LIVRO LUIZ GONZAGA 110 ANOS DO NASCIMENTO GANHA EXPOSIÇÃO

O pesquisador Paulo Vanderley segue sem hesitar em demonstrar e afirmar que Luiz Gonzaga, cantor e sanfoneiro nascido em Exu, Pernambucano é o maior do Brasil de todos os tempos.

Dessa vez, Paulo Vanderley que é o autor do livro Luiz Gonzaga 110 anos do Nascimento, projeto que possui trabalho gráfico de Vladimir Barros e os traços ilustração do Mestre da Cultura Espedito Seleiro, ganha uma Exposição na capital pernambucana, Recife. 

Os pesquisadores da cultura gonzagueana terão a chance de conhecer em detalhes a vida e carreira de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, ao longo do mês de junho, no Shopping Tacaruna. A exposição interativa "Luiz Gonzaga 110 anos do Nascimento” baseado no livro homônimo, do autor paraibano Paulo Vanderley, estará montada na Praça de Eventos a partir desta sexta-feira (1), com acesso gratuito.

A mostra é assinada pelo cenógrafo Eric Tavares, com curadoria de Roberta Jansen e projeto arquitetônico de Patrícia Jansen. O trio inspirou-se nas ilustrações do livro, que é de autoria de Vladimir Barros de Souza, que também executou a programação visual da exposição.

A exposição que tem inicio no Recife no decorrer deste ano quando se comemora os 111 anos de nascimento de Luiz Gonzaga também terá apresentação em Salvador, Aracaju, Fortaleza entre outras cidades. As datas das exposições ainda não foram divulgadas.

"Estou muito emocionado com tudo isto que está acontecendo com nosso homenageado Luiz Gonzaga. É um propósito de vida divulgar a cultura gonzagueana. A exposição é interativa e sobre o livro Luiz Gonzaga 110 anos do nascimento e tudo isto mostra o valor do talento de Luiz Gonzaga", afirma Paulo.

Paulo Vanderley é pesquisador, criador do mais completo site de Luiz Gonzaga no Brasil www.luizluagonzaga.com.br

A história conta que o despertar de Paulo Vanderley pela valorização dos costumes da cultura brasileira e especial o Nordeste e sua música começou na infância. Em 1989, na cidade de Exu, Pernambuco, o paraibano de Piancó, de apenas 9 anos, filmou o cortejo de sepultamento de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. Na época a família de Paulo Vanderley morava em Exu. Paulo tem o privilégio de ter fotos ainda criança ao lado de Luiz Gonzaga.

Adolescente Paulo Vanderley passou a colecionar tudo relacionado à cultura gonzagueana e o melhor da música ao ritmo da sanfona, zabumba e triângulo. Paulo reúne coleção, a exemplo de Jackson do Pandeiro, Marinês, Dominguinhos. O cantor e compositor Gonzaguinha é um capítulo valioso na vida de Paulo.

“Sou da Paraíba, fui criado no sertão. Meu pai era funcionário do Banco do Brasil e, pelas andanças pelo banco, fomos parar em Exu, no Pernambuco, terra do seu Luiz Gonzaga. Ele era cliente do banco e foi assim que ele e meu pai se conheceram e ficaram amigos”, contou Paulo.

O Mestre Luiz Gonzaga e a sua voz em termos de qualidade de pesquisa deve muito a Paulo Vanderley. Na condição de pesquisador e jornalista, ouso em nome da cultura brasileira, e gonzagueana, antecipar um muito obrigado e Gratidão.

O site Luiz Lua Gonzaga foi idealizado e construído pelo colecionador Paulo Vanderley em 2004, carregando entrevistas, discos, digitalização de materiais gráficos e vários outros materiais sobre o legado do Rei do Baião. 

A iniciativa se tornou um dos principais meios de pesquisa sobre o músico de Exu, levando Paulo Vanderley a ser consultor em projetos como o Museu do Cais do Sertão e a cinebiografia de Gonzagão. O site Luiz Lua Gonzaga parte do projeto de seu criador em celebrar os 110 anos de seu ídolo, comemorados em 2022.

O site luizluagonzaga.com.br é sempre abastecido com uma infinidade de materiais que contam a trajetória de Luiz Gonzaga. Desde dezembro o site ganhou nova roupagem. E é um dos mais acessados em todo o Brasil. 

“Para nós, gonzagueanos, que admiramos tudo o que ele foi, é quase que um princípio propagar a vida e a obra dele. Apesar das dificuldades de trabalhar com cultura no Brasil, trazer mais pessoas para admirá-lo é o que nos anima, é o nosso combustível para fazer esse trabalho”, afirma Paulo.

Nenhum comentário

PUBLICITÁRIO CARLOS BRITTO ASSUME COMANDO DA RÁDIO GRANDE RIO AM A PARTIR DE (01) DE JUNHO

O jornalista, radialista e publicitário Carlos Britto assumirá a partir desta quinta-feira (1º de junho) o comando da Rádio Grande Rio AM de Petrolina, considerada referência no Vale do São Francisco há 42 anos. 

Empresário,  agora em um grupo de comunicação robusto, o Grupo Plena – que conta com o Blog Carlos Britto, Agência Plena (Publicidade) e Rádio Plena FM -, Britto promete grandes novidades na programação da Grande Rio AM.

Ele relembra sua vivência no rádio e adianta que vai dar um up na programação da emissora, inclusive com novas contratações. “Eu tenho quase 30 anos de rádio e esse é um momento muito especial e muito esperado. Vamos reforçar a história da Grande Rio AM, dando um ‘up’ na programação e trazendo os melhores profissionais, sem deixar de fora a credibilidade”, adiantou.

De acordo com Britto, a ideia é potencializar ainda mais os conteúdos da rádio. “A nova programação vai ao ar já no dia 12 de junho, com novidades. E eu também vou fazer parte do time de locutores. É um grande prazer estar à frente da Grande Rio AM, somando e fazendo o que mais gosto de fazer: comunicar e informar”, finalizou.

Nenhum comentário

PETROLINA: LOJA NETO TINTAS GANHA NOVA SEDE E AMPLIA VENDAS NO SETOR AUTOMOTIVO E IMOBILIÁRIO

As Lojas Neto Tintas completam este ano 29 anos de fundação. E neste mês de maio a loja, localizada na Avenida Sete de Setembro ganha uma nova sede, desta vez ampliada para vendas especializada em pinturas imobiliárias, além das automotivas. 

A nova  ampla, aconchegante e moderna. O cliente faz a escolha de várias cores exclusivas entre milhares de tons. Com uma equipe especializada nos ramos de pinturas, NETO TINTAS oferece atendimento personalizado e todo o suporte para os profissionais de pintura, agora também imobiliárias.

A LOJA NETO TINTAS é sinônimo de excelência em tintas e está a caminho de completar 30 anos, em 2024.

Atualmente as LOJAS NETO TINTAS possui conceito de qualidade com revenda autorizada da Sherwin-Williams, tintas automotivas e Suvinil, tintas imobiliárias. 

Quando o assunto é tinta automotiva, uma das principais marcas do mercado é da Sherwin-Williams, que graças ao sistema tintométrico permite produzir milhares de cores na hora da compra. Assim, é possível manipular todas as cores disponíveis pelas montadoras, inclusive as tonalidades dos carros mais novos e de todos os fabricantes do mundo.

Para que essa excelência se transforme em atendimento de qualidade, as Lojas NETO TINTAS possui profissionais altamente capacitados, que passam por diferentes etapas de treinamento intensivo, o que garante confiança e satisfação dos produtos aos clientes.

De acordo o empresário Italo Lino, esses são os grandes diferenciais da loja: o atendimento e os produtos de qualidade. “O consumidor reconhece o diferencial que a Neto Tintas tem que é o atendimento especializado e os produtos de alta qualidade. Nossa filosofia de trabalho é seguida nosso pai, o fundador da empresa, o Neto Tintas, cliente sempre em primeiro lugar”, afirma, Italo Lino.


Nenhum comentário

JOÃO JOSÉ OLIVEIRA: SOMOS TODOS MST-MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA

Por que sou MST - Movimento dos Trabalhadores Sem Terra? Pau-brasil, depois cana-de-açucar, depois ouro, depois café,  agora soja, minério, celulose... desde quando o Brasil foi invadido e ocupado por outros, o Brasil continua produzindo para outros. O brasileiro, o povo brasileiro em sua ampla maioria (não falo daquele 1% que detém mais da metade da riqueza patrimonial dessa Nação) era e é apenas braço para produzir -- até ser descartado. Você também,  meu amigo, classe média: somos descartáveis nesse modelo econômico.

A alternativa a esse modelo que se reproduz há meio milênio passa por  uma organização econômica voltada para o brasileiro.  

Em 40 anos, o MST somou 400 mil famílias assentadas hoje que produzem alimentos ( alimentos de verdade: arroz, feijão,  hortaliças, frutas, vendidas aqui dentro para alimentar brasileiros; e nao milho e soja para engordar porco e frango pra exportar carne pra o restante desse planeta).

São 160 cooperativas, 120 agroindústrias e 1900 associações espalhadas pela maior parte dos estados brasileiros, desenvolvendo tecnologias para uma produção sem transgênicos nem agrotóxicos, e formando novas gerações de brasileiros cidadãos. O MST é também 120 escolas de ensino médio, 200 escolas de ensino fundamental completo e mais de 1 mil escolas de ensino fundamental para os anos iniciais, espalhadas em 24 estados em zonas rurais em que o Estado brasileiro não chega. 

O MST é um movimento BRASILEIRO que oferece, por meio de exemplo real, uma alternativa VIÁVEL de engrenagem econômica não excludente. 

O MST ocupa terras? Sim! Terras largadas, áreas improdutivas, posses daquele 1% que tem mais da metade da riqueza patrimonial desta Nação; ou terras que foram ocupadas, na marra e na arma, por coronéis e senhores feudais desde sempre.

(E vamos ser realistas: aquele 1% não vai por livre e espontânea vontade abrir mão do latifúndio que possui, concorda? Conquistas populares têm esse nome porque é isso: CONQUISTA!

