesanato mais famoso, a carranca de barro, com olhos vazados.

José Vicente sofreu um infarto fulminante e veio à óbito nesta manhã na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em Petrolina. O velório será realizado no Centro Cultural Ana das Carrancas, situado na BR 407, nº 500, Cohab Massangano.

Na obra de Ana das Carrancas, a influência do marido é marcante. Já que as carrancas produzidas por ela possuem os olhos vazados. Ana atribuía o feito, a uma homenagem ao marido, que era cego.

Ana das Carrancas faleceu em 1º de outubro de 2008, vítima de acidente vascular cerebral (AVC) em Petrolina. A artesã deixou duas filhas, Ângela dos Santos e Maria da Cruz, frutos do primeiro casamento.


"A morte de Zé Vicente  causa um impacto negativo na cultura, porque ele faz parte da história do artesanato de Petrolina. Zé Vicente deixa uma grande lacuna, porque ele tinha muita cultura, enxergava pelo coração. Zé gostava de contar muitas anedotas e histórias, tinha um humor fantástico, uma alegria arretada", contou o jornalista Emanuel Andrade. O biógrafo ainda comentou que Zé Vicente era colecionador da obra de Luiz Gonzaga.

Emanue Andrade pretende lançar em 2015 a segunda edição de sua biografia sobre Ana das Carrancas. No novo livro, ele acrescentaria os novos relatos sobre a morte de Ana, o trabalho das filhas dela e, agora, o falecimento de Zé Vicente.
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Aracaju promove XIII Fórum do Forró 2014 homenageando o Fole de Oito Baixos e Antonio Barros e Ceceu

Dentro da programação oficial do Forró Caju 2014, a Prefeitura de Aracaju e a Secretaria Especial de Cultura (SEC/Funcaju) promovem o XIII Fórum de Forró.  O evento marca a abertura do ciclo junino da capital.
Este ano, o Fórum homenageia os forrozeiros sergipanos Rogério e Edgard do Acordeon, além dos pernambucanos Zé Calixto e a dupla Antonio Barros e Céceu.   O evento acontece nos dias 04, 05 e 06 de junho, no Teatro Atheneu, localizado na Rua Vila Cristina, 700, Bairro São José.
Criado em 2001, o Fórum do Forró tem o intuito de valorizar a história e a cultura do Forró, assim como incentivar estudos, pesquisa e debates sobre o tema. A programação desta edição inclui palestras, mesas redondas, momentos musicais, mostras e lançamento de livros.
PROGRAMAÇÃO
4 de junho, quarta‐feira, às 19h Abertura Oficial Prefeito Dr. João Aves Filho. Manoel Luís Fraga Viana ‐ Secretário Especial da Cultura e Presidente da Funcaju
Fala Inspiradora Profª. Aglaé D' Àvila FontesVice‐presidente da FUNCAJU

20h - Palestra de Abertura T ema: "Forró Temperado". Palestrante: Bráulio Tavares (PB)
Coordenador da mesa: Paulo Correia (Se)
Momento Musical: Antonio Barros e Céceu (PB), Mayra Barros (PB), Genaro (PE)

5 de junho, quinta‐feira, às 19h
Mesa redonda
T ema: Dois Tempos de História: Edgar do Acordeon e Rogério
Palestrantes: Prof° Paulino da Silva (UFS) e  Antonia Amorosa (Funcaju)
Coordenador de mesa: Profª Janaina Couvo

Momento Musical: Edgar do Acordeon (SE), Antonia Amorosa (SE)
Clipes de Rogério (SE)

6 de junho, sexta‐feira, às 19h
Mesa redonda
Tema: Com respeito aos oito baixos
Palestrante: Léo Rugero
Interseção: Zé Calixto
Luizinho Calixto
Coordenador de mesa: Prof. José Augusto de Almeida (UFS)
Momento musical: alunos da oficina de Oito Baixos, Zé Calixto, Luizinho Calixto e Robertinho dos Oito Baixos
22h - Encerramento
Ações complementares:
Mostra: A Música Nordestina
Lançamentos de livros
  • com respeito aos oito baixos de Leonardo Rugero
  • Apresentação de vídeos
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Lucy Alves e Flávio Leandro dia 23 de junho nos Festejos do São João em Petrolina

Flávio Leandro e Lucy Alves foram confirmados pela Prefeitura de Petrolina para apresentação no dia 23 de junho no São João de Petrolina.

Lucy Alves participou recentemente do I Festival Viva Dominguinhos em Garanhuns.

 "Dominguinhos era o mais virtuose, porque não fazia música para músico. Conseguia tocar de forma genial e conseguia ser simples e popular, porque também era verdadeiro. Nunca abandonou as raízes, sempre cantou e tocou música nordestina e nem por isso deixou de viajar o mundo afora”, falou Lucy Alves sobre a capacidade musical de Dominguinhos, no festival que o homenageou em Garanhuns, no Agreste pernambucano.

A cantora – conhecida do grande público por participar do The Voice Brasil, da Rede Globo – afirmou ser mais uma discípula do mestre sanfoneiro. “Eu também vou nessa onda da música nordestina, da música verdadeira, porque quem canta sua tribo é universal”.

