JORGE FILÓ LANÇA LIVRO PECÚLIO NESTE SÁBADO E DOMINGO EM PETROLINA

Já ouvisse falar em pecúlio? O tal substantivo, muito desejado, mas pouco falado, é sinônimo de reserva de dinheiro. Ou ainda “um conjunto de coisas, notícias ou apontamentos relativos a certo assunto ou especialidade”. Difícil saber que soma é mais rara hoje em dia: de recurso financeiro ou intelectual. Neste sábado,  a palavra ganha novo sentido, literário, poético e abundante, no dicionário e no imaginário pernambucanos, com o lançamento do terceiro livro do escritor, poeta e cordelista Jorge Filó.

Entre versos inéditos e outros já declamados e espalhados nos ventos e eventos literários da capital e do interior, onde o autor é presença infalível, Filó celebra a tradição da oralidade, nascedouro da cultura popular nordestina, que forjou a estética de sua sensibilidade literária.

Como poeta que se preze só anda em boa companhia, o livro reúne ainda os textos e talentos de Cida Pedrosa e Greg Marinho, que assinam os textos de apresentação da obra, e de Marcone Melo, que fala ao pé da orelha de Pecúlio.

O escritor, poeta e cordelista Jorge Filó lança neste sábado (10), ‘Pecúlio’, no Restaurante O Poleiro, localizado na Areia Branca, a partir das 12h; já no domingo (11) será no Sebo Reboliço, a partir das 16h,  na Rua Pacífico da Luz, Centro. 

Jorge Filó é devoto fiel e praticante da arte dos repentistas, além de confeccionar cordéis sob encomenda. Tem ainda outros dois livros publicados: “A igreja do diabo ou a contradição humana” (2004), adaptação para cordel de um conto de Machado de Assis, e “Os de cá com os de lá” (2012). 

Também já publicou diversos cordéis e participou de coletâneas poéticas, além de colecionar participações, como coordenador e apresentador, em incontáveis mesas de glosa, peleja tradicional dos poetas do Pajeú. Jorge Filó ajudou ainda a realizar e produzir eventos como a Balada Literária, em São Paulo, as Jornadas Literárias, do Sesc Pernambuco, e o Festival Louro do Pajeú, no Vale do Pajeú. 

Filó semeia seus versos também nas redes sociais: https://www.facebook.com/PoetaFilo/ e no Instagram @jorgefilo.paculio.

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SANFONEIRO JOQUINHA GONZAGA SACODE O III SEMINÁRIO CHAPADA DO ARARIPE PATRIMÔNIO DÁ HUMANIDADE

O sanfoneiro, cantor, Joquinha Gonzaga, sobrinho de Luiz Gonzaga e neto do tocador de sanfona 8 baixos, Januário, literalmente e musicalmente incendiou, com a puxada do fole o III Seminário Chapada do Araripe Patrimônio dá Humanidade. Joquinha Gonzaga foi uma das atrações musicais do evento na noite da quinta-feira (08).

Joquinha Gonzaga empolgou os participantes que dançaram ao som da sanfona. Joquinha declarou o "quanto se sente feliz apesar das dificuldades que a cultura enfrenta cantar e falar em nome do seu tio que é um dos maiores patrimônios da chapada do Araripe, Luiz Gonzaga".

O fundador e idealizador da Fundação Casa Grande-Memorial do Homem Kariri, Alemberg Quindins, destacou a importância de Luiz Gonzaga, a poesia de Patativa do Assaré como um compromisso com a história da terra. 

"A Chapada, durante todo o movimento do planeta, manteve-se perene e sendo um ponto de destaque onde está. O Rio São Francisco já foi aqui, e mudou o curso quando ela foi soerguida. Nós temos registros dos animas mais longínquos. Há 3.300 anos A.C., o homem já estava em torno da Chapada, fazendo cerâmica, dançando, fazendo pintura rupestre, com toda uma formação cultural já organizada. Então, temos aqui um tesouro vivo".

Ainda de acordo Alemberg: "A gente sempre acreditou e eu digo que o Cariri é um estado de espírito onde o vento sopra com saudade do mar. Essa frase, quando diz o estado de espírito, o estado é o território, o espírito é a cultura, e o vento que sopra com saudade do mar é, trazendo toda uma antiguidade paleontológica e geológica, que o mar já esteve aqui. Então, essa é a nossa força".

SEMINÁRIO: Com o objetivo principal de fomentar a troca de conhecimentos e experiências, bem como discutir os desafios e oportunidades relacionados à preservação e gestão sustentável da Chapada do Araripe, foi dado início, na quinta-feira, 08, o *III Seminário Chapada do Araripe Patrimônio dá Humanidade*. 

Realizado pelos Sistema Fecomércio Ceará em parceria com a Fundação Casa Grande, o evento visa a promoção da Chapada na lista da Unesco como patrimônio da humanidade pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Serão três dias de Seminário para debater temas como conservação da biodiversidade, turismo sustentável, valorização da cultura local e educação ambiental. A programação conta com palestras, roda de conversas, exposições culturais e visita aos museus orgânicos.