O MST OCUPA; o MST não invade. Quem invadiu (e invade ainda hoje, vide casos de madereiros no Norte), é aquele 1% que tem mais da metade desse País.

O MST ocupa para assentar BRASILEIROS para produzir alimentos e cidadãos BRASILEIROS.

#soumst porque sou brasileiro 

Simples assim.

Fonte: João José Oliveira-Jornalista com mais de 25 anos experiência, formado na Universidade Metodista de São Paulo, com passagens por Valor Econômico, Bloomberg News, GloboNews, Gazeta Mercantil, DCI, Diário do Grande ABC e Diário Lance!. Atuou como repórter, editor e âncora. Atualmente, repórter de economia no UOL. Especialista em coberturas de economia e negócios, mercados financeiros, investimentos e finanças pessoais, sistema financeiro e bancos, aviação, turismo e viagens.

Nenhum comentário

FESTIVAL VIVA GONZAGÃO VAI ACONTECER ENTRE OS DIAS 13 A 17 DEZEMBRO, EM EXU, PERNAMBUCO

A Tradicional festa do calendário cultural de Pernambuco, o Festival Viva Gonzagão vai festejar os 111 anos do nascimento de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, entre os dias 13 a 17 de dezembro deste ano.

A informação foi postada nas redes sociais da Prefeitura de Exu, Pernambuco, terra onde nasceu Luiz Gonzaga.

O evento vai marcar as comemorações dos 111 anos de um dos maiores expoentes da cultura brasileira, o forrozeiro Luiz Gonzaga. O Festival Viva Gonzagão terá apresentações de vários cantores de forró, eventos literários, e poéticos, além de outras atividades.


Nenhum comentário

CULTURA POPULAR É FEITA NA BASE DA TEIMOSIA, DIZ MILITANTE QUILOMBOLA

Aiuê de São Benedito. Festa da Capina. Marambiré. Suça…Graças ao interesse e ao empenho de grupos populares, um amplo conjunto de manifestações culturais tradicionais ainda pode ser apreciado por todo o Brasil. Identificadas exatamente por suas “práticas cotidianas de resistência na manutenção e reprodução de seus modos de vida”, as comunidades remanescentes de antigos quilombos tornaram-se uma das últimas trincheiras não só a preservar, mas também a vivenciar muitas destas tradições transmitidas de geração em geração.

Segundo a secretária executiva da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq), Selma dos Santos Dealdina, os folguedos, os ciclos festivos, as danças típicas e outras formas de expressão cultural cumprem um importante papel de coesão social, sendo um componente fundamental para o processo de identificação e reconhecimento das comunidades quilombolas. Além disso, respeitadas suas características, podem tornar-se uma fonte de renda a mais para as comunidades. Tanto que a Conaq pretende pedir apoio federal para mapear os eventos que ocorrem nos quilombos de todo o país a fim de divulgá-los e, assim, atrair quem, por exemplo, se dispuser a acompanhar parte do Ciclo do Marabaixo, em Macapá; dançar ao som dos tambores durante uma das muitas festas dedicadas a Santa Bárbara ou a provar dos pratos típicos da comunidade quilombola Kalunga, em Cavalcante (GO), durante a Romaria de Nossa Senhora da Abadia.

“A cultura popular é feita na base da militância”, disse Selma à Agência Brasil, quando participou de cerimônia alusiva ao Dia Mundial da Diversidade Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento, promovida pelo Ministério da Cultura e pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Oriunda de uma comunidade quilombola capixaba, Selma é organizadora do livro Mulheres Quilombolas, Territórios de Resistências Negras Femininas (Editora Jandaíra).

Nenhum comentário

TAMO JUNTO, VINI JR

Enão haveria como não estar. Enquanto homem negro, de origem periférica e amante do futebol que sou, digo que as cenas foram doloridas. E permita-me, Vini Jr., dizer que não somente você irá lutar contra o racismo. Todos nós iremos até o fim contra os racistas. Chegou ao limite a ignorância daqueles que se acham superiores a outros e acreditam ter o poder de menosprezar, ofender, humilhar.

Não é apenas futebol! Ultrapassou as esferas do esporte e ganhou contornos diplomáticos. É um triste acontecimento mundial toda aquela selvageria que pudemos presenciar. Vini Jr., meu irmão — pois assim nós, os pretos, nos tratamos —, desde o último domingo você é mais um forte símbolo na nossa eterna luta contra essa praga chamada racismo. E assim o digo, entre essas palavras, vírgulas e pontos, por vezes sem conter o ato de levantar meu punho direito fechado firmemente!

Ruim, desprezível, nojento, revoltante, odioso… Só quem sofre, ou já sofreu o racismo, poderá expressar o que atitudes racistas podem produzir em nós, irmão Vini Jr. Mas temos a pele escura e espessa, que foi forjada a sol, chuva, ventos e frio. Desde a umidade dos porões dos navios, em que a maioria de nossos antepassados foram empilhados em viagens transatlânticas sem escolhas, aos açoites covardes que riscaram traços de sangue nos corpos sobreviventes. E eis que aqui estamos, irmão Vini Jr. Depois de tudo que nossos ancestrais passaram e conquistaram, ainda temos muito a lutar e a conquistar.

Há tempos que o esporte nos dá lições. Vale a lembrança de Jesse Owens, o atleta norte-americano que participou dos Jogos Olímpicos de Verão de 1936, em Berlim, na Alemanha, quando Adolf Hitler pretendia promover a supremacia branca da raça ariana. Owens, então com 23 anos, ganhou quatro medalhas de ouro naqueles jogos humilhando o ditador: nos 100 m rasos, no salto em distância, nos 200 m rasos e no revezamento 4 x 100 m, com direito a quebra do recorde mundial nos dois últimos.

E chega você, irmão Vini Jr., e humilha os adversários com seus dribles, comemorações e o “jeito brasileiro” mais original de praticar o futebol. Sem maiores exageros, lembrando outros hábeis brasileiros que reinaram no continente europeu, como os Ronaldos, Fenômeno e Gaúcho, Rivaldo e Neymar Jr., entre tantos outros. Todos pretos! E quase todos vítimas de racismo, em certo grau.

Numa partida entre Villa Real e Barcelona, pelo campeonato espanhol de 2014, um torcedor atirou uma banana perto do lateral brasileiro Daniel Alves. Portanto, não é a primeira e, infelizmente, não será a última. Afinal, espero estar equivocado, mas o racismo ainda não está com seus dias contados. Mas você, Vini Jr., com seus dribles e gingados, dentro e fora dos campos espanhóis, está dando um tremendo chacoalhão nessa estrutura apodrecida.

Como diria o “velho Lobo” Zagallo — Mário Jorge Lobo Zagallo, ex-técnico da seleção brasileira —, eles terão de nos engolir… Engolir cada vez mais os pretos retintos, brasileiros ou africanos, desfilarem seus gingados e sua arte por lá. Terão ainda de aplaudir de pé um dos nossos, como assim já o fizeram. Foi em 2005, quando a torcida do Real Madrid em seu estádio, Santiago Bernabéu, não poupou aplausos a Ronaldinho Gaúcho que exibiu seu futebol maravilhoso numa vitória do Barcelona sobre o time da casa.

Por mais que tenham muito dinheiro e que sejam capazes de constituir grandes equipes e organizar competições riquíssimas, conseguem agora deixar uma enorme mancha que carregarão por muito tempo. Não tem volta! Pelas proporções que ganhou em todo o mundo, esse episódio não será esquecido na história, infelizmente.

Mas que seja lembrado, sim, como um motivo de luta cada vez mais intensa contra os racistas que ainda persistem em suas atitudes. Meu irmão Vini Jr., continuaremos por aqui, de punhos erguidos e firmes!

Por Antonio Carlos Quinto, jornalista e editor de Diversidade do “Jornal da USP”

Nenhum comentário

GOVERNO FEDERAL LANÇA CAMPANHA QUE PROMOVE O CONSUMO DE PRODUTOS ORGÂNICOS

Na segunda-feira (29), o Ministério da Agricultura e Pecuária vai lançar a XIX Campanha Anual de Promoção do Produto Orgânico, às 15h, com a participação do ministro da pasta, Carlos Fávaro. O evento terá a duração de 3 dias, com a realização de lives, palestras e mesas de debate. 

O tema escolhido para o ano de 2023 é "Produto Orgânico, Amigo do Clima”. O objetivo é ressaltar os benefícios do alimento orgânico como instrumento de preservação do meio ambiente e opção resiliente ante às mudanças climáticas, em alinhamento a um dos principais compromissos firmados pelo governo federal junto à sociedade brasileira e internacional.

A Semana dos Orgânicos é realizada anualmente pelo Mapa. Voltada para o público consumidor, tem como principal objetivo reforçar para a população brasileira, principalmente urbana, os princípios da produção orgânica, caracterizada por uma produção sustentável ao longo de toda a cadeia de produção.

A live de lançamento terá transmissão ao vivo pelo canal do Youtube do Mapa. Nos dias seguintes, as palestras serão transmitidas pelo canal da Enagro. 

Serviço: Lançamento da XIX Campanha Anual de Promoção do Produto Orgânico

Data: 29/05/2023

Horário: 15h

Local: Ministério da Agricultura e Pecuária - bloco D - Esplanada 

Nenhum comentário

PESQUISA COM AGRICULTORES FAMILIARES APONTA VANTAGENS DA TRANSIÇÃO AGROECOLÓGICA

(Agencia Eco Nordeste-Alice Sales) Recente estudo realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Caprinos e Ovinos, localizada no Estado do Ceará, aponta os benefícios econômicos e ambientais resultantes da transição agroecológica baseada em práticas mais sustentáveis nos sistemas de produção.

A pesquisa, feita a partir das experiências de 70 famílias de agricultores familiares do Ceará, comparou aspectos quantitativos e qualitativos nos territórios do Sertão de Crateús e Sertão de Sobral. Os dados revelam um aumento da renda das propriedades que vêm adotando práticas agroecológicas há mais tempo quando comparadas com aquelas que estão no início do processo ou ainda praticam agricultura de forma tradicional. 

