ROTA DO VAQUEIRO-SABENÇAS E CANTORIAS NO SERTÃO EMOCIONA EXUENSES, TURISTAS E VISITANTES

Fé. Arte. Cultura. Banda de Pife de Seu Louro. Sanfona e Violas. A noite desta quinta-feira (31), em Exu, Pernambuco, terra de Luiz Gonzaga, foi marcada de muita emoção e sons, valorização da cultura do vaqueiro. Com o objetivo de garantir um auxílio aos fazedores de cultura da região, o tradicional evento Missa do Vaqueiro de Serrita, ganhou três prévias no mês de março.

O projeto “A Rota do Vaqueiro – sabenças e cantorias no Sertão” envolveu três municípios sertanejos: Moreilândia (dia 26), Serrita (dia 29) e Exu (dia 31). A programação contou com apresentações de trios de forró pé de serra, repentistas, aboiadores, bandas de pífanos, recitais e depoimentos gravados. 

O evento encantou centenas de pessoas na frente da Igreja Matriz. O cantor Kinho Ramalho, a produtora Nadir viajaram de Caruaru para prestigiar o evento.

O projeto foi viabilizado com recurso do da Lei Aldir Blanc e apoio das prefeituras e do Governo de Pernambuco. Segundo os organizadores, as festividades devem gerar cerca de 140 empregos. 

A literatura sempre retrata a devoção, mística e forte emoção que é sentida na Missa do Vaqueiro ao ouvir sanfona e violeiros.

“Quarta, quinta e sexta-feira/sábado terceiro de julho/Carro de boi e poeira/cerca, aveloz, pedregulho/Só quando o domingo passa/É que volta os viajantes aos seu locais primitivos/Deixa no caminho torto/ o chão de um vaqueiro morto úmido com lágrimas dos vivos", resta agora o terceiro domingo de julho chegar para ouvir os versos de Ivanildo Vila Nova, em Serrita, Pernambuco. (Texto: jornalista Ney Vital. Fotos: Rafael-@belezasdomeuexu


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JOQUINHA GONZAGA COMPLETA 70 ANOS NESTA SEXTA-FEIRA (01) DE ABRIL

Joquinha Gonzaga completa nesta sexta-feira (01), 70 anos  de nascimento. O sanfoneiro, cantor e compositor é neto de Januário e sobrinho de Luiz Gonzaga. João Januário Maciel, o Joquinha Gonzaga é hoje um dos poucos descendentes vivos da família.

A história conta que Aos 13 anos de idade ganhou um fole de oito baixos, dado pelo tio famoso, Luiz Gonzaga, que achava o sobrinho com cara de sanfoneiro. A partir daí não largou mais a sanfona e tempos depois tornou-se discípulo fiel do Rei do Baião.

No ano de 1970, ingressou na Força Aérea Brasileira na Ilha do Governador no Rio de Janeiro. Cinco anos depois abandonou a carreira militar e entrou de vez no mundo da música, passando a acompanhar Luiz Gonzaga, como sanfoneiro da sua banda de apoio.

Joquinha Gonzaga casou a primeira vez em 1979, no Rio de Janeiro, com a
Francisca Salustiano com quem teve dois filhos: Pablo Salustiano Maciel e
Patrícia Salustiano Maciel. 

Do segundo casamento com Maria Pereira dos Santos, conhecida por Nice. Do matrimônio nasceu os filhos Sara Luiza dos Santos Maciel e Luiz Januário dos
Santos Maciel.

O seu primeiro disco foi lançado em 1986, intitulado “Forró, Cheiro e Chamego”.
Foi a partir daí que o tio-rei via no sobrinho, o herdeiro de toda uma herança
cultural. Após a morte de Luiz Gonzaga e consequentemente a do primo Gonzaguinha, em 1990, Joquinha mudou-se para o município de Exú, no Sertão pernambucano, para cuidar dos interesses do tio e do primo, dando continuidade as atividades de implementação do “Museu do Gonzagão” no Parque “Aza” Branca.

Entre os anos de 1990 e 1993, dedicou-se aos shows regionais procurando manter a tradição do seu mestre Luiz Gonzaga, participando ativamente de grandes eventos culturais do Nordeste.Luiz Gonzaga declarou em público que Joquinha é o seguidor cultural da Família Gonzaga.

Ao lado do tio Luiz Gonzaga, o sanfoneiro Joquinha cantou em dueto a música "Dá licença prá mais um". Joquinha Gonzaga aos 70 anos reside atualmente em Exu, Pernambuco. 

Além de sobrinho do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, Joquinha é neto de Januário (tocador de sanfona 8 Baixos) e ainda tem como tios o Mestre da Sanfona, Zé Gonzaga, Chiquinha Gonzaga (tocadora de sanfona 8 Baixos) e Severino Januário.

Detalhe: Joquinha Gonzaga também é tocador de sanfona de 8 baixos, um instrumento quase em extinção no cenário cultural brasileiro e também por isto um dos aspectos que faz Joquinha merecedor da valorização cultural.

Contato para shows de Joquinha Gonzaga: (87) 999955829 e watsap: (87)999472323

CLIPE: Tanta saudade preservada num velho baú de prata dentro de mim. Digo num velho baú de prata porque prata é a luz do luar. Este baú é como um museu pessoal, o museu que todos temos, feito de lembranças, quinquilharias e reminiscências que alimentam o nosso presente. Como todos os museus pessoais, o da canção tem qualquer coisa que vai além do eu...é futuro”.

Os versos do cantor e compositor Gilberto Gil pode traduzir o sentimento do clipe gravado pelo sobrinho de Luiz Gonzaga e neto de Januário, tocador de 8 Baixos, Joquinha Gonzaga, valorizando o patrimônio de Exu Pernambuco. A música é um universo de riquezas culturais.

O clipe mostra a letra da música Espelho das águas do Itamaragy, composta por Gonzaguinha e Joquinha Gonzaga. No último dia 08 de setembro Exu, Pernambuco, completou 114 anos de Emancipação Política. Exu é privilegiada pela sua diversidade cultural e abraçada pela exuberante beleza da Chapada do Araripe,

Em contato com a REDEGN, Joquinha Gonzaga, disse que apesar das dificuldades que todos os cantores e músicos enfrentam o momento é de otimismo. 

"Resolvi prestar mais esta declaração de amor juntando voz e imagens da nossa Exu, Pernambuco e assim o Brasil conhece nossas riquezas culturais", disse Joquinha

MÚSICA - ESPELHO DAS ÁGUAS DO ITAMARAGY:

Quando Gonzaga chegava no exu

Naquela cadeira abraçava os amigos

Olhando o açude contava histórias

Do espelho das águas do Itamaragy

O sol se deita em cada entardecer

E a lua derrama sua luz de prata

E o verde da mata em volta vem beber

Mulheres, latas, roupas e homens

Meninos, moleques e animais

A vida da minha cidade está toda ali

No espelho das águas do Itamaragy

Meus zamô deixa não, essa história se quebrar

Meus zamô deixa não, esse espelho se quebrar

Deixa não, cuida aí,

Do espelho das águas do Itamaragy


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FALTA COMPROMISSO COM A CULTURA NOVAMENTE APONTAM FORROZEIROS

Ao que tudo indica, diferentemente do que ocorreu no Carnaval, o São João será, de fato, festejado em 2022. Após dois anos de cancelamentos por causa da Covid-19, as prefeituras dos principais polos da festa, principalmente no Nordeste, começam a se organizar para o ciclo junino, tendo como fundamento a decisão tomada pelos Governos de liberar a realização de shows e eventos com a capacidade máxima.

Todavia, existe um descontentamento com as programações que estão sendo divulgadas. Segundo, a categoria de forrozeiros, que valoriza a cultura, a avaliação que "mais uma vez as autoridades públicas, através dos prefeitos e secretários de cultura, tem prestigiado através de contratos, artistas que não tem identidade com os festejos juninos".

Às vésperas do início do ciclo junino, forrozeiros de diversos estados denunciam a descaracterização do São João com a ausência de sanfoneiros nas grades de programação das festas organizadas pelas prefeituras no Nordeste. O cantor, compositor, Poeta e Enfermeiro  paraibano "Alexandre Pé de Serra", através das redes sociais, desabafou e denúncia o que ele denomina de injustiça com a cultura.

Confira:

"É com tristeza ,mas é  a realidade nua e crua.  Foram muitos anos de Resistência, de luta ,de Guerra ,de incontáveis batalhas a favor de uma coisa que não combina com esses adjetivos descritos na introdução esse texto.  É meus amantes da Cultura, estão acabando e se brincar ,acabaram com as reais tradições juninas, tradições populares .

Como um humilde colaborador da nossa cultura popular NORDESTINA, sugiro aos nossos " Políticos "Que entre com projetos para se fazer em todos os municípios, Estados do nosso país. Museus para guardar o que resta ou o que restou do nosso FORRÓ. 

Decepcionado  ,amargurado, magoado,feito de otário eu Estou, como sei também que inúmeros lutadores da nossa Música Popular Brasileira estão. 

Vocês podem até querer exterminar a nossa cultura ,mas jamais vão calar a nossa voz,o nosso grito a nossa livre inspiração de cantar a nossa Música de Raiz, a nossa Música Popular Brasileira. 