“O Sesc tem a missão de transformar vidas, por isso é uma grande satisfação fazer parte dessa campanha de reconhecimento ao valor da Chapada do Araripe e de valorização do nosso povo e da nossa Região”, destacou Sabrina Veras, diretora de Programação Social do Sesc Ceará, em sua fala de abertura do Seminário.

Segundo a secretária de Cultura do Estado do Ceará, Luísa Cela, o Governo do Ceará compreende e reconhece a importância cultural, social, histórica e arqueológica da Chapada do Araripe, por isso apoia a campanha para torná-la um patrimônio da humanidade.

Leonardo Salazar, secretário executivo de Cultura do Estado de Pernambuco, falou da importância do Nordeste estar junto nessa campanha. De acordo com ele, a Chapada abrange 120 municípios do Ceará, Pernambuco e do Piauí, sendo um rico patrimônio que beneficiará ainda mais o desenvolvimento da região após a chancela de patrimônio da humanidade.

Alemberg Quindins, gerente de cultura do Sesc e gestor cultural criador da Fundação Casa Grande, ressaltou a luta por esse reconhecimento e o quanto essa chancela será importante para a Região da Chapada, principalmente no que diz respeito à preservação e defesa do patrimônio cultural, social e histórico da Chapada do Araripe. “Estamos falando de um patrimônio da época da separação dos continentes e isso é muito importante”, pontuou.

O primeiro dia de Seminário debateu o tema “A Arqueologia Social Inclusiva como princípio do Patrimônio Dá Humanidade” e promoveu um ciclo de debate sobre o comitê de construção do dossiê, candidatura, plano de gestão da Chapada do Araripe Patrimônio Dá Humanidade – Estratégias, Articulação Política e Institucional.

O evento reúne especialistas, pesquisadores, gestores públicos, lideranças políticas, universidades, acadêmicos e entusiastas nacionais e internacionais em prol desse objetivo.

Para conferir toda a programação, basta acessar o site https://chapada-cultural.my.canva.site/programacao.

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AGROFLORESTAS VÃO MUDANDO A PAISAGEM DO SEMIÁRIDO

No Dia Nacional da Caatinga, 28 de abril,ano 2019,  Agência Eco Nordeste lançou uma campanha pela valorização do bioma. Experiências com características de Empreendedorismo, Inovação e Sustentabilidade; em ações individuais, coletivas; públicas e privadas têm destaque na campanha Ecos do Bioma Caatinga. Esta matéria destaca o exemplar trabalho do agricultor familiar Vilmar Luiz Lermen, no município de Exu, Sertão do Araripe (PE), onde cultiva uma Agrofloresta exemplar.

Paranaense, filho de agricultores, há 20 anos residente no Estado de Pernambuco, sendo 13 anos no município de Exu, no Sertão do Araripe, onde cultiva uma agrofloresta exemplar. Trabalho apoiado por Paulo Pedro de Carvalho, 45, agrônomo e coordenador geral do Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e às Instituições Não-Governamentais Alternativas (Caatinga). Ele vive em Ouricuri, mas atua em todo o Sertão do Araripe. Agrofloresta é a praia de ambos e um exercício de transformação na relação com a terra que ainda não está muito disseminado pelo Semiárido, mas que faz diferença onde passa.

Vilmar conta que tanto seu pai quanto sua mãe vieram de famílias agricultoras. Mas, depois de tentar a sorte com uma serraria, o pai faliu. Foi quando conheceu o Movimento Sem Terra (MST) e veio para o Nordeste participar de um encontro, se apaixonou, casou com Maria Silvanete não retornou. Militou no MST, trabalhou no Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá, cursou Pedagogia, se especializou em Geografia e, finalmente, comprou uma terra em Exu e vem cultivando sua própria agrofloresta ao lado da esposa, na Serra dos Paus Dóias, em cima da Chapada do Araripe.

Ele faz parte de Associação dos Agricultores (as) Familiares da Serra dos Paus Dóias (Agrodóia), que trabalha com Sistemas Agroflorestais; Sementes Crioulas; beneficiamento de frutas nativas (extrativismo) e cultivadas; e abelhas nativas e africanizadas, com uma inserção social no território do Araripe. Participa também do Conselho da Área de Proteção Ambiental (APA), Conselho de Turismo e Conselho de Desenvolvimento Rural Sustentável do Município. É sócio do Centro Sabiá e diretor do Caatinga e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Exu.

O Sistema Agroflorestal reúne várias espécies em diferentes estágios de desenvolvimento para garantir equilíbrio e variedade na produção

Na propriedade, tem duas cisternas de 76 mil litros e fogão geoagroecológico. Na Associação, tem cisterna de 76 mil litros, jardim filtrante adaptado, fossa séptica, biodigestor, biofertilizante e agroindústria, onde são fabricados doces, geleias, licores, óleos essenciais e mel. Tudo isso fez com que a propriedade se tornasse um modelo a ser mostrados aos inúmeros visitantes que o casal recebe.

