MÚSICA NESSA ESTRADA DA VIDA COMPLETA 40 ANOS E GANHA CLIPE

O caminho que liga Exu, Pernambuco, Terra de Luiz Gonzaga ao Crato, Ceará, lugar onde nasceu Padre Cícero é a via das escolhas, das encruzilhadas, da fé, território das forças dos ancestrais, trabalho e dons. As paisagens agem e ardem em eco, em harmonia, ritmo e melodia. Quais mãos trabalharam na confecção desse origami?

Nesta planície sem fim de cores e sons nasceu, Valdi Geraldo Teixeira, o Neguinho do Forró, morador de Exu. Nesta quarta-feira, 31 de janeiro, o poeta completa 58 anos de nascimento. Com apenas 17 anos Valdi Geraldo em parceria com José Aparecido, conhecido por Mauro Sanfoneiros, compuseram a música Nessa Estrada da Vida, um sucesso que completa este ano 40 anos.

Sempre é bom lembrar: o grande balaio musical de Luiz Gonzaga tem um exuense. A cada viagem que fazia pela região Nordeste Luiz Gonzaga “descobria”, encontrava um compositor. Em Caruaru: Onildo Almeida. Rio Grande do Norte o Janduhy Finizola. Paraíba, José Marcolino, Antonio Barros. Em Pesqueira, Nelson Valença. Campina Grande, Rosil Cavalcanti. Arcoverde João Silva. No Rio de Janeiro encontrou o parceiro Humberto Teixeira, nascido em Iguatu, Ceará. José Clementino, em Varzea Alegre. Zé Dantas, em Pernambuco, para citar alguns destes poetas parceiros que deram à Luz a obra e vida do Rei do Baião.

E pertinho dele, ali na curva da Chapada do Araripe, em Exu, na sua terra, Valdi Geraldo, o Neguinho do Forró. Músico, compositor de quem Luiz Gonzaga gravou a música “Nessa Estrada da Vida” em 1984 no disco (LP), Danado de Bom. Neguinho do Forró é um desses talentosos compositores que contribui com o reinado de Luiz Gonzaga.

A música Nessa Estrada da Vida é uma das composições mais regravadas na música brasileira. A história conta que ao ouvir a música Luiz Gonzaga teve paixão de primeira. Tarimbado, o Lua, sabia quando estava diante de uma riqueza musical, viu que melodia, ritmo e harmonia são frutos do seu Reinado. Gravou.

Hoje “Nessa Estrada da Vida” é uma das músicas mais interpretadas no cancioneiro brasileiro. Recebeu regravações de Dominguinhos, Jorge de Altinho, Waldonis, fiéis seguidores e discípulos do Rei do Baião.

Detalhe: o disco “Danado de bom” vendeu mais de um Milhão de cópias, contou com a participação de Elba Ramalho na faixa “Sanfoninha choradeira” (João Silva) e Luiz Gonzaga ganha o Disco de Ouro considerado no mundo musical um dos mais belos trabalhos de um artista brasileiro.

Com a morte de Luiz Gonzaga, em agosto de 1989, foi também em Valdi Geraldo que o Gonzaguinha, o poeta da resistência, que por centenas de vezes caminhou nas estradas, visitando lugares e construindo sonhos no pé da serra do Araripe pensando em concretizar o projeto do Parque Asa Branca, Museu Gonzagão.

Valdi Geraldo Teixeira mora em Exu. É aposentado do Ministério da Saúde e continua compondo. Em 2012, Neguinho do Forró, lançou um CD, Alegria e Beleza do Sertão, uma das composições mais belas da música brasileira, que se junta a larva criativa do poeta. Valdi Geraldo cultiva a simplicidade, ou seja, sabe tratar o povo, que tanto Luiz Gonzaga pedia para não esquecer, e valorizar o seu pedaço de terra se fazendo universal.

Neste ano de 2024, ele retornou ao estúdio. Desta vez gravou a música Nessa Estrada da Vida, com a participação do jovem Marcos, 19 anos, sanfoneiro e estudante de Musica na Universidade Federal da Paraíba, em João Pessoa. Marcos é neto de José Aparecido, Mauro sanfoneiro que acompanhou Luiz Gonzaga durante vários anos. Participa da gravação o filho de Valdi Teixeira, o também músico Valdi Jr.

Valdi Geraldo está marcado para a eternidade e o Brasil poderia ainda em Vida ser mais grato pela trajetória desse cantor e compositor. Caruaru, Pernambuco, através do pesquisador Luiz Ferreira já soube valorizar o artista e ele, em 2014, recebeu o título troféu Orgulho de Caruaru, através do Espaço Cultural Asa Branca do Agreste.

Luiz Gonzaga é citado por todos os compositores como um mestre na arte de sanfonizar as canções. Sanfonizar é um termo criado pelo próprio Luiz Gonzaga. O pesquisador José Teles, afirma que a maioria dos seus parceiros de Luiz Gonzaga não escondem que cederam parceria para o Rei do Baião, porém, geralmente, suavizam a revelação com um argumento: ninguém interpretaria a composição igual a ele. Ou ressaltam o talento de Gonzagão para “sanfonizar” as composições – ou seja, como usava seus dons de arranjador para enriquecê-las.

Nessa Estrada da Vida segue o poeta e compositor Valdi Geraldo, o Neguinho do Forró. Poeta dos bons que caminham na Luz da Chapada do Araripe.
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PESQUISA AVALIA IMPACTOS ECONÔMICOS PARA AGRICULTORES QUE POSSUEM BARRAGEM NO SEMIÁRIDO

Estudo conduzido pela Embrapa Solos (RJ) avaliou os impactos econômicos para agricultores que possuem uma barragem subterrânea instalada em suas propriedades no Semiárido brasileiro. Levando em conta o período de 18 anos analisado, entre 2006 e 2023, foi verificado um incremento anual médio de 375 Kg na produção, que gerou uma renda excedente de R$ 7.361,10 para os adotantes da tecnologia social em relação aos agricultores que não a possuem em suas terras.  