A transição agroecológica se dá pelo processo gradual de mudança dos manejos no sistema de produção, para a adoção de práticas agrícolas com princípios e tecnologias de base ecológica. A transição tem como cerne a racionalização do uso da terra e mudança de atitudes e valores em relação ao manejo e à conservação dos recursos naturais.

De acordo com a pesquisa, a maioria dos agricultores que aderiram a esse sistema, no início do estudo, em 2012, estão em nível intermediário da transição, quase não usam mais insumos químicos e não adotam pacotes tecnológicos fechados, explica o zootecnista Éden Fernandes, líder do projeto Redinovagroeco, que realizou esse estudo. 

A propriedade familiar de Ramom Ximenes, jovem agricultor, é um exemplo dentre as que estão em processo de transição desde 2012. A família cria caprinos, ovinos, bovinos, suínos, aves, peixes e abelhas, além de possuir árvores frutíferas, palma, gliricídia e uma capineira para alimentar o rebanho. Ximenes ressalta que começou a participar do projeto porque queria trabalhar preservando a natureza e, dentre as modificações implantadas ao longo do processo, destaca a estrutura para armazenamento de forragem e água para os animais, um galinheiro e área cercada para animais e plantas. 

Para a zootecnista Maria Gardênia Sousa, que atuou como bolsista no projeto, as principais transformações observadas nas propriedades que estão no processo de transição agroecológica estão relacionadas à maior autonomia e capacidade de resposta das propriedades: “As famílias alcançaram maior independência em relação a adubo orgânico, água, sementes e produção de forragem, diminuindo a necessidade da compra de insumos para a produção em mercados”.

Segundo ela, também houve um aumento da biodiversidade animal e vegetal nos sistemas produtivos, estoque de insumos e na diversidade de mercados acessados: “Os agricultores passaram a acessar um número maior de feiras para comercializar os produtos, gerando renda para suas famílias”.

O pesquisador Edén Fernandes pontua que os benefícios econômicos, sociais e ecológicos foram consequência da organização social promovida pelo chamado espaço rede (nichos de inovação social): “Isso aumentou a integração social na partilha de saberes e experiências; aumentou a agrobiodiversidade e geração de produtos com valor mais agregado com independência de insumos agropecuários do mercado, como adubo, sementes, água e forragem; e aumentou a renda pelo acesso a mercados diversificados e de proximidades (cadeias curtas)”.

Fernandes explica que um conjunto de inovações tecnológicas vem sendo implementado nessa transição agroecológica e as que tiveram efeitos captados na avaliação na pesquisa foram:

Em cada território, foram avaliadas uma propriedade em estágio mais avançado de transição agroecológica e outra que não aderiu ou entrou mais tardiamente. Fernandes observa que algumas características são comuns às propriedades dos dois territórios, como a diversidade da produção. No entanto, alguns detalhes diferenciam e interferem nos resultados. “O gado bovino, por exemplo, é mais presente no Sertão de Crateús e não aparece tanto no território de Sobral, onde as propriedades são menores e existem áreas compartilhadas que não pertencem aos agricultores. Tudo isso impacta os resultados da produção”.

Duas propriedades foram avaliadas no Sertão de Sobral.  Aquela que está há mais tempo no processo de transição agroecológica obteve valores mais altos que os da propriedade que pratica agricultura de forma tradicional, tanto no produto bruto, ou seja tudo o que é produzido, quanto no valor agregado, que exprime a riqueza efetivamente gerada e equivale à renda bruta menos os custos relacionados aos insumos adquiridos nos mercados. 

Já no Sertão de Crateús, as propriedades avaliadas são da localidade Picos de Baixo, no município de Santa Quitéria. Enquanto uma delas está em estágio mais avançado, a outra intensificou a transição agroecológica somente a partir de 2021. Também se observou crescimento do produto bruto na propriedade que iniciou a transição agroecológica há mais tempo, assim como a maior agregação de valor em função da menor dependência da compra de insumos. 

IMPACTOS ECOLÓGICOS-O incremento da venda direta dos produtos para os consumidores em espaços como feiras municipais, venda na comunidade, pela internet, de porta em porta, por encomenda e em loja especializada foi também uma mudança observada pelo estudo. Além dos aspectos econômicos, outros indicadores são considerados: a responsividade, que diz respeito à capacidade de resposta às mudanças nos entornos social, econômico e ambiental; integração social, relacionada à participação em outros espaços fora da propriedade e acesso às políticas públicas; equidade de gênero e protagonismo das mulheres; e o protagonismo da juventude, que garante a sucessão familiar no trabalho.

“Houve melhorias em diversos aspectos, entre eles o ambiental, com o uso mais consciente da terra, sem queimada, desmatamento e com preservação da mata nativa; o econômico, com incentivo à geração de riqueza a partir dos insumos presentes nas propriedades, e aumento do valor agregado dos produtos; e por fim, o aspecto social, com a maior integração social entre as famílias, destacando a intensa participação das mulheres e dos jovens nesse processo de transição agroecológica”, ressalta Dalcilene Paiva, zootecnista que também atuou como bolsista no projeto.

Nenhum comentário

OS VERTÍGIOS DOS VERDES CANAVIAS NA REGIÃO DO CARIRI CEARENSE

Autores divergem quanto à chegada do primeiro engenho de cana-de-açúcar ao Cariri. Um diz que foi em 1718, no Sítio Salamanca, em Barbalha, por Antônio de Souza, bisavô de Bárbara de Alencar. Outros, acreditam que a chegada só aconteceu em 1735, no Sítio Santa Tereza, entre Barbalha e Missão Velha, tecnologia trazia pelo sergipano José Paes Landim. Independentemente disso, a economia açucareira foi importante para região, é tanto que batizou o “Cratinho de Açúcar” e também é parte da identidade barbalhense, a terra dos “Verdes canaviais”. 

Os engenhos se perdem no tempo e, aos poucos, na memória.

Em Barbalha, apenas cinco engenhos se mantêm com a produção de cana-de-açúcar. Destes, dois fabricam somente rapadura e, os outros três, além do doce, fazem cachaça, batida e alfenim. Todos trabalhando por encomenda. Na Usina Manoel Costa Filho, a paisagem foi ocupada por bananeiras há quatro anos. Já no Crato, só existe um funcionando, mas como destilaria, produzindo apenas aguardente.

No Cariri, os engenhos passaram por três fases. Na primeira, no século XVIII, como a água nas nascentes eram abundantes, as moendas eram movidas pela força hídrica. Neste sistema, havia três tipos, o “copeiro”, “meeiro” e “rasteiro”, de acordo com a entrada da água: por cima, pelo meio ou por baixo da roda. Com o desvio da águas e, depois, a escassez, começaram a investir na tração de boi. Uma peça no eixo principal e duas catracas movimentavam com os animais. Na época, toda a engenharia era de madeira, jatobá ou pequi.

Depois veio o de ferro, trazido pela família Ferreira de Melo, possivelmente de Pernambuco. No entanto, quando os bois eram colocados nas juntas pra mover, eles se deslocavam com dificuldade e tinham que apanhar muito. O som no engenho de madeira cadenciava o caminhar dos animais, mas, no ferro, não tinha o mesmo “gemido”. Anos depois, a tração animal foi substituída pelo vapor, diesel e eletricidade.

No Cariri, dois grandes mecânicos eram responsáveis por fabricar quase todos os engenhos da região no Século XX: Antônio Linard, em Missão Velha; e Severino Honorato, no Crato. O primeiro, era filho de um engenheiro francês que chegou ao Brasil para trabalhar na Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Depois do serviço, se estabeleceu em Santana do Cariri para ajudar na fundição dos engenhos locais. O filho, Antônio, começou a aprender lendo manuais de mecânica. Como não tinha dinheiro para montar sua própria oficina, conseguiu comprar um torno com a ajuda de Lampião e seus cangaceiros, após limpar suas armas. A partir da década de 1940, não parou mais. Suas peças eram assinadas “Linard” e ainda é possíveis de encontrá-las.

Já seu concorrente, Severino Honorato, dono da “Oficina Cratense”, deixou o estabelecimento aos cuidados do filho, Luiz Honorato, mecânico da Aeronáutica que deixou de lado a vida de oficial, após visitar outros países e ganhar medalhas, e se dedicou ao trabalho com ferro junto do pai. No ano de 2018, aos 91 anos, mantinha o prédio da oficina e boa parte dos equipamentos utilizados para fabricar os engenhos. Peças estão espalhadas pelo enormes galpões, misturadas com a plantação de frutas.

“Mesmo tendo muitos engenhos para trabalhar, Antonio Linard era meu concorrente. Mas muito leal. Era mais evoluído que a gente. Eu reconheço”, admite Luiz. A fabricação do rival era mais famosa, mas Honorato utilizava peças de ferro velho, o que tornava o material mais resistente, enquanto Linard fabricava com o ferro puro.

Com 30 homens, a Oficina Cratense chegou a fabricar 150 engenhos ao mesmo tempo. Todo o processo durava, em média, 40 dias, mas já havia peças prontas. “O engenho é composto de várias peças rústicas, mas principalmente de três moendas. Lisa e duas de flange. Aquelas moendas eram mais trabalhosas, porque eram pesadas, com fundição muito grande. Numa fundição, eram tirados, no máximo, três tambores grandes de 18, 20 e 24 polegadas, que serviam para armazenar o “caldo”. A roda de espora, de cerca de 1,7m, pesava quase 100Kg. 

“A gente fazia engenho completo. Tudo que precisava, de ferro fundido”, garante Luiz. No entanto, com a baixa da cultura açucareira, a Oficina Cratense foi afetada. De 30 operários, chegou a quatro funcionários. “Não dava para cobrir todo serviço”, lamenta. Por isso, o aposentado passou a fazer só serviços de manutenção.

