150 ANOS DA LEI DO VENTRE LIVRE É TEMA DE SELO

Os Correios lançaram a emissão filatélica "Bloco Comemorativo de 150 Anos da Lei do Ventre Livre". Trata-se de um produto dos Correios produzido em parceria com o Museu Afro do Brasil. No canal dos Correios no YouTube, é possível conferir um vídeo sobre a peça lançada.

O motivo "Sesquicentenário da Lei do Ventre Livre" foi um dos oito eleitos pela 118ª CFN e homologado pelo Ministério das Comunicações, com base nas sugestões populares inseridas no sistema "Sua Ideia Pode Virar Selo".

Há 150 anos, no dia 28 de setembro de 1871, era promulgada a Lei 2.040 que declarava condição livre aos filhos de mulheres escravizadas nascidos a partir de então, tornando-se conhecida como Lei do Ventre Livre ou Lei Rio Branco.

 Embora sua aprovação tenha resultado de um processo moroso, costurado por meio de uma série de debates e embates políticos que seguiram, muitas vezes, por vias tortuosas, a Lei do Ventre Livre desencadeou um processo inexorável em direção à liberdade e foi significativa sob vários aspectos.

Quando a lei foi aprovada, a extinção da escravidão ainda era algo abstrato para uma nação como o Brasil, com uma economia estruturalmente baseada no trabalho escravo. Em termos concretos, essa lei determinava que os filhos de mulheres escravizadas, que nascessem a partir da data de sua promulgação, permaneceriam sob a autoridade daqueles que exploravam suas mães até completarem 8 anos de idade. 

A partir de então, este proprietário poderia escolher entre manter a criança até os 21 anos, utilizando seus serviços, com a condição de não a submeter a castigos excessivos, ou entregá-la ao Estado, recebendo uma indenização em troca.

A inauguração deste novo status cívico das filhas e filhos de mulheres negras escravizadas explicitava as margens entre a escravidão e a liberdade. Paradoxalmente, os nascituros de escravizadas de "ventre livre" não herdariam a escravidão, mas dificilmente seriam considerados "livres" em sua plenitude.

A emissão de um selo comemorativo dos 150 anos de promulgação da Lei do Ventre Livre pelos Correios, nesta parceria com o Museu Afro Brasil, permite que os significados e desdobramentos deste evento sejam revisitados e problematizados. A efeméride é, desse modo, atualizada, à luz da contemporaneidade e de pesquisas acadêmicas mais recentes. E, sobretudo, por meio da arte, que permeia e é permeada pelos embates, desafios e tensões da vida em uma sociedade que lida com a herança e as mazelas do passado colonial e escravocrata brasileiro.

ARTE NO SELO: O bloco de dois selos traz a arte com duas crianças negras brincando como o ápice simbólico da liberdade. Elas sorriem, saltam, quase como se voassem livres. Os lençóis e os varais presentes na obra figuram como elementos simbólicos, remetendo ao resgaste dos afetos criados no interior das famílias.

O artista se insere nessa lembrança nostálgica, através da figura de sua avó e no afeto que ela colocava no trato com as roupas. As camadas sobrepostas das peças no varal se conectam a este lugar da memória, a esses afetos familiares que se constroem e que, de alguma forma, protegem e prezam por essas vidas e liberdades.

Todavia, uma sombra ameaçadora se insinua atrás dos lençóis, representando os diversos braços institucionais que mantém essas vidas vigiadas, reféns do medo e da lembrança de que liberdade não é algo definitivo para a população negra brasileira.

A imagem problematiza, desse modo, a celebração dos 150 anos da Lei do Ventre Livre. Enquanto os selos exaltam a liberdade, os sorrisos e a beleza no cotidiano nas vidas negras, o bloco propõe uma reflexão sobre o significado e valor da liberdade no Brasil. O artista do selo é Diego Mouro. Foi utilizada a técnica de pintura à óleo.

Com valor de R$ 5,90 e tiragem de 10 mil blocos, a emissão está disponível para venda na loja virtual, em breve, e nas principais agências dos Correios.

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TREMORES DE TERRA SÃO REGISTRADOS EM CANINDÉ DO SÃO FRANCISCO. CHESF ENVIA NOTA E GARANTE SEGURANÇA DA USINA XINGÓ

Tremores de terra foram registrados no município de Canindé de São Francisco, nessa segunda-feira. A informação foi confirmada nesta terça (28) pelo Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

De acordo com o professor Eduardo Meneses, os tremores foram pequenos e sentidos pela manhã e agora à noite. “O evento chegou a magnitude maior de 1.3 e os outros em torno de 1 e menos de 1. A intensidade deles é bem pequena, mas como devem ser rasos é por isso que foram sentidos pela população”, explicou.

Os moradores do município informaram que o estrondo ouvido poderia ter ocorrido na Usina Hidrelétrica de Xingó, mas segundo a assessoria de imprensa da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), foi feita uma varredura de segurança e a Usina não foi atingida.

O último tremor de terra foi registrado no município de Gararu, no dia 16 de setembro e não há relatos de moradores da região que o tenham escutado ou sentido.

A assessoria de imprensa da Chesf enviou umaNota de esclarecimento. Confira:

A Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) informa que a Usina  Hidrelétrica de Xingó se encontra em condições seguras, operando em total normalidade.

Todas as barragens da Chesf são monitoradas de forma contínua, com procedimento de rotina de inspeção local e avaliação dos instrumentos de segurança. 

A Empresa possui estações sismográficas que registram tremores de terra sempre que eles ocorrem. Os últimos tremores verificados nas proximidades da usina não ocasionaram anormalidades nas estrutura da Instalação. 

A Chesf reafirma a sua permanente atuação no sentido de garantir a segurança de todas as suas instalações. 

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NÚCLEO DE ECOJORNALISTAS DEBATE A COBERTURA SOBRE A SECA E A CRISE HÍDRICA

A complexidade da cobertura jornalística bem como causas, atores envolvidos e consequências da crise hídrica no Brasil serão debatidas na Terça Ecológica em 28 de de setembro de 2021. As jornalistas  Isis Nóbile Diniz, responsável pela comunicação do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) e Sucena Shkrada Resk, fundadora do Blog Cidadãos do Mundo são as convidadas para desenvolver o tema “Crise hídrica em pauta: como a seca do século aparece no jornalismo?”.

 Na mediação do encontro, duas participantes do Núcleo de Ecojornalistas do RS (NEJ-RS), promotor do evento, em parceria com o Grupo de Pesquisa Jornalismo Ambiental (CNPq-UFRGS), jornalistas Cláudia Herte de Moraes e Míriam Santini de Abreu.

Em junho de 2021, a Agência Nacional de Águas (ANA) informou a situação crítica de escassez hídrica em áreas de cinco estados do Brasil. Divulgada como a pior crise em 91 anos, a escassez de chuvas leva aos níveis críticos de abastecimento dos reservatórios, pressionando com maior demanda por energia de outras fontes, especialmente das termelétricas, o que resulta em aumentos do custo da energia aos usuários.

 No entanto, não é a primeira vez que o Brasil passa por escassez, secas e problemas associados, com destaque para a crise de 2001. Voltam ao cenário brasileiro as medidas de racionamento e até mesmo o chamado “fantasma” do apagão daquele ano.

Neste contexto, é importante debater de que forma o jornalismo trata a questão da água - um bem comum e imprescindível para a vida. Geralmente, o enfoque é priorizado como “recurso energético”, porém é preciso entender a complexidade da pauta, que tem relação direta com as mudanças no regime de chuvas, o uso e distribuição de água em diferentes setores sociais e econômicos, bem como a necessidade de transição para ampliação e geração com outras energias limpas que possam estar dentro de um plano de mitigação e adaptação às alterações climáticas. Ou seja, não deveria ser apenas uma pauta pontual. 

A Terça Ecológica é transmitida pelo Canal do Youtube da EcoAgência de Notícias Ambientais. Siga o canal https://www.youtube.com/ecoagencia e ative o sininho para receber a notificação dos eventos do NEJ-RS.

Convidadas: Isis Nóbile Diniz - Jornalista com pós-graduação em divulgação científica pela ECA/USP, especializada em marketing pela FGV e radialista pelo Senac com 15 anos de experiência na área ambiental. Bolsista de divulgação e disseminação científica do CNPq (2018-2019). Com mais de 20 anos de experiência em comunicação multimídia, é responsável pela comunicação do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA).

Sucena Shkrada Resk - jornalista formada pela PUC-SP (1988-1991), com pós-graduação lato Sensu em Meio Ambiente e Sociedade (2009) e em Política Internacional (1998), pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP). Já atuou em redações e também em consultoria e assessoria de comunicação. É criadora do Blog Cidadãos do Mundo (www.cidadaosdomundo.webnode.com) e dos Programas Vozes dos Biomas e do Eu, Nós e Nosso Meio Ambiente Webdoc, que desenvolve em seu canal.

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DESERTIFICAÇÃO TAMBÉM AMEAÇA RIO SÃO FRANCISCO

Água correndo na porta não significa tranquilidade, nem que há água para todos. Essa é a realidade das cidades do semiárido brasileiro que, mesmo estando inseridas em uma bacia hidrográfica, não dispõem de água em quantidade suficiente e qualidade para todos.