Já o estudo de avaliação de impactos econômicos, sociais, ambientais e institucionais da barragem subterrânea realizado pela Embrapa há muitos anos, e cujos resultados são apresentados anualmente no seu Balanço Social, apontou que a relação dos Benefícios e Custos (B/C) em 2023 foi de 2,27, o que significa que cada R$ 1,00 investido pela Empresa nessa tecnologia social gerou um retorno R$ 2,27 para a sociedade.

A barragem subterrânea tem reconhecido sucesso no Semiárido brasileiro, ao permitir a conversão de áreas secas e inaptas à atividade agrícola em solos de produção rural agropecuária para agricultores familiares. Atualmente existem cerca de 3.050 barragens subterrâneas construídas no Semiárido nordestino, e o público-alvo dessa tecnologia tem em geral propriedades de pequeno porte.

De acordo com Veramilles Aparecida Fae, analista da Embrapa Solos e uma das autoras dos estudos, os impactos econômicos das barragens subterrâneas foram avaliados sob dois itens: o de incremento de produtividade e o de expansão de produção. “A produtividade calculada no estudo de viabilidade econômica levou em consideração um cenário de chuvas regulares, e a quantidade média do excedente de produção do adotante da tecnologia foi obtido por meio de dados históricos da avaliação econômica das barragens subterrâneas, realizada anualmente pela equipe da Embrapa, entre os anos de 2006 e 2023”, explica a economista. 

Ela acrescenta que o preço médio da produção por quilograma estimado foi calculado a partir de pesquisas realizadas em mercados locais, verificando-se o comportamento de 78 itens de consumo possivelmente produzidos pelos agricultores. “O estudo resultou na estimativa de R$ 19,65 por quilograma, que multiplicados pela produção anual excedente, de 375 Kg, resulta num benefício ou incremento anual médio de renda no valor de R$ 7.361,10 para quem possui uma barragem subterrânea em sua propriedade”, ressalta Fae.

O método de tratamento dos dados da análise constituiu em avaliar o valor do investimento realizado na obra de construção da barragem subterrânea e o tempo necessário para recuperar esse investimento, utilizando parâmetros de rentabilidade, em dois cenários diferentes. No primeiro caso, com um valor inicial gasto pela família agricultora de R$ 20 mil, com subsídios governamentais e de ONGs, e no segundo caso com o valor inicial investido na obra de R$ 27 mil, para quem não contou com nenhum subsídio. 

Os especialistas da Embrapa apontam que em todos cenários analisados, a Taxa Interna de Retorno (TIR) foi maior que o índice oficial de inflação do País, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o que demonstra a viabilidade econômica do empreendimento, garantindo o retorno econômico do valor investido a partir do terceiro ano, no caso dos agricultores que contam com subsídios, e no quarto ano, para aqueles que arcam com todos os custos da obra.

“Nos aspectos econômicos, considerando os índices de avaliação de que dispomos, podemos afirmar que a tecnologia se mostra atrativa e viável, apresentando resultados positivos em todos os índices levantados”, afirma o analista Igor Rosa Dias de Jesus, supervisor do Setor de Gestão da Prospecção e Avaliação de Tecnologias da Embrapa Solos, responsável pelos estudos de avaliação de impactos da barragem subterrânea.

Ele explica que a cadeia produtiva das regiões mais áridas do Semiárido nordestino está fortemente ancorada na agricultura e na pecuária para consumo humano e animal e venda do excedente em feiras agroecológicas municipais. “O grande impacto proporcionado pela barragem subterrânea é a habilitação para o cultivo de áreas que antes de sua instalação não estavam disponíveis. Essa disponibilização das terras ao longo de quase todo o ano apresenta impactos significativos nas localidades em que essas barragens são instaladas”, acrescenta.

A disponibilidade da água melhora também a qualidade dos solos e promove recuperação de áreas do Semiárido que sofreram degradação, já que evita que os nutrientes se percam por meio dos processos de erosão e de lixiviação. Há ainda a valorização dos terrenos nos quais as barragens subterrâneas estão instaladas, como aponta o estudo de avaliação de impactos da tecnologia.

O cultivo nas barragens subterrâneas avaliadas pelo estudo conduzido pela Embrapa Solos e parceiros destina-se basicamente ao consumo próprio, constando da produção de milho, feijão-comum, feijão de corda e fava, macaxeira, batata-doce, cenoura, inhame, alface, cebolinha, beterraba, coentro, alho, repolho, couve, quiabo, tomate, chicória, pimentão, abóbora, chuchu, melancia, melão, acerola, goiaba, manga, mamão, abacaxi, maracujá, graviola, caju, coco e cana-de-açúcar, além de capim e palma forrageira, que são armazenados em silagem para alimentação animal.

Com a tecnologia em pleno funcionamento, cada família possui entre seis e oito cabeças de gado, geralmente duas delas produzindo leite. As galinhas e perus são em torno de 10 e 15 cabeças, porcos ou ovelhas de 5 a 10. “Em época de chuvas, a média tende a aumentar, fazendo com que haja comercialização do excedente, como a venda de derivados de ovos e leite. Alguns agricultores chegaram a contabilizar até 30 cabeças de gado e 50 aves. O plantel de criação se altera de acordo com a intensidade da estiagem. Em cenários mais secos, estima-se uma redução de 60% a 70% em relação a períodos mais chuvosos. Há casos de agricultores que possuem apiários e outros produzem e comercializam sementes crioulas de melancia, feijão e outros grãos de cultivos regionais”, acrescenta Igor de Jesus. Confira reportagem na integra site Embrapa

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MST INTENSIFICA EM 2024 PLANO NACIONAL DE PLANTAR ÁRVORES

Em 2020, como resposta à crise climática mundial, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) lançou o plano nacional Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis e um grande desafio: plantar 100 milhões de árvores nativas e frutíferas em dez anos, em assentamentos e áreas próximas por todo o país, em todos os biomas.