IMPORTÂNCIA: A poucos quilômetros da sede de Crato, o Engenho da Lagoa Encantada, que foi um dos maiores da região, se tornou ruínas à beira da estrada. Criado, provavelmente, no século XIX, pelo coronel José Rodrigues Monteiro, a moenda era, inicialmente, movida a boi. No entanto, foi substituída por motor e caldeira. Posteriormente, passou a ser acionado por óleo diesel e eletricidade, incluindo equipamento importado da Inglaterra.

Foi no Engenho Lagoa Encantada que ocorreu a primeira experiência da mecanização da lavoura de açúcar no Cariri, utilizando trator com grade de disco, sulcador e cultivador, que ainda podem ser vistos ao lado das ruínas. Além disso, foi pioneiro na técnica de cultivo em curva de nível e irrigação por inundação. Lá, havia uma fornalha capaz de produzir 32 cargas de rapadura por dia, cada uma com 100 rapaduras, além de um alambique para produção de 300 canadas de aguardente/dia (uma canada tem 2,662l).

“Nascido e criado aqui”, como descreve Geraldo Pereira de Sousa, o “Geraldo Fumaça”, 71, lembra que no Lagoa Encantada a jornada de trabalho começava de madrugada “para amanhecer já cozinhando a rapadura, alambique destilando e casa de farinha fazendo beiju”, lembra. Lá, era plantado também arroz, que chegava a ocupar o lugar da cana-de-açúcar em épocas de diferentes. “Não tinha serviço maneiro”, completa. Os produtos eram encomendados para outras cidades e vendidos em um armazém no centro do Crato.

Na beira da Avenida Leão Sampaio (CE-060), entre Barbalha e Juazeiro do Norte, as peças dos engenhos ficam expostas na placa de uma sucata. Segundo o comerciante Elias Bezerra, este material foi comprado dos proprietários que fecharam. Três deles, completos, já foram vendidos para fazendas da região só para ornamentar. O valor médio é R$ 2 mil. “A procura é grande do pessoal rico. Eles preferem os menores. A gente tem um lucro bom, a procura é grande”, conta.

Os engenhos são pintados de preto e enfeitam as entradas das fazendas em Crato, Juazeiro do Norte, Missão Velha e Barbalha. Por isso, Elias fica atento quando tem algum disponível para adquirir. Inclusive, um deles, só com a moenda, já está apalavrado por R$ 1.800. “A gente vende não só completo. Chegando à sucata, se precisar do volante, os mancais, as madeiras ou alguns roletes, consegue a parte que precisa”, completa o comerciante.

MUSEU-O Instituto Cultural do Cariri (ICC) elaborou um projeto para criar o Museu do Engenho do Cariri, que ficaria nos fundos de sua sede, em terreno que pertence ao Departamento Estadual de Rodovias (DER), em Crato. A planta já foi feita e apresentada à população e políticos, que demonstraram apoio ao empreendimento, com a criação de uma emenda parlamentar que garante o orçamento de sua construção. Estima-se que o valor total da obra seja de R$ 208 mil.

“A ideia surgiu pela sensibilização com o fim da economia açucareira, que nos traz uma certa comoção e vontade de preservar. O rompimento pode ser danoso à história e à memória. Os mestre de rapadura, os cambiteiros, os metedores de fogo, essa gente está morrendo. As minúcias da produção podem desaparecer ou deixar breves vestígios”, explica o presidente do ICC, o advogado Heitor Feitosa.

A aquisição do equipamento será feita por meio de doação. Proprietários e herdeiros de antigos engenhos prometeram disponibilizar tudo, incluindo um carro de boi utilizado no século XIX. Além disso, no Casarão, terá três seções. Numa delas, um café social e uma lojinha para o ICC se manter. No meio, um salão de eventos para receber manifestações culturais. Por fim, um laboratório e acervo técnico de arqueologia colonial e pós-colonial. “Há uma carência aqui na região”, justifica Heitor. Se a verba for conquistada, a expectativa é que fique pronto entre seis meses e um ano.

“Há questões nos engenhos que implicam diretamente como o direito trabalhista. As mudanças criadas com a CLT reverberaram nos engenhos e no destino deles. Fecharam muitos. Um fator importante para ser lembrado: a exploração dessa mão-de-obra se equiparava ao trabalho escravo.

Começava de madrugada, sem equipamento próprio, jornadas extenuantes. O museu pode servir para quem queira conhecer essa história”, finaliza.

"Tinha muito engenho e muita cana. Eles foram parando. Larguei de trabalhar só com quatro operários, não tinha condição de fazer", comenta o Aposentado e fabricante de engenhos, Luiz Honorato

"Nos engenhos, em noite enluarada, faziam o maneiro pau. Eles não estão ligados somente à economia açucareira, mas também à nossa cultura", diz o advogado Heitor Feitosa. Fonte: Diário do Nordeste/ Antonio Rodrigues - Colaborador


Nenhum comentário

VII ENCONTRO DE SABERES DA CAATINGA ACONTECE ENTRE OS DIAS 03 A 09 DE JULHO

Estão abertas as inscrições para o VII ENCONTRO DE SABERES DA CAATINGA que, este ano, acontecerá entre os dias 03 a 09 de julho de 2023 no Instituto Federal do Ceará – IFCE – Campus do Crato.

O Encontro de Saberes da Caatinga, tem como objetivo promover a Troca de Saberes entre os Raizeiros(as), Meizinheiras, Benzedeiros(as) e Parteiras da região da Chapada do Araripe, contribuindo para o fortalecimento do papel cultural da sabedoria tradicional nos processos de cuidado e cura. ⠀

Este ano o encontro tem como tema: O CANTO QUE NO MUNDO ECOA, NO CORPO RESSOA

De acordo com o site Saberes da Caatinga, essa é uma atividade promovida com amor por diferentes voluntári@s, movimentos sociais, instituições não governamentais e governamentais, unides para propagação dos saberes de cura.

O período de inscrição será do dia 24/05/2023 a 18/06/2023.

O BIOMA CAATINGA-O Bioma Caatinga é um ecossistema único e diversificado que enfrenta vários desafios, incluindo desmatamento, desertificação e mudanças climáticas. É importante não só pelo seu valor ecológico e cultural, mas também pelo seu significado econômico e social. A região fornece recursos e serviços valiosos para as comunidades locais, como alimentos, água, remédios e combustível. Portanto, é essencial adotar uma abordagem holística e sustentável para sua gestão e desenvolvimento.

Um dos principais desafios para o bioma Caatinga é o rápido e extenso desmatamento, causado principalmente por atividades humanas como agricultura, pecuária e extração de lenha. Para resolver este problema, práticas sustentáveis de uso da terra que combinem objetivos de conservação e produção devem ser promovidas. Por exemplo, sistemas agroflorestais que integram cultivos, árvores e animais podem proporcionar múltiplos benefícios, como fertilidade do solo, conservação da biodiversidade e geração de renda.

A mudança climática é outro desafio para o bioma Caatinga, que deve aumentar a frequência e intensidade de secas, enchentes e outros eventos extremos. Para enfrentar esse problema, estratégias de adaptação e mitigação que sejam específicas ao contexto e participativas precisam ser desenvolvidas, envolvendo o conhecimento e as preferências locais. Por exemplo, a restauração de áreas degradadas e a promoção de técnicas de coleta de água podem ajudar a aumentar a resiliência do ecossistema e os meios de subsistência da comunidade.

A pesquisa e a inovação desempenham um papel crucial na compreensão da dinâmica e das funções do bioma Caatinga e no desenvolvimento de novas tecnologias e práticas para seu manejo e restauração. Eles também podem fornecer insights e soluções valiosas para os desafios e oportunidades da região da Caatinga, não apenas em termos de conservação ambiental, mas também em termos de desenvolvimento econômico e social.

Finalmente, a pesquisa e a inovação podem contribuir para o empoderamento e participação das comunidades locais, proporcionando-lhes acesso a conhecimentos, recursos e tecnologias que podem melhorar sua qualidade de vida e bem-estar. Eles também podem ajudar a promover o reconhecimento e respeito pelos saberes e práticas tradicionais das comunidades locais, alcançando uma abordagem mais inclusiva e diversificada para a gestão e desenvolvimento do bioma Caatinga.

Nenhum comentário

PESQUISA MOSTRA IMPORTÂNCIA DE ÁREAS VERDES URBANAS PARA SAÚD

Estudo realizado por pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) revela que há menos internações hospitalares por doenças respiratórias em municípios com mais áreas verdes. A pesquisa, que envolveu ciência de dados, usou bases de informações públicas como o Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil (Datasus), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Secretaria Nacional de Trânsito e o Instituto Água e Terra (IAT) do Paraná.

O objetivo do trabalho era avaliar como a infraestrutura verde urbana (IVU), composta por praças, parques, jardins planejados, fragmentos florestais, reservas florestais urbanas, bosques e arborização, impacta na saúde da população.

“Combinamos várias informações e fizemos um estudo que envolve aplicação de ciências de dados, realizando, primeiro, uma análise multivariada de tais dados e, depois, análise de padrão. E chegamos à conclusão com base nesses estudos”, disse à Agência Brasil a engenheira civil Luciene Pimentel, professora do Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana da PUCPR e uma das autoras da pesquisa.

A pesquisa usou também dados censitários, porque o estudo, que envolvia somente a questão das internações por doenças respiratórias, analisou também indicadores de pobreza. “Encontramos resultados interessantes nesse sentido. Na verdade, os municípios que têm índices de pobreza mais altos também apresentam mais internações hospitalares na comparação com municípios em que os índices são menores.”

A pesquisa envolveu 397 dos 399 municípios paranaenses, porque dois apresentavam falhas de dados. As informações foram coletadas em 2021 e 2022, sendo os resultados divulgados agora. Artigo referente ao estudo, intitulado Ecosystems services and green infrastructure for respiratory health protection: A data science approach for Paraná, Brazil (Serviços ecossistêmicos e infraestrutura verde para a proteção da saúde respiratória: Uma abordagem de ciência de dados para o Paraná, Brasil, em tradução livre), foi publicado na liga internacional de revistas científicas MDPI e pode ser acessado na íntegra neste link.