Assinado Alexandre Pé de Serra . Poeta ,Cantor, compositor,Produtor cultural , forrozeiro e Enfermeiro . #devolvameusaojoao  #somosforró #somosresistencia

O protesto de Alexandre lembrou o ano de 2017, quando um coro dos sanfoneiros lançaram a campanha "Devolvam o nosso São João", encabeçada pelos músicos Joquinha Gonzaga e Chambinho do Acordeon, que denunciavam uma descaracterização do São João nas programações dos festejos públicos.

Na época o cantor e compositor Alcymar Monteiro defendeu uma maior valorização do forró. O manifesto, que ocorre nas redes sociais, conta com a participação de dezenas de músicos de diversos estados do Nordestes. Portando cartazes de protesto, eles chamam a atenção para o espaço dedicado aos gêneros tradicionais em um dos principais festejos da cultura nordestina.

O sobrinho de Luiz Gonzaga e neto de Januário Joquinha Gonzaga, um dos herdeiros musicais do Rei do Baião, avaliou acreditar que veteranos do forró sofrem com os "novos" arranjos das grades de programações dos festejos juninos nas principais cidades no Nordeste. 

O cantor Paraibano,compositor, Poeta e Enfermeiro  paraibano "Alexandre Pé de Serra" nasceu na capital João Pessoa e com raízes em Serraria no brejo paraibano. Ele traz no seu cantar o Nordeste traduzido em forró, xote, xaxado, arrasta-pé, baião e outros gêneros da música popular nordestina.

Enveredando  pelas estradas da vida musical com um estilo único no seu cantar, no declamar e alegrando por onde passa com sua música e o seu show. 

Com 22 anos de carreira musical e forrozeira  dedicados ao legítimo forró. Já vem no seu matulão discográfico com: 10( Dez )CDs e 02 (Dois) DVDs, sendo o primeiro nos seus 15 anos de carreira gravado  em João Pessoa sua terra natal  e o outro um documentário gravado em Monteiro dentro das festividades do Festival Zabé da Loca ,no cariri paraibano, cidade onde se respira versos e melodias.

Como compositor ,dezenas de artistas do gênero já gravaram algumas das suas composições. 

Alexandre Participou de alguns festivais por seu  estado, a Paraíba,  como também em outros por esse nordeste. Sempre enaltecendo nosso forró,a nossa cultura popular nordestina. 

Alexandre Pé de Serra se solidifica como um legítimo seguidor dos mestres: Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Dominguinhos, dentre outros. Com um jeito simples e singular de interpretar e compor. Ele vem com um show Alegre, Cultural e fiel as suas origens forrozeiras. Como ele sempre diz: "Um Abraço Forrozado". 

Um dos destaques este ano 2022 é uma Canção em parceria com os  poetas ,Antônio Carneiro e Cicinho Gomes In Memoriam. 

Uma Bela Homenagem ao poeta ZÉ MARCOLINO . Zé Marcolino poeta,compositor e cantor que o Rei do Baião, como também centenas de artistas gravaram suas canções. 

Música: Um Terço de Saudade.  De: Alexandre Pé de Serra, Antônio Carneiro e Cicinho Gomes.

Redação redeGN Texto Ney Vital Foto Reprodução redes sociais

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BARRAGEM SOBRADINHO CHEGA A 100% DE VOLUME ÚTIL NESTA SEXTA-FEIRA, 01 DE ABRIL

A Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) informa que o reservatório da Usina Hidrelétrica de Sobradinho chegará a 100% de seu volume nesta sexta-feira, 1 de abril.

A vazão de saída do reservatório permanecerá em 3.000 metros cúbicos por segundo (m³/s) até nova avaliação, visando a recuperação do nível no reservatório de Itaparica. Atualmente, o reservatório de Sobradinho se encontra com 98,91% de sua capacidade.

A Usina de Xingó, por sua vez, terá a vazão reduzida dos atuais 2.000 m³/s – que permanecerá neste patamar nos dias úteis – para 1.500 m³/s, em finais de semana e feriados, em virtude do processo de otimização energética para atendimento do Sistema Interligado Nacional – SIN, conforme determinação do Operador Nacional do Sistema (ONS).

O controle das vazões na Bacia do Velho Chico vai assegurar a manutenção dos reservatórios num patamar de segurança hídrica para o período seco, que seguirá de maio a novembro. “Com os reservatórios cheios, teremos a tranquilidade da geração e do abastecimento humano para usos múltiplos”, explicou João Henrique Franklin, diretor de Operação da Companhia.

A situação hidrológica no Rio São Francisco é permanentemente monitorada pela Chesf, que pode alterar a vazão de acordo com a evolução nos índices pluviométricos ou com a necessidade de geração, conforme sejam as necessidades de geração de energia apresentadas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

A Companhia reforça o pedido de atenção para a importância da não se ocupar as áreas no leito do rio, haja vista eventual aumento no nível das águas, visto que ainda estamos durante o período úmido, que se prolonga até final de abril.


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PODCAST SOBRE LUIZ GONZAGA INICIA AÇÕES EM COMEMORAÇÃO AOS 110 ANOS DO REI DO BAIÃO

O dia 13 de dezembro de 2022 marca os 110 anos de nascimento de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. Mas, as comemorações já começaram pelas mãos de Paulo Vanderley, um dos principais pesquisadores e referência nacional sobre a vida do artista. 

O projeto, que culminará com o lançamento de um livro, já começou com o lançamento do podcast “Luiz Gonzaga 110 anos de Nascimento”, reunindo símbolos importantes da carreira do sanfoneiro, cantor e compositor.

A partir do dia 30 de março de 2022, o primeiro episódio já estará disponível. A proposta do podcast é oferecer um bate-papo descontraído entre amigos apaixonados pela obra de Luiz Gonzaga. Esse é o DNA do podcast “Luiz Gonzaga 110 anos de Nascimento”. Ao todo, o projeto reunirá mais de 50 programas. Em cada uma das gravações, haverá convidados especiais, como Elba Ramalho, Waldonnys, Fagner e Espedito Seleiro. Disponibilizado nas principais plataformas de hospedagens de podcast, cada episódio será liberado às quartas-feiras.

Além do podcast, o projeto em homenagem aos 110 anos do Rei do Baião conta também com o site www.luizluagonzaga.com.br, uma websérie e um livro que reúne o maior acervo de pesquisa sobre o artista já publicado no Brasil. O site Luiz Luz Gonzaga, de visual renovado, foi relançado para o público em 13 de dezembro de 2021 dia em que se comemorou os 109 anos de nascimento do artista. A plataforma leva assinatura do pesquisador Paulo Vanderley, apaixonado pela obra gonzagueana, reunindo no ambiente vitual um amplo acervo sobre a carreira de Luiz Gonzaga, tais como discos, fotos e documentos raros.

A página foi criada há 16 anos, com supervisão técnica de Walmar Pessoa, e é considerada, hoje, o maior acervo digital da obra de Gonzaga. Paulo Vanderley, reuniu, ao longo do tempo, inúmeros detalhes da carreira do artista e, como todo apaixonado colecionador, conservou o material nos arquivos dentro de sua própria residência. Até que, em 2005, resolveu disponibilizar para o grande público por meio da internet. O site chegou à marca de 8 milhões de acessos somente em 2012, ano do centenário de Luiz Gonzaga.

O site foi relançado numa série de eventos em Exu, terra natal do homenageado, e teve seu grande momento com uma live. Numa conversa leve e descontraída, Paulo convidou o ator e influenciador digital Max Petterson, cearense apaixonado pela cultura nordestina, e Espedito Seleiro, artista plástico e mestre da arte do couro que trabalhou no desenvolvimento do figurino de Luiz Gonzaga. Juntos, prestaram uma justa homenagem ao Rei do Baião e apresentaram detalhes do acervo disponível no novo formato do site.

EXPANSÃO DA MEMÓRIA: Além do site, o pesquisador Paulo Vanderley também está envolvido na produção do livro "Luiz Gonzaga 110 anos do Nascimento". A obra promete ser um dos documentos mais definitivos de consulta sobre a carreira de Gonzaga e um valioso instrumento de pesquisa sobre a canção brasileira. “Em cada página, o leitor viverá uma experiência gonzagueana. Vamos anexar letras, capas de LPs, fotografias raras”, destaca o pesquisador.

O livro é a síntese de mais de três décadas de pesquisa e paixão de Paulo pela obra de Gonzaga. Ele será narrado em primeira pessoa pelo próprio Luiz Gonzaga, com trechos extraídos de gravações de entrevistas concedidas a rádios, jornais e canais de tv pelo próprio artista entre os anos 1940 e 1980. “É como se você estivesse lendo um texto com aquela voz inconfundível de Gonzaga”, adianta Paulo Vanderley.

Além disso, o autor traz um relato preciso sobre a trajetória do Rei do Baião, construída entre a memória pessoal e os relatos de nomes consagrados da música que conviveram com Gonzaga, como Fagner, Lenine, Santana, o cantador e Maciel Melo, outros ícones da MPB. A previsão de lançamento do livro é para o São João de 2022.

O projeto conta com o apoio de importantes parceiros como a Betânia, Uninassau, Cerbrás, Grupo S&S e Cevema.