O movimento acaba de completar 40 anos (em 22/1) e celebra o plantio de mais de 25 milhões de árvores em quatro anos – sendo 15 milhões só em 2023 -, recuperando 15 mil hectares de terra, em seis biomas brasileiros, numa área equivalente a 22 mil campos de futebol.

Só no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, foram recuperados mil hectares. No Paraná, foram semeadas quatro toneladas de juçara. No Mato Grosso, as áreas degradadas recuperadas estão localizadas no Parque da Chapada dos Guimarães. E, no Pará, mil hectares foram regenerados por meio de viveiros, SAFs (Sistemas AgroFlorestais) implementados em assentamentos, escolas do campo e escolas de agroecologia.

Ventos da mudança -Camilo Santana, do coletivo nacional do Plano Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis, contou que, em 2023, o MST se empenhou na qualidade das ações do plano, deixando o campo mais simbólico e místico do plantio e focando em ações de impacto.

“Compreendemos que é fundamental a construção e massificação do plantio de árvores como estratégia de adaptação às mudanças climáticas em curso, a síntese plantar árvores e produzir alimentos saudáveis, materializada na agroecologia se apresenta como alternativa possível e viável para o enfrentamento da crise ambiental, se tratando da produção agrícola. E nossa base social tem entendido isso cada vez mais”, declarou.

E o MST quer se aprofundar mais no estudo da crise ambiental com o intuito de potencializar suas lutas e massificar o plantio em todo o país. Afinal, ainda há um grande desafio pela frente: faltam ¾ do plano para concretizar em seis anos apenas.

E Santana explica: “As projeções apontam para a necessidade de avançar na vinculação da questão ambiental com a necessidade da Reforma Agrária Popular”- são 40 anos de luta! –, “enquanto saída para a referida crise”.

Ele destaca, ainda, que o desafio do MST é “seguir massificando ações que projetam a perspectiva ambiental popular” para toda a sociedade brasileira, de forma a possibilitar a alteração da correlação de forças na luta ambiental vinculada à luta pela terra”. (Fonte Conexão Planeta Foto: MST/divulgação

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VALORIZAÇÃO DA CULTURA E PATRIMÔNIO AMBIENTAL É TEMA DE ENCONTRO NA UFC

O reitor da Universidade Federal do Ceará, Prof. Custódio Almeida, reuniu-se, na última quinta-feira (18), no Gabinete da Reitoria, com o produtor cultural, gestor e idealizador da Fundação Casa Grande, Alemberg Quindins, para discutir sobre projetos relacionados à Chapada do Araripe e um possível convênio com a UFC para apoiar essas iniciativas. Também participou do encontro a Professora Andrea Pinheiro, do Instituto UFC Virtual. 

O marco geográfico, que engloba áreas do Ceará, de Pernambuco e do Piauí, está em via de ser indicado este ano como a candidatura do Brasil para Patrimônio Mundial da Humanidade da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). A confirmar tal reconhecimento na próxima reunião anual na sede da entidade, em Paris (França), a chapada se somará a outros 23 destinos nacionais de 17 Estados brasileiros que possuem essa chancela internacional. 

Atual gerente de Cultura do Sistema Social do Comércio (SESC Ceará), Alemberg Quindins recebeu da UFC em 2017 o título de Notório Saber em Cultura Popular. Segundo ele, há três anos vem sendo preparado um dossiê, em colaboração com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e o Ministério da Cultura, para embasar a candidatura da Chapada do Araripe perante a UNESCO como uma paisagem mista, no conjunto de seus aspectos naturais e culturais.     

Em pesquisas realizadas em Nova Olinda e em todo o Cariri cearense desde a década de 1980, Alemberg e sua equipe têm encontrado pinturas rupestres e sítios arqueológicos do povo indígena Kariri de cerca de 2.500 anos de história. Por meio de um trabalho de educação patrimonial e de arqueologia social inclusiva, os pesquisadores vêm enfatizando a importância de se promover um turismo sustentável e com responsabilidade socioambiental na região. “A preocupação maior é que as pessoas no território sejam os maiores beneficiados. O que adianta encontrar uma dessas maravilhas do mundo e aquilo ali ficar dentro de um museu que não dialoga com a comunidade?”, indagou.  

Há dez anos, a Professora Andrea Pinheiro leva grupos de estudantes da UFC para visitar Nova Olinda e realizar oficinas de formação com crianças e jovens atendidos pela Fundação Casa Grande, que possui uma estação de rádio, estúdios de música e de audiovisual e um teatro. Em todas essas viagens, alunos e professores da Universidade se hospedam em pousadas domiciliares e se alimentam em cafés e restaurantes de pequenos empreendedores, na perspectiva do turismo comunitário e da imersão na cultural regional. “É toda uma rede que fortalece a economia local. Os alunos da UFC se formam nesse contato com a região, com os saberes populares em diálogo com a formação acadêmica”, explicou Andrea.

Outro tema abordado na reunião contemplou o patrimônio imaterial e o reconhecimento da academia por meio de títulos honoríficos para mestres e mestras da cultura cearense, enaltecendo os saberes e fazeres tradicionais. Custódio Almeida aprovou essa ideia, e reforçou a necessidade de difundir o trabalho desses personagens, convidando-os para aulas, conferências e eventos de graduação e pós-graduação. “O interesse é imenso, e casa com o projeto da nossa administração para que ela seja marcada pela imersão e pelo atravessamento cultural, de cultura popular, de cultura artística e de cultura científica”, avaliou o reitor. 

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MATA ATLÂNTICA: CINCO SÉCULOS DE EXPLORAÇÃO

Cinco séculos de exploração, destruição e ocupação da Mata Atlântica deixaram cicatrizes profundas no bioma que originalmente cobria a costa brasileira. Com menos de um quinto da sua extensão original, a Mata Atlântica e toda sua biodiversidade foram empurrados para a berlinda. Um novo levantamento revela que 82% das espécies de árvores exclusivas do bioma estão sob algum risco de ameaça de desaparecer para sempre.