O estudo é assinado por Luciene Pimentel e pelos professores Edilberto Nunes de Moura e Fábio Teodoro de Souza, da PUCPR, e pelo doutorando da mesma universidade Murilo Noli da Fonseca.

Luciene salientou a importância do resultado, porque a Organização Mundial da Saúde (OMS) reporta 4 milhões de mortes anuais por doenças respiratórias, das quais 40% são por doenças pulmonares obstrutivas crônicas. “O mundo inteiro está muito preocupado com essa situação.”

Ainda de acordo com a OMS, 99% da população mundial respiram ar que excede os limites de qualidade recomendados. Além de inúmeros problemas de saúde, a poluição atmosférica causa 7 milhões de mortes anuais em todo o mundo.

Luciene ressaltou a existência de uma dúvida na literatura científica sobre até que ponto a vegetação realmente contribui para diminuir a poluição do ar, tendo em vista que as doenças respiratórias são fortemente conectadas com esse problema nas áreas urbanas, ou se a forma como se dispõe a vegetação urbana pode até piorar a saúde respiratória pela dispersão de pólen.

A professora disse acreditar que os resultados do estudo podem subsidiar políticas públicas voltadas para a sustentabilidade ambiental e a gestão da saúde urbana. A redução das taxas de internações por doenças respiratórias traz acoplada a redução dos custos com hospitalizações por agravos de saúde e outras infecções, podendo contribuir ainda para a queda das faltas ao trabalho e à escola.

A equipe de pesquisadores pretende dar continuidade agora ao estudo envolvendo a capital paranaense, Curitiba, em escala intraurbana, e não mais municipal, com participação da rede de pesquisa Novos Arranjos de Pesquisa e Inovação, financiada pela Fundação Araucária, no âmbito de emergências climáticas. Será medida, por exemplo, a distribuição de pólen na cidade. De acordo com Luciene, as medições serão usadas para analisar dados em uma escala mais detalhada.

“O que estamos querendo fazer agora é começar a olhar por tipologia de doenças respiratórias, como a asma, por exemplo, que tem aumentado muito no mundo. A asma é uma doença que preocupa. Na faixa de crianças, que interessa à nossa pesquisa, a doença vai comprometer a vida adulta. Asma não tem cura, é doença crônica. A pessoa vai depender de remédios o tempo todo. Enquanto crianças, faltam à escola por causa da doença; os pais faltam ao trabalho”, disse Luciene.

As doenças respiratórias têm sinais diferentes. Daí a razão de o estudo continuar, no sentido de esmiuçar os detalhes. O objetivo dos pesquisadores, mais adiante, é estender a pesquisa para outros estados do país. “A ideia é termos uma pesquisa nacional.” (Agencia Brasil)

Nenhum comentário

PESQUISA RELACIONA MORTES PRECOCES AO CONSUMO DE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), junto aos dados de mortalidade dos brasileiros, permitiram a pesquisadores da USP calcular o impacto do consumo de ultraprocessados nesta população. O cruzamento de informações estimou que 57 mil pessoas morrem prematuramente a cada ano por consumirem alimentos ultraprocessados, o que corresponde a 10,5% de todas as mortes precoces de adultos entre 30 e 69 anos no Brasil.

O conceito de morte prematura por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) é definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a probabilidade de morrer entre 30 e 70 anos em decorrência de doenças cardiovasculares, câncer, diabete e doenças respiratórias crônicas. 

Segundo o professor Leandro Rezende, um dos autores da pesquisa, filiado ao Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, já existem evidências suficientes nos estudos epidemiológicos que associam o aumento de consumo de ultraprocessados com o risco de se desenvolver as DCNT. Ele também inclui o excesso de peso e a obesidade devido à ingestão de ultraprocessados como fatores que contribuem para uma pessoa desenvolver essas patologias.

A metodologia do estudo envolveu o uso de dados abertos coletados por meio de questionários para avaliar o consumo de alimentos a partir de diferentes variáveis. Este tipo de enquete é realizado pelo IBGE a cada dez anos e está publicado no site da instituição (para visualizar, clique aqui).  Trata-se de uma série de perguntas para investigar o consumo alimentar individual por todo o País, que faz parte de uma pesquisa ampla sobre o perfil dos orçamentos familiares. 

Os dados foram separados por faixas etárias, entre homens e mulheres, a partir dos 30 anos. Os pesquisadores avaliaram a ingestão das calorias diárias de cada grupo e quanto dessas calorias tiveram como fonte os alimentos ultraprocessados (ver tabela). Em seguida, foram considerados os dados sobre mortalidade do mesmo período e, por fim, os dados foram cruzados.

O professor Eduardo Nilson, também pesquisador do Nupens e autor do artigo, ressalta que as informações recentes, de 2017/2018 mostram que houve um aumento de consumo de 20% de calorias vindas de ultraprocessados em relação ao mesmo tipo de levantamento realizado em 2007/2008, também pelo IBGE.

Ainda segundo Eduardo Nilson, este aumento se deve a uma série de fatores, como as campanhas de marketing em torno desses alimentos e à maior subida de preços dos produtos frescos em relação aos ultraprocessados. Além disso, ele aponta, “a substituição aconteceu em todos os grupos da sociedade, independente da renda. Mas tem mais impacto na população vulnerável. O macarrão instantâneo e o biscoito recheado são alimentos-símbolo dessa situação.”

O artigo também faz um cálculo de quantas mortes poderiam ser evitadas em diferentes cenários de diminuição do consumo de ultraprocessados (ver tabela). Com a redução para 10% das calorias diárias consumidas em ultraprocessados, 3.500 pessoas não morreriam de doenças crônicas ao longo do ano. E esse número aumenta à medida que se diminui a quantidade de ultraprocessados ingeridos.

Nenhum comentário

PACTO CONTRA FOME QUER TIRAR 20 MILHÕES DE PESSOAS DA EXTREMA POBREZA

Taxa de juros e ambiente de crescimento econômico adequados, aprovação do novo marco regulatório fiscal, da reforma tributária e da política do ganho real para o salário mínimo são metas integradas para a retirada de pessoas da pobreza, apontou o ministro Wellington Dias, do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome do Brasil. 

A declaração foi dada nesta terça-feira (23) no lançamento do Pacto contra a Fome, movimento suprapartidário e multissetorial que tem o objetivo de erradicar a fome no Brasil até 2030 e reduzir o desperdício de alimentos no Brasil. O evento contou com a presença de lideranças do governo, academia, empresariado, entidades não governamentais e religiosas, entre outros. 

Segundo o ministro, ainda este ano, com a implantação do pacto, cerca de 8,5 milhões de famílias, cerca de 20 milhões de pessoas, devem sair da extrema pobreza. 

O movimento tem o objetivo de “engajar toda a sociedade para erradicar a fome de maneira estrutural e permanente e reduzir o desperdício em toda a cadeia de alimentos”. Além disso, pretende que ninguém passe fome no Brasil até 2030 e, para 2040, que todos no país estejam bem alimentadas. 

Segundo os organizadores, a atuação será feita por meio da articulação, da inteligência estratégica e do reconhecimento de boas práticas para construir pontes entre a sociedade civil organizada, o setor privado e o governo. 

A ministra Simone Tebet, do Planejamento e Orçamento, também presente no evento, avalia que essa parceria entre os setores, dentro do Pacto Contra a Fome, é fundamental para erradicar a miséria e a fome no país. “Quando nós falamos de fome, nós não podemos esquecer que um Brasil que alimenta o mundo desperdiça quase que oito vezes o necessário para matar a fome, então nós temos que garantir uma rede junto com a sociedade civil organizada e o terceiro setor de cultura de conscientização em relação a isso.” 

“Da mão que planta semente até a mão que consome, passando pelo transporte e pela distribuição desses alimentos, nós estamos falando de alimentos desperdiçados, de perdas que seriam suficientes para alimentar oito meses da fome no Brasil”, disse a ministra. 

Simone Tebet ressaltou que a fome é um problema complexo e que não é de fácil solução. “O governo federal tem recursos e orçamento para, através da assistência, garantir o Bolsa Família e toda rede de proteção às famílias”, disse. 

“Mas isso envolve algo mais, envolve não só fazermos o dever de casa, de termos políticas públicas eficientes para que os R$ 160 bilhões do Bolsa Família possam chegar a quem realmente precisa, tirando do cadastro quem está ganhando de forma irregular, como acontecia no governo passado, portanto, evitar desperdício com o dinheiro público”, acrescentou.

Nenhum comentário

POLÍCIA FEDERAL PARTICIPA DA ESCOLTA DAS ARARINHAS AZUIS TRANSFERIDAS DE MG PARA CURAÇÁ BAHIA



A Polícia Rodoviária Federal (PRF) participou, na última quinta-feira (18), da escolta de oito ararinhas-azuis que foram transferidas de um centro de reprodução em Minas Gerais para Curaçá, na Bahia. A ave é uma das mais raras do mundo e foi considerada extinta da natureza em 2000, mas a Associação para a Conservação de Papagaios Ameaçados (ACTP) tem atuado em conjunto com outras organizações para reintroduzir a espécie na caatinga brasileira.

Por volta das 15h, as aves decolaram em uma aeronave adaptada do Aeroporto Internacional de Confins/MG e chegaram ao Aeroporto de Petrolina às 18h. De lá foram escoltadas pelo Grupo de Patrulhamento Tático da PRF até o centro de reintrodução localizado na cidade de Curaçá, no Norte da Bahia.

Todo o procedimento foi acompanhado por equipes da Bluesky e da ACTP, que avaliaram as condições de saúde e bem-estar dos pássaros. O acesso ao local é restrito a pesquisadores e a agentes do ICMBio. Na região foi criada uma Área de Proteção Ambiental (APA) com 90 mil hectares e um Refúgio de Vida Silvestre da ararinha-azul, com 30 mil hectares.