Localizado em parte do território da Bacia do São Francisco, ocupando 58% da área e abrangendo 270 municípios ali inscritos, o polígono das secas, região geográfica situada no Nordeste e no extremo norte da região Sudeste do Brasil, até o norte de Minas Gerais, é reconhecido pela legislação como sujeito a períodos críticos de prolongadas estiagens. A criação dessa área aconteceu em 1946 e foi oficialmente instituída em 1968, por meio da Lei 63.778, decretada pelo governo brasileiro que tinha o objetivo de criar políticas públicas específicas de desenvolvimento econômico e social para a região, mediante o cenário natural de seca enfrentado pela população.

Ciclo natural caracterizado, no geral, pelo baixo regime de chuvas e pela aridez do solo, típico de regiões de clima semiárido, a seca mostrou que não se pode combatê-la, mas o caminho é aprender a conviver. Essas características justificam o motivo pelo qual mesmo sendo regiões ribeirinhas, muitas cidades da bacia do São Francisco estão atualmente sob o efeito de decretos de emergência devido à seca ou estiagem.

Em março deste ano, o Governo de Pernambuco decretou situação de emergência em 55 municípios do Agrestepor um período de 180 dias. No início de setembro novo decreto, por igual período, foi publicado para 54 municípios do Sertão pernambucano por causa da estiagem. Em agosto, a Defesa Civil Nacional reconheceu situação de emergência em 38 municípios de Alagoas atingidos pela estiagem. Na Bahia, cerca de 60 municípios também estão sob efeito do decreto.

“O que acontece é que às vezes a sede do município não tem problema com o abastecimento de água, mas nos distritos, localidades do interior a água não chega. Tem o exemplo de Mirangaba, que está na bacia do Itapicuru, mas recebe água da bacia do São Francisco e está enfrentando o problema da crise hídrica e da seca, assim como muitas outras cidades”, explicou o secretário do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Almacks Luiz

Considerando as características da região que naturalmente já enfrenta a incerteza se vai ter chuva suficiente ou até mesmo se elas irão ocorrer, se soma a esse cenário, neste ano, o perigo iminente de uma nova crise hídrica. Embora o ano de 2020 tenha começado com chuvas que foram suficientes para encher os reservatórios da Bacia do São Francisco, a situação em 2021 é diferente. Os volumes dos reservatórios reduziram drasticamente.

Um novo relatório elaborado pelo consultor Leonardo Mitre, contratado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), deu uma dimensão ainda mais assustadora para o cenário que já era de preocupação. De acordo com o documento, os resultados da simulação apresentada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) na última reunião da Sala de Situação da ANA previram que o reservatório de Sobradinho deve atingir volume útil próximo de 17% no início de dezembro, com perspectiva de continuar diminuindo seu volume durante o mês. 

“Caso ocorra situação semelhante ao ano passado, em que o reservatório ainda foi deplecionado no mês de dezembro, corre-se o risco de atingir volume útil da ordem de 10% do total disponível ao final do ano, sendo aumentado o risco de crise hídrica na bacia, que pode ser ampliado sobremaneira caso ocorram duas situações possíveis: caso o período chuvoso atrase na porção mais alta da bacia, é possível que as vazões escoadas não elevem de forma adequada para iniciar o reenchimento dos reservatórios em dezembro e, portanto, os volumes acumulados caiam ainda mais em dezembro elevando o risco de falta de água para atendimento aos outros setores usuários; ou ainda, caso o período chuvoso não seja adequado, refletindo em índices de vazões escoadas bastante inferiores às médias históricas, é possível que os reservatórios da bacia não tenham a devida recuperação e, com isso, a crise hídrica seja levada para o próximo período de estiagem, com problemas ao atendimento dos usos de água na bacia em 2022”, apontou Mitre.

De acordo com o meteorologista Humberto Barbosa, fundador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), com a continuidade de seca intensa nas regiões brasileiras, a chuva deve ocorrer logo na região Centro-Sul do País, diferente do que é previsto para o Nordeste. 

“A gente divulgou no último dia 21 de setembro o mapa semanal da umidade do solo, uma imagem processada pelo Laboratório Lapis. O mapa destaca situação de estiagem persistindo em quase todo o Brasil, com exceção de algumas áreas da Amazônia, de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. No Nordeste do Brasil, as primeiras chuvas de outubro começam a chegar pelo oeste e sul da Bahia. No Semiárido, as chuvas começam a chegar em fevereiro. No atual cenário de secas, é fundamental fortalecer a governança compartilhada das águas, para atender aos usos prioritários e garantir a gestão sustentável deste recurso escasso”, afirmou o pesquisador.

CAUSAS E EFEITOS: Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), eventos extremos como secas, enchentes e outros, se tornarão mais intensos e frequentes a cada fração de aquecimento na temperatura do planeta. O mais recente relatório IPCC conclui que “isso é apenas uma amostra do que está por vir”. E aponta que cada fração a mais de aquecimento virá com consequências mais perigosas e caras.

De acordo com o MapBiomas, a perda de água detectada é agravada, dependendo das condições meteorológicas de curto prazo, levando a prejuízos ambientais com fortes impactos na economia e na vida social. As causas desse resultado estão ligadas às perdas nos biomas. O Cerrado perdeu quase metade de sua cobertura natural, enquanto a área de agricultura cresceu quase seis vezes entre 1985 e 2020. A perda líquida de vegetação nativa neste período foi de 82 milhões de hectares. A área de pastagem cresceu 39% e a área de agricultura aumentou de 20 milhões de hectares, em 1985, para 56 milhões de hectares, em 2020.

“Recentemente, publicamos um artigo sobre as últimas secas na bacia do rio São Francisco. O diagnóstico é que, nas últimas décadas, o rio São Francisco vem enfrentando secas extremas, com eventos climáticos que vêm afetando a bacia, especialmente na última grande seca (2011-2017), que chamamos no Livro “Um século de secas” de “A seca do século”. O fato é que, de 2017 para cá, apesar de não ter havido secas extremas, o regime de chuvas normais não foi recuperado, não houve o retorno com anos de chuvas significativas. Com a mudança climática, há uma tendência que as altas temperaturas levem à perda hídrica, pela evaporação. Com a redução da chuva, a perda da Caatinga na bacia do rio São Francisco, a irrigação e o assoreamento, a desertificação, são processos antrópicos que intensificam as mudanças ambientais. Tudo isso tem colocado pressão sobre a bacia, uma das mais importantes da história do Brasil”, concluiu.

E mais um alerta: “é preciso um plano de contingência, levando em consideração esse novo cenário de aumento das temperaturas, desmatamento e mudança climática, práticas de manejo da irrigação adequadas. O IBGE já mostrou um diagnóstico de que poucos municípios do Brasil dispõem desse instrumento de contingência para planejamento das ações de adaptação à seca. A desertificação também é uma ameaça ao rio São Francisco e já representa 13% na região”. (Texto: Juciana Cavalcante-CHBSF *Fotos: Edson Oliveira e Kel Dourado)

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CD BELO CHICO EVIDENCIA AS BELEZAS E AFLIÇÕES DO MAIOR RIO BRASILEIRO

"Meu Rio de São Francisco, nesta grande turvação, vim te dar um gole d'água e pedir tua bênção!" Assim como no verso de Guimarães Rosa, adaptado por Dom Luís Cappio para um baião, temos um rio São Francisco de Bênçãos e de Turvações, um rio de grandeza peculiar, que encantou o escritor e que clama por um gole d´água, como eternizou Cappio.

São esses cenários de encantos e desencantos que o CD Belo Chico traz para o público a partir das fotografias e das vozes e acordes de Nilton Freittas, Targino Gondim e Roberto Malvezzi (Gogó). Toda essa riqueza será apresentada ao público no dia 02 de outubro, às 19h, no Youtube, nos canais Tv Irpaa, TarginoGondimOficial e NiltonFreitasOficial.

Antes do lançamento oficial do projeto Belo Chico, os cantores apresentarão ao público o clipe da canção Belo Chico. A música já estará disponível amanhã (27), às 19:30 nos canais do Youtube dos músicos e do Irpaa.

Essa é a segunda ocasião em que os autores de Belo Chico lançam um projeto em parceria. Em 2005, o trio lançou o projeto "Belo Sertão", feito em parceria com a Articulação Semiárido Brasileiro – ASA, e outras entidades que promovem a Convivência com o Semiárido nessa região do Brasil. O Belo Sertão já incluía músicas referentes ao rio São Francisco, entretanto, os autores decidiram fazer um álbum semelhante àquele, desta vez, focado no rio São Francisco, para evidenciar a problemática pela qual passa o rio, seus potenciais e caminhos para sua preservação.

Assim nasce o Belo Chico, álbum que tem o propósito de navegar em todas as almas e corpos desse grande rio, percorrendo não apenas suas águas, mas também sua beleza, sua história, seus amores e seus problemas. O disco se propõe a ajudar a população e entes públicos a se animar, refletir, agir, caminhar e cantar na defesa da vida do Velho Chico, chamando atenção para a "preservação e consciência de uso da água do rio São Francisco (...) que é nossa veia principal, nossa artéria vital da vida dessa região e outras regiões que o rio passa", afirma o cantor Nilton Freitas.