O estudo mapeia as quase 5 mil espécies de árvores que ocorrem no bioma e usa os critérios da União Internacional de Proteção da Natureza (IUCN) para criar uma “Lista Vermelha” das árvores ameaçadas da Mata Atlântica. O termômetro do risco da extinção começa em Pouco Preocupante e Quase Ameaçada, e é considerada ameaçada a partir de Vulnerável, até Em Perigo e Criticamente Em Perigo – o estágio mais crítico antes da espécie ser considerada extinta.

De acordo com o levantamento, das 4.950 espécies de árvores que ocorrem no bioma, dois terços foram classificadas em algum nível de ameaça. Entre as espécies endêmicas, ou seja, que são encontradas apenas na Mata Atlântica, o risco da extinção é proporcionalmente maior, com 2.025 espécies ameaçadas – o equivalente a 82% do total.

Entre as endêmicas ameaçadas, mais da metade (52%) estão Em Perigo de extinção. Outras 19% são consideradas Vulneráveis, e 11% estão Criticamente Em Perigo. No outro lado da balança, 17% das espécies estão em situação Pouco Preocupante e 1% Quase Ameaçada.

Outras 13 espécies endêmicas foram consideradas possivelmente extintas. Em contrapartida, cinco espécies que eram consideradas extintas na natureza foram redescobertas pelo estudo.

“A maioria das espécies de árvores da Mata Atlântica foi classificada em alguma das categorias de ameaça da IUCN. Isso era esperado, pois a Mata Atlântica perdeu a maioria das suas florestas e, com elas, as suas árvores. Mesmo assim, ficamos assustados quando vimos que 82% das mais de 2000 espécies exclusivas desse hotspot global de biodiversidade estão ameaçadas”, destaca Renato Lima, professor da Universidade de São Paulo (USP) que liderou o estudo, publicado na Science na quinta-feira da semana passada (11) em conjunto com outros dez pesquisadores.

O emblemático pau-brasil (Paubrasilia echinata), por exemplo, endêmico da Mata Atlântica, foi classificado como Criticamente Em Perigo, com um declínio populacional de 84% nas últimas três gerações. 

Outras espécies populares como a araucária (Araucaria angustifolia), o palmito-juçara (Euterpe edulis) e a erva-mate (Ilex paraguariensis) tiveram uma queda de pelo menos 50% nas suas populações silvestres e são classificadas como Em Perigo. 

Para realizar o levantamento, os pesquisadores automatizaram as avaliações de conservação para quase 5 mil espécies, feito com base em mais de 3 milhões de registros de herbários e de inventários florestais de toda a Mata Atlântica reunidos numa única base de dados, o que permitiu entender como o número de árvores foi reduzido ao longo do tempo. A análise incluiu ainda informações sobre a história de vida das espécies, usos comerciais e longas séries temporais de perda de habitat. 

Um dos grandes destaques do estudo é que esse fluxo de trabalho desenvolvido pelos pesquisadores pode ser replicado em outros levantamentos e em larga escala.

A abordagem usada no estudo será utilizada de forma sistematizada a partir de 2024 pelo Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora) – órgão do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro responsável pela elaboração da a Lista Vermelha Oficial da Flora do Brasil – para avaliar as cerca de 12.000 espécies de plantas que ocorrem apenas no Brasil e que ainda não tiveram o seu grau de ameaça avaliado oficialmente.

A maioria das avaliações de risco de extinção atualmente disponíveis na IUCN se baseia apenas na distribuição geográfica das espécies, mas o declínio no número de árvores adultas causado pelo desmatamento é a principal causa de ameaça das espécies, principalmente em áreas altamente alteradas como a Mata Atlântica. De acordo com os pesquisadores, utilizar vários critérios da IUCN na avaliação reduz a chance de subestimar o nível de ameaça das espécies.

“Se tivéssemos usado menos critérios da IUCN nas avaliações de risco de extinção das espécies, o que geralmente tem sido feito até então, nós teríamos detectado seis vezes menos espécies ameaçadas. Em especial, o uso de critérios que incorporam os impactos do desmatamento aumenta drasticamente o nosso entendimento sobre o grau de ameaça das espécies da Mata Atlântica, que é bem maior do que pensávamos anteriormente”, completa o professor da USP.

Através da avaliação dos pesquisadores, cerca de 3% das espécies que eram classificadas nas categorias de Pouco Preocupante ou Quase Ameaçada devido as suas extensas áreas de ocorrência para Criticamente Em Perigo, por terem tido reduções populacionais superiores a 80%. 

O trabalho dos pesquisadores também olhou pros principais maciços de floresta tropical do mundo e projetou qual seria o impacto da perda de florestas sobre as espécies de árvores em escala global. “As projeções indicam que entre 35-50% das espécies de árvores do planeta podem estar ameaçadas apenas devido ao desmatamento”, alerta Hans ter Steege, do Naturalis Biodiversity Center, da Holanda, um dos autores do artigo. (O eco jornalismo ambiental)

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LIVRO LUIZ GONZAGA 110 ANOS DO NASCIMENTO GANHA DESTAQUE ENTRE AUTORIDADES E CANTORES BRASILEIROS

O livro Luiz Gonzaga 110 anos do Nascimento, de autoria do pesquisador Paulo Vanderley, projeto gráfico de Vladimir Barros e os traços  ilustração do Mestre Espedito Seleiro depois de ser lançado oficialmente no dia 10 de dezembro de 2022 durante as festividades do aniversário de Luiz Gonzaga, terminou o ano de 2023, sendo destaque com os troféus no Prêmio Brasileiro de Design nas categorias Design de Exposições e Instalações, Design Digital (Produtos Conectados - IoT) e Voto Popular.

