Troféu Gonzagão 2017 homenageará Quinteto Violado, Abdias dos 8 baixos e o petrolinense Geraldo Azevedo

Jornalista Ney Vital e Chico Cesar. Troféu Gonzagão
A 9ª edição do Troféu Gonzagão, um dos eventos mais importantes da música regional, foi apresentado em João Pessoa para imprensa, artistas e convidados. A entrega do prêmio 2017 acontece no dia 10 de maio, em Campina Grande.

“Sempre fizemos o lançamento do Troféu em Campina Grande, antecedendo o Maior São João do Mundo. A partir deste ano, decidimos mudar. A nossa ideia é expandir cada vez mais e sair dos limites da cidade. O troféu parte da Campina Grande, mas ele é da Paraíba para o mundo”, explicou Ajalmar Maia, um dos organizadores do prêmio.

O grande homenageado deste ano será o cantor, compositor e músico Abdias dos 8 Baixos (In memoriam 1933-1991), nascido em Taperoá e ex-marido da cantora Marinês, um dos nomes mais importantes do forró. Além de Abdias, haverá homenagem ao Quinteto Violado, conjunto instrumental-vocal brasileiro formado em 1970, no Recife, e ao cantor e compositor pernambucano, nascido em Petrolina, Geraldo Azevedo.

O Troféu Gonzagão chega à 9ª edição e acontece sempre no mês de maio, antes do Maior São João do Mundo, reunindo nomes importantes da música.

Em 2016, o Troféu Gonzagão lembrou a imortalidade da obra do pernambucano Zé Dantas (in memorian) e à originalidade do baiano Carlinhos Brown. O evento reuniu ainda várias personalidades que contribuem para a cultura nordestina, como o compositor Xico Bizerra, o cineasta Bernard Robert Charrue, diretor premiado do filme ‘Paraíba, Meu Amor’ e o empresário Pierre Landol.


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Exu, terra de Luiz Gonzaga será o palco do Cariri Cangaço 2017

De 20 a 23 de julho de 2017, a cidade de Exu, Pernambuco, terra de Luiz Gonzaga será o palco da  “Semana Cariri Cangaço 2017”.

Manoel Severo, Kydelmir Dantas, Ingrid Rebouças e Nerizangela Silva, membros do Grupo de Estudos Cangaço Cariri, participaram de uma reunião de trabalho como o Secretário de Cultura de Exu, Rodrigo Honorato e ficou definido que o evento constará de intensa agenda.

O evento é voltado para pesquisadores, escritores, professores, universitários, artistas e demais curiosos da temática. Cinco Estados integram as discussões do Cariri Cangaço, sendo Ceará; com Crato, Juazeiro, Barbalha, Missão Velha, Aurora, Barro, Porteiras, Lavras da Mangabeira e Brejo Santo; Paraíba, com Sousa, Nazarezinho, Lastro, Princesa Isabel e São José de Princesa; Alagoas, com Piranhas; Pernambuco, com Floresta e Sergipe com Poço Redondo.

"O carinho com a qual fomos recebidos pela família do Joquinha Gonzaga, sobrinho de Luiz Gonzaga e neto de Januário é a verdadeira magia da Alma Nordestina", disse o curador do Cariri Cangaço 2017, Manoel Severo.
 

O Conselheiro Cangaço Kydelmir Dantas ressaltou a responsabilidade do pequeno "bisneto de Januário", filho caçula de Joquinha. "Luiz Januário com esse nome a responsabilidade é muito grande, vamos ver se já segura uma sanfona de  oito baixos".
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Seu Bilino, afinador de sanfona de 8 Baixos

Andar pelos sertões sempre me proporciona encontros! Novos conhecimentos. Entre Exu e Serrita encontrei Bilino, bom proseador e afinador de sanfona de 8 Baixos.

Seu Bilino, Antônio Felizardo Alves, começou a tocar ainda era menino, em 1958, quando seu pai comprou uma sanfona de 8 Baixos pra ele. Naquela época os forrozeiros tocavam nos casamentos, nos aniversários, diz Seu Bilino. “Ele comprou uma sanfona pra eu tocar pra ganhar um dinheirinho. Nessa época o povo tocava a noite toda”, conta ele, que veio de uma família de  músicos.