O rio São Francisco segue gerando muitas vidas, o que faz por natureza devido sua grandeza de 2.800 quilômetros de percurso e mais de 600 mil km2 de bacia hidrográfica, com muitas riquezas e belezas naturais, levando água a quem precisa. Por outro lado, o Velho Chico agoniza com a degradação ambiental, dentro e fora de sua bacia, que resultam em gradativa perda de volume e qualidade de suas águas e, consequentemente, perda de vitalidade. Considerando esse cenário, "através da música vamos trazer a proposta da revitalização do Rio São Francisco, que é uma coisa que os movimentos sociais defendem há muito tempo", declara Roberto Malvezzi.

O Belo Chico é um convite a uma Convivência do ser humano em harmonia com o rio, que não se traduz apenas em leito, mas que depende do equilíbrio de toda a sua bacia hidrográfica, considerando seus potenciais e respeitando suas limitações, dialogando e contribuindo efetivamente para a promoção da Convivência com o Semiárido. "Acreditamos estar contribuindo para o desenvolvimento de uma cultura e modo de vida mais justo na bacia na bacia do rio São Francisco e no semiárido brasileiro", indica André Rocha, colaborador do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada - Irpaa.

O projeto Belo Chico engloba um álbum com 13 músicas, com um encarte rico em fotografias, contextualização de cada uma das canções e um cartaz. Além do CD, o Belho Chico estará nas plataformas digitais. Segundo Targino Gongim, uma das inspirações para produzir o CD nasce "do ribeirinho que utiliza as águas do rio para sobreviver da forma mais digna, do ribeirinho que exprime o seu desejo através da arte, da música, da dança, forma de caminhar, do jeito, de enxergar a vida, de enxergar nele a sua existência".

Nesse momento crucial que atravessa o São Francisco, o entendimento é de que todas as formas de luta se fazem necessárias. A arte, particularmente a música, precisa estar presente. Desse modo, o Belo Chico também pretende subsidiar atividades lúdicas, místicas, entretenimento, construção de saberes, políticas públicas de Convivência com o clima local, bens naturais, assim como ações diversas, de organizações e movimentos sociais que atuam na defesa, proteção e busca pela revitalização da bacia do rio São Francisco.

De autoria dos músicos Targino Gondim, Nilton Freitas e Roberto Malvezzi, o CD tem produção da Toca Pra Nós Dois e realização do Irpaa e da Articulação São Francisco Vivo, com apoio do Ministério da Cooperação Alemã, por intermediação da Cáritas Alemã. (Texto: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa)


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ESTUDANTES DO DISTRITO DO JUNCO/SALITRE COBRAM TRANSPORTE ESCOLAR

Estudantes da Rede Estadual de Ensino mais uma vez cobram das autoridades, Governo do Estado e Prefeitura de Juazeiro a solução para a falta de transporte escolar. Dezenas de alunos estão prejudicados devido a falta do compromisso do Governo do Estado e poder municipal que não conseguem cumprir com o dever desde que as aulas iniciaram de forma presencial;

A estudante Kananda Batista, estudante do curso de Segurança do Trabalho, do Centro Territorial de Educação Profissional do Sertão do São FranciscoCETEP, disse mora no Distrito do Junco/Salitre e "devido a falta de transporte público escolar é obrigada a pegar carona para chegar na escola".

O Programa do Transporte Escolar no Estado da Bahia - PETE/BA, é de responsabilidade da Secretaria da Educação, com o objetivo de transferir recursos financeiros diretamente  aos  Municípios  que  realizem,  nas  suas  respectivas  áreas  de circunscrição,  o  transporte  escolar  de  alunos  de  ensino  médio  da  rede  pública  estadual, residentes no meio rural.

Confira na integra texto do aluno do curso Técnico em Agropecuária, Pedro Vitor:

"Venho falar sobre a minha revolta e de outra estudante da rede Estadual, a respeito do transporte publico para os estudantes da zona rural. Há exatamente um mês que venho buscando uma resposta para saber algo sobre os transportes, no qual eu e vários outros alunos da rede publica que residem no interior tem direito, e a única resposta passada foi que estavam a espera de um processo seletivo publico  para poderem solucionar o problema abordado por mim, Pedro Vitor,e a outra estudante, Laisa Talita.

Buscamos soluções para o problema que a gente vem enfrentando decorrente ao percurso da escola, com isso vários problemas apareceram como a alta no valor da passagem (R$22,00 por dia) que somos cobrados, por valor esse que não estar sendo fácil manter. Com isso eu, Pedro Vitor, estou ficando sem condições de manter as passagens, e correndo o risco de não poder mais freqüentar a escola.

Mas o processo seletivo saiu, e com isso os ônibus de outro distrito começaram a circular, mas nada do nosso. Um momento muito constrangedor, por ser algo que estamos cobrando constantemente na Secretaria da escola, Seduc e NTE-10 "ambas as secretarias do estado e do município, da rede publica", mas nenhuma dessas tem uma solução para dar sobre o caso.

No dia 20/09/2021 no período da tarde tive com a secretária de educação da rede municipal a qual tive um breve bate papo para questionar sobre o transporte, foi quando me informou que não teria como disponibilizar um transporte para apenas dois  alunos, concordei que seria um desperdício de dinheiro publico. Foi quando a mesma pediu que eu me dirigisse a NTE-10 para questionar o mesmo assunto com o Secretário de Educação da rede estadual.

Já no dia seguinte 21/09/2021 tive com professor  Regivaldo Alves de Menezes (diretor do Núcleo Territorial de Educação do Território do Sertão do São Francisco) o qual tive uma conversa em que pude sentir uma ajuda da sua parte, onde me informou que naquele mesmo dia teria uma reunião com o órgão responsável de transporte da Seduc para acertar os pontos sobre o nosso caso, só que não foi como esperado, no dia posterior da conversa tentei contato para questionar o que acertaram, mas obtive uma resposta negativa, a qual não nos deixou muito satisfeitos. 

O mesmo falou que não teve a tão esperada reunião que tanto eu (Pedro Vitor) e Laisa esperávamos, por motivo da Senhora Normeide não comparecer em nenhum momento marcado por Regis. E até o presente momento não tive nenhum posicionamento das duas Secretarias. Ficamos a disposição para qualquer resposta que possa solucionar o nosso problema.


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OS IRMÃOS JUAZEIRENSES APAIXONADOS POR LEITURA

Juan Diêgo Brito Rodrigues, tem 12 anos de idade, o irmão, Luan Brito Rodrigues tem 9 anos e os dois tem uma paixão em comum: a leitura. Os meninos começaram a ler quando tinham entre quatro e cinco anos de idade e nunca mais se apartaram dos livros.

Tudo começou com a apreciação das histórias da Turma da Mônica, do cartunista brasileiro Maurício de Souza, e de lá pra cá já foram mais de 200 gibis na coleção.

Com o passar dos anos, as crianças, que são filhos de professores (jornalista Josenaldo Rodrigues e Margareth), passaram a tomar gosto por livros mais robustos e passaram e colecionar séries como Diário de um Banana, cartunista norte-americano Jeff Kinney, Harry Potter, de J. K. Rowling, Percy Jackson e os Olimpianos, de Rick Riordan, As Magníficas Viagens de Júlio Verne, Anne de Green Gables, da escritora Lucy Maud Montgomery, o livro A Revolução dos Bichos, do autor inglês George Orwell, entre outros.

Apesar dos atrativos digitais da nossa era, os jovens leitores oriundos da Escola Recanto do Pequeno Príncipe, em Juazeiro, preferem ler e folhear os livros. "É mais prazeroso," afirma Juan Diêgo. Além dos gibis, ele já carrega do currículo a leitura de 186 livros.

Agora, estudando na Escola SESI João Gilberto de Juazeiro e cursando o 6º ano do ensino fundamental, Juan Diêgo acaba de vencer uma competição de leitura organizada pelo professor de português de sua turma.

Luan está no mesmo caminho, entre gibis e livros já foram mais de 100. "Além do incentivo dos meus pais, na minha escola tem uma disciplina chamada Roda de Leitura que estimula a gente a ter gosto pela leitura," diz Luan.

Luan, o mais novo, quer ir além. Durante a pandemia, enquanto assistia às aulas pela internet, resolveu escrever um livro sozinho. O folhetim com 46 páginas conta a história de um menino chamado Park que viaja para a Costa Rica e passa por uma grande aventura.

"Park e a família passam por maus momentos durante a viagem. É muito emocionante. É tudo fruto da minha imaginação," revela o jovem escritor.

Para a mãe das crianças, Margareth Brito Rodrigues, que é pedagoga, a paixão dos filhos pela leitura é motivo de orgulho.

"A leitura teve espaço na vida dos meus filhos quando eles eram ainda bebês, quando eu os presenteava com os livros infantis confeccionados em plásticos, com os quais eles se divertiam enquanto tomavam banho. Eu lia muito para os meus filhos e sempre oferecia livros a eles. Os gibis da Turma da Mônica foram importantíssimos no processo de alfabetização deles. Foi através da leitura dos gibis que meu filho Luan encantou sua professora de alfabetização, quando ele leu para ela suas primeiras frases escritas nos balões do gibi do Cebolinha de forma autônoma e convencional. A criança precisa ser estimulada a ler, e nós pais podemos e devemos iniciá –los  nesse fantástico mundo que é a leitura," disse Margareth.