Foto: Ascom Garanhuns/Festival Dominguinhos
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Morre em Exu, Priscila Vicente, amiga de infância de Luiz Gonzaga, Rei do Baião

Amiga de infância de Luiz Gonzaga, Priscila Vicente dos Santos, faleceu hoje em Exu (PE). Companheira de brincadeira de Gonzaga e seus irmãos, Priscila foi criada na casa de Januário e Santana. Quando o já famoso Luiz Gonzaga levou toda família para o Rio de Janeiro, Priscila trocou o Araripe pela então Capital da República, onde viveu durante 38 anos. Morou na casa de Gonzagão, e ali conheceu  lendas da música e da cultura brasileira.

“Humberto Teixeira era uma pessoa boa, mas Zé Dantas era gente da gente”, comentou, em entrevista, sobre os dois mais importantes parceiros do Rei do Baião. De frases curtas e certeiras, assim definia Gonzaguinha: “Menino bom. Discutia muito com Luiz Gonzaga, pois este queria que ele fosse doutor formado na faculdade".  Dos artistas que frequentavam a casa de Luiz Gonzaga confessava predileção pelo ator Paulo Gracindo, e pelo cantor Blecaute, de quem conservava uma esmaecida foto em preto & branco.

De ótima memória, Priscila Vicente  lembrava fatos acontecidos nos anos 20, e as letras originais de canções que Luiz Gonzaga estilizou com Humberto Teixeira, entre outras, Asa Branca, e Juazeiro (que conhecia como Quixabeira). Do amigo, por quem rezava todos os dias, guardava apenas um broche que ele lhe deu presente. Da obra de Lua, a música que mais lhe tocava era No meu pé de serra.

 A Secretaria de Cultura e a Fundarpe lamentaram o falecimento através de uma nota de pesar. Priscila foi velada em sua casa. Nesta quarta-feira 28, às 8h, na Igreja Matriz de Exu, será celebrada missa para Priscila. O corpo segue em cortejo para a Fazenda do Araripe, onde será enterrado.

Fonte: Rádio Jornal Recife/Radio Acaua FM Exu PE
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Programa Nas Asas da Branca. Sábado 7hs Rádio Cidade Am 870 via internet www.radiocidadeam870.com.br

Troféu Gonzagão 2014-Campina Grande, Paraíba.
1- Cantor, compositor Chico Cesar-atual Secretário de Cultura Paraíba. 2- Parafuso, zabumbeiro dos Três do Nordeste. 3- Sanfoneiro Pinto do Acordeon. 4- Empresário Romulo Nobrega biografo de Rosil Cavalcanti e Onildo Almeida.
5- Elino Julião Júnior
 6-Jornalista Xico Nobrega
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Documentário sobre o cantor e sanfoneiro Dominguinhos chega nas principais salas de cinemas do Brasil


Seu Domingos é grande demais para um filme. Até que ele partisse, em 2013, aos 72 anos, havia dado dois passos à frente no xaxado de Luiz Gonzaga. Se o Rei do Baião levou o sertão nas costas para que um País inteiro conhecesse, Dominguinhos fez com que cada homem, nascido no canto que fosse, encontrasse o sertão que havia no próprio peito. Antes de começar a luta contra o câncer que o submeteria a uma injustiça do destino vivida em um quarto do Hospital Sírio Libanês, convalescendo na dor física e da alma que sofria sob desavenças de familiares, Domingos recebeu uma equipe de jovens cineastas. Estavam ali para colocar a água do Rio São Francisco em uma garrafa. Ou, se fosse preciso, em duas.
Mariana Aydar, Duani e Eduardo Nazarian, associados à produtora bigBonsai, começaram levando Domingos ao estúdio, marcando encontros com gente grande. Fizeram isso com Gil, Djavan, Hermeto Pascoal, João Donato, Lenine, Hamilton de Holanda, Elba Ramalho e Orquestra Jazz Sinfônica. O universo se expandia.

Ao lado de Hermeto, Domingos sorriu. Estavam em uma tarde de muita inspiração, tocando um alucinante Tico Tico no Fubá, quando o albino soltou seu instrumento no chão do estúdio. Com uma voz embargada de felicidade, Hermeto falou: "Eu soltei a escaleta porque a bichinha tava querendo dançar". Havia dito antes algo sobre ensaiar. "Se combinar, fica igual futebol. A seleção combina e não joga nada." E mais alguma coisa de Dominguinhos: "Ele consegue viver neste mundo dizendo sim."

Ao lado de Djavan, Domingos chorou. Estava visivelmente abatido pela doença, mais magro do que em outras cenas, e parecia sentir as próprias notas em dobro. Ali, foi dureza. Havia as vozes de Djavan e de Mayra Andrade na belíssima toada Retrato da Vida, mais o violão de Yamandú Costa e o bandolim de Hamilton de Holanda. Seu Domingos tirou a água dos olhos e pediu a Djavan um favor com uma humildade de estraçalhar os técnicos do estúdio. "Se você tivesse trazido seu violão, eu ia pedir pra tocar uma música pra mim." Djavan não tinha violão, mas Yamandú deu um jeito. E a música foi Rota do Indivíduo, só com voz e cordas de nylon, ouvida em um silêncio de oração.