Seu Bilino diz que não é tocador profissional, que sua profissão mesmo é afinar sanfona: “Meu ramo mesmo é ser afinador de acordeon, quando o fole se acaba eu também recupero”, diz ele.

Mas é com maestria que ele pega o instrumento e desliza os dedos, puxando o fole. Depois ele mesmo reconhece sua sabedoria: “Tem uma música que eu fiz que eu botei o nome Avessinho, um chorinho.

É um forró tão bom de dançar que quando eu tou tocando ele todo mundo pega o ritmo, quer dançar. O finado Dominguinhos quando tava vivo foi tocar na rádio em São Paulo, aí um senhor me chamou pra tocar nessa rádio e eu fui tocar mais Zé Onório, que era um tocador de 8 Baixos de São Paulo. Aí ele fez assim – porque eu falei de Exu – ‘esse caba de Exu é bom”, conta.

Bilino teve dois mestres, um foi seu pai, que lhe ensinou duas coisas, uma é que “a música é pra ser tocada com carinho e amor, bem feliz”. A outra é que tem músicas que devem ser guardadas pra momentos especiais. “Meu pai dizia ‘Num toque essa música atoa não. Toque num momento especial, que você fica feliz e eu também fico”, ensina.

O outro mestre de Bilino foi Severino Januário, irmão de Gonzagão.  “Eu tocava com Severino Januário, eu considero ele meu mestre. Eu toco as músicas dele, tem gente que até chora. Hoje eu tou tocando as letras dele por causa dele. É um xote tão bom de dançar que todo mundo arrupeia os cabelos”, brinca Bilino.

Ele só fica triste com a falta de reconhecimento do seu mestre “Severino dos 8 Baixos  num era mostrado na televisão. Eu fiquei desgostoso, o homem tocava um 8 Baixos daquele jeito e num era mostrado. Eu fiquei meio triste, andei um tempo sem tocar”, conta o tocador que também não tem a atenção dos holofotes, apesar de seu talento merecido.

O vínculo com a família de Luiz Gonzaga começou desde cedo, Seu Bilino conta que seu pai só afinava o instrumento com Januário: “Ele trazia o 8 Baixos dele porque ele era mestre, aí quando a sanfona dele quebrava.  Ele vinha pra aqui”. E, Bilino, criança, vinha dentro de um caçoá, de Serrita, sua cidade, para Exu.

Hoje, assim como grande parte dos nordestinos, Bilino tem veneração por Mestre Lua: “Pro futuro ele vai ser nosso santo dos músicos, o santo dos sanfoneiros. Vai ser que nem o Padre Cícero, que nem Damião. Asa Branca é como se fosse um hino, como se fosse uma reza”, profetiza ele. “Ele é uma raiz do Sertão que a gente não pode abandonar”, afirma o sanfoneiro.

Consciente de que está cada vez mais raro achar pelas bandas do Araripe um tocador de 8 Baixos, “Daqui a uns 50, 100 anos quem tocar 8 Baixos vai ser chefe majoritário do mundo inteiro”, Bilino sente prazer quando consegue passar seu conhecimento a alguém “A coisa que eu acho mais feliz no mundo é eu dar aula pra uma criança, de 8 Baixos, porque de acordeon tá cheio já de tocador”

“Eu num posso abandonar essa carreira até o fim da minha vida”, diz com veemência. “Eu tou feliz desse jeito, porque dinheiro num é tudo na vida não. Eu sou um cara da roça, do mato, eu tenho um sitiozinho que eu plantei, tem 16 pés de coco. As filhas vem do meio do mundo passear. Eu acho bom estar no meio da terra aqui escutando Gonzaga tocar, chega um amigo, conversa comigo, chega outro”, conta o humilde tocador do fole típico do Sertão que hoje se tornou preciosidade.

Fonte: www.cultura.pe.gov.br/canal/mergulhe/um-modesto-tocador-de-8-baixos-2
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18 horas. Oração do Rio São Francisco em tempos de poucos rios

Ás 18 horas, sempre guardo na correria da vida e do trabalho, a oração da Hora do Anjo. Estes dias olhando o Rio São Francisco ouvindo as canções de Padre Zezinho lembrei da Oração do Rio São São Francisco em tempos de poucos Rios. Assim escutei do amigo Aderaldo Luciano. Assim reproduzo:

O Rio São Francisco não nasce na Serra da Canastra. Digo isso porque a correria estressante das ruas do Rio de Janeiro me oprime. Os olhos dessas crianças nuas me espetam e essa população de rua dormindo pelas calçadas me joga contra o muro. Esse Cristo economiza abraços e atende a poucos.