Doze ararinhas-azuis foram soltas na zona rural de Curaçá em dezembro do ano passado. Antes, em junho do mesmo ano, ocorreu outra soltura de aves desta espécie.

Nenhum comentário

COMUNIDADE QUILOMBOLA QUE PEDE SOCORRO AO PRESIDENTE LULA SOFRE SEM DIREITOS

Uma carta escrita de madrugada. A mãe, Rose, analfabeta, e a filha, Franciele, estudante de direito, capricharam nas explicações. Escreveram, escreveram, escreveram. Quando viram, a vida estava ali, naquelas oito páginas. Era a chance.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve em Salvador no dia 11 de maio para assinar o decreto de regulamentação da Lei Paulo Gustavo, e elas precisavam chamar a atenção para um desespero. No dia seguinte, durante o evento, ouvia-se de longe o grito da mulher: “Lula, pelo amor de Deus. Estamos sem água, sem esgoto, sem escola. Socorro!"

-  “Traga ela aqui”, pediu o presidente.

Rose Meire dos Santos Silva, de 44 anos, foi ultrapassando as fileiras uma a uma e era contida pelos seguranças na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador, lugar em que o presidente assinou o decreto de regulamentação da Lei Paulo Gustavo, no último dia 11 de maio. 

Ela gritava pedindo para entregar um documento ao presidente. Primeiro, Lula pediu que ela esperasse um pouco. De tanto insistir, Rose foi atendida. Subiu ao palco, se ajoelhou, se emocionou e ergueu o coração. “Lula, nosso povo está morrendo. Pelo amor de Deus”. 

“Essa mulher representa um pouco daquilo que passa o povo brasileiro”, destacou Lula. 

A mulher, que subiu ao palco naquele dia, é coordenadora da Associação dos Remanescentes do Quilombo Rio dos Macacos. “Sou uma mulher que luta para sobreviver”, disse, em entrevista à Agência Brasil, na semana seguinte ao evento

Luta para sobreviver porque a comunidade, com 150 famílias em 104 hectares no município de Simões Filho (BA), carece de direitos básicos e vive em um conflito com a Marinha, que construiu a Base de Aratu naquelas cercanias, na década de 60. “A gente vem sofrendo há mais de 50 anos. A gente paga, mas não tem iluminação pública, nem posto de saúde, nem escola”. Aliás, para ir e voltar da escola, as crianças precisam caminhar cerca de 14 quilômetros.

Outro problema que ela reclama é a falta de transporte e de acesso independente à comunidade. Para chegar à própria casa, os moradores precisam passar pela área militar. Isso dificulta, conforme ela explica, até o socorro de saúde quando há necessidade.

Rose Meire diz que um problema gravíssimo é a falta de água porque os militares impedem o acesso ao Rio dos Macacos, que dá nome à comunidade e é tratado como santuário desde os antepassados. “Precisamos do uso compartilhado do rio. Andamos com baldes por quilômetros para conseguir água. O que eles nos fornecem não é o suficiente. Fomos tratados como invasores. E os invasores foram eles”.

 A comunidade está assustada com o que ouviram de militares, sobre a possibilidade de construção de um muro que impediria qualquer acesso às águas. “Esse muro significa a morte do nosso povo quilombola”, escreveu a dupla na carta entregue ao presidente.

“Nosso povo foi criado aí nessas águas, pescando, cuidando do corpo, do espírito. Não tem como a gente sobreviver sem água. O que eu coloquei naquela carta foi pedindo as políticas públicas”.

O QUE VEM DA TERRA-Para sobreviver, a comunidade trabalha com agricultura familiar. Rose Meire relata que mais de 100 famílias já foram embora por causa da falta de condições mínimas. A jaca e a mandioca naquelas terras já foram mais promissoras e atraíam compradores de fora. 

O período de seca, a pouca água, a falta de insumos e equipamentos deixaram a situação mais complicada para vender o excedente. “Aqui é todo mundo só na enxada. Se tivesse um tratorzinho, a situação poderia ser diferente”. 

Mesmo assim, a terra ainda rende para subsistência. “Feijão, mandioca, banana, milho, amendoim, batata. A gente planta dentro da comunidade. Se a gente tivesse material para desenvolver, não passava fome”. Rose Meire diz que já perdeu sete irmãos por causa do isolamento. 

“Segurança nacional”- Em nota à reportagem da Agência Brasil, a Marinha entende que foi estabelecido um procedimento conciliatório para uma “solução negociada” com a comunidade quilombola. 

“A área atribuída à Marinha engloba a Barragem Rio dos Macacos e é considerada de segurança nacional, por contribuir para o planejamento das atividades relacionadas ao interesse nacional e à execução de políticas definidas para a área marítima”, diz a nota.

Os militares admitem que o principal acesso à comunidade é pela área militar. “Nesse contexto, a Marinha sempre permitiu, como ainda permite, a passagem regular dos moradores, de seus convidados, visitantes e de qualquer membro dos órgãos governamentais”. Acrescenta o documento que o governo da Bahia faz a construção de estradas de acesso independente à comunidade para aprimorar as políticas públicas. 

Porém a Marinha não prevê o uso compartilhado do rio. “Sobre esse ponto, é importante registrar que a barragem é fonte de água única e essencial ao funcionamento e existência de todas as organizações militares que se encontram na área da Base Naval de Aratu (BNA), constituindo o Complexo Naval de Aratu, onde trabalham 1.800 militares e civis”.

PROVIDÊNCIAS-Também em nota à Agência Brasil, o Ministério da Igualdade Racial garante que “acompanha de perto e com preocupação a situação do quilombo Rio dos Macacos”. 

“Nossa equipe já realizou atendimentos à população e está organizando uma missão interministerial ao local para executar escuta qualificada e ampla da situação de violações e vulnerabilidades por qual a comunidade quilombola está passando”

Em caso de escuta qualificada, os servidores públicos poderão ouvir histórias variadas, como a de Franciele dos Santos Silva, de 23 anos, filha de Rose Meire. A mãe pede que nem ela nem as outras três irmãs apareçam em fotografias. Tem medo de represálias.  Ela é a primeira da comunidade a chegar a uma faculdade. Conseguiu ingressar no curso de direito da Universidade Federal da Bahia. Para ir todos os dias às aulas, sai da comunidade às 16h e chega perto das 19h no campus. Mas o esforço é com alegria. 

“Eu resolvi, na verdade, estudar direito porque venho de uma comunidade quilombola que não tem nenhum tipo de política pública. Já sofreu diversas violências e ameaças. A Marinha invadiu nossas terras há mais de 50 anos e a partir daí, a gente vem sofrendo inúmeras violações de direitos”. 

O que a inspirou também foi o fato de ter perdido anos letivos no ensino fundamental porque não conseguia chegar à escola por falta de transporte. “Entrei na faculdade em 2019 para cursar ciência e tecnologia. Depois, fiz o Exame Nacional do Ensino Médio novamente e entrei em direito”. O exemplo de Franciele fez com que outros jovens também sonhassem com o ensino superior. “Agora temos o total de oito pessoas da comunidade na universidade pública”.

Ela lamenta, entretanto, que precisa passar por dentro da Vila Naval e tem até o acesso negado. “A gente não tem iluminação pública, nem água encanada, nem esgotamento sanitário”. Toda vez que pensa em desistir, em função de estudar no período noturno, lembra da força da mãe. 

“Uma mulher de força, luta e inspiração. Agora a gente espera que esse esforço dela não tenha sido em vão. Foi um pedido de socorro a carta que ela entregou nas mãos do presidente. Eu e ela sentamos e a gente escreveu essa carta na madrugada daquele dia”.

A Associação dos Advogados dos Trabalhadores Rurais (AATR) trabalha em apoio às necessidades da comunidade quilombola Rio dos Macacos. Assessores jurídicos da entidade ouvidos pela reportagem entendem que o Ministério Público tem apoiado as ações para que o Estado Brasileiro cumpra o dever de cuidar daquelas pessoas. Mas explicam que há um longo caminho para a garantia desses direitos diante de tanta desassistência.

Problemas, inclusive, que são antigos, e que datam da década de 60. Violações contra a comunidade foram registradas pelo documentarista baiano Josias Pires Neto. Mesmo assim, a Marinha nega que haja registro de violência. O primeiro filme foi um curta, Quilombo Rio do Macaco, lançado em 2011.

Depois, veio o longa Quilombo Rio dos Macacos (lançado em 2017).Os trabalhos têm direitos abertos de exibição. “Os filmes foram importantes para mostrar que existiam quilombolas com mais de 90 de idade e que não era invasores. Eles já estavam ali”.

O documentarista explica que, desde a construção da Vila Naval, onde iriam morar os militares que serviriam naquela organização militar, os quilombolas trabalharam nas casas dos militares.

Depois os conflitos foram crescendo com histórias de humilhação e violência, segundo o documentarista. Conforme testemunha o cineasta, as situações ficam rígidas ou flexíveis a depender do comandante que serve na base. Ele entende que dar visibilidade à comunidade ajudou para que os quilombolas não fossem expulsos do local, como se fossem invasores. "Um acordo judicial foi viabilizado".

“É uma comunidade muito frágil e sem acesso a direitos humanos básicos e fundamentais. A luta continua para que eles possam ter pelo menos o uso compartilhado da represa porque é uma área em que eles pescam”.

Quase 10 anos depois do último filme, as imagens ainda são difíceis, mas também são de luta, de madrugadas em claro e de uma carta com pedido de esperança.

Nenhum comentário

ARARINHAS AZUIS NASCIDAS EM MINAS GERAIS SÃO TRANSFERIDAS PARA CURAÇÁ BAHIA

Oito ararinhas-azuis, as primeiras nascidas no Brasil, foram transferidas de um Centro de Reprodução, em Minas Gerais para a cidade de Curaçá, no norte da Bahia, na noite de quinta-feira (18).

Uma aeronave da companhia aérea Azul foi especialmente adaptada para essa operação e decolou do Aeroporto Internacional de Confins, às 15h06, chegando ao Aeroporto de Petrolina às 18h04.