Para Vilmar, as vantagens do Sistema Agroflorestal Agroecológico começam pela conservação do solo e ambiente como um todo. Ele conta que, nas primeiras semanas, se investe em culturas de ciclo curto, que podem ser plantados simultaneamente com milho, árvores e raízes, além de forrageiras adubadoras de solo.

“Quase todas essas plantas produzem alguma flor e pólen para as abelhas, o que garante alimento, renda, e, no tempo e no espaço, o agricultor vai fazendo a sucessão vegetal. As árvores vão crescendo junto com esse sistema. Uma floresta nativa tem mais ou menos 300 anos. No Sistema Agroflorestal você faz isso em mais ou menos 30 anos, inclusive na própria Caatinga”, garante.

Vilmar lembra que, ao longo dos últimos 35 / 40 anos, o agricultor e pesquisador suíço Ernst Götsch radicado na Bahia, sistematizou, pesquisou, experimentou muitos destes sistemas, em diversos lugares do mundo, e foi passando em vivências, intercâmbios e cursos.

“Hoje tem muita bibliografia já testada pela academia que faz com que a família agricultora tenha alimento no período de chuva e de seca, tenha trabalho o ano inteiro, embora seja um pouco mais intenso na chuva porque é quando se planta a maioria dos cultivos. Mas na estiagem ainda tem trabalho, que ocupa a família, tem harmonia entre o sistema de acumulação e abundância numa estratégia que pode ser alimentar e de renda. Geralmente a família agricultora prioriza a alimentação e o excedente vai para as feiras agroecológicas e programas como PAA e Pnae“, explica.

A Academia, segundo o agricultor agroflorestal, vem ajudando a sistematizar a fornecer elementos técnicos e, com organizações, fazem assessoria e abrem caminhos junto às agências de financiamento / bancos oficiais para quem tem interesse em investir, baseado na experiência acumulada.

“Também tem sido feito um trabalho coletivo com o IBGE, a Conab, a Embrapa, para o zoneamento agrícola, para entrar no Censo Agropecuário, na lista dos preços mínimos da Conab, já que até então esses produtos eram considerados incipientes para a economia, porém, em alguns lugares do Semiárido são essenciais num extrativismo que depois passa para um cultivo dentro do Sistema Agroflorestal, com o solo protegido, presença da água. Isso dá uma segurança alimentar e hídrica para a família, fornece produtos para o ecossistema e para animais domésticos e silvestres. Quando a madeira estiver madura, não vai destruir, vai fazer uma colheita, pela poda ou queda natural”, relata.

Vilmar defende que o O Sistema Agroflorestal Agroecológico é o mais completo do ponto de vista de ciclagem dos nutrientes, manutenção de temperatura mais estável ao longo do ano. Trabalha com sementes crioulas, normalmente de base familiar e comunitária, dentro de redes de distribuição e comercialização”, destaca.

Sistematização é um desafio-Um dos desafios apontados ele, na Caatinga, é o da sistematização, porque trata-se de um grande bioma de clima Semiárido, de mais de 1 milhão de quilômetros quadrados, em 11 estados, mas dentro dele há mais de mil outros micro ecossistemas.

Para cada um tem que se pensar, estudar, avaliar o que melhor se adapta, o que é da vontade do agricultor e da família, qual a habilidade, como os sabores e saberes se casam e que estejam dentro da legislação ambiental, sanitária. O beneficiamento é necessário para aproveitar, agregar valor e compartilhar até com outras regiões”, ressalta.

Aposentadoria garantida-“Nós seres humanos, somos altamente dependentes dos sistemas naturais. Lá na frente, quando a pessoa quiser se aposentar, tem uma poupança na madeira, óleos essenciais, meliponicultura, colheita de frutos, que não têm a necessidade de um manejo tão intensivo. Temos sucessão na mão de obra também”, ressalta Vilmar.

TRANSIÇÃO-Paulo Pedro, do Caatinga, destaca que as agroflorestas ainda não são tão comuns no Semiárido, mas já houve muitos avanços | Foto: Eduardo Queiroz

Ao olhar para trás, 28 anos depois de formado em Agronomia, Paulo Pedro lembra que, quando começou, o termo usado era Agricultura Alternativa, que foi se desenvolvendo com a participação de diversos atores, reunidos hoje pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA).

Paralelamente, as organizações ligadas à Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) vêm fazendo um trabalho de Assistência Técnica Rural (Ater) no Semiárido em Agroecologia. Daí foi formada a Rede de Agricultores(as) Experimentadores(as) do Araripe (Rede Araripe), que trouxe outra perspectiva, ao trabalhar diretamente com 11 municípios do Araripe e mais um do Sertão Central (Parnamirim), em Pernambuco. São, em média, 2 mil famílias envolvidas.