Só uma coisa me alenta hoje: a saudade do meu santo rio. O Rio São Francisco, o Velho Chico, Chiquinho. Escuto o murmurar de suas verdes águas: — Deixai vir a mim as criaturas... E assim foi feito. Falar de desrespeito e depredação tornou-se obsoleto. Denunciar matanças e desmatamentos resultou nulo. Orar e orar. Pedir ao santo do seu nome a sua oração.

Lá do Cristo Redentor da cidade de Pão de Açúcar, nas Alagoas, um moleque triste escutou a confissão das águas. Segundo ele, o Velho Chico dizia: “Ó, Senhor, criador das águas, benfeitor dos peixes, escultor de barrancas e protetor de homens fazei de mim bem mais que um instrumento de tua paz. Se paz não mais tenho faz-me levar um pouquinho aos que em mim confiam. Paz para as lavadeiras que, em Própria, choram a sua fome de pão. Que, em Brejo Grande, soltam lágrimas pelos filhos mortos no sul do país. Que, em Penedo, já perderam a fé de serem tratadas como gente sã.

Onde houver o ódio dos poderosos que eu leve o amor dos pequeninos. O amor dos que cavam a terra a plantam o aipim. Dos que cavam a terra e usam-na como cama e lençol para sempre. Dos que querem terra para suas mãos, para os seus grãos, para a sua sede. O amor que não é submisso, mas escravizado. O amor que tem coragem de um dia dizer não. Coragem diante das balas e das emboscadas, das más companhias e da solidão.

Onde houver a ofensa dos governos que eu leve o perdão dos aposentados e servidores públicos. O perdão, nunca a omissão. A luta, porque perdoar não requer calar. Perdoar não quer dizer parar. Como minhas águas, tantas e tantas vezes represadas, mas nunca paradas e que, quando em minha fúria, carregam muralhas, absorvem barreiras e escandalizam Três Marias, Xingó e Paulo Afonso.

Onde houver a discórdia dos que mandam que eu leve a união dos comandados. A suprema união dos que sonham com as mudanças, dos que querem quebrar hegemonias e oligarquias. A discórdia dos reis contra a união dos plebeus. Um povo unido é força de Deus, dizia o velho bendito e sejais bendito, Senhor. A união das águas, a união das lágrimas, a união do sangue e a união dos mesmos ideais.

Onde houver a dúvida dos que fraquejam, que eu leve a fé dos que constroem seu tempo. Na adversidade, meio ao deserto e ao clima árido, a fé dos que colhem uvas e mangas em minhas margens. Dos que colhem arroz em minhas várzeas, dos que criam peixes com minhas águas em açudes feitos. A fé dos xocós lá em Poço Redondo. A fé que cria cabras nos Escuriais. Dos que colhem cajus e criam gado em Barreiras e outros cafundós.

Onde houver o erro dos governantes que eu leve a verdade de Canudos. O bom senso dos conselheiros de encontro à insanidade dos totalitários. Os canhões abrindo fendas na cidade sitiada e a verdade expondo cada vez mais a ferida da loucura na caricatura da História. O confisco da poupança e o rombo na previdência. O fim da inflação e o pão escasso, o emprego rarefeito, a dignidade estuprada em cada lar de nordestinos.

Onde houver o desespero das crianças da Candelária que eu leve a esperança das mães de Acari. E aqui, Senhor, te peço com mais fé. A dor dos deserdados, dos que perderam seus pais, filhos ou irmãos, seja de fome, doença ou assassínio, inundai-os com as águas esmeraldas da justiça. A justiça da terra e dos céus. Pintai de verde o horizonte das famílias daqueles que foram jogados mortos em minhas águas. Eles não foram poucos.