As equipes da Bluesky e da Associação para a Conservação de Papagaios Ameaçados (ACTP) chegaram ao aeroporto de Petrolina, em Pernambuco, por volta das 16h, com o grupo de patrulhamento tático da Polícia Rodoviária Federal (PRF), para realizarem o planejamento logístico e garantir a segurança das aves no trajeto até o refúgio na Bahia.

Em seguida, o comboio com as aves e técnicos foi escoltado pela PRF até o centro de reintrodução, localizado na zona rural de Curaçá, onde as aves receberam avaliação médica.

De acordo com Cromwell Purchase, diretor da ACTP no Brasil, as aves chegaram bem e estão se adaptando ao novo ambiente.

A ararinha-azul é uma das aves mais raras do mundo e foi considerada extinta na natureza em 2000. Desde então, a ACTP tem trabalhado em conjunto com outras organizações para reintroduzir a espécie na caatinga brasileira.

A Operação Guardiões da Ararinha-azul é um passo importante para a preservação e continuidade da espécie.

Doze ararinhas-azuis foram soltas na zona rural de Curaçá, no sertão baiano, habitat natural das aves, em dezembro do ano passado. Antes, em junho do mesmo ano, ocorreu outra soltura de outras aves desta espécie.

Em março de 2020, 52 aves voltaram ao local de origem, oriundas da Alemanha, depois da ararinha spix ter sido considerada extinta na natureza.

Os animais continuam sendo monitorados pelos brigadistas e agentes do ICMBio e biólogos da ACTP. Eles também contam com o apoio de moradores da cidade para pegar informações das ararinhas que foram soltas na natureza.

Endêmica de Curaçá, a última ararinha-azul foi vista na zona rural da cidade há mais de 20 anos, na companhia de uma fêmea de outra espécie, a arara Maracanã, e depois sumiu.

Até hoje não se sabe ao certo o que aconteceu com a última ararinha-azul vista em Curaçá, no sertão baiano, único lugar de ocorrência da espécie em vida livre.

Os pesquisadores atribuem a extinção da espécie principalmente ao tráfico de animais e à destruição de parte do bioma da Caatinga.

Ambientalistas e pesquisadores trabalham juntos desde 2009 no projeto de reintrodução das ararinhas na natureza. Em 2012, foi criado o Plano de Ação para Conservação da Ararinha-Azul (PAN), que inclui a reintrodução dessa rara ave brasileira no território de origem.

“É um ato simbólico que representa muita coisa. Representa um progresso muito grande de conservação, que a gente acredita que a gente pode recuperar as espécies em extinção e a ararinha-azul ela representa isso. Esse projeto representa o que a gente biólogo e os amantes da natureza fazem em prol da conservação, que a gente faz isso com paixão, isso é o mais gratificante”, disse Eduardo Araújo Barbosa, coordenador do PAN Ararinha-Azul (ICMBio).

O trabalho do plano de ação começou com o rastreamento das últimas ararinhas-azuis que existiam no mundo, todas em cativeiros. A maior parte dela, segundo os pesquisadores, foi encontrada no Catar.

Mais de 100 foram resgatadas e levadas para o viveiro da ONG alemã ACTP, no país europeu. Na instituição, as ararinhas passaram por um processo de reprodução natural e também reprodução artificial, para então alguns exemplares serem trazidos para o Brasil. Hoje, existem pouco mais de 200 ararinhas-azuis no mundo, a maior parte delas na Alemanha.

Depois de um acordo de Cooperação Técnica entre ICMBio, do Ministério do Meio Ambiente (MMA), e a ONG alemã ACTP, mais de 50 ararinhas-azuis foram repatriadas e trazidas para o Brasil em 2020.

Elas foram levadas direto para um centro de reprodução foi construído em uma área isolada na zona rural de Curaçá para receber as ararinhas. No recinto, nasceram filhotes da espécie em março do ano passado.

O acesso ao local é restrito a pesquisadores da ONG alemã ACTP e do ICMBio. No entorno, foi criada a uma Área de Proteção Ambiental (APA) de 90 mil hectares e um Refúgio de Vida Silvestre da ararinha-azul, com 30 mil hectares.

CURIOSIDADEES-A Ararinha-Azul é a menor das araras (em comparação com a Arara-Azul grande e a Arara-Azul-de-Lear), tem apenas 55 cm e pesa, em média, 350g;

O nome científico Spixi dá uma pista da cor das penas dessa ave, que tem um azul mais claro, quase acinzentado;

As ararinhas-azuis podem viver por 30 anos. Elas entram em fase de reprodução aos 4 e só param aos 24;

As ararinhas são bastante barulhentas, principalmente quando ficam assustadas. As que foram soltas em Curaçá, como estavam em um cativeiro, não são muito "amigas" do homem;

Elas gostam de viver em grupo, principalmente fora do período de reprodução.

As ararinhas costumam se alimentar no início da manhã e no final da tarde;

Elas têm 14 itens alimentares, gostam muito de sementes, principalmente do pinhão e fruto de favela;

Os predadores das ararinhas são os saruês, morcegos, abelhas europeias, africanizadas, serpentes e aves de rapina, como o gavião;

As ararinhas acasalam no período reprodutivo, produzem os ovos. Em seguida, tem a incubação, que ocorre em média durante 26 dias. Os filhotes levam aproximadamente 90 dias para sair do ninho;

O período reprodutivo das ararinhas-azuis acontece normalmente entre novembro e maio, quando Curaçá registra chuva;

As ararinhas-azuis tem um comportamento afetuoso e de proteção com os filhotes, enquanto eles estão nos ovos. A fêmea incuba os ovos durante a maior parte do tempo e o macho fica próximo ao ninho, de olho na família;

Os filhotes são incentivados pelos pais a caçar o próprio alimento. Com a chegada da maturidade, se tornam ainda mais independentes. As ararinhas querem que os filhos aprendam logo a deixar o ninho, porque enquanto estão no local, é o momento que eles mais sofrem riscos de predações;

As ararinhas-azuis podem viver por 30 anos. Elas entram em fase de reprodução aos 4 e só param aos 24;

As ararinhas são bastante barulhentas, principalmente quando ficam assustadas. As que foram soltas em Curaçá, como estavam em um cativeiro, não são muito "amigas" do homem;

Elas gostam de viver em grupo, principalmente fora do período de reprodução..

Nenhum comentário

ASSISÃO E GRUPO CABRAS DE LAMPIÃO PERCORREM PERNAMBUCO COM AULA-ESPETÁCULO

O cantor serra-talhadense, Rei do Forró, Assisão, dá o pontapé inicial, na próxima segunda-feira (22), ao projeto "No Terreiro da Fazenda". Trata-se de uma aula-espetáculo, realizada em parceria com o grupo de Xaxado Cabras de Lampião, que reverencia a cultura sertaneja e dá destaque ao Xaxado como marca da identidade cultural do Brasil. 

A primeira aula-espetáculo, no dia 22, será na escola estadual EREM Arão Peixoto de Alencar, em Ipubi, no Sertão do Araripe,  às 15h. A iniciativa também vai passar por Belo Jardim (Agreste); São Caetano (Agreste), Recife (Região Metropolitana) e Vicência (Mata Norte).

A aula-espetáculo tem como ponto de partida a musicalidade e o ritmo da obra de Assisão, numa interação estética e inovadora com a poesia e a dança do Grupo de Xaxado Cabras de Lampião, resultando numa apresentação emocionante e de singular beleza. Além disso, de acordo com a presidente da Fundação Cultural Cabras de Lampião, Cleonice Maria dos Santos, a ação é uma forma de reafirmar os fundamentos da identidade cultural sertaneja. "O projeto 'No Terreiro da Fazenda - Aula Espetáculo com Assisão' chegará dentro das escolas, de uma forma maravilhosa, para contribuir com a consciência cultural dos jovens", afirma Cleonice.

Já para o produtor da aula-espetáculo, Karl Marx, a iniciativa chega ao público num momento de afirmação da retomada do fazer cultural no Brasil. O projeto "No Terreiro da Fazenda – Aula Espetáculo com Assisão" tem a produção da Fundação Cultural Cabras de Lampião, com Agência Cultural de Produção e Criação e o Instituto Nosso Clima, com o Incentivo do Funcultura/Fundarpe/Secretaria de Cultura/Governo de Pernambuco.

Confira abaixo o roteiro do projeto:

Ipubi, no Sertão do Araripe: Segunda-feira (22), às 15h, na Escola estadual EREM Arão Peixoto de Alencar.

Belo Jardim, no Agreste: Terça-feira (23), às 10h, na Escola de Referência em Ensino Médio.

São Caetano, no Agreste: Terça-feira (23), às 15h, no EREM Agamenon Magalhães.

Recife, na Região Metropolitana: Quarta-feira (24), às 10h, na Escola Antônio Farias filho/San Martim.

Vicência, na Mata Norte: Quinta-feira (25), às 15h, no Ginásio de Esportes Amaury Pedrosa.

ASSISÃO-Francisco de Assis Nogueira, Assisão, nasceu no dia 5 de maio de 1941 na Fazenda Escadinha, município de Serra Talhada (PE). Já aos 11 anos de idade começou suas atividades artísticas como compositor. Embora não tenha nenhuma formação em música, pois nunca frequentou nenhuma escola de música, é exímio compositor, tendo sido chamado por Dominguinhos de "O maior sanfoneiro de boca do Nordeste", tal sua versatilidade em compor sem ter conhecimento musical formal. 

O início de suas atividades profissionais como cantor começou com o lançamento de um compacto e até hoje já gravou vários discos. Seus maiores sucessos, no entanto, aconteceram nos anos de 1987, 1988 e 1989. No trabalho de 1987, foram vendidas cerca de 210 mil cópias. Em 1988 foram 180 mil cópias e em 1989, 190 mil cópias. Somente nestes anos foram quase 600 mil cópias vendidas de seus trabalhos em todo País. Ele ganhou três discos de ouro consecutivos, além do título de 'Rei do Forró'. Suas músicas são tocadas em todas as regiões do Brasil. Com a agenda sempre cheia, Assisão é um dos artistas mais requisitados do Nordeste. Já compôs mais de 800 músicas, destas, mais de 300 já foram gravadas, por ele e por muitos outros artistas.