“Houve uma melhoria na parte social e econômica, desenvolvimento de Políticas Públicas de Convivência com o Semiárido, a construção de um milhão e 200 mil cisternas, sendo 800 mil só pela Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), formação e mobilização. Comparando com dez anos atrás, avançamos. Muitos ainda estão em transição, outros querendo conhecer”, destaca.

Paulo Pedro ressalta, ainda, a incorporação da temática das agroflorestas pelas instituições como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e os Institutos Federais de Tecnologia (IFs). Mas faz a ressalva de que ainda não ganhou uma dimensão significativa.

“Se voltarmos uns dez anos, percebemos um grande avanço com experiências concretas de famílias que estão em processo de Conversão Agroecológica, muitas delas em Sistemas Agroflorestais. Viram que a experiência é boa e querem isso para as suas propriedades. Algumas estão bem avançadas, como a da família de Vilmar e Silvanete, lá em cima da serra, em Exu, que recebe visitas durante o ano inteiro”, avalia.

Paulo Pedro destaca que algumas agroflorestas estão bem avançadas, como a da família de Vilmar e Silvanete, que recebe visitas durante o ano inteiro

Reconhecimento e difusão

Para Paulo Pedro, a Agroecologia, por meio dos Sistemas Agroflorestais, está ganhando espaço. Mas ainda não é uma quantidade significativa na Agricultura Familiar. “É importante destacar que a Agroecologia e a Agrofloresta estão ganhando espaço na agenda política e dentro dos órgãos de pesquisa. Mas não podemos dizer que é institucional, que todos aderiram a esse processo. Mas grupos dentro dessas instituições trabalham junto com agricultores, comunidades, organizações da sociedade civil que fazem parte da ASA, da ANA, de várias redes que promovem a Agroecologia no Semiárido Brasileiro”, pondera.

“Hoje é bem real e visível a lógica da convivência se sobrepondo à antiga e equivocada do combate à seca. Os agricultores do Semiárido são experimentadores que buscam a todo momento saídas. Até a FAO e a ONU reconhecem a Agroecologia e a Agrofloresta como forma de dobrar a produção de alimentos saudáveis no mundo em dez anos e cuidando do meio ambiente e das relações entre as pessoas”, anima-se.

Por fim, o agrônomo destaca a existência de diversas redes, locais, regionais, nacionais e até internacionais, de troca de experiências, um fator muito importante na promoção da Agroecologia, para possibilitar as trocas de agricultor para agricultor, com experiências permanentemente desenvolvidas e “Quando o agricultor ensina algo que aprendeu, ele também está se abrindo para escutar outras famílias e as organizações que prestam assessoria a esses agricultores e essas redes estão ali para fomentar esse processo de construção participativa dos conhecimentos”. (AGENCIA ECO NORDESTE)

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Depois de quatro anos sem uma edição presencial, o Semiárido Show volta com uma programação repleta de capacitações englobando diversas temáticas voltadas para a convivência com o Semiárido. A feira, que é um dos maiores eventos de inovação tecnológica para a agricultura familiar da região, é realizada pela Embrapa e acontece entre os dias 1º e 4 de agosto, em Petrolina-PE.

Durante os quatro dias de evento, o público terá a oportunidade de participar, gratuitamente, de cerca de 10 seminários e 50 palestras, além de oficinas e dias de campo. As capacitações são ministradas por pesquisadores e técnicos da Embrapa e de diversas instituições parceiras, com inscrições feitas no local.

“O evento traz tecnologias específicas para a agricultura familiar, contextualizadas aos desafios e oportunidades que o Semiárido tem, e reúne um conjunto de parcerias também já históricas ao longo desses 20 anos de feira, envolvendo desde a sociedade civil, universidades, institutos de pesquisa, assistência técnica e extensão rural e diferentes unidades de pesquisa da Embrapa”, ressalta a chefe-geral da Embrapa Semiárido Maria Auxiliadora Coêlho de Lima.

As palestras, com duração de uma hora cada, englobam as mais diversas temáticas voltadas para a produção de caprinos, ovinos e bovinos – incluindo manejo, doenças, alternativas forrageiras e sistemas integrados –, criação de abelhas nativas, cultivos alimentares, tecnologias para aproveitamento de água, potencialidades, limitações e práticas para conservação de solo, irrigação de baixo custo, saneamento básico rural, preparo e uso de compostos orgânicos, entre tantos outros.

Já os seminários acontecem durante um turno (manhã ou tarde), possibilitando que os participantes tenham outro turno para visitar os demais espaços da feira. Entre os temas abordados estão a bioeconomia na Caatinga, sistemas integrados sustentáveis no Semiárido, energias renováveis, preservação e uso sustentável do bioma e recuperação de áreas degradadas. Os seminários são, também, um espaço para a discussão de programas institucionais, de políticas públicas e do papel das instituições públicas e das parcerias com o setor privado na área de ciência, tecnologia e inovação para o desenvolvimento do Semiárido.