Onde houver a tristeza dos solitários que eu leve a alegria das festas de São João. Solitário eu banho muitas terras e em todas, das Gerais, do Pernambuco, das Alagoas e do Sergipe, não há tristeza ao pé da fogueira, nas núpcias entre a concertina e o repente, entre a catira e o baião.. Das festas do Divino ao Maior São João do Mundo, deixai-me levar, Senhor, o sabor de minhas águas juninas e seus fogos de artifícios.

Onde houver as trevas da ignorância que eu leve a luz do conhecimento e da sabedoria. A escuridão dos homens dementes que teimam em querer ferir-me de morte seja massacrada pela luz de um futuro negro, sem água potável, sem terra e sem ar.. Dai-me esse poder, de entrar nas mentes e nos corações, de espraiar-me pelos mil recantos dos que querem mal à nossa casinha, nossa pequena Terra. O homem sábio seja sempre sábio e contamine os povos com ensinamentos de preservação.

Ó, Senhor, dai-me vocação para consolar os que se lamentam de má sorte. Fazei-me compreender porque tanto mal há nos corações. Sobretudo, Senhor, não autorizeis que eu deixe de ser o Rio São Francisco, que há tantos anos não foge do seu leito, espalha e espelha vida em abundância. Que, embora tenha dado, quase nada recebo, que perdoando sempre, continuo sendo morto enquanto todos pensam que serei eterno.”
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Zé Lopes, o mestre do Mamulengo, Patrimônio Vivo da Cultura

José Lopes da Silva Filho, conhecido como Mestre Zé Lopes, nasceu no dia 21 de outubro de 1950 na cidade de Glória do Goitá, Zona da Mata Norte de Pernambuco. O primeiro contato com a brincadeira do mamulengo foi aos 10 anos de idade.

Mamulengo é uma das formas de teatro mais genuinamente brasileira, o Mamulengo consiste na manipulação de bonecos de madeira com um notável senso de improvisação. A brincadeira tem uma estrutura própria, da qual fazem parte histórias, lendas, linguagens próprias, personagens fixos, música e dança. Inspiradas na literatura de cordel,  as histórias são repassadas de geração para geração.

Reconhecido como um dos mestres mais representativos da tradição do mamulengo e um dos mais antigos em atuação, Zé Lopes foi agraciado pelo Iphan com o Prêmio Teatro de Bonecos Popular do Nordeste - Mamulengo, Cassimiro Coco, Babau e João Redondo e, recentemente,  com o Prêmio Ariano Suassuna de Cultura Popular e Dramaturgia.
 
Mestre Zé Lopes recebeu o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco.  Zé Lopes já se apresentou e realizou oficinas em festivais em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Olinda, percorreu todo o território brasileiro com o  Bonecos do Mundo, além de ter representado o Brasil em países como Espanha, Portugal e Itália.

Hoje, com seus 66 anos, Mestre Zé Lopes continua repassando os seus saberes e sua vivência como Mestre Mamulengueiro, ministrando oficinas de confecção e manipulação de bonecos em escolas, associações, festivais e museus pelo Brasil e pelo mundo, além de ser objeto de estudo de inúmeros pesquisadores da arte popular, tendo contribuído diretamente com o trabalho de estudiosos de diversas instituições.

O seu trabalho também pode ser visto na minissérie global A Pedra do Reino, escrita por Ariano Suassuna e dirigida por Luiz Fernando Carvalho e no cinema, no filme Abril Despedaçado, de Walter Salles.
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Luiz Gonzaga e os conteúdos científicos presentes nas teses de Mestrado e Doutorado

Cento e quatro anos anos depois do seu nascimento, e quase 30 depois da sua partida para a eternidade, o pernambucano de Exu, Luiz Gonzaga do Nascimento, está cada vez mais "dentro" das universidades de ensino superior e salas de aula do ensino médio e fundamental.

Tenho lido diversas teses de Mestrado e Doutorado pautado na vida e obra de Luiz Gonzaga. Releio agora, a tese de José Farias dos Santos, autor do livro Luiz Gonzaga, a música como expressão do Nordeste (Editora Ibrasa), 

Este foi o 14º livro sobre a vida e obra do filho de dona Santana e seu Januário, que o povo todo imortalizou como “o rei do baião”. Este ano de 2017 os livros já ultrapassam os vinte e cinco escritos sobre a vida e obra de Luiz Gonzaga. 