REFERÊNCIA NACIONAL: A experiência e o conhecimento fizeram de Paulo Vanderley uma referência nacional no tema, tanto que ele foi convidado como consultor em importantes projetos sobre Gonzaga, como o Museu Cais do Sertão, no Recife, o filme "Gonzaga: de pai pra filho", de Breno Silveira, e do desfile campeão do carnaval do Rio de Janeiro em 2012, da Unidos da Tijuca de Paulo Barros.

Aos poucos, Paulo conseguiu transportar esse valioso material para o mundo digital. Agora, na nova versão do site, o público conseguirá navegar pelas fotografias raras, a história da discografia completa, conferir a letra na íntegra das canções gravadas, vídeos raros e ler curiosidades colhidas pelo coordenador do site durante a convivência com ícones da MPB.

“É uma forma de manter viva a memória de um dos maiores nomes da nossa música e reconectar todo esse legado com novas gerações. Eu fico animado com esse interesse por Gonzaga. Ele foi e é muito importante para nossa cultura”, relata Paulo, animado com o sucesso do projeto.

FICHA TÉNICA - PODCAST

Apresentação: Paulo Vanderley

Produção: Viu Cine

Técnico de som: Mago Andrade

Música: Lucas Campelo

Episódios de lançamento:

Ep 01 Lenine e Fábio Passadisco

Ep 02 Breno Silveira e Chambinho, diretor e protagonista do filme “Gonzaga de pai para filho”.

*ASSESSORIA DE IMPRENSA-MARA CRISTINA - (85) 9.87864973. REBECA NOLÊTO - (85) 9.81481803

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CULTURA E TURISMO: SEU BILINO, TOCADOR DE SANFONA DE 8 BAIXOS SERÁ HOMENAGEADO NA CAMINHADA DAS SANFONAS, EM MOREILÂNDIA

Seu Bilino, saudoso e afamado tocador de sanfona 8 Baixos, Pé de Bode será o nome homenageado no evento Caminhada das Sanfonas, no próximo mês de maio, em Moreilândia, Pernambuco. “As pessoas não morrem, ficam encantadas… a gente morre é para provar que viveu".... A frase é do escritor João Guimarães. A reflexão tem o objetivo de valorizar a obra deixada por seu Bilino e manter viva a valorização da arte de tocar sanfona.

A produtora cultural Marlla Teixeira vai promover a Caminhada das Sanfonas, desta vez no município de Moreilândia, Pernambuco. Marlla conta que o evento vai prestar uma homenagem ao saudoso sanfoneiro, conhecido por 'Seu Bilino", que morreu/desencarnou no dia 14 de agosto do ano passado. 

"Mestre Bilino", batizado de Antônio Felizardo Alves, nasceu em Moreilândia, Pernambuco. Em vida Seu Bilino foi afinador de sanfona de 8 Baixos, também tocava sanfona de 120 baixos. Mas era apaixonado mesmo pela arte de tocar a sanfona de 8 Baixos. Fazia questão de frisar: Sou afinador de sanfona dos 8 aos 120 baixos.

A família e amigos de Seu Bilino aguardam o evento que vai acontecer em maio, mês de anivérsário do sanfoneiro com bastante ansiedade.

João Everaldo Alvez Felizardo, é o filho casula, 41 anos, mora em Serrita, Pernambuco, Terra dos Vaqueiros e da tradiconal Missa é formado em Letras, coordenador Pedagógico e diz que o evento vai reunir sanfoneiros e pessoas admiradoras da arte de toda a região, de Serrita, Bodocó, Ouricuri e Exu. "Avalio com muito carinho esta Caminhada das Sanfonas em Moreilândia. Meu pai sempre foi uma pessoa simples, prestativa no que diz respeito a participações  culturais nas escolas e projetos envolvendo o aprendizado da sanfona. Essa é uma homenagem que vai reunir sanfoneiros de toda região", diz João Everaldo.

“A Caminhada das Sanfonas foi criada no ano de 2019, em Exu Pernambuco, com o objetivo de valorizar toda a cadeia produtiva que envolve os sanfoneiros, gerando renda e emprego nas regiões sertanejas, promovendo a Cultura Gonzagueana e suas vertentes“, conta Marlla, ressaltando que é um evento gratuito e ganha um formato itinerante. "Faremos novas Caminhadas da Sanfona com o objetivo de garantir espaços cada vez maiores para o desenvolvimento cultural, social e econômico dos Municípios", afirma Marlla.

Marlla diz que Luiz Gonzaga em vida sempre pedia para não ser esquecido: "Por isto veio a proposta de fazer da Caminhada das Sanfonas de Exu, agora em outros municipios e temos certeza que isto vai ser mais um motivo de encontro da família gonzagueana que desta vez vai marcar presença em Moreilândia no próximo mês de Maio. Aguardem  dia".

VALORIZAÇÃO DA SANFONA DOS 8 AOS 120 BAIXOS: Seu Bilino começou a tocar ainda era menino, em 1958, quando seu pai comprou uma sanfona de 8 Baixos para ele. Naquela época os forrozeiros tocavam nos casamentos, nos aniversários. “Bilino contava que o seu pai comprou umasanfona pra eu tocar pra ganhar um dinheirinho. Nessa época o povo tocava à noite toda”.

O sanfoneiro, pesquisador Leo Rugero, aponta que a "Sanfona de 8 Baixos, Pé de Bode ou Fole de 8 Baixos, como também é chamado é um instrumento fundamental para a música nordestina e brasileira. No nordeste do Brasil, ele adquiriu características de afinação próprias que o tornaram diferente. Portanto, no nordeste ele desenvolveu um sotaque próprio, que é representativo de nossa cultura. Representa, além de uma tradição musical, um saber único".

Atualmente, a arte do tocador de sanfona de 8 baixos está ameaçada, porque seus instrumentistas não encontram mais espaço merecido nas
programações de Rádio e Televisão. O Tocador de 8 Baixos é capaz de agregar uma comunidade e produzir cultura, representá-la e
difundi-la, contribuindo para o fortalecimento de nossa própria identidade.

Em 2013, Seu Bilino contou para a jornalista Maria Peixoto, reportagem Um Modesto Tocador de 8 Baixos, portal Cultura de Pernambuco, que  teve dois mestres: um foi seu pai, que lhe ensinou duas coisas, uma é que “a música é pra ser tocada com carinho e amor, bem e sempre feliz”. A outra é que tem músicas que devem ser guardadas pra momentos especiais. “Meu pai dizia ‘Num toque essa música atoa não. Toque num momento especial, que você fica feliz e eu também fico”, ensina.

O outro mestre de Bilino foi Severino Januário, irmão de Luiz Gonzaga.  “Eu tocava com Severino Januário, eu considero ele meu mestre. Eu toco as músicas dele, tem gente que até chora. Hoje eu estou tocando as letras dele por causa dele. É um xote tão bom de dançar que todo mundo arrupeia os cabelos”, brincava Seu Bilino.

Ele só ficava triste com a falta de reconhecimento do seu mestre “Severino dos 8 Baixos não era mostrado na televisão. O homem tocava um 8 Baixos daquele jeito e num era mostrado. Eu fiquei meio triste, andei um tempo sem tocar”, conta o tocador que também não tem a atenção dos holofotes, apesar de seu talento merecido.

O vínculo com a família de Luiz Gonzaga começou desde cedo, Seu Bilino contava que seu pai só afinava o instrumento com Seu Januário: “Ele trazia o 8 Baixos dele porque ele era mestre, aí quando a sanfona dele quebrava.  Ele vinha pra aqui”. E, Bilino, criança, vinha dentro de um caçoá, de Serrita, sua cidade, para Exu.

Em vida Seu Bilino teve consciência de que estava cada vez mais raro ENCONTRAR pelas bandas do Araripe um tocador de 8 Baixos, “Daqui a uns 50, 100 anos quem tocar 8 Baixos vai ser chefe majoritário do mundo inteiro”, Bilino sentia prazer quando conseguia passar seu conhecimento a alguém.  “A coisa que  eu acho mais feliz no mundo sou eu ensinar uma criança a tocar sanfona 8 Baixos, porque de acordeon tá cheio já de tocador”, profetizava Seu Bilino.
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REVISTA KURUMA'TÁ: ADERALDO LUCIANO E TOINHO CASTRO CONVERSAM COM JORGE DU PEIXE

A Revista Kuruma’tá é uma ideia de Aderaldo Luciano e Toinho Castro, nascida e alimentada por muita conversa ali no Largo da Carioca, apreciando os passantes e frequentadores da banca do Olivar. Tiveram a ideia e soltaram no mundo, pra fermentar. Kuruma’tá agora é peixe que nada na prosa e na poesia, nos sons da falas e instrumentos, nas artes e olhares, nas histórias. A água de Kuruma’tá é narrativa.

A noite de ontem, dia 29, Aderaldo Luciano e Toinho Castro conversaram no youTube, com o cantor e compositor Jorge Du Peixe, que recentemente gravou o trabalho disponível em todas as plataformas digitais interpretando Luiz Gonzaga, intitulado Baião Granfino. A imprensa nacional, destaca que a obra eterna de Luiz Gonzaga ganhou mais uma releitura, desta vez com a marcante voz grave de Jorge Du Peixe, vocalista do Nação Zumbi.