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INMET ALERTA PARA BAIXA UMIDADE DO AR NO SERTÃO DE PERNAMBUCO

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um aviso de baixa umidade para diversas regiões do Nordeste, entre elas o sertão de Pernambuco. Segundo o órgão, a umidade relativa do ar deve ficar em 30% e 20%. O aviso é válido das 12h às 19h desta segunda-feira (27). 

Segundo a classificação do Inmet, o alerta é considerado nível 1 - Perigo Potencial, com baixo risco de incêndios florestais e à saúde. Ainda há mais dois níveis. De acordo com a meteorologista do Instituto Morgana Almeida a população deve se precaver e evitar exposição ao sol em horas mais quentes, entre 10h e 16h. 

"A umidade baixa causa danos à saúde, como a desidratação. Todo ano isso acontece, devido a estiagem que intensifica as temperaturas”, detalha Morgana. A recomendação é que as pessoas bebam bastante água e evitem desgaste físico nas horas mais quentes.

Ainda segundo a meteorologista, o ideal é que a umidade esteja entre 80% e 60%. "A umidade é atrelada a temperatura, sendo inversamente proporcional. Quando uma aumenta, a outra abaixa”, conclui. 

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V ENCONTRO DE SABERES DA CAATINGA PROMOVE LIVE AGROECOLOGIA MEU REMÉDIO É MEU ALIMENTO

O tradicional e conhecido ENCONTRO DE SABERES DA CAATINGA termina neste domingo (26). O evento que reúne Adeptos de práticas e culturas milenares que ainda persistem fortemente no interior do Nordeste, e que há cinco anos se reúnem na Chapada do Araripe para trocarconhecimentos, neste ano de 2021 aconteceU virtualmente.

No Encontro Saberes da Caatinga, parteiras, rezadores e raizeiros de Pernambuco, Ceará e Piauí fortalecem suas práticas de nascimento e cura, ligadas à natureza, e abrem espaço precioso para a partilha desses conhecimentos com o público interessado.

Diante do contexto da pandemia em 2021 o evento é realizado virtualmente e conta com a presença de importantes mestras e mestres dos saberes e práticas de cura de nosso Estado de Pernambuco.

O Encontro é construído com o objetivo de fortalecimento e visibilização de nosso patrimônio imaterial acerca da cura comunitária e do planeta, contribuindo para o enraizamento, fortalecimento da memória e propagação dos processos de cuidados e curas no dia a dia, é realizado pela Rede de Agricultores Experimentadores do Araripe com apoio de instituições como a Fundação Oswaldo Cruz e o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio).

O Evento que já pertence ao calendário anual dos mestras e mestres protagonistas tornou-se um espaço e movimento de incentivo e manutenção de práticas de cura tradicionais que não dependem do sistema biomédico. 

Segundo a pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz, Islândia Sousa: “O encontro reforça a política de práticas integrativas e complementares instituída pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2006. Essas práticas são caracterizadas pela Organização Mundial de Saúde como Medicina

Tradicional ou Medicina Complementar. Esse termo significa um conjunto diversificado de ações terapêuticas que difere da biomedicina ocidental, incluindo práticas manuais e espirituais, com ervas, partes animais e minerais, sem uso de medicamentos quimicamente purificados”.

“As práticas trabalhadas e saberes compartilhados durante o encontro, no âmbito da conservação da sociobiodiversidade, relacionam-se diretamente com objetivos de criação da APA Chapada do Araripe, como incentivar as manifestações culturais e contribuir para o resgate da diversidade cultural regional, além de assegurar a sustentabilidade dos recursos naturais, com ênfase na melhoria da qualidade de vida das populações residentes na APA e no seu entorno", ressalta Flávia Domingos da APA Chapada do Araripe.

O evento é  apoiado pela Coordenação Geral de Populações Tradicionais (DISAT/ICMBio) através do Projeto PNUD, e contou com o envolvimento da APA Chapada do Araripe, ESEC Aiuaba, Flona Araripe-Apodi e Flona Negreiros. Para Antônio Alencar, um dos idealizadores e organizadores do Encontro e também analista ambiental do ICMBio Antônio Alencar, da Flona Negreiros: “Devemos incentivar o conhecimento da sabedoria ancestral de cura”, explica.

Por tanto, entendendo a importância de nos mantermos vivos e em busca de saúde neste mundo, realizar um encontro de visibilização de práticas de cuidados e cura como é o ENCONTRO DE SABERES DA CAATINGA é seguir fomentando um mundo direcionado para um bem viver coletivo.

“É chegado o momento de não arrefecermos e nos fortalecermos com o que temos de tão precioso guardado e vivo nas nossas histórias e experiências de vida: a cura e o cuidado. É tempo de reflorestar-nos, no sentido de quem realmente somos, de olharmos para as nossas experiências de vida que nos trouxeram até aqui, pro nosso cotidiano e maneiras de viver neste mundo”, afirma Marília Nepomuceno, cientista social e colaboradora do Encontro.

O V ENCONTRO DE SABERES DA CAATINGA acontece online entre os dias 23, 24, 25 e 26 de Setembro de 2021, com a temática “Meu remédio é meu alimento”.

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VISITA DE PAULO FREIRE A JUAZEIRO NA DÉCADA DE 1980 CONTRIBUIU PARA O PROJETO DE EDUCAÇÃO POPULAR

O educador Paulo Freire tinha uma relação afetiva com a cidade de Juazeiro e da região norte da Bahia. A convite de Dom José Rodrigues de Souza, bispo da Diocese de Juazeiro, Paulo colaborou para o processo de educação popular com cursos de formação para professores, lideranças comunitárias e do movimento popular e cultural da cidade. A primeira visita foi em 1983, com a realização de curso para 25 monitores, que faziam trabalhos comunitários promovidos pela Diocese.

 Em 1984, trabalhou com 11 círculos de cultura, que funcionavam em três bairros juazeirenses e em oito cidades da região, onde a Diocese atuava. Em 1986, ele retornou a Juazeiro para acompanhar os trabalhos desenvolvidos tanto pelas pastorais da Diocese como  pelos movimentos sociais. 

Em uma dessas visitas do educador, em 1983, Marta Luz, filósofa, pedagoga e a principal radialista da Rádio Juazeiro entrevistou Paulo Freire, no programa Juazeiro Panorama de grande audiência na cidade. Marta Luz até hoje é lembrada por comunicadores, professores e comunidade juazeirense pelos programas "E nós para onde vamos?", que tinha a participação de intelectuais da época, "Luz, Mulher" e "Pagão,", entre outros. 

Neste ano, que marca o centenário de nascimento de Paulo Freire, Marta relembra que a entrevista com o educador foi um momento muito significativo na cidade e recebeu a acolhida da população. "A entrevista foi adorável, sem tensões, no recíproco estar à vontade, as perguntas fluíam e as respostas eram um verdadeiro banho de cultura dado pelo patrono da educação brasileira. A rádio Juazeiro teve uma audiência fechada durante a entrevista", conta Marta Luz.

Não era a primeira vez que Marta se encontrava frente a frente com Paulo. Em 1962, ela fez um curso promovido por ele na Faculdade de Filosofia do Recife, e foi extremamente enriquecedor para a sua vida profissional no exercício do magistério por nove anos na cidade de Juazeiro.

Então, realizar a entrevista com o educador por intermédio do Dom José Rodrigues, foi um momento luminoso na trajetória como radialista e professora, como relembra  com entusiasmo:

- Fui no carro buscá-lo para Rádio Juazeiro e ele disse: 'O Dom José falou que você é gente boa, politizada, que gosta muito de poesia e declama muito bem, isso é verdade?'. Bem, eu gosto muito de poesia', respondi.

- Recita pra mim?, ele disse.

- Recito sim, vou recitar uma poesia de um poeta pernambucano muito querido para mim: Manuel Bandeira, respondi.

- Eu também gosto muito do Bandeira.

Assim, a entrevista foi um diálogo, com informações sobre a vida de Paulo Freire no exílio no Chile e como produziu o livro Pedagogia do Oprimido, cuja obra foi traduzida em 17 idiomas, e que retrata o método de alfabetização de jovens e adultos, a partir da experiência inovadora em Angicos, Rio Grande do Norte, quando alfabetizou 300 camponeses em 40 dias. Sobre o método, Paulo confidenciou que se referia a uma certa compreensão do processo educativo, especialmente prática transformadora.

"A prática que eu defendo é o da liberdade do educando, é o da liberdade do educador. É do respeito que o educador deve se impor a si mesmo, o respeito ao educando para que ele também se possa respeitar, no sentido que o educando se vá construindo como gente em lugar de ir se reprimindo e virando coisa. A educação deveria ser exatamente isso, uma prática, uma experiência de criação e recriação da própria vida".

Marta relembra a capacidade de Paulo Freire em responder perguntas complexas sobre a realidade brasileira com simpatia e espontaneidade. "Ele era imensamente simpático e comunicativo, o rico conteúdo pedagógico, a vivência de quem estudava, o respeito pelo ser humano, a interação com a vida, a injustíssima experiência dele ter sido exilado. Particularmente, destaco a crítica ao autoritarismo em si, e no processo da educação, quando ele mostra claramente que o autoritarismo é a destruição de tudo que pretenda ser ato de ensinar e educar'.