Farias dos Santos, formado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC), dedicou-se por três anos seguidos a estudos sobre a vida e obra de um dos criadores do baião, ao lado de Humberto Teixeira.

Desses estudos resultou o livro — tese de mestrado. A leitura esclarece e compreendemos  um pouco mais e melhor a importância de Luiz Gonzaga no panorama musical brasileiro, especialmente a partir dos anos 40, época de ouro, de grandes ídolos como Augusto Calheiros, Nélson Gonçalves, Chico Alves, Sílvio Caldas, Orlando Silva e Vicente Celestino. 

"Luiz Gonzaga, a música como expressão do Nordeste" mostra a relação da obra do rei do baião — e de seus parceiros, naturalmente — com a cultura, a sociedade e a política brasileira.

No livro também são ressaltados a presença do samba carioca, entre os anos 30 e 40, e o surgimento de movimentos musicais entre fins dos 50 (bossa nova) e 60 (jovem guarda, festivais de MPB e tropicália). 

O crítico musical e jornalista Assis Angelo aponta que no caso de Luiz Gonzaga, o período mais rico — musicalmente, falando —, situa-se entre os anos 40 e 50, quando é lançado o baião por seu autor, em parceria com o cearense Humberto Teixeira. Na época, esse gênero musical foi sucesso no Brasil e até no exterior (a portuguesinha Carmen Miranda chegou a gravá-lo no filme Nancy Goes to Rio — ‘Romance Carioca’), em 1950. 

A música por ela gravada na ocasião foi Baião, com o esquisito título de Caroom pa pa (versão de Ray Gilbert). Detalhe: em Portugal, na região do Entre-Douro e Minho com a Transmontana, há uma localidade com esta designação ocupando 15.571 hectares e 20 freguesias. O concelho (com c) de Baião, como é chamada a região — distrito do Porto —, tem limites com o Marco de Canavezes, onde nasceu Carmen (1909-1955). 

No Brasil, mais precisamente no Pará, às margens do Tocantins, há também uma cidade com esse nome desde o dia 30 de outubro de 1769, em homenagem ao português Antônio Baião, que recebeu do então governador e capitão-general Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho uma vasta sesmaria com o compromisso de criar ali um povoado. Curiosidade... No Pará, Baião existe desde 1833. Tem hoje uns 30 mil habitantes. Curiosidade...

É por tudo isto que  Luiz Gonzaga ganhou o título maior no Ensino Superior. A Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) concedeu em 2012, ano do centenário,  ao cantor e compositor Luiz Gonzaga o título de Doutor Honoris Causa (in memoriam), maior honraria das instituições de ensino.

Este título, nestes tempos de inversões dos valores educacionais e culturais, onde prolifera nos meios de comunicação péssima educação, gritaria, letras que incentivam desunião, falta de amor; o título traz a oportunidade de valorizar o aprendizado e vontade própria de ser vencedor de um cidadão que não nasceu em berço de ouro.

Todo brasileiro sabe da condição de semi analfabeto de Luiz Gonzaga, mas cidadão que sempre sonhou em aprender e propagar o quanto é importante estudar na vida e ter um diploma universitário. O título concedido pela UFRPE é merecido e simboliza a valorização da leitura e do aprendizado.

A proposta foi formalizada e aprovada pelo Conselho Universitário da UFRPE. Na justificativa, a reitora da UFRPE e presidente do Conselho, Maria José de Sena, afirma que o cantor e compositor é um “autêntico representante da cultura brasileira, cujas canções envolvem ecologia e meio ambiente, enaltecendo a fauna da caatinga e referenciando a conservação da natureza”.

O Título de Doutor Honoris Causa é concedido a personalidades que tenham se distinguido pela sabedoria ou pela atuação frente a artes, ciências, filosofia, letras ou das relações com a sociedade.

 O título de doutor universitário proporciona a Luiz Gonzaga o mote de nós todos cantar e incentivar nossos jovens a estudarem e buscar o diploma que vai garantir liberdade. A educação é a única forma de libertação.

Afinal, o estudo de Luiz Gonzaga foi sua sanfona. E os josés, severinas e João, Antonio que não sabem tocar sanfona para ganhar o pão de cada dia?
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Jornalismo digital e mobilidade discutidos em e-book

A Editora da Universidade Estadual da Paraíba (EDUEPB) lançou o e-book “Transmutações no Jornalismo”, organizado pelo professor doutor Fernando Firmino da Silva, do curso de Jornalismo da Instituição e professor do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). 