O livro também chegou as mãos de autoridades e artistas consagrados no cenário da Música Brasileira e Internacional. Exemplo, presidente Luis Inácio Lula da Silva, Ivete Sangalo, Geraldo Azevedo, Marisa Monte, Jornalistas Fátima Bernades e Pedro Bial, entre outros.

O livro durante o ano de 2023 teve lançamento em várias cidades do Nordeste e também em São Paulo e outras capitais. A expectativa agora é que seja lançado na Europa.

De acordo com Paulo Vanderley, o livro é escrito em primeira pessoa, com o próprio Rei do Baião contando sua história, a partir de uma intensa pesquisa em acervos de entrevistas. O projeto também está em formato de áudio, narrado pelo próprio biografado a partir desse material. Esta obra, o 110º aniversário de Luiz Gonzaga, tem em podcast e uma websérie, garantindo o caráter multimídia do livro.

"Dessa forma, o público consegue ter acesso ao conteúdo de parceiros musicais e os herdeiros de Seu Luiz Gonzaga no forró em diversas plataformas".

Paulo Vanderley é pesquisador, criador e mantenedor do mais completo site de Luiz Gonzaga no Brasil www.luizluagonzaga.com.br

O despertar de Paulo Vanderley pela valorização dos costumes da cultura brasileira e especial o Nordeste e sua música começou na infância. Em 1989, na cidade de Exu, Pernambuco, o paraibano de Piancó, de apenas 9 anos, filmou o cortejo de sepultamento de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. Na época a família de Paulo Vanderley morava em Exu. Paulo tem o privilégio de ter fotos ainda criança ao lado de Luiz Gonzaga.

Adolescente Paulo Vanderley passou a colecionar tudo relacionado à cultura gonzagueana e o melhor da música ao ritmo da sanfona, zabumba e triângulo. Paulo reúne coleção, a exemplo de Jackson do Pandeiro, Marinês, Dominguinhos. O cantor e compositor Gonzaguinha é um capítulo valioso na vida de Paulo.

“Sou da Paraíba, fui criado no sertão. Meu pai era funcionário do Banco do Brasil e, pelas andanças pelo banco, fomos parar em Exu, no Pernambuco, terra do seu Luiz Gonzaga. Luiz Gonzaga era cliente do banco e foi assim que ele e meu pai se conheceram e ficaram amigos”, contou Paulo.

O site Luiz Lua Gonzaga foi idealizado e construído pelo colecionador Paulo Vanderley em 2004, com diversas entrevistas, discos, digitalização de materiais gráficos e vários outros materiais sobre o legado do Rei do Baião. 

A iniciativa se tornou um dos principais meios de pesquisa sobre o músico de Exu, levando Paulo Vanderley a ser consultor em projetos como o Museu do Cais do Sertão e a cinebiografia de Gonzagão. O site Luiz Lua Gonzaga parte do projeto de seu criador em celebrar os 110 anos de seu ídolo, comemorados em 2022.

O site luizluagonzaga.com.br é sempre abastecido com uma infinidade de materiais que contam a trajetória de Luiz Gonzaga. Desde dezembro o site ganhou nova roupagem. E é um dos mais acessados em todo o Brasil. 

“Para nós, gonzagueanos, que admiramos tudo o que ele foi, é quase que um princípio propagar a vida e a obra dele. Apesar das dificuldades de trabalhar com cultura no Brasil, trazer mais pessoas para admirá-lo é o que nos anima, é o nosso combustível para fazer esse trabalho”, afirma Paulo.

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BIOLOGIA É PRESENÇA MARCANTE NA POESIA DE CORDEL

Quando participou do Festival de Artes de São Cristóvão, tradicional evento cultural realizado em Sergipe, o pesquisador Anderson Santos observou uma marcante presença da biologia nos cordeis. “Percebi que tinha muita biologia naqueles folhetos, mesmo vindos de pessoas que nunca foram à universidade”. Este foi o ponto de partida para um trabalho em que a poesia popular foi incorporada à educação de jovens e adultos nordestinos.

A estratégia foi parte do mestrado Compondo os versos de uma ciência intercultural: Poesia popular nordestina e ensino de biologia, defendido na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, com orientação do professor Marcelo Motokane.

A abordagem utilizada em aulas de biologia da Educação de Jovens e Adultos (EJA) em uma escola pública da cidade de Rio Largo, em Alagoas, mobilizou a cultura local para enfrentar alguns dos desafios do ensino de biologia, como um distanciamento do conhecimento científico da realidade cotidiana das várias regiões do Brasil.

Com base nos princípios educacionais de Paulo Freire, Santos mergulha na análise das referências à natureza presentes nas poesias do cearense Antônio Gonçalves da Silva, mais conhecido como Patativa do Assaré. A pesquisa se propõe a investigar de que maneira essa expressão literária pode se tornar um recurso no processo de ensino da matéria de biologia, especialmente ao capitalizar a riqueza cultural dos jovens e adultos.

Ao adotar a abordagem freiriana, a dissertação reconhece a importância de incorporar elementos da cultura local e da vivência dos estudantes no processo educacional.

Sob essa ótica, a obra de Patativa do Assaré torna-se um ponto de partida significativo para estabelecer conexões entre a natureza, a poesia e os conceitos biológicos, proporcionando uma abordagem mais contextualizada e inclusiva no ensino.

Para Santos, a poesia de cordel, neste contexto, acaba refletindo as realidades e os desafios enfrentados pelo povo nordestino, ao mesmo tempo em que valoriza e celebra suas identidades, resistências e potencialidades. 

Com uma visão decolonialista, que questiona a cultura imposta pelo colonialismo europeu no País, o trabalho elaborado por Santos vê no histórico econômico, social e cultural do Brasil as raízes de uma educação potencialmente defasada, voltada aos interesses de uma elite sudestina. “Nós, nordestinos, crescemos aprendendo que o Nordeste é uma região pobre, seca, e que a gente é burro”, critica o pesquisador ao defender a ampliação de abordagens socioculturais no aprendizado das ciências. 

