CENTENÁRIO DE ZÉ DANTAS: O POETA DO FORRÓ QUE CONSTRUIU UM IMAGINÁRIO DO NORDESTE

Na década de 1940, o aparelho de rádio ficava instalado em um ponto de destaque na sala de estar da família brasileira. Era o veículo de comunicação do momento. Através dessas ondas radiofônicas, os sucessos de Luiz Gonzaga atingiram todo o território nacional, reformulando para sempre os imaginários do país sobre o Nordeste. 

As composições que emanavam daquela voz nasalada de tenor caboclo, tão comum nas toadas sertanejas, vinham de grandes poetas da cultura nordestina. Um deles era o médico José de Sousa Dantas Filho, que assinava suas letras como ZéDantas e tem o seu centenário comemorado neste sábado, 27 de fevereiro de 2021.


Em 1947, o Brasil respirava uma aurora democrática após o fim do Estado Novo, ditadura de Getúlio Vargas que exerceu em Pernambuco o autoritarismo em seu mais alto nível com o interventor Agamenon Magalhães. Foi nesse ano que Luiz, já famoso pelas transmissões na Rádio Nacional, do Rio, conheceu o então estudante de medicina José Dantas numa farra no Grande Hotel, na praia do Pina. Era o início de uma parceria que renderia brilhantes obras, proporcionadas pela combinação magnífica da interpretação de Gonzagão com o conhecimento folclórico das composições de Zé.


A primeira parceria gravada foi Vem morena, em janeiro de 1950. A partir daí foram surgindo outros sucessos, como A dança da moça, Forró de Mané Vito, Paulo Afonso, Vozes da seca, Riacho do navio, São João do arraiá, Volta da Asa Branca, Acuã (a favorita de Zé), Xote das meninas, Forró em Caruaru, Siri jogando bola, Farinhada, Letra I, Sabiá, entre outras. Sem a parceria, talvez o baião não tivesse uma repercussão nacional tão estável, sendo o ritmo do momento até a dominação da bossa nova, no final da década de 1950. Outro responsável pela longevidade foi Humberto Teixeira, também grande dupla de Gonzaga.

José de Sousa Dantas Filho nasceu em Carnaíba, quando o município ainda distrito do município de Pajeú das Flores. Ele foi estudou no Recife ainda muito jovem, quando já começou a publicar as primeiras composições na Revista Formação, publicada pelo Colégio Americano Batista. Quando chegavam as férias, ele ansiava pela volta ao Sertão. 

"Ali, vivendo no meio dos sertanejos, dos quais me tornava amigo, ia recolhendo ditos, estórias, cantorias... toda riqueza da vida sertaneja. E quando regressava ao Recife, levava as melhores coisas daquilo que havia recolhido, para mostrar aos amigos nas rodas que eu frequentava. Foi nessa época que escrevi a primeira crônica sobre folclore", disse Zédantas, em matéria em sua homenagem publicada pelo Diario em 8 de junho de 1969.

José concluiu os estudos no colégio Marista, no Recife. Aprovado em medicina na então Universidade do Recife (a atual UFPE), ele se formou em 1949 e seguiu para o Rio de Janeiro, estagiando no Hospital dos Servidores do Estado, onde se especializou em obstetrícia e foi efetivado. O Rei do Baião também já morava na então capital federal do Brasil. Mesmo no Rio, Zédantas nunca esqueceu de Pernambuco, elevando o nome do estado e de todo o Nordeste brasileiro nas músicas que compunha.

As músicas de Zédantas estão entre as mais populares da história do forró no Brasil. Na época, elas penetraram desde as festas dos casebres do interior ao baile do mais grã-fino palacete, pois refletiam sobre uma psicologia que dominava praticamente toda a nação, mas usando de referências sertanejas. Em Xote das meninas, ele faz um paralelo entre a flor de mandacaru, no sinal que precede a chuva dando fecundidade à terra, com a menina que, enjoada da boneca, torna-se mulher. Em outras, faz alertas aos poderes públicos para com os nordestinos em miséria. Tudo isso remetendo a uma noite mágica de São João.

Nas horas de folga, o médico dedicava-se à divulgação do baião, chegando a trabalhar na Rádio Nacional como produtor do programa No mundo do baião. Ele ainda chegou a trabalhar na Rádio Mayrick, sendo diretor do Departamento Folclórico. Mais do que um grande compositor, ele foi um perspicaz folclorista, estudioso das curiosidades e do comportamento musical da gente sertaneja. A ele interessava tudo que dissesse respeito ao folclore regional nordestino, fosse vindo da viola (instrumento dos cantadores de desafio, principalmente nas feiras) ou do pandeiro (remetia a época das senzalas, quando ritmavam os sambas dos escravos nos terreiros).

Em 1961, quando estava na fazenda de Luiz Gonzaga, em Miguel Pereira, região serrana do Rio, Dantas rompeu o tendão do pé. Depois de um ano tomando fortes remédios para sanar as dores, ele teve os rins comprometidos e faleceu precocemente no Rio, em 11 de março de 1962, aos 41 anos. Duas semanas antes da morte, foi visitado por Gonzaga, que levava um gravador. Nele, Zédantas colocou músicas que havia feito, já enfermo, todas gravadas pelo Rei do Baião: Balança rede, Praias do Nordeste, Forró do Zé Antão, entre outras. Quando o disco saiu, Zé já tinha morrido. Mas suas músicas, já regravadas por vários cantores de sucesso, como Alceu Valença, Gal Costa, Maria Bethânia, Fagner e Gilberto Gil, ficaram eternizadas.

Apesar de todo o sucesso nacional de Zédantas como compositor, foi necessário o esforço de vários moradores para que o artista e médico tivesse reconhecimento merecido na sua própria terra natal, Carnaíba. Em 1975, as professoras recém-formadas Margarida Pereira, Joana Darc Malaquias e Bernadete Patriota tiveram a ideia de fazer uma festa na Escola Estadual João Gomes dos Reis. Elas resolveram trabalhar músicas de Zé, porque tinham o conhecimento de que ele nasceu na cidade. Através de uma carta, enviada por uma prima do compositor, as professoras conseguiram entrar em contato com Dona Iolanda, a viúva.

"Poucos dias depois, Iolanda respondeu com uma relação das músicas dele, além de recortes de jornais e revistas, o que nos ajudou a fazer a festa", relembra Margarida, que hoje é secretária de cultura do município. "Em 1978, o tenente João Gomes da Lira foi eleito vereador e propôs colocar um busto de Zédantas na cidade. A prefeitura não fez, então ele mesmo conseguiu esse busto, inaugurado no mesmo ano. Foi um evento de grande repercussão, quando a família e o próprio Luiz Gonzaga compareceram."

A festa em homenagem a Zédantas foi se espalhando por todas as escolas da Carnaíba. A proporção cresce com a chegada do Padre Luizinho, que segue como o pároco da cidade. "O ano de 1993 foi muito pesado, pois o Sertão sofria uma seca muito grande e perdurava a dominação de poucos ricos em cima de muitos pobres. Carnaíba já tinha uma história muito bonita, com muitos músicos e maestros, mas era muito atrasada no sentido político, com uma religião bem mais tradicional. Eu apostei na obra de Zédantas para alcançar os jovens e os estudantes, fazendo justiça com o nome dele. Zédantas nunca esqueceu de nós, do homem, da terra, das relações com a natureza", diz Luizinho.