A feira também conta com o Espaço dos Sabores, uma estrutura montada para a realização de oficinas culinárias e de processamento de produtos. Entre os preparos que serão apresentados no local estão o hamburguer de carne de carneiro com fibra de caju, kafta de carneiro e queijo de coalho com geleia de maracuja-da-caatinga, jujubas de frutas, iogurte tipo Sundae com frutas nativas e preparo do doce umbunoff.

Uma das novidades da edição será a disponibilização de uma programação de cursos virtuais ofertados por meio da Vitrine de Capacitações On-line da Embrapa - o e-Campo. Os cursos abordam temas aderentes à produção no Semiárido, tais como forrageiras, sanidade animal, apicultura, reuso de águas cinzas, entre outros. A expectativa é de que a iniciativa viabilize o acesso de um público ainda maior, proveniente de qualquer localidade do Brasil e do mundo.

Além das capacitações, o evento conta ainda com vitrines tecnológicas e Unidades Demonstrativas em campo, além da montagem de estandes institucionais e de parceiros, e do espaço ‘Vila da Economia Solidária’, área reservada à exposição de empreendimentos regionais.

A FEIRA - Como forma de incrementar a agricultura familiar, que se constitui como uma das principais atividades produtivas na região, a Embrapa realiza, a cada dois anos, a feira Semiárido Show, levando ao público um portfólio de mais de 100 tecnologias desenvolvidas pela pesquisa agropecuária em temas estratégicos para a convivência produtiva com o Semiárido brasileiro.


Em 2023, o evento chega à sua 10ª edição trazendo o tema “Ciência e Tecnologia Promovendo o Desenvolvimento”, que destaca o papel da pesquisa científica na consolidação da agropecuária dependente de chuva. A feira integra os destaques da programação especial de comemoração dos 50 anos da Embrapa.

“O Semiárido Show é o principal veículo que nós temos para reunir o máximo de tecnologias direcionadas para agricultura familiar na região”, destaca Auxiliadora Coelho. Para ela, “depois de quatro anos, esse é o momento de reunir essas pessoas e trazer informações novas, pensando sempre em um elemento importante que é preparar o Semiárido para os próximos anos, que inclui cenários de mudanças climáticas, mas que inclui também avanços do conhecimento, trazendo novas oportunidades pra essa região”.

O evento é sediado em uma área de 20 hectares da Embrapa Semiárido, localizada na rodovia BR-428, Km 148, em Petrolina-PE. A participação é aberta a todos os públicos, como produtores, profissionais da assistência técnica e extensão rural, estudantes, comunidade científica, gestores, formuladores de políticas públicas e demais interessados. 

O evento conta com diversas parcerias, desde instituições de ensino, pesquisa e extensão rural, órgãos públicos das esferas municipais, estaduais e federal, associações, empresas do ramo, entre outras.

Nesta edição, a feira é realizada pela Embrapa em parceria com o Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA), e está em fase de construção de novas parcerias, contando, até o momento, com patrocínio do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), por meio do Projeto Dom Helder Câmara; da Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sesan), do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário; e da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).

Conta, também, com o apoio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano (IF Sertão-PE), Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), Serviço Social da Indústria (Sesi) e empresas privadas como Hortivale, GranSafra e Ferreira Sementes.

Serviço: O que: Semiárido Show 2023

Quando: 1º a 4 de Agosto de 2023

Onde: Rodovia BR-428, Km 148, Petrolina-PE

Mais informações: www.embrapa.br/semiaridoshow

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III SEMINÁRIO CHAPADA DO ARARIPE -PATRIMÔNIO DÁ HUMANIDADE ACONTECE ENTRE OS DIAS 08 A 10 DE JUNHO

De 08 a 10 de junho, a Fundação Casa Grande, em Nova Olinda, será palco para o III Seminário Chapada do Araripe – Patrimônio Dá Humanidade. O evento tem como objetivo principal a promoção da Chapada do Araripe na lista da Unesco como patrimônio da humanidade pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Para isso, o evento irá fomentar o diálogo e o intercâmbio de conhecimentos para fortalecer as ações de conservação e o desenvolvimento sustentável da região, reunindo especialistas, pesquisadores, gestores públicos, lideranças políticas, universidades, acadêmicos e entusiastas nacionais e internacionais em prol desse objetivo.

Segundo o gerente de Culturas do Sesc, Alemberg Quindins, a bacia geológica do Araripe é um testemunho vivo da historia da ciência da terra, que guarda elementos dos valores universais excepcionais, desde sua formação na pangeia até suas primeiras ocupações humanas em torno da Chapada do Araripe.

“Preservar a Chapada do Araripe é garantir que suas riquezas ambientais e culturais sejam transmitidas para as próximas gerações. Além disso, a Chancela do Patrimônio da Humanidade reforçará a nossa responsabilidade de políticas adequadas de desenvolvimento econômico orgânico”, destacou.