Confira texto Aderaldo Luciano: 

O Nordeste continuaria existindo caso Luiz Gonzaga não tivesse aterrissado por lá há mais cem anos. Teria a mesma paisagem, os mesmos problemas. Seria o mesmo complexo de gentes e regiões. Comportaria os mesmos cenários de pedras e areias, plantas e rios, mares e florestas, caatingas e sertões. Mas faltaria muito para adornar-lhe a alma. Sem Gonzaga quase seríamos sonâmbulos. Ele, mais que ninguém, brindou-nos com uma moldura indelével, uma corrente sonora diferente, recheada de suspiros, ritmos coronários, estalidos metálicos. A isso resolveu chamar de BAIÃO.

Gonzaga plantou a sanfona entre nós, estampou a zabumba em nossos corpos, trancafiou-nos dentro de um triângulo e imortalizou-nos no registro de sua voz. Dentro do seu matulão convivemos, bichos e coisas, aves e paisagens. Pela manhã, do seu chapéu, saltaram galos anunciando o dia, sabiás acalentando as horas, acauãs premeditando as tristezas, assuns-pretos assobiando as dores, vens-vens prenunciando amores. O seu peito abrigava o canto dolente e retotono dos vaqueiros mortos e a pabulagem dos boiadeiros vivos. As ladainhas e os benditos aninhavam-se por ali, buscando eternidade. E um dia, em 2021, dele saltou-nos Jorge du Peixe.

Em releituras belas e disciplinadas, sem macular as melodias, sem invencionices modernosas, Baião Granfino, de Jorge du Peixe, prolonga a alma gonzagueana, avança sobre os nossos dias com seu timbre rouco, mas afinado, seu selo grave, em momento tão agudo de nossas crises existenciais. Jorge segura o baião como um filho frágil, acabado de vir ao mundo. E o baião o sustenta com sua vitalidade. Quanta beleza em suas veredas sonoras, quanta sutileza no seu cantar que, a alguns deve ter assustado, mas que a mim, apaixonou-me. Não feriu a majestade, vestiu-se e caminhou com ela. Trouxe o Assum Preto e sua sina complexa, difícil, dolente, talvez anunciando a sua mesma dor, abrindo um álbum cheio de lirismo e paz, dentro na luta.

A Sanfona Sentida nos fala tão delicada em nosso coração à mostra que nos faz chorar, pelo fôlego que nos falta enquanto sociedade vilipendiada por dias sem ar. O instrumental, corretíssimo, entre a sanfona chorona e chorosa, apaixonante, e um baixo em marcação profunda, capoeirística algumas vezes. Uma percussão adornada pela bateria disciplinada, ciente de suas entradas e saídas. Certezas me carregam de que Dominguinhos aprova, entre as nuvens doiradas. Não sei se Anastácia o ouviu, mas em ouvindo, não se furtará ao peito aberto e receptivo. É minha opinião.

A seleção de canções e sua disposição no álbum, iniciada com Assum Preto, como escrevi acima, essa seleção e essa disposição foram pensadas, anotadas, estudadas, cronometradas. Há um prólogo épico, uma invocação, seguida de uma proposição e um oferecimento. Segue-se uma contação de histórias de amor e alumbramento (Orélia), de despedida e sofrimento (Qui Nem Jiló), de dor na solidão (Sabiá), de redescoberta do amor e da existência (Acácia Amarela). Na sétima casa do álbum, esse número místico e completo, Jorge du Peixe entra com a louvação à ancestralidade (Rei Bantu). Depois dessa iluminação, a vestimenta do baião cumpre seu destino (Baião Granfino).

Cacimba Nova lança um olhar melancólico ao passado de fausto, mas Pagode Russo nos chama de volta à terra e nos grita e empurra para a celebração, pois estamos vivos e fazendo acontecer para a eternidade que virá. Quando o Fole Roncou, as almas recebem o ápice dessa celebração, com guitarras, pedais, eletricidade e a beleza absoluta de Cátia de França, encarnação do talento, do engenho e da arte. Belo álbum que em mim trouxe de volta a Ideia, a Letra, a Vida. Obrigado, Jorge du Peixe, sua voz arrancou-me a lágrima. E com ela, novamente, o Texto. Como diz Cátia, na última frase dos trabalhos: “Isso é eterno!”

*Aderaldo Luciano, nascido em Areia, na Paraíba, é poeta pautado pela estética da poesia do povo. Estudioso da poesia e da música do Brasil profundo, é mestre e doutor em Ciência da Literatura, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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ELIFAS ANDREATO MORRE AOS 76 ANOS. ELIFAS É AUTOR DE MAIS DE 700 CAPAS DE DISCOS E DVDS

Autor de mais de 700 capas de LPs, Cds e DVDs, Elifas Andreato morreu, aos 76 anos, na manhã desta terça-feira (29/3), em decorrência de complicações após um infarto. Ilustrador de artista plástico, Andreato criou uma linguagem visual que estampou boa parte da produção musical do Brasil no século 20.

Com mais de 40 anos de carreira, o artista foi responsável por capas emblemáticas da história da indústria fonográfica no país. Pelas tintas coloridas do paranaense de Rolândia passaram discos de Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Paulinho da Viola, Elis Regina, Martinho da Vila, Vinicius de Moraes, Toquinho, Adoniran Barbosa, Noel Rosa e praticamente toda a elite da produção nacional. 

A informação sobre a morte do ilustrador foi divulgada pela família, no Instagram de Elias Andreato, irmão do artista. "Tudo o que ele tocava com as suas mãos, virava coisa colorida, até a dor que ele sentia era motivo de tinta que sorria", escreveu Elias.Segundo a família, o corpo será velado no crematório da Vila Alpina, em São Paulo, às 16h, nesta terça-feira (29/3).

Confira texto despedidada do irmão Elias:

Meu irmão mais velho, desde pequenino, rabiscava seus sonhos e ia mudando o nosso destino.

Tudo o que ele tocava com as suas mãos, virava coisa colorida, até a dor que ele sentia era motivo de tinta que sorria.

Sua travessura era zombar da pobreza e de toda a tristeza que ele via.

Se o quarto era apertado, ele criava castelos longínquos.

Se a fome era tamanha, ele pintava frutos madurinhos.

E eu que também era pequenino, ficava ao seu lado, tentando entender o que ele tinha de especial, dado pelos deuses, que habitavam o nosso pequeno quintal.

Um dia... Que eu estava distraído ao pé da cama, tentando pensar numa prece, para pedir que ele fosse feliz, um anjo pousou no terreiro e me disse que o meu irmão mais velho, tinha sido escolhido, para colorir o mundo cinza em que vivíamos.

Eu me lembro de que fiquei mudo, como convém aos mortais, diante de qualquer aparição divina... Fiquei ali olhando para o céu, completamente agradecido, por ser seu irmão, e me senti protegido, por toda a beleza e foi assim que entendi o papel do artista que ele era.

O meu irmão criador de tantas maravilhas era também um anjo desenhador, que veio a este mundo para colorir nossas vidas e pintar nossos sonhos de amor.

Voltei ao pé da cama e estou até hoje, de joelhos, rezando para os deuses protegerem meu irmão, para que a sua criação sirva de inspiração para os homens pensarem na beleza!

E quando os homens forem amigos dos homens, vou saber que o meu irmão não sonhou em vão.

Que o país que ele imaginou, possa ser colorido para todos!

Que a política do seu traço, seja homenageada SEMPRE!

Meu irmão, você retratou o que o nosso povo tem de mais belo:

A DIGNIDADE!

Irmão meu amado, você coloriu meu coração.

elias
















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ALUNOS E PROFESSORES DO CETEP-SERTÃO DO SÃO FRANCISCO FAZEM VISITA TÉCNICA AO CEMAFAUNA

Para trocar saberes e fazer com que os estudantes conheçam melhor o Bioma Caatinga, os professores do CETEP-SSF (Centro Territorial de Educação Profissional-Sertão do São Francisco),  promoveram Visita Técnica com alunos do Curso Técnico em Agropecuária, disciplinas biologia, geografia.

Na oportunidade em que visitaram o Centro de Manejo da Fauna da Caatinga (CEMAFAUNA), localizado no Centro de Ciências Agrárias (CCA), da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), os alunos participaram de palestra, Fauna na Caatinga, no auditório e conheceram de perto alguns animais da região.

A visita teve a coordenação e organização dos professores José Valdo Santana Bezerra, professor com Licenciatura em Geografia, Técnico em Agropecuária, Jorbas Sampaio de Melo, engenheiro agrônomo e Licenciatura em Biologia. As visitas e palestra foram acompanhadas por profissionais das instituições com todo o suporte técnico sobre os assuntos abordados.

O Museu de Fauna da Caatinga do Centro de Conservação e Manejo de Fauna da Caatinga (Cemafauna Caatinga) localizado no Campus de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), consta no cadastro do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), foi inaugurado em 2012 e desde então já recebeu visitas de diversos estados brasileiros e também de outros países como Estados Unidos, Japão, França, Alemanha, México e Taiwan.

O agendamento de visitas monitoradas tem o intuito de mostrar as riquezas materiais e imateriais (saberes) que o bioma caatinga tem ofertado à sociedade. Durante a visita é possível conferir palestra temática (animais silvestres, atuação do Cemafauna, animais peçonhentos, o combate ao tráfico de animais silvestres, aves de rapina, dentre outros) com demonstração de animais vivos como parte das propostas de educação ambiental. 