O São Francisco transbordou e os produtores, amparados pelo patrocínio da empresa Natura, perceberam que Dominguinhos precisava de mais. O que seria um filme ganhou formato de websérie e o nome de Domingos +. Dividida em oito capítulos, foi abrigada no site da patrocinadora e uma nova aventura começou. Agora com imagens de arquivo, incluindo apresentações em programas de TV e em shows pouco conhecidos, um longa começou a tentar dar conta do recado. A partir de hoje, algumas salas de cinema de São Paulo exibem um documento histórico.

 Não há som nenhum no sertão de Dominguinhos. Um pião gira no chão de terra até que aparecem os primeiros ruídos. Um boiadeiro canta, uma ave bate as asas. O pião retorna. É uma imensidão de sol e silêncio que abrem o documentário sobre Dominguinhos. Uma solidão que ficou com ele até o final da vida, estivesse na festa dos vitoriosos que levam prêmios Grammy para casa e na colheita do feijão com o pai, nas terras de Garanhuns.

Quando a música aparece, ela vem em turbilhão. Um Dominguinhos de cabeça baixa, de pé, à frente de um grupo, tocando sua sanfona como se estivesse em transe. De olhos fechados, transpassa dedos uns sobre os outros como se tivessem vida própria, como se nem dos comandos do cérebro precisassem.

É o próprio músico quem narra sua história. Seu Domingos fala do pai que já tocava na roça, lembra de sua sanfoninha de 8 baixos e do primeiro grupo que formou com dois irmãos no Nordeste, quando tinha 8 anos. Conta das brincadeiras e dos passatempos. "Eu não matava nem passarinho, por pena." A mãe, alagoana filha de índios como o pai, teve 16 filhos, muitos dos quais "iam morrendo" e sendo enterrados em caixõezinhos que o pai já construía como um especialista.
Seu Luiz, Luiz Gonzaga, já era rei quando viu o menino pelos anos de 1946, 1947. Como fazia quando apostava em um pirralho com jeito de gente, deu a ele 300 mil réis e sua bênção. "Passamos três ou quatro meses com esse dinheiro", lembra Domingos. Logo, é Domingos, pouco tempo depois de aposentar o apelido Nenê, quem está acompanhando o próprio Gonzaga. "O caminho de todo sanfoneiro era Luiz Gonzaga, não tinha outro." Dominguinhos o segue no sucesso, e aparece em programas de TV desafiando o mestre nas mãos e nos pés, com um duelo de xaxado.

O sanfoneiro chega ao Rio de Janeiro de Garanhuns depois de uma saga de 11 dias na carroça de um caminhão. Já estava a mil com a primeira formação do Trio Nordestino quando recebeu um telegrama da morena Janete. "Venha pra casar, eu tô grávida." Aos 17 anos, Domingos virava pai de família. E seu padrinho tinha que ser Luiz Gonzaga.

Seu Luiz recebeu o sanfoneiro em casa sem saber do assunto. "Eu queria que o senhor fosse meu padrinho de casamento." Só quem viu Gonzaga fora do eixo pode descrever o que era aquilo. O homem bravo era o cão, virava o desafeto do avesso e botava até Lampião pra correr. Foi o que aconteceu com Dominguinhos. "Se mande, vá-se embora, cabra safado. Com 17 anos vai casar? Você não existe mais pra mim." Depois de cinco dias, o telefone de Domingos tocou. Era o futuro compadre. "Eu quero ser o seu padrinho."

A história segue na voz do sanfoneiro e nas imagens de encontros em estúdios, alguns dos quais aproveitados de registros para a da websérie feita antes do documentário. Nana Caymmi não consegue cantar afinada Contrato de Separação. Em frente a um Dominguinhos debilitado, ela chora sem se conter, mas segue em frente. 

A sessão de pré-estreia FOI vista por Guadalupe e por Liv, ex-mulher e filha de Domingos. Suas presenças deixavam mais curiosa as cenas em que o sanfoneiro falava de seus casamentos. Sobre Anastácia, segunda mulher do músico depois de Janete, ele diz: "É minha maior parceira, fizemos juntos umas 210 músicas fora outras que ela queimou." É verdade. Depois que Domingos se foi com a bela Guadalupe, Anastácia fez uma fogueira para queimar todas as fitas nas quais havia gravado as criações do músico para suas letras. "O negócio da gente era mais música mesmo", diz Domingos.

Domingos, estudado em escolas de jazz, esmiuçado por músicos eruditos, jamais estudou partitura. Tentou fazer isso, mas abandonou as aulas "porque os livros não tinha figurinhas." Já consagrado, fora da sombra do Rei do Baião, foi com Gal Costa fazer shows pelo país por dois anos, acompanhado por Toninho Horta na guitarra e Robertinho Silva na bateria. "Eu já estava me sentindo um sanfoneiro pop, já estava com o cabelão black." Quando chegou 1978, veio morar em São Paulo e sentiu aflorar a solidão do sertão que havia em seu peito. Dominguinhos era um solitário, como ele mesmo diz.