Grupo de Xaxado Cabras de Lampião-O grupo é o maior divulgador do Xaxado e mantém a originalidade e autenticidade conforme a formação criada pelos bandoleiros do Sertão. Trata-se de uma trupe de artistas sertanejos – da cidade onde nasceu Virgolino Ferreira da Silva, O Lampião – que reproduziu, no palco, como os cangaceiros se divertiam nas caatingas, nos intervalos dos combates. O Cabras de Lampião trouxe os cangaceiros para a frente das luzes e o Cangaço se transformou num show de arte com uma nova e revolucionária imagem do Rei do Cangaço.

Cada espetáculo do grupo conduz o espectador a um mergulho no mundo mágico e místico do sertão. Com músicas ao vivo – sanfona, triângulo e zabumba – e um repertório referente ao Cangaço, MPB, além de uma indumentária semelhante a dos cangaceiros. A saga de Lampião é apresentada de forma envolvente.

Nenhum comentário

QUATRO EM CADA DEZ ALUNOS BRASILEIROS DO QUARTO ANO NÃO DOMINAM A LEITURA

Quase 40% dos estudantes brasileiros do 4º ano do ensino fundamental (EF) não dominam habilidades básicas de leitura, ou seja, apresentam dificuldades em recuperar e reproduzir parte da informação declarada no texto.

Os dados são do Estudo Internacional de Progresso em Leitura (PIRLS) de 2021. Ele foi realizado em 65 países e regiões do mundo pela Associação Internacional para Avaliação do Desempenho Educacional (IEA), responsável por avaliar habilidades de leitura dos estudantes matriculados no 4º ano de escolarização. Os técnicos entendem que nessa fase da trajetória escolar, o aluno, normalmente, já aprendeu a ler e essa leitura é um instrumento para novos aprendizados.

Enquanto, no Brasil, 38% dos estudantes não dominam a leitura, em outros 21 países esse percentual não passa de 5%. Dentre eles, Irlanda (2%), Finlândia (4%), Inglaterra (3%), Singapura (3%) e Espanha (5%).

O relatório mostra ainda que cerca de 24% dos alunos brasileiros dominam apenas as habilidades básicas de leitura. Somente 13% dos avaliados no país podem ser considerados proficientes em compreensão da leitura no 4º ano de escolarização, pois alcançaram nível alto ou avançado desta habilidade.

O estudo avaliou mais de 400 mil estudantes em mais de 13 mil escolas, em 57 países e oito regiões classificadas como “padrões de referência”, como localidades do Canadá, dos Emirados Árabes (Abu Dhabi e Dubai) e Moscou, na Rússia.

A pontuação média alcançada pelos estudantes brasileiros (419 pontos) está no nível mais baixo da escala pedagógica de proficiência, com quatro níveis. De acordo com relatório do PIRLS 2021, o desempenho dos estudantes brasileiros na leitura “é significativamente inferior a outros 58 países, de total de 65 países e regiões de referência participantes”.

O Brasil teve desempenho semelhante ao dos estudantes do Kosovo (421) e Irã (413), e superior somente aos desempenhos da Jordânia (381), Egito (378), Marrocos (372) e África e do Sul (288). No outro extremo, no nível Avançado, com os melhores resultados, estão: Singapura (587 pontos); Irlanda (577 pontos) e Hong Kong (573).

A edição de 2021 contou com participação do Brasil pela primeira vez. Ao todo, 187 escolas brasileiras participaram das avaliações, com 248 turmas de 4º ano do ensino fundamental e 4.941 estudantes, distribuídos em 143 municípios de 24 estados.

Em entrevista à Agência Brasil, o diretor do Instituto Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), Ernesto Martins, destacou a importância de o país integrar uma pesquisa educacional comparativa. “É um marco o Brasil participar do PIRLS, essa avaliação de leitura, porque é importante o Brasil se comparar com o mundo para a gente ver de fato se a aprendizagem, o ensino que a gente está fazendo aqui, está bem na perspectiva internacional”.

Desigualdades educacionais-O PIRLS 2021 mostrou que o Brasil, além de se destacar negativamente pelo baixo desempenho na qualidade da leitura, também apresenta desigualdades no sistema educacional associadas às origens socioeconômicas dos estudantes, ao sexo e à cor.

No Brasil, o levantamento internacional de 2021 apontou que as meninas se sobressaem no desempenho em compreensão leitora com um resultado médio de 431 pontos, significativamente superior ao resultado médio dos meninos (408 pontos). Os estudantes autodeclarados brancos e amarelos apresentaram desempenho médio em compreensão leitora de 457 pontos, enquanto os estudantes pretos, pardos e indígenas têm uma estimativa pontual média de 399 pontos.

PANDEMIA-Em relação ao Brasil, o PIRLS declarou que a pandemia de covid-19 impactou na aplicação dos testes no país, uma vez que a maioria das escolas operavam em regime remoto ou híbrido com o presencial, o que reduziu a participação das unidades de ensino e dos alunos.

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela logística da aplicação da avaliação internacional no Brasil, ressaltou o contexto dessa avaliação, ocorrida durante a pandemia.

Já o diretor do Iede, Ernesto Martins, discorda e argumenta que os resultados ruins são anteriores à pandemia. “É uma pena a gente não ter aderido ao PIRLS antes da pandemia. Seria bom a gente entender melhor qual foi o efeito da pandemia e o que é efeito de uma etapa que já não funcionava tão bem antes da pandemia. Acho difícil imaginar que o resultado ruim do Brasil se deve só à pandemia, porque o Brasil está muito atrás dos países desenvolvidos”.

Desafios-O PIRLS recomendou intervenção do governo brasileiro por meio de políticas públicas ainda na etapa educacional avaliada pelo PIRLS, mas também pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) do 2º e 5º ano para evitar a repetição do baixo desempenho dos estudantes do primeiro ciclo do ensino fundamental ao longo de sua trajetória educacional.

O diretor do Iede elegeu prioridades ao governo brasileiro na gestão da educação para diminuir a distância para o desempenho de nações desenvolvidas. “Precisamos de um sistema de ensino que dê muito suporte aos estudantes, acompanhe de perto, entendendo o contexto das crianças. Além de criar o hábito de leitura desde cedo. Porque esse estudante pode não ter o hábito de ser leitor fora do ambiente escolar, até por questões de família”. Ele acrescentou ser necessário trabalhar em políticas estruturantes, como formação de professores, para garantir uma melhora.

Na semana passada, o Ministério da Educação anunciou a ampliação de vagas de tempo integral em escolas do ensino fundamental. O governo federal planeja também o lançamento de um novo Pacto pela Alfabetização na Idade Certa e realiza uma pesquisa nacional com professores alfabetizadores para compreender quais são os conhecimentos e as habilidades que uma criança alfabetizada deve ter.

Avaliações nacionais e internacionais-O diretor do Iede, Ernesto Martins, comparou a avaliação internacional do PIRLS às avaliações nacionais gerenciadas pelo Inep: o Saeb e o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que, de acordo com ele, avaliam apenas alguns domínios da educação básica brasileira.

“Temos uma preocupação em relação ao Saeb ser pouco exigente. Se você comparar o Saeb com o PIRLS, por exemplo, não vê no Saeb textos tão longos como existem no PIRLS. Então, tem uma questão de complexidade diferente das avaliações”.

Para Martins, a solução passa por aumentar o nível de exigência das avaliações nacionais. “Acho que o Saeb e Ideb trouxeram uma grande contribuição para a gente fazer um monitoramento maior das aprendizagens. Ajudou as escolas a garantirem habilidades básicas que antes não estavam sendo garantidas, mas a gente precisa puxar a barra da avaliação [para cima]. Porque tem uma avaliação externa dizendo que o Brasil está muito mal nos anos iniciais. E, ao mesmo tempo, há uma avaliação nacional que diz que os alunos vão muito bem. Tem um problema com a nossa régua”, conclui.

Em resposta, o Inep destacou o rigor técnico das avaliações nacionais e internacionais sob responsabilidade do instituto vinculado ao Ministério da Educação (MEC). “[As avaliações] têm características próprias, mas todas são realizadas com o rigor técnico necessário para garantir a fidedignidade da medida. O que se deve observar é que, de fato, o Saeb e o PIRLS avaliam públicos diferentes com metodologias diferentes. Mas não se verifica contradição entre os resultados. As informações são complementares e ajudam a entender melhor o cenário educacional, a fim de planejar intervenções mais eficientes para sanar as lacunas de aprendizagem identificadas”.

O Inep detalhou que os resultados da última edição do Saeb, em 2021, mostram que, no 2º ano do ensino fundamental, 33,6% dos estudantes ainda leem apenas palavras isoladas. E, no 5º ano, 28,4% dos estudantes localizam informações explícitas em textos narrativos curtos, informativos e anúncios, e interpretam linguagem verbal e não verbal em tirinhas de ilustrações quadrinhos, mas, de fato, ainda não compreendem o sentido de palavras e expressões, por exemplo.

PIRLS-O PIRLS é realizado desde 2001 pela Associação Internacional para Avaliação do Desempenho Educacional (IEA), que reúne instituições de pesquisa, órgãos governamentais e especialistas que se dedicam à realização de diferentes estudos e pesquisas educacionais comparativas.

A avaliação das habilidades de leitura pelo PIRLS está dividida em dois eixos. A experiência literária, com textos com função estética e lúdica. E a leitura de textos informativos que têm o objetivo de comunicar e esclarecer sobre um determinado tema. As provas aplicadas no fim de 2021 e início de 2022 foram nos formatos digital e em papel, conforme a localidade do mundo. No Brasil, o modelo adotado pelo Inep foi no papel. (AGENCIA BRASIL)

Nenhum comentário

← Postagens mais recentes Postagens mais antigas → Página inicial