Agendamento prévio através de envio de e-mail para o endereço museu.cemafauna@univasf.edu.br

As visitas incluem acompanhamento por servidores e/ou estagiários vinculados as atividades do Museu.

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PESCA: FALTA DE DADOS COLOCA EM RISCO O MEIO AMBIENTE E RENDA DE PESCADORES NO BRASIL

Mesmo diante de um cenário de crise, a pesca tem sido desprezada como fonte de emprego, renda e segurança alimentar no Brasil. Atualmente, das 117 espécies exploradas pela pesca comercial marinha no país, apenas oito possuem sua situação conhecida. Outra constatação alarmante é que somente 9% das espécies que são capturadas comercialmente no Brasil possuem planos de gestão – o que evidencia que a atividade acontece sem um mínimo de planejamento e sujeita a medidas isoladas.

Esses dados revelam que o Brasil está pescando no escuro. Mas esta constatação não é nova. A 2ª edição da Auditoria da Pesca 2021,  divulgada nesta quarta-feira (23) pela Oceana Brasil diagnostica que não houve avanços na gestão da atividade no país desde o final de 2020, quando foi lançada a 1ª edição da Auditoria. A Oceana é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, focada na preservação dos oceanos e atua no Brasil desde 2014.

Para o diretor científico da organização, o oceanógrafo Martin Dias, é urgente que o Brasil adote estratégias efetivas para a gestão e o controle da pesca no Brasil. “A lei brasileira permite que a pesca opere completamente no escuro. Com pouco monitoramento e regras defasadas.” 

Para realizar este amplo diagnóstico sobre a realidade da pesca no Brasil, a Auditoria produzida pela Oceana, se fundamenta na ciência, e utiliza 22 indicadores, divididos em quatro categorias: Política Pesqueira; Transparência; Estoques Pesqueiros; e Pescarias. 

“Isso é importante para conseguir medir tendências: estamos evoluindo ou estamos regredindo? Essa é a ideia central da Auditoria e seus apontamentos mostram, de forma direta, se um gestor público teve um desempenho bom ou não”, analisa Martin Dias, que coordenou a pesquisa. 

Dentre muitos outros dados, a pesquisa revelou que não existem dados sobre a situação da população de 93% das espécies marinhas (como peixes e crustáceos, por exemplo) exploradas comercialmente no Brasil. Isto é, não se avalia se as espécies são exploradas de forma sustentável.

Essa situação fragiliza não só a própria continuidade das espécies, mas também as comunidades que dependem da pesca para sobreviver. Um levantamento da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) mostrou que uma em cada dez pessoas no mundo estão ligadas à cadeia produtiva da pesca. Globalmente, 492 milhões de pessoas dependem diretamente da pesca artesanal.

 “Esse setor desempenha um papel essencial na geração de emprego e renda ao mesmo tempo que sustenta culturas. Tem papel fundamental na alimentação saudável e nutritiva”, destaca Gustavo Chianca, representante adjunto da FAO no Brasil.

A FAO estima que, em todo mundo, 156 milhões de toneladas de alimentos aquáticos são destinados ao consumo direto humano, o que corresponde a 20,5 kg de pescados por pessoa por ano. Os números apontam para um cenário no qual 4,5 bilhões de pessoas se alimentam regularmente dos “alimentos azuis”, como são chamados os alimentos que têm origem nos ambientes aquáticos, como rios, mares e lagos. Esses alimentos fornecem 15% da proteína animal consumida em nosso planeta. 

FUTURO DA PESCA AMEAÇADO: Segundo dados oficiais, no Brasil há quase um milhão de pescadores e pescadoras artesanais. A atividade pesqueira tem potencial para garantir a segurança alimentar e colaborar com o alcance da segunda meta dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU para 2030: erradicar a fome. 

A ONU estima que, em 2050, a população mundial chegará a 10 bilhões de pessoas. Para Chianca, os desafios relacionados à segurança alimentar são complexos, além da fome, há questões relacionadas à má nutrição e doenças relacionadas à alimentação não saudável. “É preciso que haja redução de desperdício de alimentos e que se tome muito cuidado com o uso sustentável para evitar o esgotamento dos recursos naturais”, salienta. 

Carlos dos Santos, mais conhecido como Carlinhos, é pescador tradicional em Canavieiras (BA) e coordenador institucional da Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas e Povos Tradicionais Extrativistas Costeiros e Marinhos (Confrem). A comunidade da qual faz parte vive da pesca extrativista realizada em jangadas. Atualmente, a comunidade extrai caranguejos e aratus, da região de mangues. Do mar, pescam camarão, lagosta, robalo, vermelho e atuns. 

Quando começou a pescar, há 40 anos, as pescarias não eram feitas em grandes embarcações. “A pesca de jangada é limitada justamente pela condição e área de atuação da embarcação e, por ser pesca artesanal e por utilizarmos petrechos de pesca, tem um limite natural de captura de peixe”, esclarece. 

Com a chegada das grandes embarcações de diferentes regiões, percebeu mudanças na abundância dos animais aquáticos. “Isso fez com que, a cada dia que passava, fossem diminuindo o volume pescado”. Para evitar a exploração desordenada, ele liderou a comunidade para o estabelecimento de uma reserva extrativista no local. 

Foram cinco anos de luta para que a exploração pesqueira na região permanecesse artesanal, o que assegurou a preservação dos peixes e dessa prática de pesca.  Carlinhos participou da estruturação da política de pesca no Brasil nos anos 2000. “Esse desmonte que vem acontecendo na política de gestão pesqueira nesse país, infelizmente o contexto de exclusão e de esquecimento da pesca artesanal, data de muito tempo”, denuncia. Para ele, pescadores artesanais - hoje são aproximadamente 1 milhão no Brasil - vivem na invisibilidade. “As informações trazidas aqui são fundamentais para avaliar esse contexto histórico, pensar o futuro da gestão da pesca nesse país”, afirma, referindo-se à Auditoria da Pesca 2021.

PARTICIPAÇÃO SOCIAL; Entre os apontamentos da Auditoria, Martin Dias denuncia que a gestão da atividade pesqueira vem sendo esvaziada nas políticas de governo. Os Comitês de Gestão da Pesca (CPGs) foram extintos em 2019 e, somente no mês passado, o governo federal abriu uma chamada pública para sua recomposição. 

Contudo, Dias chama atenção para a necessidade de diversificar os representantes da sociedade para que as discussões reflitam as diferentes realidades da pesca. “De uma praia para outra, a atividade de pesca e as tensões podem ser muito diferentes. Essa situação se intensifica bastante em um contexto amplo, considerando a dimensão do Brasil”, observa. Representando a Confrem, Carlinhos diz que não deve fazer parte das novas formações. “O novo modelo não é participativo”, denuncia. 

O relatório da Oceana ainda aponta que há problemas na gestão dos recursos pesqueiros e uma legislação defasada, por isso, há urgência na modernização da Lei da Pesca no Brasil (Lei Federal 11.959/2009).   

Fonte:  Portal Comunicação Brasil 61 - https://brasil61.com/n/pesca-falta-de-dados-coloca-em-risco-o-meio-ambiente-e-renda-de-pescadores-no-brasil-bras226720

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ALUNOS DO CETEP-SÃO FRANCISCO E DO IFSERTÃO CAMPUS SANTA MARIA DA BOA VISTA VISITAM O CENTRO DE FORMAÇÃO DOM JOSÉ RODRIGUES-IRPAA

Neste sábado (26), o IRPAA-Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada, através do Centro de Formação Dom José Rodrigues, recebeu um grupo de alunos e professores do curso Técnico em Agroecologia, do CETEP SSF-Centro Territorial de Educação Profissional do Sertão do São Francisco, Juazeiro, Bahia e do campus Santa Maria da Boa Vista do Instituto Federal do Sertão Pernambucano-IFSERTÃO, Curso Técnico em Agropecuária. 

O grupo de alunos do CETEP-SSF foi liderado pela professora Janine Souza da Cruz, engenheira agrônoma, Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho. Os alunos do IFSERTÃO, teve a liderança da professora, doutora em Extensão Rural-Universidade Federal do Vale do São Francisco, Cristiane Marinho e da diretora de Ensino do Curso Integrado em Agropecuária, professora mestre Danielle Costa.

Os visitantes foram recepcionados pela equipe do IRPAA, tendo a oportunidade de conferir um Dia de Campo, e uma amostra sobre técnicas e metodologias, práticas contextualizadas, ações de convivência com o semiárido, além do estudos sobre o clima, tecnologias de aproveitamento de água, beneficiamento da produção familiar, dentre outros temas ligados à realidade do Semiárido, como educação e geração de renda.

A troca de saberes foi conduzida pelo zootecnista, Técnico Agropecuária, mestre André Rocha e Paulo César. Os alunos colaboradores Antonio Marcos e Jadson Reis também participaram das palestras.

Após, as boas vindas dadas embaixo de um pé de juazeiro, os visitantes conheceram alguns projetos desenvolvidos pelo Irpaa e diversos parceiros na busca de uma vida digna no semiárido, geração de renda e uso consciente dos bens da natureza.