A primeira festa ocorreu naquele ano de 1993, sendo encabeçada pela igreja. Uma carta inspirada em Vozes da seca foi lida, denunciando a situação de abandono da região. "Pegamos a música e começamos a trabalhar em cima da pobreza, da exploração. Assim nasceu o Grupo de Educação Base, que uniu toda a comunidade, sobretudo músicos e sanfoneiros. A cidade carrega até hoje esse atrativo, com uma grande festa que mobiliza toda a cultura", diz o padre.

Ainda demoraram anos para o poder público chegar junto ao evento, que só não foi realizado em 2004 e 2020 (devido à pandemia). Até hoje, uma carta sobre a situação do município e do Sertão é lida. "Visitamos as cidades vizinhas para divulgar a festa. Nós nunca tivemos Zédantas como exclusivo de Carnaíba. Ele é do Pajeú, do Nordeste, do Brasil e do mundo, ele tem essa dimensão", avalia Margarida. "Ainda assim, temos muito orgulho. Mesmo sendo um homem da cidade grande, ele não desprezou as suas raízes e exaltou o nosso forró."

CELEIRO: Carnaíba é um celeiro de artistas. A centenária Associação Filarmônica Santo Antônio atualmente conta com 20 integrantes, em sua maioria oriundos da Escola de Música Maestro Israel Gomes. A instituição foi criada em 2005 e instalada no antigo prédio da Estação Ferroviária, oferecendo aulas de percussão, sanfona, sopro em metal e madeira, violão, teclado e pífano. De lá já saíram artistas para bandas e cursos universitários em música.

O Conservatório Carnaibano de Música Maestro Petronilo Malaquias foi criado como extensão da escola. Também existe o Museu Zé Dantas, com histórias e objetos do compositor. No Recife, existe um acervo sobre Zédantas no Museu Caís do Sertão, no Bairro do Recife.

Programação SÁBADO (27): 10h: Lançamento dos webnários Um dedo de prosa – 100 anos de Zédantas e Um dedo de prosa - A poética de Zédantas, no YouTube da Secult-PE

18h: Transmissão de Um dedo de prosa – 100 anos de Zédantas, na Rádio Frei Caneca (101.5 FM e freicanecafm.org) e no YouTube do Cais do Sertão

18h: Exibição do curta-metragem Psiu! e do show Duetos da Marina Elali, na TV Pernambuco

19h: Programação musical Zédantas, na Rádio Frei Caneca

21h: Live Quinteto Violado canta Zédantas, nos canais no YouTube da banda e da Prefeitura de Carnaíba

DOMINGO (28) Lançamento da playlist ZéDantas no Spotify do Cais do Sertão. 15h: Exibição de Um dedo de prosa - 100 anos de Zédantas, na TV Pernambuco. (Diário de Pernambuco-Emanuel Bento)


Nenhum comentário

DANIEL GONZAGA LANÇA FESTIVAL ONLINE PARA PROMOVER A MÚSICA BRASILEIRA

Músico, produtor e neto do “Rei do Baião”, Daniel Gonzaga lança concurso online para ampliar o celeiro de composições regionais em língua portuguesa, com a atriz Úrsula Corona como embaixadora. Intitulado “Rythmica Web Festival”, o evento será transmitido ao vivo no www.rythmicawebtv.com, entre 25 de fevereiro e 18 de março

Serão duas eliminatórias nos dias 25/02 e 04/03, semifinal (11/03) e grande final (18/03). Os candidatos se apresentarão ao vivo em cada etapa, no formato de live pelo aplicativo StreamYard, para um júri composto pela própria apoiadora da iniciativa, Úrsula Corona (atriz), além de Marcos Lessa (cantor), e Alexandra Nícolas (cantora e fonoaudióloga). A apresentação é de Natascha Falcão (cantora).

O grande vencedor ganhará uma premiação em dinheiro e um troféu assinado pelo artista plástico Lucio Bittencourt nas categorias Melhor Música, Melhor Intérprete e Melhor Conceito. As inscrições gratuitas, que se encerraram no dia 9 de fevereiro, contabilizam mais de 60 concorrentes, entre composições que variam de viola caipira, forró, pop, acapella, samba, valsa e repente.

No momento o herdeiro do cantor e compositor Gonzaguinha, trabalha na produção de trilha sonora da série “O Silêncio que Canta por Liberdade”, dirigida por Úrsula Corona. O audiovisual, que vai trazer à tona a censura da ditadura militar na música nordestina, tem como personagens centrais Gal Costa e Gilberto Gil, entre outros músicos, compositores, produtores e artistas de outras linguagens.

Nenhum comentário

ZÉ DANTAS 100 ANOS

Médico, poeta, folclorista e imitador eram algumas das facetas do talento de Josué Souza Dantas Filho, pernambucano do sertão de Carnaíba, cujo centenário é comemorado neste sábado (27/2). Mas, o que o levou a ser conhecido e reverenciado nacionalmente foi sua parceria com Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. O encontro desses dois extraordinários artistas nordestinos gerou clássicos da importância de A volta da Asa Branca, Riacho do Navio, Sabiá e Xote das meninas.

Zé Dantas era, ainda, estudante de medicina, em Recife, quando conheceu Gonzagão. Mas só três anos depois é que vieram a ser parceiros, À época já estava radicado no Rio de Janeiro. Isolado na antiga capital federal, entre os plantões no Hospital dos Servidores, sempre lembrava e descrevia os contos, motes e causos em que listava personagens típicos que gostava de imitar. Esse material ele reportava para revistas e utilizava no exercício de outra das suas ocupações, no Departamento de Folclore na Rádio Mayrink Veiga.

Profundo conhecedor do legado de Zé Dantas, o pesquisador e sanfoneiro pernambucano Diviol Lira conta que, “em 1951, ao lado de Gonzagão, Humberto Teixeira e do maestro Guio de Moraes, ele produziu para a Rádio Nacional uma série de programas intitulada No mundo do baião, que focalizava a cultura nordestina. Também conhecido como Sabiá do Pajeú, ele conquistou a simpatia dos ouvintes da emissora ao apresentar imitações de personagens sertanejos, contar casos e mostrar composições inéditas inspiradas no sertão do Nordeste”.

Casado com Yolanda Simões, Zé Dantas dedicou à esposa o baião romântico A letra I, destaca Divil. “A partir dali, ela passou a usar essa vogal em seu nome. Além de Luiz Gonzaga, também contribuíram para para a perpetuação da obra do letrista, Marinês, Jackson do Pandeiro, Ivon Cury, além da neta Marina Elali. Ela gravou músicas inéditas do avô, que faleceu aos 41 anos. A morte precoce levou um dos mais importantes compositores de ritmos nordestinos”.

Para Aristóteles Oliveira, vice-presidente da Associação dos Forrozeiros de Ceilândia, Zé Dantas foi um dos principais criadores de forró pé de serra. “Passei a saber mais sobre a obra dele por meio do mestre Luiz Gonzaga, a quem conheci aqui no DF em 1970. Foram muitas as parcerias dos dois. Eu me inspirei muito nas letras de Zé Dantas para criar minhas composições, registradas em cinco discos e dois CDs que lancei”, diz.