Ainda sobre a escolha de seu tema de pesquisa, envolvendo a cultura nordestina no ensino de biologia, o pesquisador acrescenta que “os cordéis, enquanto expressão poética, se tornam espelhos das vivências, desafios e resistências do povo nordestino. Celebram sua identidade e ao mesmo tempo evidenciam as complexidades enfrentadas por ele”, fatos que não estão desconectados dos conhecimentos que possui, particularmente dos biomas que visita. Santos lembra que, além da riqueza de conhecimentos que o nordestino traz de suas andanças, a caatinga não é seu único bioma, tem Mata Atlântica e muita praia.

O poeta cearense e o protagonismo dos alunos-Uma das razões para a escolha do poeta para o trabalho foi o contato anterior de Santos com os textos de Patativa do Assaré, além da forte conexão das obras desse autor com as vivências do povo cearense e o seu conhecimento da biodiversidade. “Ele teve muito contato com o sertão nordestino, aprendeu muito, e ele aborda esse conhecimento popular na poesia”, explica o pesquisador. 

Apesar de uma resistência inicial com o uso de poesias em aulas de ciências, por serem geralmente vinculadas à matéria de Língua Portuguesa, o pesquisador conseguiu efetivar a participação dos estudantes. “Muitos alunos acreditam que o professor é o que sabe de tudo, então desmistificar essa ideia na cabeça deles é um pouquinho complicado”, conta. 

Como resultado, segundo Santos, foi observada uma maior valorização do estudo da Biologia, por parte dos estudantes, a partir da incorporação de abordagens e práticas diversas. Além de se sentirem valorizados, reconhecerem-se enquanto nordestinos, os alunos também aprendem a partir do conhecimento científico”, avalia o pesquisador. 

Santos conclui que a resposta obtida com o envolvimento dos alunos e a representatividade nas aulas reforçam a importância do desenvolvimento de métodos alternativos para o ensino. “A gente precisa diversificar as práticas e colocar os alunos como protagonistas.” 

Realidade e vivência-Dividido em três partes, o trabalho, defendido em novembro de 2023 e orientado pelo professor Motokane, explora, em uma primeira seção, a realidade e vivência do próprio pesquisador durante sua formação escolar e a convivência com a família, sendo conduzido à percepção sobre o ensino da biologia e a docência.

Num segundo momento, o estudo analisa 30 poesias de Patativa do Assaré, categorizando e representando visualmente a abordagem da identidade regional e da biodiversidade nos textos do autor.

Por fim, Santos pôde avaliar em sala de aula a potencialidade do material selecionado, promovendo a leitura e discussão dos textos. Para tanto, o pesquisador desenvolveu e aplicou uma Sequência Didática Investigativa (SDI), adaptada para trabalhar os biomas brasileiros, baseada na Literatura de Cordel; sequência que foi validada cientificamente por especialistas do Grupo de Pesquisa em Linguagem e Ensino de Ciências (LINCE/USP).

A sequência didática foi então aplicada em várias etapas, começando por apresentar o cordel Festa da Natureza, de Patativa do Assaré, para discussão e análise das percepções dos alunos quanto aos elementos estruturais, culturais e os relativos ao bioma da caatinga presentes na obra. A partir dessas atividades, os estudantes desenvolveram suas próprias poesias descrevendo características de fauna e flora dos biomas. Assim, Santos pôde observar que a aplicação da cultura nordestina nas aulas do EJA não só valoriza a afinidade regional, mas também “mostra que a poesia que emerge do povo do Nordeste pode ser um caminho para diversificar as práticas de ensino.”

O Nordeste é a região do Brasil que apresenta a maior taxa de analfabetismo entre as pessoas com 15 anos de idade ou mais: 11,7%, segundo o Censo Demográfico de 2022. Isso significa que mais de 5 milhões de nordestinos não sabem ler e escrever, o que limita suas oportunidades de trabalho, renda e cidadania, e o EJA surge no Brasil justamente como uma tentativa de garantir os direitos educativos daqueles que não tiveram acesso à educação básica ou que a interromperam antes de concluí-la.

A festa da Natureza

Patativa do Assaré

Chegando ο tempo do inverno,

Tudo é amoroso e terno,

Sentindo do Pai Eterno

Sua bondade sem fim.

Ο nosso sertão amado,

Esturricado e pelado,

Fica logo transformado

Νo mais bonito jardim.


Neste quadro de beleza

Α gente vê com certeza

Que a musga da natureza

Tem riqueza de incantá.

Do campo até na floresta

As ave se manifesta

Compondo a sagrada orquestra

Desta festa natura


Tudo é paz, tudo é carinho,

Νa construção de seu ninho,

Canta alegre os passarinho

As mais sonora canção.

Ε ο camponês prazentêro

Vai prantá feijão ligêro,

Pois e ο que vinga premêro

Nas terra do meu sertão.


Depois que ο podê celeste

Manda chuva no Nordeste,

De verde a terra se veste

Ε corre água em brobutão

Α mata com ο seu verdume

Ε as fulo com ο seu perfume,

Se infeita de vaga-lume

Nas noite de iscuridão


Nesta festa alegre e boa

Canta o sapo na lagoa,

Νo espaço o truvão reboa

Mostrando o seu roço som.

Vai tudo se convertendo,

Constantemente chuvendo

Ε o povo alegre dizendo:

Deus é poderoso e bom!


Com a força da água nova

Ο peixe e o sapo desova,

Ε o cameleão renova

Α verde e bonita cô;

Α grama no campo cresce,

Α pernuda aranha tece,

Tudo com gosto obedece

As orde do Criadô.


Os cordão de barbuleta

Amarela, branca e preta

Vão fazendo pirueta

Com medo do bem-te-vi,

Ε entre a mata verdejante,

Com o seu pape istravagante

Ο gavião assartante

Vai atrás da juriti.