CHAPADA-Localizada na divisa entre os estados do Ceará, Pernambuco e Piauí, abriga uma riqueza natural e cultural, além de uma importância para a história e a cultura do Brasil. E nesta perspectiva de ações em defesa da Cultura, a contribuição do Sistema Fecomércio neste campo é imensurável, por meio do Sesc, a instituição é uma grande incentivadora das artes em todo o Estado, especialmente na região do Cariri e por isso, encabeça esse projeto como uma forma de reconhecimento da riqueza representada pelo território.

Para o presidente do Sistema Fecomércio, Luiz Gastão Bittencourt, o Seminário será um dos eventos mais significativos para a região. “Discutir a transformação da Chapada do Araripe enquanto Patrimônio Mundial, será importante não apenas no campo cultural, mas, também para estabelecer um compromisso internacional de preservação e proteção da região, possibilitando a perspectiva de desenvolvimento econômico, de turismo social e sustentável. É fundamental reforçar que essa Campanha não é uma luta só do Ceará, Piauí e Pernambuco, mas sim de todo o nordeste brasileiro”.

PROGRAMAÇÃO-As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas no link. Na programação, haverá roda de conversas, debates e apresentações culturais.  Entre os destaques, na quinta-feira, dia 08, acontecerá o painel “ Arqueologia Social Inclusiva como princípio do Patrimônio Dá Humanidade, sob o comando do gestor Cultural criador da Fundação Casa Grande e gerente do Sesc, Alemberg Quindins e da coordenadora do Centro de Estudos em Arqueologia, Artes e Ciência do Patrimônio da Universidade de Coimbra, Portugal; e Consultora Científica do Dossiê de Candidatura da Chapada do Araripe Patrimônio Dá Humanidade, Conceição Lopes.

Na sexta-feira, dia 09, uma das palestras será sobre “As primeiras ocupações humanas americanas no nordeste brasileiro”, com a professora da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Conceição Lage; e uma roda de conversas sobre a “Rede de Turismo Responsável na Chapada do Araripe”, com o presidente do Consórcio Intermunicipal do Sertão do Araripe, Pernambuco, Raimundo Saraiva.

No último dia do seminário, sábado, dia 10, haverá a formalização do Início do processo de elaboração da candidatura, que contará com a presença do governador do Ceará, Elmano de Freitas; com a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra; o secretário de Formação Artística, Livro e Leitura do Ministério da Cultura, Fabiano Piúba; o presidente do Iphan, Leandro Grass; o presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Fernanda Castro; a secretária de Cultura do Governo do Estado do Ceará, Luísa Cela e o presidente do Consórcio Intermunicipal do Sertão do Araripe, Raimundo Saraiva.

Serviço  Seminário Chapada do Araripe – Patrimônio Dá Humanidade

Data: 08 a 10 de junho

Local: Fundação Casa Grande – Avenida Jeremias Pereira Nº: 444, Centro, Nova Olinda-CE

Programação: https://chapada-cultural.my.canva.site/programacao


Inscrições: https://chapada-cultural.my.canva.site/inscricoes

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A ESCOLA COMO ESPAÇO PARA FORTALECIMENTO DAS ECO-RELAÇÕES HOMEM/NATUREZA

Ocupar e explorar tem sido  palavras de ordem na maioria das vezes, quando refletimos a relação  existente entre o homem e a natureza. Porém, é notório que novos parâmetros necessitam ser encorajados e até mesmo refeitos para que possamos construir aprendizagens positivas e significativas com dinâmicas onde o fortalecimento de boas relações e respeito possibilitando, conhecimentos ótimos na construção de uma eco-relação. 

A escola é um espaço de experimentações onde o objeto de estudo desafia e articula movimentações em seu entorno. Um lugar propício para se levantar apotamentos que viabilizem a idéia do uso equilibrado dos Recursos Naturais e da importância de políticas públicas responsavéis a estas questões. O espaço escolar não dever está fadado a mera reprodução e profissionalização, ela deve nos conduzir a dinâmicas sustentáveis nos mais diversos cenários que estruturam a vida em sociedade e em natureza.

As  primeiras manifestações sobre Educação Escolar no Brasil surgiu com os padres Jesuítas no período Colonial, onde a catequização indígena embasada em dogmas religiosos cristãos europeus, marcou e dizimou construções e formas de aprendizagens em dinâmicas étnicas no país, que tinham como base a vivência e o respeito a natureza, tido como sagrada, em suas cosmologias .

No século XIX o  espaço escolar foi utilizado para formação  de mão de obra para o mercado de trabalho, no processo de industrialização do país, considerando a necessidade da sociedade, sem perceber as vocações múltiplas econômicas do país e de seu povo. 

Quando falamos em escola os números são impressionantes,  em 2022, registraram-se 47,4 milhões de matrículas nas 178,3 mil escolas de educação básica no Brasil, cerca de 714 mil matrículas a mais em comparação com o ano de 2021(Figura1), o que corresponde a um aumento de 1,5% no total, porém estes devem refletir a importancia de espaços democráticos e sustentáveis, aliados também as demandas ambientais do país.