Violeiro, pesquisador, produtor e apresentador do programa Acervo Origens, na Rádio Nacional FM, e do projeto Forró de Vitrola, Cacai Nunes vê Zé Dantas como um dos mais relevantes nomes da cultura popular nordestina. “Ele traduziu em palavras a ambiência, a pureza e as tradições do povo nordestino, traduzidas em músicas por Luiz Gonzaga. A volta da Asa Branca, Sabiá e Vem morena são autênticos poemas. É da maior importância celebrar Zé Dantas no centenário dele”. (Correio Braziliense)

Nenhum comentário

CEM ANOS DE ZÉ DANTAS, O DOUTOR DA MEDICINA E DA MÚSICA BRASILEIRA

Quiçá o mandacaru ‘fulorasse’ na seca o tanto quanto o “Xote das Meninas” segue reverberando em centenas de interpretações País afora, mais de seis décadas depois de sua criação pelo pernambucano de Carnaíba, no Pajeú, Zé Dantas. Se vivo estivesse (1921-1962), como poeta e compositor desta e de outras tantas canções, ele estaria triunfante. 

Neste sábado, 27, na celebração do seu centenário de vida, a trilha sonora aflora para rememorar os ares da identidade nordestina desde sempre pensada por ele e vociferada, principalmente, por outro ‘caba da peste’ protagonista da cultura popular do Sertão, Luiz Gonzaga.

Com “Vem Morena”, na distante década de 1950, foi dado o pontapé para as bonitezas que viriam a seguir nesta parceria entre um futuro Rei do Baião – até então Luiz Gonzaga não ostentava o “título” – e o folclorista do Sertão do Pajeú, o doutor da Medicina e das manifestações culturais do Nordeste, Zé Dantas que, com a mesma afinidade do cearense Humberto Teixeira (1915-1979), dono da “Asa Branca” (1947) ao lado do Velho Lua, musicou do baião ao xote as dores e alegrias das vivências do sertanejo e saudou também suas próprias memórias no “Riacho do Navio” que corria pro Pajeú e ia despejar no Rio São Francisco, “Pra ver o meu brejinho, fazer umas caçadas, ver as pegas de boi, andar nas vaquejadas, dormir ao som do chocalho e acordar com a passarada.

O cancioneiro de Zé Dantas e Luiz Gonzaga se funde, no encaixe perfeito que ganharia a partir da parceria entre ambos a popularidade que segue irretocável até os dias atuais, talvez a mais grandiosa da música brasileira. Ora compondo sozinho, ora dando letras para serem musicadas pelo companheiro de Exu, seja como letrista ou músico, sua canções passeavam em meio a lirismos e versos acintosos, no contraponto dos que eram direcionados às calamidades do homem do Sertão.

“Nos anos de 53 e 54 houve uma seca da ‘mulesta’ no Sertão nordestino, o Brasil ficou cheio de arapucas. Ajuda teu irmão! Uma esmola pro flagelado nordestino, qualquer coisa serve: dinheiro, roupa ‘véia’, sapato ‘véio’, camisa ‘véia’, tudo serve! Eu e Zé Dantas protestamos e gritamos bem alto: Seu Dotô os nordestinos têm muita gratidão, pelo auxílio dos sulistas nesta seca do Sertão. Mas Dotô, uma esmola a um homem que é são, ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão”, introduziu Seu Luiz, antes de cantar em um show a melancólica  “Vozes da Seca” (1953).

Zé Dantas se foi cedo, aos 41 anos. Deixou viúva a companheira de vida Yolanda, falecida em 2017 aos 86 anos – cremada, teve as cinzas trazidas do Rio de Janeiro, onde morava, para o Cemitério de Santo Amaro, no Recife, onde está enterrado o poeta de Carnaíba.

Inspiração para o cancioneiro do marido, Dona Yolanda Dantas por vezes acompanhava ao piano as batidas em caixinhas de fósforo que o Doutor ritmava das letras escritas em papeis largados nos bolsos dos jalecos usados nos plantões como médico. “Vai, diz que o amor fumega no meu coração” – versos de “A Letra I” (1953), composta para ela - talvez tenha sido uma delas, não se sabe. 

A Letra I

Vai cartinha fechada

Não deixa ninguém te abrir

Aquela casa caiada

Donde mora a letra I

Existe como uma cacimba

Do rio que o verão secou

Meus zóio chorou tanta mágoa

Que hoje sem água

Me responde a dor

Vai cartinha fechada

Não deixa ninguém te abrir

Aquela casa caiada

Donde mora a letra I

Existe como uma cacimba

Do rio que o verão secou

Meus zóio chorou tanta mágoa

Que hoje sem água

Me responde a dor

Vai diz que o amor

Fumega no meu coração

Tal qual a fogueira

Das noites de São João

Que eu sofro por viver sem ela

Tando longe dela

Só sei reclamar

Oi vivo como um passarinho

Que longe do ninho

Só pensa em voltar

Vai cartinha fechada

Não deixa ninguém te abrir

Aquela casa caiada

Donde mora a letra I

Existe como uma cacimba

Do rio que o verão secou

Meus zóio chorou tanta mágoa

Que hoje sem água

Me responde a dor

Vai cartinha fechada

Não deixa ninguém te abrir

Aquela casa caiada

Donde mora a letra I

Existe como uma cacimba

Do rio que o verão secou

Meus zóio chorou tanta mágoa

Que hoje sem água

Me responde a dor

Vai diz que o amor

Fumega no meu coração

Tal qual a fogueira

Das noites de São João

Que eu sofro por viver sem ela

Tando longe dela

Só sei reclamar

Oi vivo como um passarinho

Que longe do ninho

Só pensa em voltar

Seja com “A Volta da Asa Branca”, “Forró de Mané Vito”, “Sabiá” e “Cintura Fina”, entre outras tantas compartilhadas (ou não) com Gonzaga, Zé Dantas segue vivo, grandioso e incontestável. Em data centenária e dentro da dimensão que cabe à sua obra, ao aniversariante do dia resta a memória nostálgica das idas “Noites Brasileiras”, sob o embalo de um “Ai que saudades que eu sinto, das noites de São João, das noites tão brasileiras sob o luar do Sertão (...) Eita, saudoso Sertão, ai, ai”.

Nenhum comentário

BIOGRAFIA: LUIZ GONZAGA, SEGUNDO SINVAL SÁ, AUTOR DO LIVRO O SANFONEIRO DO RIACHO DA BRÍGIDA

O sanfoneiro do Riacho da Brígida, de Sinval Sá, foi a primeira biografia escrita sobre Luiz Gonzaga. Lançada em 1966, é um clássico, não apenas por ser o registro da vida do artista que virou ícone da música popular brasileira, mas por ser conduzido como se fosse uma entrevista, com o “vozeirão” de Gonzaga permeando a narrativa. No ano em que se comemorou o centenário do músico sertanejo, o título voltou às livrarias, desta vez com o selo da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), que aproveitou o aniversário de nascimento do Velho Lua, no dia 13, para republicar o trabalho assinado pelo paraibano Sinval.

Sem pretensões de ser uma obra para especialistas – o leitor perceberá que o trabalho não faz análise crítica, por exemplo – o livro é uma grande conversa com Luiz Gonzaga, na qual o artista expôs suas emoções, paixões, sentimentos, dúvidas e expectativas. É um diálogo franco, aberto, passional. O próprio Sinval admite que atuou menos como escritor e mais como uma espécie de ghost writer do artista.

O trabalho é descritivo e obedece a uma ordem cronológica. Na abertura, Infância, estão registrados a chegada da família de Gonzaga a Exu, o nascimento do menino no Riacho da Brígida; a vocação musical, que despertou logo cedo; os primeiros trabalhos; o ambiente sertanejo; as primeiras paixões; e a surra que Luiz levou da mãe, Santana, que o deixou profundamente humilhado e o levou a fugir para Fortaleza.