Na entrevista, Paulo demonstra que não cabe autoritarismo nas relações entre professor e educando. "Eu te ajudo como educador e tu como educando para que tu se faça e refaça. Ao ajudar que tu te refaças, tu me ajuda a que eu me refaça também. Esse aspecto acho fundamental de como eu entendo a educação", esclareceu Paulo. 

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Para o professor e pesquisador Francisco Assis da Silva a presença de Paulo Freire junto com Dom José foi essencial para o fortalecimento da educação popular de Juazeiro.  Dom José Rodrigues fundou um acervo bibliográfico sob orientação de Paulo Freire, que conta com 30 mil volumes, uma rica biblioteca com livros de autores nacionais, internacionais e regionais, atualmente localizada na biblioteca da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), campus Juazeiro. 

Muitas instituições se inspiraram na parceria do bispo com Paulo Freire, devido a sua maestria na educação da cidade. O curso de Pedagogia da Uneb, campus Juazeiro, tinha habilitação em Educação de Jovens e Adultos, e participou ao longo dos anos de programa de formação para qualificar profissionais e estudantes para combater os índices de analfabetismo na região Norte. 

Para Francisco, através desses desdobramentos de educação popular, "Paulo Freire e Dom José Rodrigues em Juazeiro acabaram sendo precursores da educomunicação no Vale do São Francisco". O pesquisador destaca ainda a criação da Pastoral da Comunicação que incentivou uma política de comunicação popular em oito municípios da região. Para Francisco, o legado do patrono da educação brasileira para a cidade ainda é muito presente na formação de educadores e de movimentos populares. 

A entrevista de Marta Luz com Paulo Freire também é um desses legados, como memória presente na cidade. O educador se despediu da população de Juazeiro, deixando uma mensagem de esperança: "termino agradecendo pessoalmente ao próprio momento desta conversa que tu me ofereceste. Ao fazer esse agradecimento, diria aos meus colegas e as minhas colegas, professores e professoras dessa área que a emissora cobre, professoras primárias, professoras leigas, professoras que não passaram pela escola normal, não importa, minhas colegas e meus colegas educadores, eu deixo aqui um grande abraço, mas um abraço não formal, um abraço de esperança, em que, apesar de tudo e quando nada seja favorável ter esperança, que a gente, portanto, continue a ter", diz Paulo Freire a Marta Luz.

(Texto por Mariana Brasileiro/Agencia Multiciência Uneb email: maribrasileirom@gmail.com)

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MUDANÇAS CLIMÁTICAS PODEM AMEAÇAR PROJETO DE REINTRODUÇÃO DA ARARINHA AZUL NA NATUREZA, APONTA PESQUISA

A Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) integra uma frente de pesquisa, junto com a Universidade de Brasília (UnB), Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e o Instituto Ecótono, que analisou projeções climáticas relacionadas ao ambiente onde os animais devem ser reintroduzidos, e constatou que mudanças climáticas podem afetar a reintrodução da ararinha-azul.

Os pesquisadores realizaram projeções computacionais para os próximos 50 anos para avaliar se as mudanças climáticas poderão afetar as plantas que a ararinha-azul utiliza para abrigo e obtenção de alimento, que são recursos fundamentais para a sobrevivência da espécie.

A ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) está extinta na natureza desde o ano 2000. Atualmente, existem cerca de 150 indivíduos da espécie que vivem em cativeiro, a partir de um projeto que tem como objetivo salvar a espécie da extinção total, dentro do Plano de Ação Nacional para Conservação da Ararinha-Azul, organizado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente.

O projeto pode ser ameaçado pelas mudanças climáticas, considerando que a sobrevivência desses animais em seu habitat original pode ser muito mais difícil com a escassez de alimento e abrigo causada pela falta de condições climáticas adequadas. A área de reintrodução da ararinha-azul fica no Refúgio de Vida Silvestre (Revis) da Ararinha-Azul, uma área de proteção integral, que é rodeada pela Área de Proteção Ambiental (APA) da Ararinha-Azul, no sertão baiano.


Segundo o pesquisador professor doutor Samuel Gomides, docente da Ufopa do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade (PPGBEES) e líder da pesquisa, os resultados obtidos no estudo são importantes, pois permitem, aos gestores do projeto de reintrodução da ave, escolher melhores estratégias para a introdução da espécie na natureza, como fazer escolhas de locais climaticamente mais estáveis, e guiar programas de recuperação de áreas degradadas que serão importantes para a espécie no futuro próximo.

"Isso permitirá a antecipação de eventuais riscos para a sobrevivência dos animais que iniciarão esse projeto de reintrodução e recuperação da espécie”, disse Gomides.

TÉCNICAS: De acordo com os pesquisadores, os registros de ocorrência e os dados sobre a biologia da ararinha-azul na natureza são antigos e imprecisos. Faltam informações mais consistentes sobre a história natural, ecologia e comportamento da espécie.

Grande parte da informação disponível está compilada no Plano de Ação Nacional para Conservação da Ararinha-azul. Com a escassez de dados sobre qual era a área de distribuição original da espécie na natureza, os autores usaram uma abordagem diferenciada, avaliando 14 espécies de plantas que são essenciais para a sobrevivência da ave. Essas plantas eram usadas como alimento, local de nidificação (ação de construir o ninho) e descanso, e são elementos-chaves para a sobrevivência da ararinha-azul no seu habitat original.

A partir da distribuição dessas espécies de plantas no presente, os pesquisadores usaram séries históricas de dados climáticos, e também dados de solo e de topografia para construir projeções computacionais para o futuro nos próximos 50 anos, em dois cenários climáticos: um otimista e outro pessimista.

No cenário otimista, foi considerada uma estabilização nas taxas de emissão de carbono, e no pessimista, mantêm-se as taxas de crescimento populacional e de consumo de combustíveis fósseis. Esses cenários são baseados em taxas de emissões de gases de efeito estufa e padrões socioeconômicos de acordo com órgãos internacionais.

“Os modelos são importantes, pois antecipam os possíveis impactos das mudanças climáticas nas condições ambientais ideais para a ocorrência das plantas estudadas. Como os organismos são interdependentes, uma redução na distribuição desses vegetais pode afetar a disponibilidade de alimento não só para a ararinha-azul, mas também para outros animais na Caatinga”, explicou a doutora Talita Mota Machado, também integrante da equipe de pesquisadores.

RESULTADOS PREOCUPANTES: Os resultados da pesquisa indicam que em ambos os cenários climáticos futuros (tanto o otimista quanto o pessimista) há a previsão de redução das áreas com condições climáticas adequadas para a ocorrência simultânea das 14 espécies vegetais estudadas. Essa redução poderá ser de 33% no cenário otimista, e de 63% no cenário pessimista.

Outros estudos já indicaram que a Caatinga tende a aumentar a desertificação e os períodos de seca com a destruição ambiental e as mudanças climáticas. Consequentemente, isso afeta a disponibilidade de alimento e abrigo para a ararinha-azul no futuro.

As áreas com potencial para abrigar, simultaneamente, as 14 espécies de plantas usadas pela ararinha-azul no presente podem existir em outras cinco reservas de proteção integral, além do local onde ocorrerá a soltura dos animais. Apesar disso, faltam corredores ecológicos que liguem essas reservas ambientais e permitam o acesso da ave.

Para o cenário futuro mais otimista, apenas três unidades de conservação serão climaticamente adequadas (Área de Proteção Ambiental Lago de Sobradinho, Reserva da Vida Silvestre Tatu-Bola e Estação Ecológica Serra da Canoa), nos estados de Pernambuco e Bahia, mas para o cenário pessimista, nenhuma delas terá condições adequadas quanto ao clima.

Os cientistas apontam que a reintrodução das aves deve ser meticulosamente estudada para evitar que as ameaças que eliminaram a espécie no passado continuem ativas com o retorno das espécies à natureza.

Segundo eles, deve-se incluir as alterações climáticas previstas na lista dos fatores que colocam em risco o projeto de reintrodução da ararinha-azul na natureza em longo prazo, conforme recomendado pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

Considerando que grande parte das áreas previstas como mais resistentes às alterações climáticas estão concentradas às margens de rios e riachos temporários na região, e que essas áreas são as mais afetadas pela expansão urbana e da agricultura, o ideal é que se faça a recuperação das áreas de preservação permanente (APP) em torno dos corpos d’água da região.

A pesquisa aponta que a reintrodução da ave na natureza demandará ações concretas por parte dos gestores desses projetos para lidar com ameaças como caça, alterações ambientais na área de soltura, queimadas, além dos efeitos das alterações climáticas.

O caso da ararinha-azul se apresenta ainda mais desafiador por esta espécie ter sido extinta na natureza no início deste século e por haver pouco conhecimento sobre como ela se comportava no ambiente, quais os seus hábitos naturais, e como ela vai lidar com os desafios da vida na natureza. A sobrevivência da ararinha-azul dependerá essencialmente da preservação de áreas naturais e de programas de recuperação de áreas degradadas, principalmente de matas ciliares.