 Seus olhos se enchiam de água depressa, sobretudo depois que ele começou seu tratamento contra o câncer. Em uma noite, deixou o quarto do hospital com seu chapéu de vaqueiro, apertou o botão do elevador e fez o nome do pai. Chegou ao teatro no qual a Orquestra Jazz Sinfônica o esperava e sentou-se para tocar De Volta pro Aconchego. Quando sentiu os arranjos sinfônicos atravessando seu peito, não se conteve e chorou uma lágrima graúda, como se soubesse que, ali, era a hora de se despedir. 

Fonte: Jornal O Estadão/Julio Maria

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Paraíba: Campina Grande homenageia Dominguinhos no Troféu Gonzagão

Centenas de  músicos prestaram uma homenagem ao cantor e sanfoneiro pernambucano Dominguinhos durante a 6ª edição do Troféu Gonzagão, realizado na sede da Federação Federação das Indústrias do Estado da Paraíba (Fiep), em Campina Grande. O prêmio é considerado o “Oscar” da música e tem o objetivo de valorizar os artistas que mantem viva a música regional.


Segundo a organizadora do evento, Rilávia Cardoso, a contribuição de Dominguinhos para música ultrapassa o forró. “Ele era a expressão máxima da música brasileira e não entrou apenas no forró, mas passou por vários estilos. Aqui ele é coroado não só pela habilidade como músico, mas também pela humildade que ele tinha”, comentou. Participaram do evento cerca de 150 artistas.


Fotos: Elba Ramalho, Flávio Baião, Flávio Leandro, Onildo Almeida, Onaldo Queiroga,  Mauro Moraes(filho de Dominguinhos). Flávio Baião e Adilson Medeiros.
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Aderaldo Luciano: minhas lembranças de uma Banda de Pífanos

Minhas mais remotas lembranças de uma banda de pífanos levam-me às margens do Rio São Francisco, em Propriá, no Sergipe. Ali onde o calor entra pela boca do rio e desce sobre os viventes, devagar e sempre. 

O São Francisco foi o primeiro rio que vi de verdade. Nessa primeira vez, passei sobre ele por volta das 4 da manhã. Viajava num velho ônibus da São Geraldo que vinha de Natal, no Rio Grande do Norte, passava em Campina Grande, descia por Caruaru, se mandava para dentro das Alagoas, parava em São Miguel dos Campos e caminhava para Aracaju. Antes de Aracaju, deixou-me na entrada de Propriá. Não havia ninguém me esperando. Com minha mochila, caminhei a pé por mais ou menos dois quilômetros até à Rua Japaratuba, à procura da Fraternidade Marista. Em lá chegando, sentei praça sob o comando do Irmão Salatiel.

Pois bem, desse tempo passado no Sergipe conheci todo o sertão e as cidades para baixo de Propriá. Lembro bem de Brejo Grande, onde me batizei nas curvas do rio, e de Neópolis, onde atravessei para Penedo, numa balsa barulhenta com medo de ser arrastado pelas águas.

 Nessas minhas viagens, tinha eu 17 anos, escutei uma banda de pífano, banda cabaçal, zabumba, como queiram. A Briga do Cachorro Com a Onça e O Besouro Mangagá foram minha primeira aula. E ainda não ouvira falar da Banda de Pífanos de Caruaru. Aquilo arrebatou-me de tal forma que fiquei como metido em um transe. O casamento dos pífanos, um na melodia, outro numa espécie de contracanto, a zabumba marcando num compasso diferente de tudo que eu ouvira, uma caixa malassombrada marcando um xaxeado e um par de pratos como um enxame de chuveirinhos juninos.

Nunca mais parei de ouvir. Depois encontrei com João do Pife, em Caruaru e, com seus discos debaixo do braço, fui fazer uma comparação com Zé da Flauta, nos discos de Alceu Valença. Olhem bem, desculpem-me vocês aí da Bossa Nova, mas o pife é nosso. O pife é o sopro da vida, é o bicho escondido rosnando enfezado.

 Tenho certeza, e vou colocar isso em um poema, viu Beto Brito, tenho certeza que Deus era um tocador de pife e foi soprando nele, num pife feito de taboca, que deu vida ao Homem com seu sopro fiel. Foi mesmo. E vou mais além em meu sonho de jeca: a trilha sonora do Universo, viu Stephen Hawking, é da Banda de Pífanos de Caruaru: é a Briga do Cachorro Com A Onça! Escutem no link pra ver se não é!