Na segunda parte do livro, O 122 bico de aço, número de recruta de Gonzagão, são contadas suas aventuras como militar, o orgulho que o matuto sentia em vestir a farda e desfilar na rua – diante de mocinhas deslumbradas –, a viagem para o Sudeste com o exército, as desavenças com oficiais e superiores e sua saída da instituição.

A escalada, terceira parte do volume, registra o início da sua carreira. Primeiro, tocando em festas e bares, depois, participando de programas nas rádios cariocas. Um fato, em especial, chama a atenção: sua luta para se firmar como cantor e não apenas como instrumentista. Quem admira a voz de Luiz não imagina que ele ouviu um diretor de rádio afirmar que ela era “horrível”. Ainda bem que o comentário não o fez desistir. Em 1945, gravou sua primeira mazurca, Dança Mariquinha (Luiz Gonzaga/Miguel Lima). Logo em seguida se daria o encontro com Humberto Teixeira, do qual resultou a gravação de Asa branca, que o levaria a ser reconhecido nacionalmente.

O último capítulo do livro, Estórias e fatos, está mais centrado em episódios pitorescos. No apêndice, um cancioneiro de Luiz Gonzaga, com seus mais emblemáticos sucessos.

O sucesso de O sanfoneiro do Riacho da Brígida, que tem como marcas a espontaneidade e a coloquialidade, deveu-se à persistência do paraibano José Sinval de Sá, cuja admiração por Gonzaga ajudou a registrar momentos importantes da vida do artista.

Numa visita que fizemos a Sinval Sá, há alguns meses, em sua casa, em Brasília, encontramos um nonagenário saudável e com disposição invejável. O ex-funcionário público, que desde a década de 1950 atua também como escritor (tem sete títulos publicados, entre romances, biografia e histórias para crianças), contou como concebeu o livro, numa época em que eram incomuns as biografias de artistas populares; lembrou como foram os encontros com Gonzaga e falou sobre a feitura do trabalho.

Era o ano de 1955, época em que, ainda oficial da Aeronáutica, Sinval se encontrava em Taubaté, São Paulo. Numa terça-feira de Carnaval, sozinho, longe da família e da mulher Rizete, ele diz que se emocionou profundamente quando, sentado num banco de praça, escutou pelo alto-falante a estrofe inicial de Asa branca.

Cinco anos depois, instalado em Fortaleza e já livre da farda, soube que Gonzaga estava hospedado num hotel da capital. Telefonou e marcou um encontro com ele. Fez-lhe a proposta da biografia, que foi aceita e elogiada. “Na ocasião, Gonzaga me disse: ‘Gostei de você. Parece sério, direito. Foi o primeiro a me falar em escrever sobre minha vida sem cobrar nada’”. A produção do livro, porém, só se deu um ano depois, quando, em visita ao Rio, Sinval ligou para Gonzaga, que morava na Ilha do Governador.

Durante os dois anos seguintes, escritor e artista se encontravam na Praia do Dendê ou da Cocotá (ambos na Ilha). “Conversamos sobre tudo: infância, exército, amores, músicas, sucesso, mágoas. Era um período em que ele tocava nos teatrinhos do interior, nas rádios, uma fase de baixa popularidade, bem diferente da badalação que tivera nas décadas anteriores.”

Passado esse período, Sinval voltou para Fortaleza, romanceou a história, deixando-a cheia de floreios, e a enviou para Gonzaga. Recebeu uma resposta desaforada: “Não gostei, está uma porcaria, não foi isso que contei ao senhor!”. Diante do “carão”, resolveu manter-se mais fiel ao linguajar de Gonzagão. Lançada em 1966, na Praça do Ferreira, em Fortaleza, a edição esgotou-se rapidamente.

Se, durante os anos de encontro com Sinval, Gonzaga vivia alguma melancolia e certo ostracismo, em breve, recuperaria parte da fama e do sucesso, graças à interferência de Carlos Imperial e dos artistas protagonistas da Tropicália Gilberto Gil e Caetano Veloso. Nas décadas de 1970 e 1980, recebeu várias homenagens, fez centenas de shows, gravou discos. E morreu consagrado como artista único e brilhante que se revelou.

DANIELLE ROMANI, repórter especial da revista Continente.

Nenhum comentário

COMEMORAÇÕES DOS 100 ANOS DO MÉDICO E COMPOSITOR ZÉ DANTAS GANHA PROGRAMAÇÃO ESPECIAL

 

O compositor Zé Dantas, responsável por muitos sucessos de Luiz Gonzaga, terá o seu centenário comemorado neste sábado (27). Para celebrar um nome tão importante para a música brasileira, Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-PE), a Secretaria de Cultura do Recife, a Fundação de Cultura Cidade do Recife, o Museu Cais do Sertão, a TV Pernambuco e a Rádio Frei Caneca se uniram para realizar ações em torno da obra do compositor ao longo de 2021.


Para começar, essas instituições estão lançando uma programação inicial, de 26 de fevereiro a 6 de março, na qual se destaca produções audiovisuais e fonográficas sobre o "Dotô do Baião". A programação será realizada durante os 10 dias com transmissões na TV Pernambuco, Rádio Frei Caneca, e nos canais no Youtube do Museu Cais do Sertão (www.youtube.com/caisdosertao) e Secult-PE (www.youtube.com/secultpe).

A programação conta com a transmissão de dois webnários gravados e editados pela TV Pernambuco, com debates sobre o legado artístico de Zé Dantas. O primeiro é o Um Dedo de Prosa - 100 Anos de ZéDantas, com a participação de Lêda Dias, gerente de Políticas Culturais da Secult-PE, e José Dantas Neto, filho de Zé Dantas; e Anselmo Alves, documentarista, colecionador e pesquisador.

O segundo, Um Dedo de Prosa - A Poética de Zé Dantas, tem a presença de Diviol Lira, assistente de Música da Secult-PE. Padre Luiz Marques Ferreira, pároco de Carnaíba; Cacá Malaquias, músico e educador musical; e Daniel Bueno, cantor, compositor e escritor.

Dentre outros destaques da programação, haverá também a exibição do show Duetos, de Marina Elali, neta de Zé Dantas, que fará uma homenagem ao legado do avô. Já a partir de sábado (27), e ao longo de todo o ano, serão exibidos os programas Pílulas do Zé, na TV Pernambuco, Rádio Frei Caneca e redes sociais da Secult-PE e Cais do Sertão, contando um pouco sobre a vida e obra deste artista.

Também está prevista, no sábado (27), uma sessão do curta-documentário pernambucano Psiu!, trabalho autobiográfico sobre Zé Dantas dirigido por Antonio Carrilho, e com produção e co-direção de Juliana Lima. O filme será exibido na TV Pernambuco, às 18h. Com duração de 20 minutos, o curta retrata a vida e a obra de José de Souza Dantas Filho, nascido em Carnaíba, no Sertão do Pajeú pernambucano. No documentário, a trajetória dele é revista e conta com o suporte de imagens e gravações inéditas com a voz do compositor, além de depoimentos de nomes como Ariano Suassuna, Marina Elali, Yolanda Dantas (viúva), Geraldo Azevedo e demais parentes.

Ainda neste sábado (27), das 11h às 12h30, um debate ao vivo na Rádio Jornal, conduzido pelo comunicador Wagner Gomes e organizado em parceria com a Fundação de Cultura Cidade do Recife e o Memorial Luiz Gonzaga, reunirá especialistas para tratar sobre a importância e perpetuidade da obra de Zé Dantas, que tão bem retratou toda beleza e dureza da vida no Sertão Nordestino.