Publicação: O resultado da pesquisa foi organizado em um artigo científico e publicado no último dia 24 de junho de 2021, na revista internacional Conservation Biology. (g1 Santarem)

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PETROLINA BATE RECORDE DE TEMPERATURA. SENSAÇÃO TÉRMICA ULTRAPASSA 41 GRAUS. UMIDADE DO AR É IGUAL AO CLIMA DE DESERTOS

Estação do ano mais quente e seca do ano, a primavera começou com tudo em Pernambuco. Segundo as medições das estações da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), o Estado teve, na quarta-feira (22), dia do equinócio, a temperatura mais alta já registrada no ano de 2021: em Petrolina, os termômetros alcançaram a marca de 41,0ºC.

De acordo com o meteorologista da Apac Fabiano Prestrelo, essa alta temperatura pode ser explicada pela atuação de uma massa de ar quente sobre o Sertão do Estado - o sistema formado por essa massa e uma outra massa de ar fria, inclusive, causa, no Litoral, a ocorrência de ressacas e agitação marítima, segundo a Marinha, com ondas de até 3,5 metros de altura.

A gente observou, ontem, temperaturas mais elevadas do que o comum dessa época. Não estamos no verão ainda e foi por conta dessa massa de ar quente. Hoje [quinta-feira, 23], o dia já foi mais nublado e, por causa da nebulosidade, as temperaturas foram mais baixas e a umidade subiu um pouco”, explicou o meteorologista.

Altas temperaturas também foram registradas em Floresta, com 40,3ºC; Parnamirim, 40,0ºC; Cabrobó, 39,6ºC; e Ibimirim, 38,0ºC. No Recife, fez máxima de 32,2ºC, quase 1,5ºC que o comum para esta época. 

“Durante o verão, é comum termos temperaturas superiores a 40ºC no Sertão. Na primavera, a gente tem observado que o normal é entre 36ºC e 37ºC. Num dia quente, seria 38ºC. Só esperaria esse calor acima de 40ºC na próxima estação [o verão]”, acrescentou Fabiano.

E não foi só o calor que foi registrado pela Apac nessa abertura de primavera, mas também o tempo muito seco. Em Floresta, a umidade chegou a críticos 11%; em Petrolina, a 13%; e em Ibimirim, a 15%. “Outra característica da massa de ar quente é ter a umidade muito baixa. 

Existe um documento da OMS que diz que umidade abaixo de 20% pode causar danos à saúde humana”, continuou o meteorologista, acrescentando que, como a umidade subiu nesta quinta-feira, não houve necessidade de emissão de alerta da Apac.

Durante a primavera, o sul do País costuma registrar frentes frias. No Centro-Oeste, há a ação de um fenômeno chamado Alta da Bolívia, um anticiclone responsável por transferir essa massa de ar quente e seco para o Sertão de Pernambuco, com a queda da umidade e a elevação das temperaturas. 

 SENSAÇÃO CALOR: Como se não bastasse o calor, a sensação térmica pode potencializar a sensação de “abafado”, tão citada pela população nas ruas e redes sociais para reclamar das temperaturas altas e tempo seco.

Esse fenômeno é chamado pela meteorologia de subsidência: a alta pressão que faz o ar se mover no sentido anti-horário e para fora do centro e ainda funciona como uma tampa que dificulta o crescimento das nuvens.

“De uma forma bem simplificada, seriam ventos que sopram de cima pra baixo. Quando isso acontece, esses ventos inibem a formação de nuvens, então você tem o céu mais claro e com pouquíssimas nuvens. Com essa ausência de nebulosidade, não há bloqueio da radiação solar e ela entra praticamente direta”, explicou Fabiano.

Segundo o meteorologista, é justamente essa ação que aumenta a sensação de desconforto e calor. Os ventos fracos também contribuem com o efeito.

“Durante praticamente todo o ano, percebemos um vento do oceano para o continente. Nos últimos dias, temos percebido esses ventos muito fracos. Sem o vento, essa sensação de desconforto é maior ainda”, finalizou o meteorologista.

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JARDINS URBANOS: BELEZA QUE ALIMENTA O OLHAR E A ALMA

“Antes eu não gostava dessa rua não. Sinceramente, achava escura, muito isolada, esse espaço aberto aí só tinha lixo, esse campo também não agradava nada de noite... Mas depois de minhas plantas, eu amo e não quero mais sair daqui, porque só em abrir a porta de manhã e dar um bom dia para elas me deixa muito feliz [...] Hoje eu gosto dessa rua”, expressa a professora aposentada Helenilda Limoeiro da Cruz, 65 anos, moradora da Rua do Viradouro, no bairro João XXIII, em Juazeiro-Bahia.

A forma como a aposentada avalia o lugar onde mora há mais de 26 anos começou a mudar em 2018, justamente com mais uma preocupação, esta gerada a partir de uma coisa boa: a conquista da pavimentação. “Fizeram o calçamento da rua e ficou um buraco aí [em um terreno baldio] onde nós pensamos que ia virar uma lagoa, que quando chovesse ia encher de água e o povo ia depositar lixo”, conta ela.

Para resolver a situação, o esposo, seu José da Cruz, 65 anos, pediu à administração municipal o barro para encher o buraco deixado durante a obra. Foi aí que surgiu a ideia de plantar algumas árvores naquele local. No início eram só árvores de grande porte, “mas depois veio o desejo de plantar flores também”, confessa Dona Helenilda.

O casal colocou as primeiras plantas, mas não demorou para aparecer outras doadas. “Foi surgindo muitas doações de mudas dos amigos, de pessoas que a gente nem conhecia, mas que passava aqui, via o nosso trabalho e começaram a doar”, lembra a aposentada. Hoje, ela e o marido plantam espécies ornamentais, frutíferas e até hortaliças. “A gente não vende nada”, conta dona Helenilda, ao revelar que muita gente quer comprar plantas, mas o casal prefere doar. As hortaliças, por exemplo, são consumidas pela família e pela vizinhança.

Seu José, conhecido como Zé Goleiro, diz que não era habituado a plantar. “Eu não tinha esse costume, não fazia nada disso [...] Comecei a cuidar, comecei a tomar gosto [...] Eu capino, eu faço tudo aí”, detalha.

O resultado do trabalho do casal é apreciado por quem passa na rua entre o campo de futebol e a Justiça Eleitoral, nas proximidades da Estação do Saber. Dedicação, amor e zelo se transformam em cores e cheiros, que encantam e geram muitos comentários positivos. “É só gratidão. Todo mundo que passa aí e admira muito, elogiam o nosso trabalho e eu fico muito grato. Cada um que passa, cada um que me dirige uma palavra de gratidão... É um prazer”, conta satisfeito seu José da Cruz.

A iniciativa do casal contagiou a vizinhança. Só nos arredores do campo de futebol são três jardins, mantidos por, pelo menos, cinco famílias. Uma das cuidadoras das plantas na rua é Jailda Ferreira de Jesus, 49 anos. Ela já gostava de cultivar plantas ornamentais e com a água cedida pelo Município em 2018, o número de plantas cresceu. “O povo gostava de jogar lixo aqui. Então é melhor as plantas do que o lixo. Aí comecei a plantar e os vizinhos gostaram e começaram a zelar também as plantas”, lembra.

Os jardins não têm cercado, com isso algumas crianças entram e danificam as plantas. Contudo, há também crianças interessadas em ajudar. “Tem um gurizinho do Alto do Cruzeiro, chega aqui [e diz]: ‘o senhor não quer ajuda? Eu quero lavar as plantas com o senhor’. Eu dou a mangueira e ele lava as plantas”, conta aos risos seu José.

As plantas deram vida a um espaço mal iluminado e sujo, que parecia estar destinado a ser um lixão. Mas não é só beleza, o lugar melhor cuidado levantou a autoestima das/dos moradoras/es. Helenilda, conta orgulhosa que o jardim “é um ambiente onde as pessoas aproveitam para fazer vídeo, para fazer foto... Isso nos deixa feliz, por que a gente sabe que fez alguma coisa que está causando bem para as pessoas também”.

É comum ouvir dizer que na nossa região só tem duas estações: inverno e verão. Segundo o professor Josemar Martins – Pinzoh, esta afirmação esconde a primavera nas cidades, que é possível ser notada, por exemplo, no florescer das caraibeiras, muito comum nas margens dos riachos urbanos, conhecidos por muitas pessoas por canais de esgoto.

De acordo com Pinzoh, há mais de 10 anos ele realiza o trabalho de registro da primavera em cidades como Juazeiro, Petrolina e Curaçá. O professor destaca que há um número significativo de espécies nativas, embora haja a presença massiva de plantas exóticas, como o nim e o fixo. 

“Às vezes a gente diz: ‘Ah, aqui não existe primavera’. Tem sim! Tem a primavera das caraibeiras e dos ipês”, defende Pinzoh. O professor revela que está prestes a lançar um livro que aborda várias temáticas relacionadas à estrutura das cidades.

 “Não é só de flor que o livro vai falar. Vai falar também de lixo, de desorganização urbana, de falta de planejamento e de aridez urbana”, explica Pinzoh, que defende a necessidade de enxergar o ambiente urbano como parte do Semiárido, tanto quanto a zona rural.