Nesta harmonia comum,

Νo mais alegre zumzum,

As lição de cada um,

Τodos sabe de có,

Vai a lesma repelente

Vagarosa, paciente

Preguiçosa, lentamente

Levando o seu caracó.


Α famosa vaca muge

Comendo o nova babuge

Vale a pena o ruge-ruge

Da sagrada criação.

Neste bonito triato

Τodo cheio de aparato,

Cada bichinho do mato

Faz a sua obrigação.


Α Divina Majestade,

Com esta realidade,

Νos mostra a prova e a verdade

Do soberano pade.

Nesta Bliba natura

Que faz tudo admirá,


Quarque um pode estudá

Sem conhece ο ABC.


Patativa do Assaré

Disponίvel em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/alexandria/article/view/91812/51996

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PROJETO DE LEI INCLUI O NOME DE LUIZ GONZAGA, NO LIVRO DE HERÓIS DA PÁTRIA

 O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou sem vetos a Lei 14.793,  que inclui o nome do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria. A nova lei foi publicada no Diário Oficial da União nesta segunda-feira (8). O músico pernambucano popularizou o baião e é um dos maiores símbolos da cultura nacional.

A lei teve origem em um projeto (PL 1.927/2019) do ex-senador Jarbas Vasconcelos, aprovado pela Comissão de Educação (CE) do Senado em agosto de 2019 e, posteriormente, também na Câmara dos Deputados, em 2023. Para o autor da proposta, Luiz Gonzaga difundiu a cultura nordestina por todo o Brasil por meio do forró, do xote e do baião, fazendo-se conhecido e respeitado em todas as regiões.

“Por toda sua história, não resta dúvida de que é meritória a homenagem que se pretende prestar a Luiz Gonzaga, autêntico representante da cultura popular brasileira, ilustre porta-voz do povo nordestino e incansável divulgador das dificuldades enfrentadas por seu povo”, ressaltou Jarbas Vasconcelos.

O relator na comissão, senador Styvenson Valentim (Podemos-RN), emitiu parecer favorável ao considerar a proposição um ato “nobre e de reconhecimento a esse artista que dedicou a sua vida à cultura brasileira”.

Biografia

Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu na cidade de Exu, em Pernambuco, em 1912. Aprendeu desde cedo com seu pai sanfoneiro, Januário José dos Santos, a trabalhar na roça e a ensaiar seus primeiros acordes na sanfona. Cresceu alternando a vida entre a lida no campo e as apresentações nos forrós da região.

Após ver abruptamente encerrada sua história de amor proibida com a filha de um coronel, Luiz Gonzaga fugiu para o Ceará e alistou-se no Exército, onde exerceu a função de soldado por nove anos. Mais tarde, no Rio de Janeiro, sua carreira começou a decolar, após apresentação no programa de Ary Barroso, em 1941, quando tocou a instrumental Vira e Mexe, que também viria a ser a sua primeira gravação.

Em 1945 conheceu o advogado Humberto Teixeira, que seria seu parceiro em composições pelo resto da vida. Dessa parceria, surgiram muitos sucessos compostos por ambos e cantados por Luiz Gonzaga. A música que mais o consagrou foi Asa Branca, considerada um hino do Nordeste.

Em 1980, Luiz Gonzaga cantou para João Paulo II, durante a visita do papa a Fortaleza. Após uma carreira de sucesso, voltou para sua terra natal, para criar gado e viver como nas suas origens. Faleceu no Recife, no dia 2 de agosto de 1989.

Em seus 60 anos de carreira, gravou mais de 600 músicas, tendo recebido diversos prêmios por sua obra. É pai do cantor e compositor Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, o Gonzaguinha, falecido em um acidente automobilístico em 1991.

No ano de 2012, por ocasião do centenário de nascimento do Rei do Baião, Luiz Gonzaga foi homenageado pela escola de samba Unidos da Tijuca, campeã do carnaval carioca daquele ano, com o samba-enredo O Dia em Que Toda a Realeza Desembarcou na Avenida para Coroar o Rei Luiz do Sertão. No mesmo ano, os Correios emitiram um selo em homenagem ao novo herói da pátria.

Fonte: Agência Senado

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BRASIL INSTITUI SELO PARA PRODUTOS PRODUZIDOS POR INDÍGENAS

O Brasil institui o selo de identificação de origem étnica de produtos produzidos por pessoas físicas ou jurídicas indígenas, denominado "Selo Indígenas do Brasil". Em portaria conjunta, publicada no Diário Oficial da União desta sexta-feira (5/1), os Ministérios do Povos Indígenas, do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) determinaram que a certificação se aplica apenas a atividades realizadas exclusivamente por povos orginários.

O selo também abrange a produção extrativista e de artesanato, além de seguir os princípios de sustentabilidade ambiental, responsabilidade social, valorização da cultura e da produção indígena.  A concessão do Selo Indígenas do Brasil está associada à expedição do Selo Nacional da Agricultura Familiar (Senaf) e a solicitação deve ser feita ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar.

"Para fins de emissão do documento, a anuência da comunidade indígena ou entidade representativa deverá ser apresentada para a Funai, por meio de reunião registrada em ata, contendo a lista dos produtos a serem identificados, breve descrição dos processos produtivos empregados, a relação de produtores requerentes informando o(s) povo(s) ao(s) qual(is) pertence(m) e a declaração de que os processos de produção respeitam as legislações ambiental e indigenista vigentes", diz a portaria conjunta.

A solicitação de permissão do uso do selo será gratuita e os ministérios envolvidos realizarão ações de divulgação e fomento da iniciativa, mantendo disponíveis, em suas páginas na internet, a íntegra dos atos normativos e demais orientações e formulários relativos ao procedimento, assim como a relação das comunidades indígenas, pessoas físicas e jurídicas credenciadas.
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NÚMERO DE QUEIMADAS NA CAATINGA ATINGE RECORDE EM 2023

O Bioma Caatinga teve mais de 21,5 mil focos de calor em 2023, o índice mais alto desde 2010, quando o bioma teve 21,8 mil focos. Foi o que apontou o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O sistema usa imagens de satélite para detectar ocorrências de fogo com mais de 30 metros quadrados (m²).