José de Sousa Dantas Filho, compositor e poeta, nasceu no município pernambucano de Carnaíba (27/2/1921) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ) (11/3/1962). Em 1947, conheceu Luiz Gonzaga, de quem se tornou um dos principais parceiros musicais, ao lado do também compositor Humberto Teixeira. Três anos depois, em 1950, Luiz Gonzaga gravou algumas de suas composições, como Vem, Morena, A Dança da Moda, o xote Cintura Fina, entre outros, dando início a uma das parceiras musicais mais exitosas da música brasileira.

Confira a programação, de 26 de fevereiro a 6 de março:

Sexta-feira (26) 15h Quadro Poética – Salada Pop / Especial ZéDantas. (O poética é um quadro veiculado diariamente no programa Salada Pop, apresentando um(a) poeta e alguma de suas obras declamadas na Rádio Frei Caneca). Rádio Frei (101.5 FM, www.freicanecafm.org ou pelo app)

Sábado (27) 10h Lançamento dos webnários ‘Um Dedo de Prosa – 100 anos de ZéDantas’ e “Um Dedo de Prosa – A Poética de ZéDantas” YouTube da Secult-PE (www.youtube.com/secultpe)

11h Mesa de Bar,  programa de rádio conduzido pelo comunicador Wagner Gomes e organizado pela Fundação de Cultura da Cidade do Recife/Memorial Luiz Gonzaga, com pesquisadores/especialistas da obra de ZeDantas. Rádio Jornal (90.3 FM, www.radiojornal.ne10.uol.com.br/ao-vivo/recife ou pelo app)

18h Transmissão de ‘Um Dedo de Prosa – 100 Anos de ZéDantas’

Rádio Frei (101.5 FM, www.freicanecafm.org ou pelo app) e Youtube do Cais do Sertão (www.youtube.com/caisdosertao)

18h Exibições do curta-metragem “PSIU!” e do show Duetos da Marina Elali

TV Pernambuco (RMR: 46.1; Caruaru: 12.1; Petrolina: 13.1)

19h Programação musical ZéDantas Rádio Frei Caneca (101.5 FM, www.freicanecafm.org ou pelo app)

 Domingo (28) Lançamento da playlist ‘ZéDantas’ no Spotify do Cais do Sertão. 15h Exibição de ‘Um Dedo de Prosa – 100 Anos de ZéDantas’ TV Pernambuco (RMR: 46.1; Caruaru: 12.1; Petrolina: 13.1)

Quarta-feira (3) 18h Exibição de ‘Um Dedo de Prosa – 100 anos de ZéDantas’ Youtube do Cais do Sertão (www.youtube.com/caisdosertao)

 Sábado (6) 18h Transmissão de ‘Um Dedo de Prosa – A Poética de ZéDantas’ Rádio Frei Caneca (101.5 FM, www.freicanecafm.org ou pelo app)

 19h Programação musical ZéDantas Rádio Frei Caneca (101.5 FM, www.freicanecafm.org ou pelo app)

ATIVIDADES EXTRAS *A partir do dia 27/02 e ao longo do ano: Exibições das Pílulas do Zé, na TV Pernambuco, Rádio Frei Caneca e redes sociais da Secult-PE, Museu Cais do Sertão, Fundação de Cultura Cidade do Recife e Secretaria de Cultura do Recife.

Nenhum comentário

EX-CATADORA, CAROLINA MARIA DE JESUS É DOUTORA HONORIS CAUSA PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

O Conselho Universitário da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Consuni/UFRJ) aprovou o título póstumo de doutora honoris causa a Carolina Maria de Jesus (1914-1977), autora de Quarto de despejo.

Negra, catadora de papel e moradora de favela na capital paulista, a escritora foi homenageada por sua luta e coragem. A decisão foi aprovada por unanimidade e aclamação entre os conselheiros da universidade.

Maria Carolina de Jesus se mudou de Minas Gerais para São Paulo aos 30 anos. Filha de analfabetos e natural de Sacramento (MG), ela aproveitava os papéis que catava para escrever e, assim, produziu seu primeiro e mais famoso livro, Quarto de despejo.

A vida e a obra da escritora foram temas de 58 teses e dissertações nos últimos seis anos, segundo informações da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).

A honraria Honoris Causa, que significa “por causa de honra”, é concedida independentemente da instrução educacional a quem se destacou por suas virtudes, méritos ou atitudes.

Carolina Maria de Jesus dizia que o Brasil deveria ser governado por alguém que já passou fome. Para Carolina, a vida tinha cores, mas, normalmente, essa não é uma referência positiva. A fome, por exemplo, é amarela. Em um trecho do primeiro livro, a autora discorre sobre o momento em que passa fome. “Que efeito surpreendente faz a comida no nosso organismo! Eu que antes de comer via o céu, as árvores, as aves, tudo amarelo, depois que comi, tudo normalizou-se aos meus olhos.”

Catadora de papel e ferro velho, Carolina relatava seu cotidiano para criar os três filhos em 35 diários, todos escritos em cadernos com folhas em brancos que encontrava “no lixo”. Os livros também resgatados no trabalho como catadora ela lia para os filhos, enquanto sonhava em publicar suas memórias.

Até a casa em que a família vivia, na antiga Favela do Canindé, às margens do Rio Tietê, era um barraco construído com madeira, latas, pedaços de telha e outros materiais que Carolina encontrava na rua.

Em 1958, o jornalista Audálio Dantas trabalhava em reportagem na região do Canindé e conhece a autora, seus escritos e a transforma em personagem de suas matérias.

Foi a partir daí que os cadernos de Carolina se transformaram em um livro: Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada (1960), que era inspirado em frase de Carolina: “A favela é o quarto de despejo da cidade”.

Antes de morrer, em 1977, Carolina ainda escreveu outros três livros. (Fonte: Audálio Dantas-jornalista-Foto).


Nenhum comentário

ESGOTO CONTINUA DESPEJANDO POLUIÇÃO NO RIO SÃO FRANCISCO


Esgoto a céu aberto sendo despejado no Rio São Francisco, na orla do município de Juazeiro, Bahia. Desde o ano passado a reportagem do BLOG NEY VITAL denuncia este crime ambiental e nesta quinta (25) mais uma vez, o tema é pauta. A reportagem também flagrou árvore caída nas margens do Velho Chico.

A revitalização e a preservação do Rio São Francisco ainda esbarram na falta de conscientização de autoridades, empresários e sociedade em geral é o alerta do ambientalista João Carlos Figueiredo.

“Temos na verdade uma série de ações pontuais que transformaram a revitalização numa colcha de retalhos. A situação ainda é de muita pobreza e esquecimento”, afirmou.

No última dia 5 de fevereiro, após vistorias na Orla de Juazeiro, a equipe da Secretaria de Meio Ambiente e Ordenamento Urbano (SEMAURB) finalizou o mapeamento de pontos críticos encontrados nesse logradouro, importante equipamento de lazer e turismo para a cidade. 

Entre as situações observadas durante a fiscalização estão o despejo irregular de esgoto e descarte de lixo às margens do rio.

“No tocante às questões ambientais, no mapeamento foram identificadas, quase que em todo percurso da orla, várias ligações clandestinas de esgoto, conectadas irregularmente à galeria de águas pluviais a qual tem a função de captar, transportar e drenar apenas água da chuva diretamente para os corpos d’água. Por isso, é imprescindível que não haja mistura com dejetos humanos ou outros resíduos, como é o caso dos esgotos, para evitar a contaminação e poluição do bem mais precioso de nossa região, o rio São Francisco. Também identificamos despejos irregulares de resíduos ao longo da orla, necessidade de manutenção dos parquinhos, manutenção dos locais destinados a prática de esportes, necessidade de implantação de lixeiras de coleta seletiva e outras melhorias estruturais“, contou Maria Izabel de Oliveira, fiscal de Saneamento e Melhoria do Meio Ambiente.