Fonte: Texto professor doutor em Ciencia da Literatura Aderaldo Luciano-facebook
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Palestras e exposições marcam encontro dos Pontos de Cultura em Natal

O 5º Encontro Nacional dos Pontos de Cultura – TEIA Nacional da Diversidade 2014 – começou em Natal, no Rio Grande do Norte, e segue até sábado (24) . Uma área de 7 mil metros quadrados, montada com tendas e pavilhões, abrigam as atividades do evento. 
Na TEIA da Diversidade, a cultura brasileira se manifesta em mostras artísticas – shows, espetáculos de todo tipo, performances – e nos diálogos proporcionados  por seminários, palestras, minicursos, fóruns, exposições, debates, rodas de conversa, intercâmbios e intervenções urbanas.
A expectativa dos organizadores é a participação de um público em torno de sete mil pessoas, entre realizadores do evento, artistas que participarão das apresentações culturais, representantes de Pontos de Cultura de todo o País, gestores do Programa Cultura Viva e visitantes da comunidade local.
As inscrições para a TEIA, pela internet, já foram encerradas. Os que ainda desejarem comparecer devem se inscrever no local. Cerca de mil pessoas confirmaram presença, além dos 3 mil integrantes do Programa Cultura Viva que vão ao encontro participar do V Fórum Nacional dos Pontos de Cultura, instância de articulação política do programa.
Uma ampla agenda de reuniões, palestras, oficinas, Feira da Economia Solidária e Participativa, Mostra Artística dos Pontos de Cultura, rodas de conversa, fórum, seminários e conferências compõem a programação que estará distribuída por sete espaços culturais na cidade de Natal (UFRN, IFRN, SESC, Palco da Ribeira, Casa da Ribeira, Espaço Cultural Rui Pereira), além das salas de aula e auditórios nestas instituições.
Editais
Importantes políticas públicas serão anunciadas nos seis dias do encontro (19 a 24 de maio), como a 2ª edição do Edital Pontos de Cultura Indígena; 2ª edição do Edital Cultura Hip Hop; Edital Pontões de Cultura da Rede Juventude Rural; 3ª edição do Prêmio Culturas Ciganas; 1ª edição do Prêmio Culturas Afro-brasileiras.
O encontro vai contar com a presença da ministra da Cultura Marta Suplicy, na quinta-feira (22), para abrir oficialmente o evento.  
Fonte: Ministério da Cultura
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Targino Gondim, Flavio Baião, Elba Ramalho, Quinteto Violado participam Troféu Gonzagão 2014

Nesta quarta-feira será o dia de relembrar Dominguinhos (1941-2013), o legítimo herdeiro da sanfona e gibão do ‘Rei do Baião’. O artista será o grande homenageado da 6ª edição do Troféu Gonzagão, que acontecerá a partir das 20h, no Centro de Convenções Francisco de Assis Benevides Gadelha da Fiep, em Campina Grande.

Marcam presença no evento nomes que fizeram parte da trajetória do pernambucano, a exemplo da sua filha, Liv Moraes, a madrinha da premiação Elba Ramalho (que cantará junto com Del Feliz uma música em homenagem aos 150 anos de Campina Grande), Nando Cordel, Anastácia, Alcione, Flávio José, Zé Calixto, Ton Oliveira, Quinteto Violado, Onildo Almeida, João Gonçalves, Amazan, Alcymar Monteiro, Pinto do Acordeon, Genival Lacerda, Elino Julião Júnior, Os Nonatos e o Trio Nordestino, dentre outros.

Criado pelos ativistas culturais Ajalmar Maia e Rilávia Cardoso, a edição do troféu já estava destinada a Dominguinhos muito antes de sua morte, em julho do ano passado. Segundo Rilávia, eles viajaram para São Paulo para comunicar ao amigo de longa data que ele seria o primeiro homenageado em vida. “Ele chorou muito”, conta. “Não sabíamos que era uma despedida. Queríamos fazer com ele vivo, mas os planos de Deus eram outros”, desabafa Rilávia, bastante emocionada.

Grandes parceiros de fole também serão homenageados: Oswaldinho, Chambinho, Targino Gondim, Adelson Viana, Dorgival Dantas, Waldonys, Marcos Farias, Luizinho Calixto, Gennaro, Cezzinha, Marquinhos Café, Beto Hortis, Terezinha do Acordeon, Lucy Alves e Sirano, dentre outros.
“Sinto-me bastante à vontade com a obra de Dominguinhos. Ele era um grande amigo”, comenta o diretor musical do evento, Adelson Viana.

Além das apresentações musicais, haverá também uma prévia de seis minutos do documentário Dominguinhos, longa dirigido por Joaquim Castro, Eduardo Nazarian e Mariana Aydar que estreia no circuito nacional nesta quinta-feira.

A cerimônia do Troféu Gonzagão será prestigiada por nomes como Mauro Morais, filho de Dominguinhos, o cineasta Sergio Roizenblit (de O Milagre de Santa Luzia), a dupla sertaneja Edson & Hudson, e o jornalista e escritor paraibano José Nêummane Pinto, que também ganhará uma homenagem.

Para a cantora e compositora Anastácia, a reverência a Dominguinhos também é uma extensão ao seu trabalho.
“Foram 280 músicas gravadas em estúdio com ele”, conta a artista pernambucana. “Fora uma coisinha ou outra que ainda estão no baú”.

De acordo com Anastácia, a parceria na composição começou com uma turnê em 1967, onde ela, Dominguinhos e Luiz Gonzaga eram protagonistas. “Interessada no cidadão”, ela compôs duas declarações para ele: ‘Mundo de amor’ e ‘De amor eu morrerei’.
A parceria ganhou reconhecimento nacional em 1973, quando Gilberto Gil (que não comparecerá em virtude de um show no Recife) gravou o clássico ‘Eu só quero um xodó’.