O e-book é a obra de estreia da coleção “Jornalismo Digital e Mobilidades” e está dividido em três partes, sendo “Jornalismo para dispositivos móveis”, “Jornalismo em contexto sociotécnico” e “Narrativas, multimidialidade e personalização”.

Ao todo são 19 capítulos com a participação de 22 pesquisadores de várias universidades brasileiras, discutindo temáticas como Big Data, jornalismo móvel, convergência, midiatização, redes sociais, narrativas, bases de dados, mídias locativas, tecnologias wearables como relógios inteligentes, entre outros temas. 

Para o organizador do e-book, Fernando Firmino da Silva, “a obra apresenta várias camadas dos aspectos do jornalismo contemporâneo, centrado no contexto da mobilidade, da convergência, da tecnologia digital e da sociedade em rede, permitindo aos leitores adentrarem pelas mudanças e transmutações no jornalismo”.

Com as mudanças estruturais no jornalismo e com as novas Diretrizes Nacionais para os Cursos de Jornalismo do Ministério da Educação (MEC), esta obra contribui com a discussão a partir de múltiplas perspectivas. O e-book é resultado de disciplina no Programa de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade Federal da Paraíba e do Grupo de Pesquisa em Jornalismo e Mobilidade (MOBJOR). O e-book está disponível gratuitamente no endereço eletrônico http://www.uepb.edu.br/ebooks.
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Exposição Estações de Lenio Ferraz: metáforas da vida, poesia e visualidade

A noite foi para prestigiar O poeta e músico, Lênio Ferraz que abriu no restaurante Da Vila, em Petrolina, a exposição fotográfica 'Estações'. O evento serviu para encontrar os amigos Malan e Marcone Melo, as professoras Elizabeth Moreira, Cristina Barbosa e Tathiana Teixeira. Ainda a Secretaria de Cultura, Maria Elena e o multiartista Cassio Lucena.

A mostra possui 24 imagens de dois diferentes tamanhos, revela múltiplos aspectos da Primavera, Verão, Outono e Inverno na Escandinávia e surpreende pelo conjunto de luzes, cores e diversidade de temas.

Promovida pela Clas Comunicação & Marketing em parceria com a Rio Náutica, restaurante Da Vila e a Foto Imagem, a exposição 'Estações' traz de volta à região um petrolinense que já vive há 25 anos na Suécia.

De acordo com o poeta e jornalista Carlos Laerte, que assina o texto de apresentação, "nesta mostrafotográfica Lênio  traduz as coisas de lá com os olhos daqui, transitando por um caminho que vai da poesia à visualidade. Então, qual metáforas da vida, os olhos falam, a boca olha e o corpo é um misto de alegria e calor".

Lênio Ferraz escreveu em parceria com Carlos Laerte os livros 'Suspiros de Imaginações' (1981) e 'Sementes' (1983). Depois de alçar voo pelos Andes até as terras vikings, produziu os discos 'O Vento Soprando o Cabelo do Milho' (1997), 'Pororoca' (2005), 'Silêncio' (2008) e 'Anjos da Neve' (2014), além de publicar o livro 'Ao Norte pelo Sonho'. No momento, prepara seu próximo CD, 'Evidências'.

A exposição 'Estações' fica aberta à visitação até o próximo sábado (14), quando Lênio Ferraz estará também autografando seus mais recentes trabalhos em CD e livro.

Fonte: Clas Comunicação
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Asa Branca 70 anos em março de 2017

Iniciei o ano me preparando para uma série de palestras que inclui São Paulo. Este ano o baião Asa Branca, completa 70 anos. São 70 anos da música Asa Branca. Sete décadas! Um marco da música brasileira e universal!

Luiz Gonzaga, nascido em Exu, Pernambuco e Humberto Teixeira, em Iguatu, Ceará interpretaram o sofrimento e também as poucas alegrias de sua gente. Foi por meio de "Asa Branca" que elevaram à condição de epopeia a questão nordestina. Podemos afirmar  que "Asa Branca" é o hino do Nordeste: o Nordeste na sua visão mais significativamente dramática, o Nordeste na aguda crise da seca.