Os alunos Josielson Araújo e Anne Louise, da disciplina Agroecologia e Permacultura II, CETEP-SSF destacaram que "é a visita é super válida, uma aula prática, a partir das demandas das comunidades, temas como caprinos, manejo de solo, recaatingamento, sistema agroflorestal, beneficiamento de alimentos, políticas públicas, uso e conservação de água, dentre outros assuntos foram trabalhados numa conversa com a equipe técnica do Irpaa e isto proporciona mais saberes e novas experiências".

O aluno do IFSERTÃO, campus Santa Maria da Boa Vista, Rafael Gonçalves, morador do Assentamento Catalunha, disse "que o dia de campo é muito válido e a partir dele novos horizontes se abrem em busca de uma agroecologia e modo de vida mais comprometida com o meio ambiente e o manejo do solo".

O Centro de Treinamento do Irpaa fica situado na localidade de Tourão, a 15 KM de Juazeiro. O site do IRPAA propõe que agroecologia se caracteriza pela produção de alimentos em harmonia com o ambiente natural, conservando a biodiversidade, diferentemente do modo mais comum de agricultura utilizada pelo agronegócio, que destrói o meio ambiente.

Na região Semiárida, a Agroecologia está presente através das práticas de Convivência com o Semiárido, que também traz como premissas a conservação do meio ambiente, Recaatingamento, produção apropriada, segurança alimentar e nutricional para as famílias, sistemas justos e sustentáveis de produção, distribuição, sustentabilidade e consumo de alimentos. 

RECAATINGAMENTO: No ano de 2022, o Projeto Recaatingamento completa 13 anos de execução em Comunidades Tradicionais de Fundo de Pasto do Território Sertão São Francisco. Ao longo desses anos, o projeto vem sendo avaliado positivamente pelas comunidades e entidades parceiras, chegando a receber o prêmio “BNDES de Boas Práticas para Sistemas Agrícolas Tradicionais”.

O Recaatingamento é um projeto de preservação ambiental que busca contribuir para inverter a desertificação do bioma caatinga através do uso sustentável de seus recursos naturais. O projeto, desenvolvido em comunidades rurais de sete municípios baianos, desenvolve um conjunto de medidas de promoção do bem-estar da Caatinga e de sua população através de uma proposta pedagógica, integral e multidisciplinar que acredita que a melhor forma de viver e produzir no semiárido é através do que a Caatinga oferece.

O Recaatingamento, promovido pelo Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada-IRPAA, envolve diretamente 140 famílias em atividades de preservação do meio ambiente. O projeto tem atuação direta nas comunidades de Angico, no município de Canudos, Melancia, em Casa Nova, São Mateus, em Curaçá, Fartura, em Sento Sé, Poço do Juá, em Sobradinho, Serra dos Campos Novos, em Uauá e Curral Novo, em Juazeiro.

Através de cursos e oficinas, cerca de 300 produtores rurais das comunidades Fundo de Pasto estão sendo capacitados como agentes ambientais. Cada comunidade envolvida no projeto está construindo de forma participativa um Plano de Manejo Ambiental Sustentável, com ele, pretende-se conservar a Caatinga, onde ela ainda está preservada e recuperar, onde ela já está fragilizada.

 Paralelamente aos Plano de Manejo Ambiental, também estão sendo construídos os Planos de Manejo do Rebanho. Ele ajudará a diminuir a ação herbívora dos animais na caatinga e evitará o super-pastoreio melhorando a qualidade da produção da ovino-caprino-cultura.

 Além de ações que visam a preservação direta do meio ambiente, o Recaatingamente promove capacitações para a Geração de Renda, agregando valor aos produtos oriundos das atividades agroextrativistas sustentáveis, como o beneficiamento das frutas silvestres umbu e maracujá do mato. Instalações como viveiros, cisternas e unidades de beneficiamento apoiarão as atividades.

O projeto também promoverá a Educação Ambiental Contextualizada através da assessoria à educação escolar das comunidades envolvidas. Recaatingamento, um projeto de preservação do meio ambiente em parceria com a comunidade.

  O Projeto RECAATINGAMENTO atua com 5 linhas de ação:

 1-Conservação da Caatinga

2-Recomposição da Caatinga

3-Educação Ambiental Contextualizada

4-Melhorias da Renda

5-Políticas Públicas

 


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A FÉ GONZAGUEANA NOS 178 ANOS DO PADRE CÍCERO DO JUAZEIRO DO NORTE, CEARÁ

Francisco Alemberg de Souza Lima, o Alemberg Quindins, é um dos criadores da Fundação Casa Grande-Memorial do Homem Kariri em 1992 com o intuito de valorizar a história do povo da região, o Vale do Cariri, e ser um centro de memória.

Alemberg diz que a Chapada do Araripe tem uma influência nesse território desde o período cretáceo. Em torno dela, de um lado tem Luiz Gonzaga, a Pedra do Reino, de Ariano Suassuna e a Missa do Vaqueiro, Padre Cícero, Patativa do Assaré, Espedito Seleiro, toda uma cultura. O Cariri é um oásis em pleno sertão. É o solo cultural por conta de toda essa força que vem da geologia, da paleontologia, da cultura. Por isto é bom conhecer a importância do contexto da Chapada do Araripe para o mundo.

Nesta quinta-feira, dia 24 de março, é comemorado os 178 anos do nascimento de Padre Cícero.  “O nome do padre Cícero / ninguém jamais manchará, / porque a fé dos romeiros / viva permanecerá, / pois nos corações dos seus / foi ele um santo de Deus / é e pra sempre será.” Es te é um dos temas de incontáveis folhetos de cordel espalhados pelas feiras sertóes afora.

Quem já ouviu falar dos preceitos ecológicos do Padre Cicero, muitos o seguem como exemplo de fé e religiosidade, mas poucos sabem que ele foi um dos primeiros defensores do meio ambiente, do bioma caatinga. Padre Cícero soube unir a mitologia e o poder do conhecimento dos indios Kariris.

Cícero Romão Batista nasceu em Crato, Ceará no dia 24 de março de 1844. Foi ordenado no dia 30 de novembro de 1870. Celebrou a sua primeira missa em Juazeiro em 1871. No dia 11 de abril de 1872 fixou residência em Juazeiro. Padre Cícero faleceu no dia 20 de julho de 1934, na cidade de Juazeiro.

A jornalista Camila Holanda escreveu que nas entranhas do Cariri do Ceará foi emergido uma versatilidade de ícones que, entrelaçados povoam o imaginário cultural que habita a região.


Nas terras do Ceará ouvi uma das mais belas histórias. Resumo: o teatrólogo, pesquisador cultural Oswaldo Barroso, ressalta um dos mais valiosos símbolos, a vigorosa força mítica e religiosa. Oswaldo Barroso, cidadão honorário de Juazeiro do Norte, diz que a primeira vez que esteve no Cariri foi nos anos 70 e a experiência fez com que suas crenças e certezas de ateu fossem desconstruídas e reconstruídas com bases nos sentimentos das novas experiências e epifanias vividas.

"Desde o início, não acreditava em nada de Deus. Mas quando fiz a primeira viagem ao Horto do Juazeiro do Norte, foi que eu compreendi o que era Deus. Isso mudou minha vida completamente", revelou Oswaldo.

Um outra narrativa importante encontrei na mitologia dos Indios Kariris. Nela a região é tratada como sagrada, centro do mundo, onde no final dos tempos, vai abrir um portal que ligará o Cariri  para a dimensão do divino.

A estátua do Padre Cícero encontra-se no topo da Colina. Muitos romeiros percorrem a Trilha do Santo Sepulcro. A pé eles percorrem às 14 estações trajeto marcado por frases e conselhos ambientais do Padre Cícero, que já alertava naquela época para os muitos desequilíbrios ambientais e impactos da agressão humana na natureza.

No ano de 2015 o Vaticano (Italia) reconciliou o padre Cícero Romão Batista com a igreja católica. Com a reconciliação, não há mais fatores impeditivos para que o "santo popular" do interior do interior do Ceará seja reabilitado, beatificado ou canonizado, segundo o chanceler da diocese do Crato, Armando Lopes Rafael. Leia o resumo da carta do Vaticano à diocese do Crato.

Padre Cícero morreu sem conciliação com a igreja católica. 

Padre Cicero descreveu os preceitos ecológicos:

1) Não derrube o mato, nem mesmo um só pé de pau; 

2) Não toque fogo no roçado nem na caatinga;

3) Não cace mais e deixe os bichos viverem; 4) Não crie o Boi e nem o bode solto; faça cercados e deixe o pasto descansar para se refazer; 

5) Faça uma cisterna no oitão de sua casa para guardar água de chuva;

6) Não plante em serra a cima, nem faça roçado em ladeira que seja muito em pé; deixe o mato protegendo a terra para que a água não a arraste e não se perca sua riqueza;

7) Represe os riachos de 100 em 100 metros, ainda que seja com pedra solta;

8) Plante cada dia pelo menos um pé de algaroba, de caju, de sabiá ou outra árvore qualquer, ate que o sertão todo seja uma mata só;

9) Aprenda tirar proveito das plantas da caatinga a maniçoba, a favela e a jurema; elas podem ajudar a conviver com a seca;

10) Se o sertanejo obedecer a estes preceitos a seca vai aos poucos se acabando o gado melhorando e o povo terá sempre o que comer, mas se não obedecer, dentro de pouco tempo o sertão todo vai virar um deserto só.