Atualmente as Escolas brasileiras e a sociedade como um todo, tentam compreender o papel da escola, ainda em seus objetivos destaca-se garantir o pleno desenvolvimento do individuo, preparando para o exercício da cidadania e qualificando para o mercado de trabalho, porém a criação de currículos nas diversas esferas, tem situado vários debates e posicionamentos, sobre a Escola suas dinâmicas e contribuições, assegurando que a formação de um currículo aberto a novas dinâmicas, enfrentamentos e possibilidades são essenciais para um projeto de futuro ou presente responsável. A natureza também precisa ter fala

 neste espaço, pautando aspectos democráticos, no jogo das aprendizagens, e dos múltiplos povos e tradições envolvidas .

As Ecolas Indígenas refletem e orientam a importância de um currículo específico e diferenciado onde pautas significativas a cada Povo aconteçam nestes espaços. A gestão socioambiental e o uso correto dos recuros naturais, bem como a luta e a prervação de seus territórios, são temáticas permamentes na manutenção do espaço escolar, garantindo a continuidade com a natureza.   Muitos são os desafios na construção de uma escola de qualidade para os seus e a responsabilidade com o meio ambiente é um ponto de grande relevância nesta passagem.

Na figura abaixo, podemos perceber a população em terras indígenas, ultrapassando em 2010 a marca dos quatrocentos mil, porém em suas demandas a qualidade de suas escolas, e a luta para garantir temáticas específicas a suas necessidades são vitais a continuidade de suas tradições e vivências, tão abaladas no contexto histório brasileiro, por séculos e nos dias atuais (Vê- PL- 490).

1. Um olhar sobre a Escola que temos e a Escola que queremos, marcou a retomada das escolas pelos Povos indígenas em Pernambuco, onde em 2003, coneguiram estadualizar suas  Escolas e nelas professores indígenas demarcaram e demarcam procesos legítimos de uma educação escolar indígena específica e diferenciada atendendo as demandas, políticas, sociais, ambientais e do fortalecimento étnico identitário do Povo. São 10 Povos reconhecidos pela FUNAI ( Fundação Nacional do Índio) Truká (Cabrobó ); Atikum-Umã (Carnaubeira da Penha); Pankará (Carnaubeira da Penha); Pipipã (Floresta); Kambiwá (Ibimirim, Inajá e Floresta);

2. Pankararu (Tacaratu e Petrolândia); Tuxá (Inajá);

3. Kapinawá (Buíque, Tupanatinga e Ibimirim);

4. Fulni-ô (Águas Belas ); Xukuru (Pesqueira).

Como os povos indígenas tem reinventado a escola e seus objetivos?

No último dia 31 de Maio de 2023, ocorreu no Povo Truká festividades em comemoração a Retomada( movimento em que os indígenas reconquistam territórios, perdidos em outros momentos) da Ponta da Ilha. Todo o povo vivenciou durante o dia várias atividades entre elas exposições, palestras e atividades de apresentações realizadas nos espaços escolares e que culminaram no espaço do evento.  

Os Truká vivem na Ilha de Assunção há mais de trezentos anos, tendo como marco deste estabelecimento as relações de usos de materiais da natureza em seus usos alimentícios, socioculturais e ritualísticos. No censo de 2010, foram contabilizados cerca de 4 mil indígenas aldeados, que residem e convivem no território.Estes passaram por diversas lutas políticas, sociais e territoriais, que envolveram processos de reconquista da terra. Uma vez que essas foram tomadas por posseiros da região e em outros momentos pelo próprio Estado.

Compreender o contexto em que o espaço escolar está inserido é sempre a melhor estratégia para fazer uma construção de ações com possibilidades sustentáveis.

5. A Escola Truká tem vivenciado uma luta constante em busca da construção e manutenção de uma educação que fortaleça suas lutas cotidianas, onde o zelo pelo seu território é um ponto primordial para essa concretização. O gráfico abaixo evidência uma dificuldade do grupo com relação ao descarte correto dos resíduos no povo, o que demonstra como uma prática de debate consciente em busca de direitos e posicionamentos, são importantes.

 Fonte: Censo 2010 - Resultados Censo 2010 (ibge.gov.br).Tais iniciativas de boas práticas escolares  devem ser cada vez mais divulgada e estimulada, o ser humano esta sempre vivenciando aprendizagem, quer sejam uns com os outros quer ser com a natureza, mestre dos ensinamentos e nos espaços de aprendizagem indígenas. 