A partir do mapeamento feito, a SEMAURB pretende autuar os responsáveis pelo despejo irregular de esgoto na orla, além de começar uma campanha de conscientização ambiental.

“Em relação as ligações clandestinas que foram identificadas, a SEMAURB, em parceria com o SAAE, irá fazer um plano de ação para que possamos identificar primeiramente de onde partem essas ligações clandestinas e assim podermos notificar e também orientar os autores por meio de um plano de educação ambiental, e por fim eliminar esses pontos de poluição do rio São Francisco”, detalhou Maria Izabel.

De acordo com Maria Izabel, uma ação conjunta com as demais secretarias e outros órgãos será realizada para resolver esses problemas. “O objetivo é interagir com todos aqueles que possam contribuir com ações de melhorias dentro de sua respectiva competência, fazendo um trabalho eficaz de proteção ao meio ambiente, bem como demais melhorias ao longo da orla de nossa cidade“, finalizou.

Nenhum comentário

DIA 03 DE MARÇO COMPLETA UM ANO DO RETORNO DAS ARARINHAS AZUIS AO SERTÃO DE CURAÇÁ, BAHIA

 

No próximo 03 de março, Dia Mundial da Vida Selvagem completa exatamente 1 ano do retorno de 52 ararinhas-azuis (49 oriundas da ACTP Alemanha e três do Zoológico Pairi Daiza na Bélgica), quando chegaram em Curaçá, Bahia e estão sendo preparadas para sua reintrodução para viverem novamente na natureza.

Se não fosse a pandemia certamento na cidade iria acontecer várias comemorações. A reintrodução da Ararinha-azul faz parte de um projeto na Caatinga, no qual duas Unidades de Conservação federais foram estabelecidas em 2018 para garantir a proteção e promover a biodiversidade e o uso sustentável.

O projeto promoveu a educação ambiental entre a comunidade e alunos que foram sensibilizados sobre a importância da conservação da ararinha-azul. Estas aves foram vítimas de décadas de caça furtiva e a perda de seu habitat natural até a sua extinção na natureza, em 2000.

Inicialmente, a reprodução da ararinha-azul parecia impossível, pois apenas um número muito pequeno de aves havia sobrevivido e a diversidade genética era muito limitada. Foram testados e desenvolvidos vários métodos para aumentar a população em cativeiro.

Em 2012, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), juntamente com várias organizações parceiras, estabeleceu um Plano de Ação Nacional para aumentar a população cativa, proteger o habitat e promover a reintrodução da Ararinha-azul.

Em 2016, a organização sem fins lucrativos alemã, Association of Conservation Threatened Parrots (ACTP), lançou o "Projeto de Reintrodução da Ararinha-azul" em conjunto com o ICMBio e com o apoio da fundação belga Pairi Daiza.

Em 2018, a maioria das aves foi reunida na ACTP em Berlim. Sob a supervisão de uma equipe de especialistas, um número crítico de animais foi criado nos últimos anos. Felizmente, a tecnologia de criação em cativeiro desenvolvida pelos proprietários e o programa de inseminação artificial da Al Wabra Wildlife Preservation, do Catar, ajudaram a aumentar a pequena população de 53 aves em 2000 para até 180 papagaios saudáveis hoje. Destes, os primeiros animais devem agora ser reassentados em sua casa original.

Ano passado, a reportagem do BLOG NEY VITAL, esteve em Curaçá, no dia 3 de março de 2020. Atualmento um grande centro de criação e soltura localizado em uma área de 45 hectares dentro do Refúgio da Vida Silvestre da Ararinha-azul, na Caatinga. As Ararinhas continuam sendo preparados para sua vida na natureza. Este ano, o primeiro grupo de ararinhas-azuis finalmente deve voar pela Caatinga depois de 21 anos do desaparecimento do último exemplar visto na natureza.

Nenhum comentário

IVALDO BATISTA: CORDEL ZÉ DANTAS 100 ANOS DO MAIOR COMPOSITOR GONZAGUEANO

Ivaldo Batista. Ivaldo é poeta, escritor e cordelista. Nasceu em Carpina, Pernambuco, membro efetivo da União Brasileira de Escritores e do Instituto Histórico de Jaboatão dos Guararapes. Ivaldo é formado em Historia pela Universidade Católica de Pernambuco, pós-graduado em História de Pernambuco, Bacharel em Teologia. Este ano Ivaldo Batista presta homenagem aos 100 anos do compositor e médico Zé Dantas.



Peço a Deus que me dê inspiração

Pra lembrar em versos que faz 100 anos

Que nasceu um desses pernambucanos

Um dos filhos ilustres do sertão

Que representou bem a região

O Nordeste se sente envaidecido

Por esse talento reconhecido

E o legado que ele nos deixou. 

O que Doutor Zé Dantas receitou

Através de Gonzaga tenho ouvido.

Natural de Carnaíba das Flores

Situada no Alto Pajeú

Solo onde reina o Mandacaru

Deu-nos o maior dos compositores

Gonzagão foi servido de valores

Os doutores escalados no Baião

Executaram bem essa missão

Mas ZÉ DANTAS foi quem se destacou.

Tudo que doutor Zé Dantas criou

Gonzagão cantou pra nossa nação.

Esse gênio nasceu em Fevereiro

Que é mês de carnaval e confete

Seu registro, diz dia Vinte e Sete 

Sou tiete desse nobre guerreiro

Pernambuco, Estado Brasileiro

Tem orgulho de vê esse menino

Que nasceu e cresceu tão nordestino

Em Mil Novecentos e Vinte e um.

Com um talento raro incomum 

Só podia ser obra do divino.

É Seu José de Souza Dantas Filho

Nome do cidadão carnaubano

Como pernambucano me ufano

De vermos nessa estrela tanto brilho

Com vocês esses versos eu compartilho

A fim de resgatar sua memória

Ele é referência e fez História

Um exemplo para toda nação.

Revelado por nosso Gonzagão 

Um e outro já partiram pra glória. 

Falando sobre os seus genitores

Seu pai foi importante fazendeiro

JOSÉ DE SOUZA DANTAS, homem ordeiro

Ex prefeito da cidade de Flores

Comerciante cheio de valores

Da burguesia rural nordestina

Que queria o filho na medicina

Sua mãe Josefina Alves Siqueira.

Dona “Santu” Uma mulher guerreira 

Esses pais decidiram a sua sina. 

Zé Dantas Filho deixou Carnaíba

Foi morar lá perto do litoral

Mudou pra estudar na capital 

Desce lá de riba feito um escriba 

Nessa arte não há quem o proíba

A vontade da família foi feita

Veio estudar pra passar receita

Chegou ao Recife com Nove anos.

Estudou mas traçou também seus planos

Nossa gente se deu por satisfeita.

Dos colégios que ele freqüentou

Em Recife tem Nóbrega e Marista

Também o Americano Batista

Onde José Dantas Filho estudou

Com dezessete anos ele criou

Compôs Xote, Toadas e Baião

Era grande a sua produção

Do modo nordestino e brejeiro.

Crônicas do Folclore brasileiro

Tá presente em sua composição.