Rezemos com Fé! . Os sorrisos são a alegria da alma.

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SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL SE REÚNE COM EX MINISTROS DO MEIO AMBIENTE PARA DISCUTIR PAUTA

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, recebe, nesta quarta-feira (23), ex-ministros do Meio Ambiente de vários governos para discutir ações ligadas à pauta ambientalista que estão em pauta da Corte.

Participarão da audiência os ex-ministros Carlos Minc (ministro de 2008 a 2010), Edson Duarte (ministro de 2018 a 2019), Gustavo Krause (ministro de 1995 a 1999), Izabella Teixeira (ministra de 2010 a 2016), José Carlos Carvalho (ministro de 2002 a 2003), José Goldemberg (ministro em 1992), José Sarney Filho (ministro de 2016 a 2018), Marina Silva (ministra de 2003 a 2008) e Rubens Ricupero (ministro de 1993 a 1994).

Nove ex-ministros do Meio Ambiente solicitaram uma audiência com o presidente do Supremo Tribunal Federal para tratar de temas relacionados à área. A iniciativa faz parte da ofensiva que organizações da sociedade civil têm realizado com a intenção de frear o desmatamento da Amazônia e a aprovação de leis que flexibilizem atividades econômicas em áreas preservadas.

Recentemente, o Ato pela Terra, que reuniu artistas e ambientalistas, em Brasília, teve êxito em convencer a corte a marcar para o próximo dia 30 um mega julgamento em que o plenário irá julgar sete ações ligadas ao tema.

Na carta dirigida ao STF, os ex-ministros dizem que pretendem expor ideias capazes de garantir a preservação da floresta e garantir a sobrevivência de povos tradicionais. Sem citar nomes do atual governo, eles apontam as consequência na política de “passar a boiada” na área ambiental – como definiu o ex-ministro Ricardo Salles, em reunião ministerial com o presidente Jair Bolsonaro. “Como temos sido alertados há tempos pelos cientistas, as consequências para a sociedade e para a economia brasileira serão graves e, em alguns casos, irreversíveis, caso não detenhamos esse processo destrutivo imediatamente”, diz o documento.

Os ex-ministros listam ainda alguns dados que demonstram a rapidez da perda de cobertura vegetal: “A taxa de desmatamento da Amazônia divulgada no final de 2021, alcançou a inaceitável marca de 13.235 km2, entre agosto de 2020 e julho de 2021. Essa taxa de desmatamento representa um aumento de 75% em relação a 2018. Desde 2019, já perdemos 34.125 km2 da Amazônia. Essa extensão corresponde à soma do estado de Alagoas e do Distrito Federal em apenas 3 anos. Nesse período, perdemos 1,9 bilhões de árvores e aumentamos nossas emissões de CO2 em 2 bilhões de toneladas”.

Assinam o documento Carlos Minc (ex-ministro de Lula), Edson Duarte (ex-ministro de Michel Temer), Gustavo Krause (ex-minstro de Fernando Henrique Cardoso), Izabella Teixeira (ex-ministra de Lula e de Dilma Rousseff), José Carlos Carvalho (ex-ministro de FHC), José Goldemberg (ex-secretário de Fernando Collor), José Sarney Filho (ex-ministro de FHC), Marina Silva (ex-ministra de Lula) e Rubens Ricupero (ex-ministro de Itamar Franco)

A ministra Cármen Lúcia é a relatora da maior parte das ações. No início deste mês, a magistrada recebeu em seu gabinete um grupo de artistas liderado por Caetano Veloso para discutir o assunto.

“Acreditamos que um diálogo com V.Exa. [ministro Luiz Fux] configura passo fundamental na busca por reconhecer o importante papel desta Corte Suprema em reposicionar o Brasil no rumo que vinha seguindo, em total alinhamento com os valores e ideais que movem grande parte das nações civilizadas, qual seja, a integração da economia com a ecologia, a promoção da dignidade dos povos indígenas e das comunidades guardiãs da biodiversidade e a luta pela saúde climática do planeta”, declararam os ex-ministros do Meio Ambiente.

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AUSÊNCIA DO MEU PAI ME FEZ DUAS MARIANAS

A ausência do meu pai me fez duas Marianas. Era um domingo, 22 de março. O sol se punha no Sertão sofrido, apenas três dias após os festejos do padroeiro da gente sertaneja, São José. Meu pai tinha me dado, há poucos minutos, as notícias de uma chuvarada boa que a Serrinha tinha recebido no dia 19.

 Prometeu canjica e pamonha do milho que ele mesmo havia plantado. Fazia plano, me perguntava da vida e questionava sobre a recém chegada pandemia que já estava nos obrigando a interromper os abraços e alongar as distâncias. Das tantas dúvidas, a certeza do amor prevalecia adubando a esperança de dias melhores. 

Minutos depois, o mesmo telefone tocava. Já não era sua voz. Eu perdia meu pai de um infarto, nos braços de minha mãe e no solo sagrado da sua história e da sua poesia: a Serrinha de São José do Egito. Foi questão de segundos. A mesma velocidade do seu repente inconfundível que lhe permitiu ser consagrado em vida como a metralhadora dos versos e uma das maiores expressões do Repente de todos os tempos. E isso não é apenas amor de filha: é constatação de quem continua a beber da fonte da cultura nordestina. 

Pelo arrojo, pelo timbre de voz inconfundível, pela melodiosa criação de versos que tão bem soube congregar arte, conteúdo e mensagem e a defesa intransigente da identidade do Nordeste e da cultura popular, Valdir se eternizou em tudo que fez muito antes de deixar a vida terrena. 

Aos 64 anos, 40 desses dedicados ao pinho, aos pés de parede, aos congressos de repentistas, ao povo. Uma vida inteira marcada pela superação do menino que ficou órfão aos 11 anos de idade e se tornou homem e arrimo de família desde então. Do matuto da pele queimada, de chapéu e óculos de grau que nasceu paraibano e se eternizou pernambucano nos ouvidos e nas almas de um Brasil inteiro, Painho deixa uma saudade silente e uma ausência sem par. 

Deixa também uma constatação: Onde chegou o repente, chegou a voz de Valdir. Foi um guerreiro das estradas, sem recuo de trabalho - era um aficionado pela viola, pelo aboio, pelas tradições mais legítimas da nossa pátria Nordeste. E como defensor e voz de cada uma dessas linguagens, se fez imenso em todas elas. Mas foi o verso de improviso ao som de viola que foi responsável por lhe eternizar nas páginas da arte e das memórias do Sertão e nos ouvidos do povo nordestino. 

Nesses dois anos de saudade todos os dias, recebemos as mais bonitas homenagens pela sua trajetória. Faltou calculadora para contabilizar os milhares de amigos e fãs espalhados Brasil a dentro.  Nesse mesmo período, precisei assistir a reinvenção de toda minha família e a minha, contornando os dias nebulosos de saudade e se agigantando na celebração e na gratidão que foi tê-lo entre nós. Sustentados na fé em Deus e no amor de Nossa Senhora seguimos tornando a saudade doce e não por isso, menos espinhosa.

Painho marcou a existência como um cometa de rara aparição. Simples, de poucas palavras, dono de humor fino e uma presença de espírito dentro de casa que fizeram de sua companhia algo festejado a todo instante. Tenho o privilégio de ser fruto da sua verve. Mas mais que isso, pude partilhar e dedicar 25 anos de minha existência à sua. Meu pai continua sendo em tudo que eu sou. 

Seu exemplo continua a arrastar meus passos. Dois anos de sua ausência é uma eternidade que me fez duas Marianas. Uma, no colo e na sombra do pai que seguindo os ensinamentos de D. Helder “ajudou no voo, sem jamais ousar tomar o lugar das asas”. Sem ele, até as minhas asas perderam o colorido e o impulso do voo. 

Minhas memórias invocam um tempo de amor sem medidas e de uma formação que me ajudou a crescer em criatividade e respeito. Foi lá em casa e com ele que aprendi a pensar e a divergir, a criar e a sonhar, a ser antes de ter.

A sua chegada em casa sempre foi festa, no céu não seria diferente. O céu em festa celebra dois anos de um cometa raro. A terra menor e mais triste escuta um baião de viola em preces e entrega a Deus o descanso de quem mesmo em vida, sempre foi muito mais do céu do que da terra.

Obrigada, Painho. Sua luz de tão firme e imensa continua a nos iluminar e apontar os nossos caminhos. Nos encontraremos em breve em um palco eterno, de aplausos sem pausa e de poesia sem fim.

*Mariana Teles-Advogada e poetisa

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PROJETO A ROTA DO VAQUEIRO MOVIMENTA EXU, MOREILÂNDIA E SERRITA ENTRE OS DIAS 26 E 31 DE MARÇO

Por causa da pandemia de Covid-19, a Missa do Vaqueiro de Serrita está há dois anos sem ser realizada. Com o objetivo de garantir um auxílio aos fazedores de cultura da região, o tradicional evento ganha três prévias no mês de março.