ARBORIZAÇÃO CONTEXTUALIZADA: A escolha das plantas que compõem o cenário verde da cidade pode ser um elemento importante para fortalecer a biodiversidade local. A propagação das plantas da Caatinga no espaço da cidade pode contribuir para mitigar os efeitos que as mudanças climáticas vêm provocando na vida das pessoas. Para isso, o poder público precisa construir um planejamento urbano contextualizado, fazer o Recaatingamento nas cidades.

 “O planejamento urbano precisa contemplar espaço nas calçadas para árvores de pequeno porte, de raízes profundas, que não estragam calçadas e paredes e deve ter espaços abertos como praças e parques, para que tenha árvores de maior porte, conjunto de árvores, arbustos e plantas pequenas do próprio bioma”, aponta José Moacir, colaborador do Irpaa.

De acordo com Moacir a arborização pode ainda se relacionar com a produção de alimentos. “Outro espaço de arborização são as hortas urbanas, espaços grandes, onde se tem árvores frutíferas, verduras, plantas medicinais”, complementa. Segundo o colaborador do Irpaa, às vezes as prefeituras até investem na arborização, mas optam por plantas exóticas, que não têm a mesma resistência das plantas da Caatinga. Um exemplo é a palmeira imperial, trazida para o Brasil pelo imperador Dom João VI e que hoje ocupa muitas praças brasileiras. Enquanto isso outras palmeiras daqui são desprezadas, a exemplo da carnaúba e do licuri.

As árvores urbanas beneficiam a população em diversos aspectos, a exemplo da absorção de parte dos raios solares, formação de sombra e aumento da umidade atmosférica, refrescando o ar das cidades, absorção da poluição atmosférica, neutralizando os seus efeitos na população, proteção do solo contra erosão entre outras vantagens. Além disso, a arborização é importante sob os aspectos histórico, cultural e social. “Além de embelezar, é uma ocupação para nós. Nós já somos aposentados, ficamos em casa sem fazer nada, então ocupamos o nosso tempo, é um tipo de terapia”, afirma dona Helenilda. (Texto e fotos: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa. Imagens aéreas: Josinaldo Vieira – Colaborador do Irpaa)

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JONNEZ BEZERRA É UMA DAS ATRAÇÕES DESTA SEXTA (24) NO V ENCONTRO DE SABERES DA CAATINGA

A música é uma das ferramentas de transformação social. Na terra do Rei do Baião, Jonnez Bezerra é cantor e músico nascido em Exu, Pernambuco. O nome é uma homenagem do pai José e mãe Inês: Jonnez.

Autodidata, Jonnez é um dos frutos da primeira turma do Projeto Asa Branca, criado em 2 de março de 2000, pelo então promotor de Justiça, Francisco Dirceu Barros. “O doutor Francisco era um apaixonado pela cultura gonzagueana, e foi dele a ideia da Fundação Gonzagão. O objetivo até hoje é prestar atendimento a crianças e adolescentes, especialmente as carentes, utilizando a arte e a poesia de Luiz Gonzaga para sua promoção social".

 Jonnez Bezerra revela a paixão e diversidade musical. Nesta sexta-feira (24), o música faz apresentação no V Encontro de Saberes da Caatinga-Noite Cultural-Poesia e Forró.

O evento é transmitido pelo canal de youTube saberes da Caantiga.

Jonnez, virtualíssimo, é cantor, toca sanfona, flauta, violino e teclado entre outros instrumentos. "Nasci e já fui ouvindo música. Meu pai e avô tocavam e é certo que isto influenciou e mais a inspiração das músicas de Luiz Gonzaga", conta Jonnez.

Jonnez trabalha na formação de crianças e jovens no aprendizado musical através do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV). Ele é professor no SCFV, onde todo o trabalho é desenvolvido buscando ampliar trocas culturais e de vivências, desenvolvendo o sentimento de pertencimento e de identidade cultural, fortalecendo vínculos familiares e incentivando a socialização e a convivência comunitária de crianças e adolescentes em risco de vulnerabilidade social.

Atualmente cerca de 80 crianças e adolescentes da cidade de Exu são assistidas pela prestação de serviço e entre eles o aprendizado de teoria e pratica musical.

“A música é muito importante. Ela é uma forma da gente estimular a garotada e auxiliar na busca de um futuro melhor. A educação é libertadora e pode contribuir com a garantia de um futuro mais digno. Luiz Gonzaga é a prova deste ambiente de possibilidades culturais”, declarou Jonnez.

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CANTOR E COMPOSITOR FLÁVIO LEANDRO ANUNCIA FIM DE SHOWS PRESENCIAIS A PARTIR DE JUNHO DE 2022

 

Um dos maiores nomes da música brasileira, cantor e compositor Flávio Leandro anunciou hoje (24) em suas redes sociais uma despedida de shows presenciais. "Não encerrarei meus trabalhos artísticos: continuarei compondo e gravando, apenas não farei mais shows, a não ser virtuais, ou como decidimos, um show presencial por ano, em local previamente informado a todos". 

Confira na integra texto de Flávio Leandro:
"Meu povo amado, estou me despedindo dos shows, mas a música estará comigo até o fim dos meus dias. É uma história longa, mas nada que muita gente já não soubesse, vez que tudo começou em 2013, quando a pedido de minha intuição, anunciei nas redes sociais que encerraria minha carreira em 2020. Fui convencido por muitos a continuar, então veio a pandemia e nos parou. 

Entre lágrimas, risos, cantos e orações, atravessamos este momento trágico da humanidade em família, na singularidade de nosso sítio, e apesar de todas as dores pelas irreparáveis perdas de nossos irmãos, confesso que desfrutei de uma calmaria da qual meu corpo e minha mente nunca haviam provado, e a ideia de não mais fazer shows entrou novamente na pauta prioritária de meu existir. 

Diferentemente do pensamento anterior, não encerrarei meus trabalhos artísticos: continuarei compondo e gravando, apenas não farei mais shows, a não ser virtuais, ou como decidimos, um show presencial por ano, em local previamente informado a todos. 

Sendo assim, voltaremos aos palcos para as devidas e justas despedidas em novembro, onde iremos com nossas apresentações até 30.06.2022, data a partir da qual, nossa agenda de shows estará fechada. 

Tenho muito para agradecer a muita gente, em especial aos fãs e aos músicos que nos acompanharam durante toda uma vida, mas presencialmente faremos isto com todo carinho e gratidão do mundo. Amo todos vocês"!

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A CIÊNCIA E O CONHECIMENTO TRADICIONAL É TEMA DE LIVE NO V ENCONTRO DE SABERES DA CAATINGA

 

Prevenir e auxiliar o tratamento de doenças como diabetes, hipertensão são alguns dos benefícios da fitoterapia. Incluir plantas medicinais no alimento ou no preparo de chás pode resultar em uma melhor qualidade de vida e evitar as enfermidades mais comuns em todo o mundo, além de combater depressão e ansiedade. 

Este foi o tema da live realizada na manhã desta sexta-feira na live realizada durante o V Encontro dos Saberes da Caatinga.

Sobre o assunto e o diálogo como é possível criar uma “farmácia caseira”, cultivando produtos naturais, o médico clínico geral Celerino Carriconde, mestrado em Medicina Comunitária e Epidemiologia, participou do evento.

O médico Celerino apontou os principais alimentos causadores de doenças, destacou o uso dos refinados. “O açúcar, o sal e o trigo levam a uma série de problemas e são verdadeiros venenos. Outro fator é a falta de fibra na alimentação. O uso de óleos, que produzem inflamação no corpo, como os derivados de soja, milho, canola, e são todos transgênicos, também. Os óleos bons são aqueles que têm ômega 3, como de Oliva extra virgem, gergelim, coco e palma, que agem como anti-inflamatórios. Outra questão relevante é o uso de laticínios, que provocam alta incidência de câncer”, comenta.

Atendendo, em sua maioria, casos de doenças degenerativas, o médico ressalva que as plantas não promovem a cura de enfermidades, mas agem como coadjuvantes nos processos terapêuticos. Ele ainda defende que o paciente precisa assumir o protagonismo, cuidando da sua própria alimentação e não se tornando refém de medicamentos.

Cultivando mais de 100 espécies orgânicas em seu sítio, em Jaboatão, Pernambuco, o médico destaca entre elas a cúrcuma, utilizada como anticancerígeno e anti-inflamatório. 

“Ela é da mesma família do gengibre e aqui cultivamos de forma artesanal para consumo próprio e para ser vendida em feiras orgânicas. A planta tem propriedade antitumoral e age direto nas inflamações”, afirma. A especiaria é consumida em pó e leva cerca de seis meses para nascer. Até ficar pronta para uso, a raiz passa por um longo processo de secagem e moedura. A produção mensal no sítio chega a ser de 10 kg de cúrcuma, que pode ser utilizada nos alimentos como tempero para carnes, aves e frutos do mar.

Desde 1997 morando no sítio com a esposa, a enfermeira Diana Mores, o casal mantém o Centro Nordestino de Medicina Popular, que divulga a fitoterapia e medicina caseira entre grupos comunitários e famílias de baixa renda. 