Seus trabalhos eram sempre mostrados

Pelo colégio em uma revista

Era no Americano Batista

Onde seus textos eram publicados

Os costumes nordestinos narrados

Ali treinava um compositor

Com toda liberdade pra compor

Sem jamais esquecer sua missão.

Ele só veio de lá do sertão

Pra cidade estudar e ser doutor. 

Seu Zé Dantas nasceu pra ser artista

Revelado ainda de menor

Afirmou Armando Souto Maior

Esse excepcional folclorista

Que foi seu colega lá no Marista

Testemunhou Zé Dantas batucando

Uma caixa de fósforos usando

E compondo ali de improviso.

Vinha dos corredores esse aviso

Um compositor está se formando. 

Essa etapa da vida então termina

Ele corre atrás do ideal

Pari passu a vida musical 

Ingressou no curso de Medicina

Como sua família determina

O pai dele jamais quis aceitar

Vê o filho na música atuar 

Mas um dia mudou de opinião.

Depois que conversou com Gonzagão

Eu conheço quem pode confirmar.

Precisava estudar e ser doutor

Seguiu firme o curso de Medicina

O destino quem sabe vaticina

Determina o improvisador

José Dantas seguiu compositor

Ali no meio Universitário

A despeito do pai que era agrário

Nessa área ele foi se envolvendo.

O doutor nessa arte foi crescendo

E a vida lhe deu outro cenário.

Mil novecentos e quarenta e sete 

Fica aqui registrado no cordel

Que Zé Dantas foi vê no grande hotel

O Rei do Baião que era manchete

Recebeu de Zé Dantas e promete

Aproveitar sua composição

Que em breve fará a gravação

Ao gravar, foi um sucesso total 

Nasceu a parceria ideal

De Zé Dantas com o Rei do baião. 

Forró de MANÉ VITOR e Vem MORENA

Zé Dantas viu suas composições

Agradarem em cheio as multidões

Pra alegria do amor de Helena

Que pra o doutor Zé Dantas acena

As duas canções que foram gravadas

Já estavam por demais aprovadas

Consagrando Zé Dantas o autor.

E o Rei do Baião, grande cantor

Uma das parcerias consagradas.

O curso de Zé Dantas terminou

Em Quarenta e Nove ele saiu

Cursou Medicina e concluiu

Pra o Rio ele logo se mudou

Em Cinqüenta quando por lá chegou

Procurou explorar a sua arte

Do mundo artístico ele é parte

Participou de Shows e gravações

Com Gonzaga e outras produções

Seu Zé Dantas tornou-se estandarte.

Lá no Rio foi fazer residência

No Hospital que é dos Servidores

Era um dos neófitos doutores

Destacou-se por sua inteligência

Logo provando sua competência

Quando teve concurso aproveitou

Preparou-se no teste e passou

E entrou pra o quadro efetivo.

Nesse hospital foi gestor ativo

Nem com isso, seu dom abandonou.

Em Recife lá na Rádio Jornal

Em Cinqüenta, ele pode estrear

E no Rio também pode atuar

No Programa na Radio Nacional

“Na Hora do Baião” foi tão legal

Ouvir muitos causos do contador

De personagens foi imitador

Revelou contos do Nordeste pobre

No programa em um horário nobre

Tava ali o doutor compositor.

Sobre sua esposa eu me lembro

Yolanda Dantas é de Pernambuco

De Recife, chão de Joaquim Nabuco

Esses dois se conheceram, relembro

Foi num dia de sete de setembro 

Num feriado em Serra Talhada

Começou com uma simples olhada

Numa Vila chamada Caiçarinha 

Com dezessete anos e tão novinha

A professorinha foi conquistada. 

Foi assim que Zé Dantas conheceu

Dona Yolanda Dantas, querida

Encontrou o amor de sua vida

Foi assim que tudo aconteceu

Esse encontro no sertão ocorreu

Ele estudante de medicina

Galanteador ganhou a menina

Que era filha de um leiloeiro.

E Zé Dantas filho do fazendeiro

Elegante essa conquista assina.

Iniciou assim a relação

Mas eles não se casaram no ato

Em Mil Novecentos e Cinqüenta e quatro

É que foi selada a união 

Oito anos depois o coração

Da mulher que inspirou a letra “I”

Viu seu amor, desse mundo partir

Para o que chamam de vida eterna

Ela ficou sem chão, procurou perna

Mas no mundo precisou prosseguir. 

Ela tinha três filhos pra criar

E seguir firme era sua tônica

Criou duas filhas: Sandra e Mônica

E um filho também pra educar

Zé Dantas Neto pra continuar

Tornou se doutor e mora no Rio

Yolanda encarou o desafio

Só a morte é quem lhe submete

Janeiro de Dois Mil e Dezessete

Sua morte não matou o seu brio.

Foram quinze anos de parceria

Mais de Cinqüenta músicas gravadas

Todas elas são marcas registradas

Da junção que o destino fazia

O Brasil inteiro todo curtia

Aplaudia cada nova canção

De Zé Dantas, um mestre do Baião

Gonzagão garimpou nobre parceiro.

Mais um pernambucano e brasileiro

Pra decantar a nossa região.

Vou citar algumas canções aqui

VOLTA DA ASA BRANCA e SABIÁ

ADEUS IRACEMA e MARIÁ

CASAMENTO DE ROSA e LETRA I

O DELEGADO NO COCO ouvi

TREZE DE DEZEMBRO e o TORRADO

VOZES DA SECA e FEIRA DE GADO

CARTÃO DE NATAL e CHEGOU SÃO JOÃO.

ACAUÃ e ABC DO SERTÃO

QUADRILHA é BOM e o MACHUCADO.

PRONDE TU VAI LUI e LENDA DE SÃO JOÃO

DANÇA DA MODA e PEGA PENEIRA

QUANDO O INVERNO CHEGA e RENDEIRA 

PERFUME NACIONÁ, PISA PILÃO 

O BOM QUE O COCO TEM e TUDO É BAIÃO

TÁ LEGAL e O QUE É QUE TU QUER

RIACHO DO NAVIO e RAQUÉ

PIRIRIM, ADEUS RIO DE JANEIRO.

O CIRCO, O RIACHO DO IMBUZEIRO

NÓS NUM HAVE e MANÉ e ZABÉ. 

O CALANGO e SAMARICA PARTEIRA

NOITES BRASILEIRAS e SETEMBRINA

MUIÉ FEIA, NO TERREIRO DA USINA

PAULO AFONSO e PASSO DA RANCHEIRA

SIRI JOGANDO BOLA é de primeira

A DANÇA DA MODA e ALGODÃO

CANGOTE CHERÔSO e FORRÓ DE ENTÃO

CHORA CARRINHO e CINTURA FINA.

CHEGADA DE INVERNO e CORINA

IMBALANÇA e CAFÉ na relação.

MINHA FULÔ, SÃO JOÃO NO ARRAIÁ 

LASCANDO O CANO e AI MEU BEM

SÃO JOÃO ANTIGO e XEM NHEM NHEM 

VAI TER CASAMENTO, NUM VÔ CHORÁ 

MEU PAPAGAIO e NA BEIRA MAR

SANSÃO e DALILA, OLHA A PISADA 

AI AMOR e AS QUATRO IMBIGADA

BALANÇA A REDE e CABRA A PESTE.

ADEUS SAUDADE e CABRA DO NORDESTE

FORRÓ DE MANÉ VITOR e FARINHADA.