O projeto “A Rota do Vaqueiro – sabenças e cantorias no Sertão” envolve três municípios sertanejos: Moreilândia (dia 26), Serrita (dia 29) e Exu (dia 31). As prévias acontecem sempre a partir das 19h, em local aberto e com acesso gratuito.

A programação conta com apresentações de trios de forró pé de serra, repentistas, aboiadores, bandas de pífanos, recitais e depoimentos gravados. Os eventos são inspirados na “Rota do Vaqueiro”, que existe há mais de 40 anos. Sempre no quarto domingo do mês de julho, vaqueiros de várias localidades se reúnem em Exu, ao nascer do sol e, pelas veredas da caatinga, fazem o trajeto com destino à Missa do Vaqueiro, em Serrita. 

O projeto está sendo viabilizado com recurso do da Lei Aldir Blanc e apoio das prefeituras e do Governo de Pernambuco. Segundo os organizadores, as festividades devem gerar cerca de 140 empregos e o público estimado é de 3 mil pessoas.

Confira a programação das prévias:

Moreilândia (26)  Local: Praça da Matriz

Banda de Pífanos, Henrique Brandão, Cícero Mendes e Chico Justino, Serginho Gomes, zé Carlos do Pajeú e André Santos, Francisco do Acordeon, Matheus do Acordeon

Serrita (29) Local: Calçadão da Matriz

Banda de Pífanos

Henrique Brandão

Cícero Mendes e Chico Justino, Zé Carlos do Pajeú e André Santos

Vaqueiros da Pisada

Rodrigo Xonado

Serginho Gomes

***Exu (31) Local: Praça da Matriz

Banda de Pífanos

Henrique Brandão

Chico Justino e Antônio Santana, Zé Carlos do Pajeú e André Santos

Memel Carvalho

Cosmo do Acordeon

Tony Monteiro

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MEIO AMBIENTE: NO DIA DA ÁGUA, REGIÃO MAIS ÁRIDA DO PAÍS DÁ EXEMPLO DE CONSERVAÇÃO

No Dia Mundial da Água, quando se multiplicam os alertas pela preservação de um bem natural do qual depende todo tipo de vida, um dos exemplos de administração de recursos hídricos pode vir da região do país em que eles são menos disponíveis.

A professora Irene Maria Cardoso, voluntária do Departamento de Solos da Universidade Federal de Viçosa (UFV), explica que no Nordeste brasileiro se desenvolve um programa de convivência com o semiárido que evita jogar a culpa em escassez ou na má distribuição de água ao longo do ano, o que não se vê em outros biomas.

Um projeto que se desenvolveu “muito em função de atuações das organizações da sociedade civil na Articulação do Semi Árido (ASA), com apoio de políticas do governo federal até 2018”, explica Irene Cardoso. A ASA tem um trabalho importante articulado de coleta de água da chuva, tratada para que possa servir para pessoas, animais e plantas.

“Não vejo em outros biomas brasileiros – amazônia, cerrado, mata atlântica, pampas –, um programa com tamanha envergadura. O cerrado, por exemplo, é nossa caixa d'água, no Brasil. É extremamente importante para o abastecimento de nossos principais rios. Mas não vejo um programa governamental que cuide do cerrado. O que se vê cada vez mais é apoio ao agronegócio”, avalia ela. E compara: “A mata atlântica levou 500 anos para ser destruída; o cerrado levou 20. As ações são isoladas e, pelo contrário, vemos no governo federal um desmonte de todas as políticas de cuidado com o ambiente”, afirma

A agrônoma, doutora em ciências ambientais e presidente por quatro anos da Associação Brasileira de Agroecologia avalia que há ações para cuidado com as águas nas diferentes esferas de governo (federal, estaduais e municipais), mas avalia que são “pouco articuladas”. 

“É preciso pensar a forte relação entre água, biodiversidade, solo e ar. Estão conectados. Não adianta pensar em ação em um desses componentes sem pensar no outro.” O solo, explica ela, purifica a água, exerce função de um filtro que abastece os mananciais e nascentes, e estes abastecerão os rios. É como se a nascente fosse uma torneira, mas a caixa d'água é o solo, que precisa estar protegido, coberto, estruturado, preservando os poros de infiltração da água.

Uma vez sem vegetação, a intensidade de chuvas, principalmente nos trópicos, desagrega as partículas, que são carregadas pela enxurrada, causando erosão. Esse material vai para os rios e assoreia também nascentes. “Precisamos que a água caia e se infiltre, e para isso o solo precisa estar protegido, coberto”, explica a especialista. É preciso cuidado com uso de máquinas que compactam os terrenos, assim como as patas do gado, quando a pastagem não é bem tratada.

A vegetação é a proteção, e um solo poroso abriga uma comunidade de seres escondidos, que precisa de alimento. “Vida no solo é como gente, come as mesmas coisas, mas processadas de outras formas. Vivem de matéria orgânica, pode ser fruto, folha ou galhos podres. Então essa vida no solo precisa ser alimentada.” A vegetação também protege dos fortes raios solares, que esterilizam a terra. “Cuidar da água é também ter cuidados com o solo, a vegetação e com o ar.”

RETORNANDO AO CAMINHO DA ROÇA: Irene Cardoso defende que a contribuição para uma qualidade ambiental melhor passa por “consciência política, porque políticas ambientais, cuidados com meio ambiente e fortalecimento das instituições que cuidam do meio ambiente não caem do céu. Precisamos entender que é preciso atuar politicamente se quer proteger o ambiente. Isso é política pública e depende de quem está nos governos. Tenho que procurar saber o que está acontecendo, interagindo e participando da vida política do país, antes durante e depois de eleição.

Mas atitudes “que parecem pouco” também podem fazer a diferença. A começar por se pensar de onde vem o alimento, quem produz, como é produzido. Entender que quem compra produto de um agricultor familiar, que não usa produtos químicos, está ajudando a proteger as águas. “Reaprender o caminho da roça pode ser, inclusive, mudar para a roça, mas também reconhecer, valorizar respeitar quem mora lá e cuida da sua água. E conhecer como é produzido, beneficiado e comercializado seu alimento”, afirma Irene.

Onde dispenso minha água? A professora da UFV lembra ainda que as águas usadas em ambiente doméstico podem ser reutilizadas. “Se tenho condição de separar as águas cinzas (de chuveiro, de pia de cozinha), essa água tem um tratamento mais fácil, pode servir de irrigação, passando por pequenos poços que melhoram sua qualidade”, explica.

Águas de vaso sanitário, mais sujas, podem ser conduzidas a fossas biodigestoras de fácil construção e manutenção em pequenos espaços. “Não se deve pensar que só governos precisam tratar a água em grandes usinas. Enquanto o Brasil importa mais de 90% do potássio, mais 70% nitrogênio, mais de 50% do fósforo que utiliza, a gente joga nossos resíduos, que podem alimentar o solo, para poluir as águas.”

Segundo a Copasa, o número de domicílios atendidos com disponibilidade de rede de distribuição de água na área de concessão da empresa e da Copanor é de 5.496.056, o que representa 99,4% dos imóveis residenciais das cidades atendidas pela empresa, contemplando aproximadamente 11,8 milhões de pessoas. Os domicílios atendidos com disponibilidade de rede coletora e tratamento de esgoto na área de concessão são 3.221.654, o que representa 71,9% dos imóveis residenciais das cidades atendidas pela empresa, contemplando 8,4 milhões de habitantes.

Desde 2017, a companhia desenvolve o Pró-Mananciais, “visando proteger e recuperar as microbacias hidrográficas e as áreas de recarga dos aquíferos utilizados na captação de água para tratamento e distribuição ao público”. “A atuação socioambiental da Copasa é pautada na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), em seus respectivos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e nos dez princípios do Pacto Global. O Pró-Mananciais integra o ODS 6 – Água e Saneamento, que tem entre suas metas melhorar a qualidade de água dos corpos d'água, apoiar e fortalecer a participação das comunidades locais para melhorar a gestão da água e do saneamento”, informa a empresa.

POUCA ÁGUA MUITA DEMANDA: A importância da água para o planeta é inquestionável. Qualquer organismo na Terra é composto em sua maioria pelo líquido. Para ajudar a conservá-lo, em 22 de março de 1992 a Organização das Nações Unidas (ONU) criou o Dia Mundial da Água. É um esforço da comunidade internacional para colocar em pauta questões essenciais que envolvem os recursos hídricos.

Estima-se que 97,5% da água existente no mundo seja salgada, portanto não é adequada ao consumo humano direto nem à irrigação de lavouras. Dos 2,5% de água doce, a maior parte (69%) é de difícil acesso, pois está concentrada nas geleiras, 30% são águas subterrâneas (armazenadas em aquíferos) e só 1% se encontra nos rios e outros mananciais de superfície. Logo, o uso desse bem precisa ser pensado para que não prejudique nenhum dos diferentes usos que ela tem para a vida humana.

A água não está limitada às fronteiras políticas dos países, razão pela qual quase metade da superfície terrestre é conformada por bacias hidrográficas de rios compartilhados por duas ou mais nações. O Brasil compartilha cerca de 82 rios com países vizinhos, incluindo importantes bacias como a do Amazonas e a do Prata, além de sistemas de aquíferos Guarani e Amazonas, segundo a Agência Nacional das Águas (ANA).

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