O romance e as composições duraram até 1978. Mesmo com o final da parceria, Anastácia lançará este ano um novo disco com três inéditas da dupla. Na cerimônia ela cantará junto com Elba ‘Dominguinhos, os dez dedos de ouro’, sua homenagem a um dos grandes nomes da música brasileira.

Fonte Jornal da Paraiba
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Higino Canuto Neto: Livro Minha História de Oséas Lopes, Trio Mossoró a Carlos André

Foto: Os irmãos João Mossoró, Hermelinda e Carlos Andre(Oséas Lopes)

Foi lançado o livro Minha História, de Oséas Lopes, Trio Mossoró a Carlos André, autoria do produtor e cantor Carlos André, Almir Nogueira e Lúcia Rocha. Você confere aqui  um artigo publicado no livro, autoria  do paraibano Higino Canuto Neto, pesquisador da Música Brasileira que mora atualmente Juazeiro, Bahia

 “João Batista Almeida Lopes, conhecido artisticamente por João Mossoró, começou a carreira musical em 1956, quando participou com seus irmãos Oséas Lopes e Hermelinda, do lendário Trio Mossoró, uma homenagem à cidade natal, no Estado do Rio Grande do Norte.

Com a formação do Trio Mossoró, com Oséas na sanfona, Hermelinda no triângulo e João Mossoró no zabumba, o grupo seguiu a mesma estética introduzida por Luiz Gonzaga, caracterizada pela forte representação nordestina, nas vestimentas com o gibão e o chapéu de couro e nas músicas a cadência rítmica alegre e festeira do xote, do xaxado e do baião. 


Apadrinhado por personalidades como José Messias, que atualmente é jurado do programa do Raul Gil e o poeta cantador Luiz Vieira, o Trio teve o privilégio de contar com a parceria de grandes compositores como Antonio Barros, Cecéu, Anastácia, Dominguinhos e o maranhense João do Vale.

Em 1965, conquistaram o troféu Euterpe, o prêmio de maior importância da Música Popular Brasileira, na época. A cerimônia de premiação aconteceu no Palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, tendo como sucesso premiado a música “Carcará”, composta por João do Vale e José Cândido. No mesmo ano, Maria Bethânia também gravou a canção que se tornou sucesso nacional e símbolo da resistência do povo nordestino ante as agruras da seca e o sistema repressor ditatorial que governava o Brasil na época.

Durante o tempo em que tocava nos programas na Rádio Mayrink Veiga, João Mossoró conheceu e trabalhou com Luiz Gonzaga, tocando zabumba. Pelo Rei do Baião foi apelidado de Cibito, numa referência às suas pernas, cuja alcunha providenciou gravar em seu instrumento a frase “Cibito – O rei do zabumba”.


O Trio Mossoró se desfez em 1972 com 12 LP´s gravados, verdadeiras referências do cancioneiro nordestino em todo o Brasil. Em carreira solo, João Mossoró se manteve fiel às suas raízes, divulgando a sua arte como um menestrel dos cantares e saberes do povo nordestino.

Em 2004 o artista concretiza o seu desejo de prestar uma homenagem ao seu ídolo maior – Luiz Gonzaga, gravando o CD ‘O Mito e a Arte de Luiz Gonzaga’, com reconhecimento pelo critico e historiador musical Ricardo Cravo Albin, que dedicou todo um programa transmitido pela Rádio MEC à divulgação do trabalho. O Sucesso do disco rendeu um novo álbum: ‘O Mito e a Arte de Luiz Gonzaga’ – volume 2, complementando o ciclo de homenagens, prefaciado pelo Cravo Albin que escreveu: ‘bela voz, lindo repertório, tudo isso faz deste disco uma alegria em ligar o aparelho de som, no mais das vezes, emudecido por lançamentos bisonhos, quase insuportáveis’.

Em seu mais recente CD ‘Conexão Nordeste – O Arauto das Raízes Nordestinas’, João Mossoró interpreta canções de outros artistas também consagrados (Belchior, Chico Salles, Gonzaguinha, Nando Cordel, Dominguinhos, dentre outros), como num reconhecimento pela cumplicidade em produzir música de qualidade inspirado pela essência que brota do interior profundo do nordeste brasileiro.

Juntamente com seus irmãos Oséas e Hermelinda, João Mossoró insere o estado do Rio Grande do Norte na geografia musical brasileira, com a mesma grandiosidade com que Jackson do Pandeiro introduziu a Paraíba, com a mesma intensidade com que João do Vale revelou o Maranhão e o mesmo ideal e devoção com que Luiz Gonzaga apresentava ao Brasil o seu estado Pernambuco, carregando todo o sentimento nordestino em sua genialidade musical.

João Mossoró é um arauto, um menestrel, um dos últimos ícones do forró em plena atividade, contemporâneo de outros forrozeiros históricos que o Brasil precisa reconhecer e aplaudir em sua grandiosidade.”