XOTE DAS MENINAS e CAXAMBU

eve o BALAIO DE VEREMUNDO

SÓ VALE QUEM TEM é coisa do mundo

BALAIO, FORRÓ EM CARUARU

SÃO JOÃO NA ROÇA e REI BANTU 

No XOTE MIUDINHO a gente vai

VEM MORENA é sucesso que não cai

CADÊ O PEBA, AQUELA CASINHA.

FORRÓ DO QUELEMENTE e MARIQUINHA

ALMA DO BRASIL, DERRAMARO O GAI.

José Dantas grande compositor

Pra criar versos era um celeiro

Retratando o Nordeste brasileiro

Como folclorista pesquisador

Da cultura foi um divulgador

Do Nordeste fez toda exposição

Abordando os temas do sertão

Novenas, festas e as farinhadas.

As poesias e brigas relatadas

Casamento e muita confusão.

Zé Dantas viveu o mundo rural

Xico Nóbrega assim me falou

Esse cotidiano transportou

E botou na construção musical

Esse compositor foi triunfal

Mergulhou fundo nessa produção

Dando aula de interpretação

Aos poucos, a medicina que cura.

Foi perdendo espaço para cultura

José Dantas foi show na criação.

Seu Zé Dantas doutor admirado

Destacou-se enquanto humorista

Além do bom humor foi folclorista

Já escutei um causo seu contado

Quem ouviu garante ter gostado

Era fonte de entretenimento

Foi proveitoso esse casamento

O baião ganhou outro pioneiro

Na canção Gonzagão foi um parceiro

Que deu voz a esse grande talento.

Por quarenta e um anos, viveu 

O Baião chorou sua despedida

Sua obra eterniza sua vida

Ele vive em tudo que escreveu

Nessa breve vida desenvolveu

Um acervo gigante pra cultura

Contribuiu demais a criatura

Vejam entre os clássicos musicais.

Suas músicas são tradicionais

E cantores fazem nova leitura.

Seu Zé Dantas sofreu um acidente

Em fevereiro de sessenta e um

Não sei se havia remédio algum

Pra tratar o doutor que é paciente

José Dantas ficou muito doente

Por romper um ligamento no pé

Tomou a cortisona e nessa fé

O remédio aliviava as dores.

Os efeitos, pois nem tudo são flores

Comprometeu o fígado de Zé.

Um ano depois Zé Dantas morreu

Em onze de março em sessenta e dois

Muitas homenagens seguem depois

Todas elas, o cabra mereceu

Lembro algumas que ele recebeu

Na Academia é imortal

Ganhou um busto na terra natal

Cada homenagem a Zé foi bela. 

É nome de Rua em Casa Amarela

No bairro do Recife a, capital.

Homenageando o compositor

Num compacto do Rei do Baião 

Luiz Gonzaga gravou XÔ PAVÃO 

PROFECIA, outra composição

Cantou também outra exaltação

De Onildo Almeida do Agreste

E de outro, também cabra da peste

Antônio Barros lá da Paraíba.

Ao nosso mestre lá de Carnaíba

Que deixou chorando todo Nordeste.  

As canções de Zé Dantas alcançaram

Um patamar bonito de se vê

Muitos artistas da MPB

Já gravaram e também regravaram

Com diversos arranjos interpretaram

Alguns deles, eu tenho relacionado:

Ivon Cury, Quinteto Violado

Carmélia Alves, Hermeto pascoal.

Gonzaguinha e Wilson Simonal

Ivan Ferraz e Elba têm cantado.

Gonzagão gravou Zé Dantas primeiro

Dominguinhos também teve a vez

Maria Bethânia e Marinês

Marisa Monte e Jackson do Pandeiro

Flávio José e Alcymar Monteiro

Alceu Valença e Gilberto Gil

Geraldo Azevedo e outros mil

Até Chico Buarque que encanta.

E Marina Elali também canta

As canções do avô pelo Brasil.

Encerrando o cordel do doutor

Segundo José Teles: O mais lírico

Com o meu conhecimento empírico 

Digo: Foi o maior compositor

Em tão pouco tempo pode compor

Dezenas de letras com qualidade

Revelou sua versatilidade

E sua relação umbilical.

Que ele teve com o mundo rural 

Descreveu pra o homem da cidade.


Nenhum comentário

LIVE COM QUINTETO VIOLADO COMEMORA O CENTENÁRIO DE ZÉ DANTAS

Neste sábado, 27 de fevereiro de 2021, será comemorado o centenário do lendário compositor José de Sousa Dantas Filho, Zé Dantas criador de inúmeros sucessos cantados por Luiz Gonzaga.  Neste ano, diante da pandemia, a cidade apostará em uma programação de lives no YouTube. para homenagear os 100 anos de nascimento do poeta, compositor e médico Zé Dantas.

A ação começa neste sábado, a partir das 21h, com o show Quinteto Violado Canta Zé Dantas, transmitido ao vivo do Teatro José Fernandes de Andrade. A exibição será realizada nos canais da banda e da Prefeitura de Carnaíba

Mais cedo, logo nas primeiras horas da manhã, a centenária Banda Filarmônica Santo Antônio percorrerá as ruas da cidade rendendo homenagens ao compositor. O calendário de lives seguirá até maio, até que se tenha uma nova posição dos protocolos de segurança em razão da pandemia. Estão previstas lives quinzenais com artistas da terra cantando e interpretando as canções de Zé Dantas.

Outras atividades, como lançamentos de livros, cordéis, documentário e roteiros esportivos serão anunciadas tão logo seja possível de acordo com as normas vigentes dos protocolos sanitários do governo estadual. Outras apresentações online serão realizadas com poetas, outros artistas e bandas locais, além de programações envolvendo a rede municipal de ensino. 

A tradicional Festa de Zedantas, que acontece no mês de novembro, deve contar com uma programação especial a depender da pandemia. Um dos destaques será a presença da neta do compositor, Marina Elali, que já participou em outras edições.

Foi na Carnaíba que Zé Dantas viveu sua infância e recebeu as influências que fizeram dos seus versos um retrato do povo sertanejo. Compositor, poeta e folclorista, autor de uma série de composições que fizeram sucesso na voz de Luiz Gonzaga, a exemplo de Cintura Fina, Riacho do Navio, Vem Morena e A Volta da Asa Branca. Além do lirismo e da comédia, traduziu o grito dos nordestinos em busca de dignidade com o clássico Vozes da Seca.

Após concluir o ensino médio, ingressou na faculdade de medicina. Em 1947 Zé Dantas teve seu primeiro encontro com Luiz Gonzaga. A parceria rendeu sucessos comoAcauã, Sabiá, O Xote das Meninas, Forró de Mané Vito e tantas outras. Ele foi casado com a pernambucana Yolanda Dantas, que faleceu em 2017, aos 86 anos. O casal teve três filhos. Uma das netas do casal, Marina Elali, seguiu a carreira artística e já gravou músicas compostas pelo avô. Zé Dantas faleceu no Rio de janeiro, no dia 11 de março de 1962.

Confira a programação: 

27 de fevereiro (sábado), às 21h - Quinteto Violado

13/03 - Genailson do Acordeon

27/03 - Marcos e Pavão

10/04 - Bandas de Pífanos

24/04 - Júnior Mendes

08/05 - Adriano Lima

22/05 - Tiago Souza

SERVIÇO

Live Quinteto Violado Canta Zé Dantas

Quando: neste sábado (27), a partir das 21h

Onde: Canais do YouTube do Quinteto Violado e Prefeitura de Carnaíba PE

Nenhum comentário

← Postagens mais recentes Postagens mais antigas → Página inicial