“O Centro funciona como uma ONG que trabalha com comunidades carentes através de financiamentos de outros países. Hoje, o trabalho com planta medicinal é considerado política pública no SUS e promovemos a questão na segurança alimentar e da alimentação saudável para que as pessoas possam fazer do alimento o seu remédio”, conta Celerino.

Assim como a fitoterapia, outros tratamentos que fazem parte da medicina complementar são oferecidos pelo SUS para minimizar os efeitos colaterais de medicamentos e complementar procedimentos convencionais. Ao todo, 19 práticas, como homeopatia, acupuntura, arteterapia, meditação, musicoterapia, osteopatia, reflexoterapia, shantala e ioga foram institucionalizadas.

Segundo a OMS, 80% da população mundial utilizam a fitoterapia no que se refere à Atenção Primária à Saúde. A cada ano cresce os atendimentos das práticas complementares realizados nas unidades básicas de saúde de todo o país. 


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V ENCONTRO DE SABERES DA CAATINGA TEM INÍCIO NESTA QUINTA-FEIRA (23)

A valorização e a troca de saberes populares relacionados às práticas de cura ligadas à natureza, contribuindo para o fortalecimento do papel cultural da sabedoria tradicional, são os objetivos do V Encontro de Saberes da Caatinga e Práticas de Cura da Chapada do Araripe realizado no município de Exu, no sertão de Pernambuco. 

O evento tem inicio nesta quinta-feira (23) e prossegue até domingo, 26 de setembro. O encontro reúne raizeiros, rezadores e parteiras do Araripe.

Este ano o evento será realizado totalmente virtual com transmissão via canal do youTube - troca de saberes e acesso também  pelas redes @saberesdacaatinga

 Encontro serve para incentivar e manter vivas práticas de cura (algumas milenares) que não dependem do sistema biomédico.

HISTÓRICO: Nas últimas edições aproximadamente 80 raizeiros, rezadores e parteiras da região da chapada do Araripe, dos estados de Pernambuco e Ceará, participaram do evento.  Cerca de 200 pessoas entre médicos, profissionais de saúde, representantes de instituições públicas, organizações não governamentais e aprendizes de várias partes do Brasil estivereram em Exu, Pernambuco, trocando saberes e experiências.

Segundo a pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz, Islândia Sousa, o encontro reforça a política de práticas integrativas e complementares instituída pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2006. Essas práticas são caracterizadas pela Organização Mundial de Saúde como Medicina Tradicional ou Medicina Complementar.

Esse termo significa um conjunto diversificado de ações terapêuticas que difere da biomedicina ocidental, incluindo práticas manuais e espirituais, com ervas, partes animais e minerais, sem uso de medicamentos quimicamente purificados, além de atividades corporais, como tai chi chuan, yoga, lian gong. Outros exemplos de PICs são: acupuntura, reiki, florais e quiropraxia.

"As práticas trabalhadas e saberes compartilhados durante o encontro, no âmbito da conservação da sociobiodiversidade, relacionam-se diretamente com objetivos de criação da APA Chapada do Araripe, como incentivar as manifestações culturais e contribuir para o resgate da diversidade cultural regional e assegurar a sustentabilidade dos recursos naturais, com ênfase na melhoria da qualidade de vida das populações residentes na APA e no seu entorno”, ressalta Flávia Domingos da APA Chapada do Araripe.

O analista ambiental do ICMBio Antônio Alencar, da Flona Negreiros, que trabalha na concepção, organização e articulação nacional para realização do evento, tem experiência e grande dedicação ao estudo de plantas medicinais do cerrado e caatinga, inclusive já publicou um livro denominado Cordel de Plantas Medicinais do Cerrado.

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TARGINO GONDIM LANÇA CD BELO CHICO EM DEFESA DO RIO SÃO FRANCISCO EM OUTUBRO

Os músicos e compositores Nilton Freittas, Targino Gondim e Roberto Malvezzi – Gogó se uniram para lançar o projeto "O Belo Chico – Convivência com o Rio São Francisco através da música". A produção tem como objetivo chamar a atenção para luta em defesa do Velho Chico e, através das canções, animar o povo, estimular a construção de reflexões sobre o rio e a consciência política e sociambiental.  

O projeto Belo Chico consiste num álbum com canções que que falam da situação do São Francisco, seu povo, suas comunidades, potencialidades, perigos e esperanças. O CD é composto por 13 músicas, sendo algumas inéditas dos autores de Belo Chico, e outras já consagradas e conhecidas, de autoria própria ou de parceiros, selecionadas pelo conteúdo das letras e pela melodia. 

O Belo Chico será  apresentado ao público no dia 02 de outubro, em uma live, transmitida no Youtube, através do canal TV Irpaa, em alusão ao aniversário do rio que é celebrado em 04 de outubro.  

O CD terá um cunho educativo e poderá ser utilizado em atividades lúdicas, místicas, dinâmicas, entretenimento e ações diversas que envolvem a interatividade de pessoas envolvidas no processo de construção de saberes, no desenvolvimento de políticas públicas de Convivência com o Semiárido e de defesa, proteção e revitalização da bacia do rio São Francisco. 

O CD será distribuído entre entidades populares que atuam na defesa do Velho Chico, comunidades tradicionais, movimentos sociais, além de escolas. A obra também estará  disponível nas principais plataformas digitas e no site do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada – Irpaa.  

Pela sua essência e finalidade o Belo Chico foi incorporado a um projeto executado pelo Irpaa, entidade que trabalha a mais de 30 anos com a defesa da Convivência com o Semiárido, que consiste em  um conjunto de técnicas, métodos e hábitos de vida compatíveis com as condições climáticas do lugar, tendo como princípios o acesso à terra, compreensão sobre o clima, acesso à água, educação contextualizada, direito à comunicação, produção de alimentos e criação de animais apropriados, empoderamento político, preservação e recuperação da biodiversidade, acesso ao saneamento, em vista ao Bem Viver no Semiárido. 

Fruto da construção coletiva de saberes e do amor pelo rio, o Belo Chico promete trazer para a cena artística nacional elementos da riqueza cultural dos povos que ocupam suas margens. A produção é da Toca Pra Nós Dois , realização do Irpaa e a Articulação Popular São Francisco Vivo, com apoio do Ministério de Cooperação Alemã por intermediação da Cáritas Alemã. 

Serviço: Projeto Belo Chico 

Lançamento do CD Belo Chico:  02 de outubro 2021 

Onde: Canal TV Irpaa – Youtube  

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PRIMAVERA, A ESTAÇÃO DAS FLORES INICIA COM FORTE CALOR EM JUAZEIRO E PETROLINA

A primavera começa hoje, dia 22 de Setembro, às 16h21min, quando o Sol estará exatamente na linha do Equador, e quando os dias e noites têm o período de tempo igual, tanto no hemisfério norte, quanto no sul.

É a estação característica da floração de algumas vegetações, sendo a estação mais seca e quente no sertões da Bahia e Pernambuco, onde as temperaturas do ar, na sombra, podem atingir valores acima de 38°C, e a umidade relativa do ar valores abaixo de 20%.

Neste último caso, a APAC envia Aviso de Baixa Umidade do Ar para a região específica.

No Agreste, as temperaturas do ar podem ser superiores a 34°C. Na Zona da Mata e Região Metropolitana do Recife, os valores ultrapassaram os 32°C. Ressaltando que, devido à alta umidade do ar, a sensação de calor na Região Metropolitana do Recife é bem maior do que a temperatura medida nos termômetros.

Semana passada a defesa civil fez um alerta em função da baixa umidade relativa do ar. A umidade em Juazeiro e Petrolina deve ficar variando entre 12% e 20%, aumentando os riscos de doenças respiratórias e incêndios.

Nesta época do ano, na qual a seca é predominante, casos de virose são comuns na população.

O médico especializado em doenças infecciosas Hemerson Luz explica que o tempo resseca a mucosa nasal e facilita o aparecimento de algumas patologias, como alergias e crises de bronquite. Além disso, gripes e resfriados aumentam, pois ficam mais fáceis de serem transmitidos. 

“O vírus do resfriado, quando chega na mucosa, e ela está ressecada ou irritada, fica mais difícil de ter uma defesa local”, pontua.

Hemerson explica que com o tempo seco, há uma menor dispersão de poeiras e poluentes, que ficam mais concentrados na atmosfera. Isso pode causar irritação nas vias respiratórias, levando pessoas a terem crises de rinite. No entanto, esse quadro pode piorar e evoluir para casos mais graves, como bronquite.

Os sintomas iniciais são aqueles mais comuns, que hoje podem ser confundidos com o novo coronavírus. Coriza, dor de garganta e dor de cabeça estão entre as reclamações mais recorrentes. Mas é preciso ficar alerta, porque esses sintomas podem ser sinais de doenças perigosas como pneumonia ou sinusite. Caso haja persistência na febre por mais de 48h, ou se as vias nasais ficam comprometidas por alguma secreção, uma piora no quadro pode ter ocorrido.

Além das dores de cabeça e febre, se cansaço ou fadiga forem constatados, a recomendação é procurar o pronto socorro mais perto. O médico ainda ressalta que é comum nesse período, com quedas na temperatura, as pessoas tomarem menos água, gerando desidratação. A secura, alerta ele, afeta mais crianças e idosos.

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