Fonte: Texto de  Higino Canuto Neto-Juazeiro da Bahia- www.forrovinil.com.br
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Troféu Gonzagão 2014 homenageará Dominguinhos





Na quarta-feira 21,  a partir das 21h, a Federação das Indústrias do Estado da Paraíba – FIEP será palco de um dos maiores eventos da Música Brasileira.
 O Troféu Gonzagão chega a sua 6ª Edição, considerado o Oscar da Música Nordestina, por reunir em uma única noite, os seus principais representantes.

Este ano o Troféu Gonzagão vai homenagear o cantor e sanfoneiro Dominguinhos, falecido em julho de 2013.
Com o apoio cultural do SESI Departamento Nacional através do Projeto SESI Cultura Tradição da Paraíba, Fiep, o Troféu Gonzagão é um reconhecimento público à  trajetória de artistas que cantam e tocam a música do Nordeste.
  A premiação acontece em Campina Grande no Centro de Convenções da FIEP e tem dois grandes objetivos: homenagear os nomes de destaque da música popular nordestina e premiar os artistas regionais que promovem o resgate e incentivo da cultura.
Fonte:Assessoria de Comunicação /SESI

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Pesquisa revela que áreas para agricultura irrigadas sofrem violações de direitos das comunidades rurais

Um dossiê sobre perímetros irrigados, nome dado a áreas extensas para a agricultura irrigadas a partir de cursos artificiais de água, vincula-os a uma série de violações de direitos das comunidades rurais que convivem com esse tipo de estrutura. Entre os impactos mais graves apontados pelo estudo está a contaminação da água por agrotóxicos, inclusive a destinada ao consumo humano.

  Exames médicos feitos em 545 trabalhadores de regiões próximas ao perímetro, realizados ao longo de um ano e meio, mostraram, ainda, que 30,3% tiveram quadros compatíveis com provável intoxicação aguda.

“De 24 amostras de água coletada de poços profundos, superficiais e para consumo humano, todas estavam contaminadas. Em uma delas, foi detectada contaminação por dez princípios ativos diferentes”, diz Raquel Rigotto, professora da faculdade de medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), uma das instituições que participou da elaboração do dossiê.

Os exames médicos feitos em moradores levaram em conta os critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS), ou seja, se o paciente apresentar três ou mais sintomas 72 horas após a exposição ao agente químico, a intoxicação é considerada provável, explica Raquel.

“O mais preocupante é que 56,5% desses trabalhadores [que aapresentaram sintomas] não procuravam assistência médica. [Os sintomas] dependem muito do ingrediente ativo [do agrotóxico]. Pode ser prurido [coceira] na pele, dor de cabeça, fraqueza, náusea, vômito.”

Fonte- Agencia Brasil
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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária regulamentou a produção e a venda de medicamentos fitoterápicos

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária regulamentou a produção e a venda de medicamentos fitoterápicos. São aqueles feitos à base de plantas.

Chá de quebra-pedra para inflamações urinárias e para evitar a formação de pedra nos rins. O boldo é indicado para o fígado e famoso por curar ressacas. A semente de sucupira funciona como um antiinflamatório que combate reumatismo e artrite. A folha de alcachofra e a semente de girassol reduzem os níveis do mau colesterol no sangue.

“Funciona, nunca tive dúvida”, afirmou um senhor.

São os poderes terapêuticos das plantas que já foram reconhecidos por muitos médicos. Esses medicamentos naturais sempre foram utilizados de acordo com a sabedoria popular. De agora em diante, o consumidor vai receber uma orientação oficial da Agência de Vigilância Sanitária, que decidiu regulamentar a produção e a comercialização desses produtos.

A Anvisa também estabeleceu o modo de usar cada fitoterápico, para o que serve e possíveis efeitos colaterais.

O capim cidreira, por exemplo, é recomendado para cólicas intestinais e uterinas, mas pode aumentar o efeito de medicamentos calmantes.

A arnica é indicada para contusões e hematomas, só que se usada por mais de sete dias pode provocar irritação da pele.

O alho ajuda a combater o colesterol alto e atua também como expectorante, mas deve ser evitado por pessoas com gastrite, pouco açúcar no sangue ou pressão baixa.

A lista da Anvisa levou em conta o que cientificamente já está provado. “Você vai ter todas as informações na embalagem de uma forma clara e precisa. A população vai ter 66 chás a mão para que ela possa usar com conhecimento e responsabilidade”, declarou Sérgio Panizza, presidente do Conselho Brasileiro de Fitoterápicos.

“Muito melhor do que você ficar tomando remédio por conta própria. Geralmente é o que acontece. Antes de você ir no médico, você já compra o produto, porque saiu numa revista, porque viu na internet, porque a amiga falou”, disse a estudante Lucinéia Nascimento.

Fonte: Jornal Nacional/Jornal Hoje/Rede Globo




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Poeta Antonio Francisco participa do Programa Nas Asas da Asa Branca, Rádio Cidade Am 870, Juazeiro da Bahia

Foto: Higino Canuto Neto/Ney Vital/ Antonio Francisco

O poeta Antonio Franscicoo nasceu em Mossoró, filho de Francisco Petronilo de Melo e Pêdra Teixeira de Melo. Graduado em História pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Poeta popular, cordelista, xilógrafo e compositor.