O número representou aumento de 39%, na comparação com o anterior e é mais um dos fatores impactados pela ocorrência do El Niño, que trouxe mais calor e menos chuva para a região. 

O fenômeno é caracterizado pelo aquecimento das águas do Pacífico na região equatorial -o que, no Brasil, se traduz em mais seca nas regiões Norte e Nordeste e excesso de precipitação no Sul e Sudeste.

A caatinga é o único bioma totalmente brasileiro, ocupando uma área equivalente a cerca de 10% do território nacional e englobando os estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe e o norte de Minas Gerais.

Segundo o coordenador da equipe caatinga da plataforma Mapbiomas, Washington Rocha, professor da Universidade Estadual de Feira de Santana, o fogo nunca ou muito raramente acontece de forma natural no bioma.

“Pode-se dizer que as causas predominantes dos incêndios nessa região se devem a ações antrópicas, sobretudo por uso de queimadas para limpeza de áreas a serem preparadas para cultivo e que, devido ao manejo inadequado, torna-se incêndios”, explica.

Esse tipo de uso do fogo se torna mais perigoso quando as condições climáticas estão propícias para o espalhamento das chamas, como tempo seco, vento forte e temperaturas elevadas.

Grande parte dos focos de calor na caatinga em 2023 se concentrou no Piauí (34%), seguido por Bahia (23%) e Ceará (23%).

Caatinga é o único bioma totalmente brasileiro, ocupando uma área equivalente a cerca de 10% do território nacional e englobando os estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe e o norte de Minas Gerais.

Segundo o coordenador da equipe caatinga da plataforma Mapbiomas, Washington Rocha, professor da Universidade Estadual de Feira de Santana, o fogo nunca ou muito raramente acontece de forma natural no bioma.

"Pode-se dizer que as causas predominantes dos incêndios nessa região se devem a ações antrópicas, sobretudo por uso de queimadas para limpeza de áreas a serem preparadas para cultivo e que, devido ao manejo inadequado, torna-se incêndios", explica.

Esse tipo de uso do fogo se torna mais perigoso quando as condições climáticas estão propícias para o espalhamento das chamas, como tempo seco, vento forte e temperaturas elevadas.

 "Mas há também relatos dos incêndios criminosos, aqueles que são deliberadamente provocados como forma de fomentar o desmatamento, para viabilizar novas áreas para agricultura ou pastagem", acrescenta o pesquisador.

Ele afirma que as áreas com maior atividade de desmatamento estão nas vizinhanças das fronteiras agrícolas e pecuárias, próximas a infraestruturas de geração de energias renováveis e também perto dos canais de transposição do rio São Francisco.

Com uma biodiversidade adaptada às altas temperaturas, a região é rica em endemismo. Um artigo recente estima que há ao menos 3.347 espécies de plantas no bioma, sendo que 15% delas só existem ali.

Segundo o Mapbiomas, a perda líquida de vegetação (balanço entre desmatamento e regeneração) na caatinga entre 1985 e 2022 foi de 10,8%, enquanto a área dedicada à agropecuária no bioma cresceu 21,8%. No mesmo período, quase 105 mil km² de vegetação foram atingidos pelo fogo no bioma.

 Grande parte dos focos de calor na caatinga em 2023 se concentrou no Piauí (34%), seguido por Bahia (23%) e Ceará (23%).

 "Do ponto de vista ambiental, incêndios de grande intensidade causam perdas irreversíveis à biota, especialmente em ecossistemas sensíveis e nas unidades de conservação", afirma Rocha. "Na caatinga, há uma ameaça mais latente, nas chamadas ASD [áreas suscetíveis à desertificação], com a possibilidade de incêndios recorrentes potencializarem o desencadeamento desse processo."

De acordo com o cientista, as regiões de Cabrobó, em Pernambuco, e Seridó, no Rio Grande do Norte e Paraíba, são exemplos de núcleos de desertificação que estão se expandindo. Canudos, na Bahia, é outro exemplo de ASD ameaçada pelo avanço do desmate.

O clima da caatinga é semiárido -mas um estudo recente do Inpe em parceria com o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) registrou, entre 1990 e 2020, o aparecimento de uma área definida como árida no norte da Bahia. Esse tipo de clima nunca tinha sido observado no país nas décadas anteriores.

O estudo constatou que há uma tendência de aumento da aridez em todo o país, com exceção da região sul e do litoral do Rio de Janeiro e de São Paulo. Os pesquisadores concluíram que o semiárido tem crescido no país, avançando a uma taxa superior a 75 mil km², em média, a cada década desde 1960.

O aumento da aridez na caatinga é apontado por cientistas como uma das consequências das mudanças climáticas causadas pelas atividades humanas, o que aumenta as chances de desertificação.

Esse tipo de alteração provocaria a migração e extinção de espécies, além de impactar a disponibilidade de água e modificar parâmetros meteorológicos essenciais para a agricultura, com reflexos econômicos e nas seguranças hídrica e alimentar das populações locais.

Para Washington Rocha, a atenção dada à conservação da caatinga ainda é "insuficiente e ineficiente".

"[Isso se deve] em grande parte devido ao desconhecimento das características do bioma, frequentemente associado à percepção de bioma sem vida", diz o pesquisador, afirmando que há uma falta de compreensão do processo de desfolhamento das plantas nas estações secas, uma adaptação das espécies àquele habitat.

"Essa falta de políticas públicas é demonstrada desde a flexibilidade regulatória, ao não reconhecimento do bioma como patrimônio nacional e ao baixo percentual de áreas protegidas em relação à área do bioma", aponta. (Folha São Paulo)

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