Artenízia Truká( Mestranda em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental- Uneb, Campos III. Juazeiro - BA)

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A MÚSICA PENSA. ELABORA E TRAZ QUESTÕES ATRAVÉS DE SUA FORMA. A MÚSICA TRANSFORMA", DIZ PROFESSOR

Dia 7 de junho, quarta-feira, às 21 horas. Nessa noite de outono, os ouvintes da Rádio USP vão ouvir, refletir e perceber A Construção Musical da Liberdade, um programa inusitado produzido e apresentado por Vladimir Safatle. O filósofo, pianista, compositor e escritor estreia uma série com oito episódios semanais. Vai para o ar levando especialmente a sua experiência de mais de duas décadas como professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP para ensinar as relações entre música e filosofia. 

“A música pensa. Elabora e traz questões através da sua forma, do seu modo de organização. A música produz sensibilidade, formas de percepção e tem uma força indutora de transformação da sociedade”, ensina. Essa é a primeira experiência de Safatle apresentando um programa na Rádio USP, num estúdio onde espera reencontrar novos e conhecidos alunos. “O programa é um convite a uma partilha. A partilha é uma forma de escuta da música, que tenta encontrar as marcas do nosso desejo de liberdade.” 

As peças musicais dos séculos 19 e 20 fazem parte das pesquisas do filósofo e vão ser apresentadas no programa. “Essas peças estão ligadas a uma certa tradição que se entende como música clássica, uma tradição que deveria ser mais ouvida”, observa.

Levar Beethoven, Chopin, entre outros, para integrar a reflexão, o cotidiano dos ouvintes da Rádio USP e mostrar como a música constrói horizontes de emancipação de uma sociedade é outro desafio dos muitos que Safatle vem trilhando. “Iremos apresentar a capacidade que a música tem de fazer circular experiências e a sua força capaz de modificar a sensibilidade e a nossa compreensão sobre o que significa liberdade, autonomia.” 

O professor conta, entre os ouvintes, com o otimismo de Eugênio Bucci, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP e responsável pela Superintendência de Comunicação Social (SCS) da USP. “Esse programa é um verdadeiro curso de filosofia e um mergulho deslumbrante na história da música. Algo imperdível. Nós, da SCS, temos uma forte impressão de que os episódios desse programa serão estudados e ouvidos por alguns anos.”

Na avaliação de Bucci, a série é uma referência. “Um verdadeiro presente para o público da Rádio USP e um marco na experimentação de linguagem que deve caracterizar a programação das emissoras públicas.”

“A ideia do programa nasceu com o primeiro livro de uma trilogia que estou lançando com o título Em Um com o Impulso: Experiência Estética e Emancipação Social”

Safatle acompanha feliz o resultado da montagem da série A Construção Musical da Liberdade. “Estou na expectativa de atender um público que não só tenha interesse pela música, mas que entende que música não é apenas música. É uma forma de pensamento, capaz de nos fazer perceber que é uma arte propulsora das mudanças, das transformações, e que vai muito além da função decorativa que muitos lhe atribuem.”

O escritor acentua que o programa vem sendo pensado há muito tempo. “A ideia do programa nasceu com o primeiro livro de uma trilogia que estou lançando, com o título Em Um com o Impulso: Experiência Estética e Emancipação Social, pela Editora Autêntica. Na análise do livro, percebi que poderia ser apresentado como um roteiro para a Rádio USP.”

O filósofo acredita que o livro e o programa dão respostas necessárias para o tempo que estamos atravessando. “Em um momento histórico como o nosso, no qual a forma estética autônoma é denunciada como mistificação elitista ou regime de escapismo melancólico, esse livro procura outro caminho, a fim de repensar a relação entre arte e política. Sem se deixar encantar pelos que pregam o evangelho da novíssima reconciliação entre arte e vida ou do fim da crítica cultural, ele insiste em traçar a história de uma certa ‘estética da reconciliação’, presente nessa tradição musical que vamos apresentar, muitas vezes compreendida como hegemônica.”

O pianista e compositor toca a liberdade ao piano. Uma pausa depois de receber a reportagem do Jornal da USP em sua casa. Toca, aos 50 anos completados no dia 3 de junho, a sua história de cor, sem partituras. Começou a dedilhar aos 6 anos. A mesma idade que sua filha, Valentina, tinha quando começou a trajetória de pianista, cantora e compositora. O pai chama a artista e a acompanha em sua música livre, experimental. Um duo integrado e sensível.

O professor encerra a entrevista lembrando: “A docência é uma experiência gratificante. Tive a sorte de contar com a interlocução de alunos e alunas que enriqueceram muito a minha percepção. Essa trilogia que estou escrevendo e também esse programa nasceram do convívio nas salas de aula. A docência é uma forma de interlocução. Você descobre coisas. Dedico esse trabalho para os estudantes. Para eles e para elas.” 

A Construção Musical da Liberdade, programa produzido e apresentado por Vladimir Safatle em oito episódios semanais, vai ao ar às quartas-feiras, às 21 horas, com reprise aos sábados, às 18 horas, a partir da próxima quarta-feira, dia 7, pela Rádio USP (93,7 MHz, em São Paulo, e 107,9 MHz, em Ribeirão Preto).

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