O poeta participou neste sábado 17, do Programa Nas Asas da Asa Branca-Viva Luiz Gonzaga,  na sintonia Rádio Cidade Am 870 e via internet www.radiocidadeam870.com.br. 

Antonio Francisco está em Juazeiro, Bahia, é um dos integrantes do Encontro Nacional de Agroecologia 2014.

Aos 46 anos começou a carreira literária, já que era dedicado ao esporte, fazia muitas viagens de bicicleta pelo Nordeste. Muitos de seus poemas  são alvos de estudos e pesquisas de vários compositores do Rio Grande do Norte e de outros estados brasileiros, interessados na grande musicalidade que possuem. Antonio Francisco é atualmente tema de tese de mestrado e doutorados.

Em 15 de Maio de 2006, tomou posse na Academia Brasileira de Literatura de Cordel, na cadeira de número 15, cujo patrono é o saudoso poeta cearense Patativa do Assaré.

Antonio Francisco teve o livro 'Dez Cordeis num cordel só" indicado para o vestibular da Universidade do Rio Grande do Norte.

Um dos poemas mais comentados é Dose de Amor, que possui o tema da conscientização pela ecologia.

Antonio Francisco é o  autor dos poemas, “Meu Sonho”, “O Guarda-Chuva de Prata”, “Os Sete Constituintes” ou “Os Animais têm Razão”,  “A Oitava Maravilha” ou a “Lenda de Cafuné”, “A Cidade dos Cegos” ou “História de Pescador”, “As Seis Moedas de Ouro”, “A Arca de Noé”, “Do Outro Lado do Véu”, “Confusão no Cemitério”, “O Ataque de Mossoró ao Bando de Lampião”, “A Lenda da Ilha Amarela”, “Um Conto bem Contado”, “A Casa que a Fome Mora”, “Um Bairro Chamado Lagoa do Mato”, “O Duelo de Bangala”, “O Feiticeiro do Sal”, “Uma Carrada de Gente”, “No Topo da Vaidade”, “Uma Carta para a Alma de Pero Vaz de Caminha”, “Uma Esmola de Sombra”, “O Rio de Mossoró e as Lágrimas que eu Derramei”, “O Lado Bom da Preguiça”, “A Resposta” e “De Calça Curta e Chinela”, editadas em folhetos ou em seus livros “Dez Cordéis num Cordel Só”, “Por Motivo de Versos” e “Veredas de Sombras”, editados pela Queima Bucha.

Fonte: Mundo do Cordel
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São Paulo: ex-presidente Lula prestigia Encontro Nacional de Blogueiros e defende ativismo digital


O ex-presidente Lula participou do IV Encontro Nacional de Blogueiros e Ativistas Digitais, que ocorre entre os dias 16, 17 e 18 de maio em São Paulo.  O  ex-presidente tratou  de vários temas, como o papel da mídia tradicional, as eleições de 2014 e a importância do ativismo digital. A decisão de convidá-lo foi tomada pela comissão nacional do movimento dos “blogueiros progressistas” – nascido em agosto de 2010 e também batizado de “BlogProg”.

Diante das manipulações da mídia monopolizada, o ex-presidente tem dado grande importância aos que atuam na internet. Ainda no exercício do cargo e em pleno Palácio do Planalto, ele concedeu a primeira entrevista coletiva na história do Brasil a um grupo de blogueiros, em novembro de 2010, o que gerou raivosa reação dos barões da mídia.

 Em junho de 2011, Lula participou do II Encontro Nacional dos Blogueiros, em Brasília. Em abril passado, o ex-presidente voltou a falar com os blogueiros, numa segunda entrevista coletiva que também gerou violenta reação da velha mídia.

Fonte: Altamiro Borges
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Encontro Nacional de Agroecologia começa nesta sexta-feira 16, em Juazeiro Bahia

“Cuidar da terra, alimentar a saúde, cultivar o futuro”, é com esse tema que o 3º Encontro Nacional de Agroecologia (ENA). O evento reunirá cerca de 2 mil pessoas de todo o País, 70% de agricultoras e agricultores, e diversos segmentos da sociedade, no período de 16 a 19 de maio, em Juazeiro (BA).

O evento tem como objetivo central aumentar a coesão política e a expressão pública do campo agroecológico brasileiro. Para tanto, está organizado para dar respostas à seguinte questão: “Por que interessa à sociedade apoiar a agroecologia?”. Exemplos concretos previamente sistematizados por participantes do 3º ENA em suas regiões de origem serão a base para o debate em torno dessa questão.

Durante o encontro será instalada a  “Feira de Saberes e Sabores”, espaço aberto aos moradores de Juazeiro e região, com produtos agroecológicos da agricultura familiar e das populações tradicionais de todo o país. AFeira será instalada na Universidade Federal do Vale São Francisco (Univasf).

O encontro é promovido pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), rede nacional composta por organizações, redes regionais e movimentos sociais de abrangência nacional e regional. 

Ancorada no princípio da “unidade na diversidade”, a ANA tem como objetivo construir convergências políticas e uma expressão pública unitária em torno a um projeto de transformação do mundo rural brasileiro fundado na defesa da agricultura familiar camponesa e dos povos e comunidades tradicionais em suas múltiplas expressões e identidades.
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