No dia 3 de março de 1947, no estúdio da RCA, Asa Branca composta por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira foi gravada.  Sete décadas se passaram e atualmente são mais de quinhentas interpretações diferentes no mundo. Uma das gravações é de 1975,  o cantor grego Demis Roussos gravou versão da canção em inglês, também chamada White Wings.

A “Asa Branca” possui também uma versão em chinês.  Asa Branca ganhou também versão em inglês em 1970, criada pelo roqueiro Raul Seixas.

Humberto Teixeira contou em depoimento para o Museu da Imagem e Som (Nirez) que “No dia em que gravaram, com o conjunto de Canhoto, ele disse: puxa, vocês depois de um negócio desses, de sucessos, vêm cantar moda de igreja, de cantador que pede esmola. Que troço horrível!’ Aí então, eles com um pires na mão, saíam pedindo, brincando, uma esmola pro Luiz e pra mim, dentro do estúdio. Mal sabiam eles que nós estávamos gravando ali uma das páginas mais maravilhosas da música brasileira”.

A gravação de Asa Branca foi tão importante que nos anos 60 saiu uma "conversa" que os Beatles iam gravar “Asa Branca". Foi uma das mentiras de Carlos Imperial que entrou para a história e virou filme: “Eu Sou Carlos Imperial". Cínico, mulherengo e grande marqueteiro, Carlos Eduardo da Corte Imperial ficou conhecido como o apresentador de TV que fecundou a Jovem Guarda e lançou nomes como Roberto Carlos, Elis Regina, Tim Maia e Wilson Simonal.

No final dos anos 1960, havia quem fosse capaz de jurar: o sucesso brasileiro tinha chegado à Inglaterra, e os Beatles gravavam uma versão de Asa Branca. A canção seria a mais tocada nas rádios de lá, e o próprio Gonzagão teria comemorado a novidade, sugerindo que o quarteto usasse uma gaita escocesa para conseguir melhores efeitos.

Até hoje, há quem acredite que a gravação de fato existiu. É tudo, claro, mentira. Não passava de uma invenção do produtor, cantor, ator, cineasta e que até hoje é uma das histórias mais contadas desde que Asa Branca foi gravada por Luiz Gonzaga.

"Os meninos ingleses têm muito sentimento e não avacalham a música. A toada deles parece bastante com as coisas do Nordeste. Até as gaitas de fole lembram a nossa sanfona", publicou a revista Veja numa reportagem sobre a volta ao sucesso do sanfoneiro por causa da gravação de sua canção pelos artistas mais famosos do planeta.

Carlos Imperial tinha uma tese de que havia semelhanças musicais entre o rock e o baião.
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Governo de Pernambuco lança editais do Funcultura e para 2017 contempla música

O Governo de Pernambuco, por meio da Secretaria de Cultura e Fundarpe, lançou a edição 2017 dos editais do Funcultura: Audiovisual, Geral e o novo edital da Música. Serão R$ 42,2 milhões do orçamento público que irão incentivar a produção independente de Cultura do Estado, garantindo a execução de projetos de artistas e grupos de todas as expressões culturais e linguagens artísticas. 

Os valores estão assim distribuídos: R$ 17,5 milhões para o Geral; 20 milhões e 150 mil reais para o edital do Audiovisual (incluindo os R$ 10 mi vindos do Fundo Setorial do Audiovisual) e R$ 4,55 milhões para a Música. Destacando que, nos editais de 2015/2016, o segmento de Música ficou com R$ 2,25 milhões dos recursos do edital. Com este edital exclusivo, o setor terá uma ampliação de recursos na ordem de R$ 2,3 milhões.

O edital da Música aprimora as áreas e linhas de ação que já eram contempladas, quando o segmento estava dentro do edital geral, com a diferença de mais recursos e portanto mais projetos contemplados nesta área.

As inscrições de projetos acontecem de 02 de março a 31 de março de 2017. As propostas poderão ser protocoladas, no horário das 8h às 12h, na sede da Fundarpe, ou enviadas pelos correios, via SEDEX, desde que postado até o dia 31 de março.

Podem participar da seleção pública pessoa física ou jurídica, desde que inscrita regularmente no Cadastro de Produtor Cultural (CPC). Cada produtor deve atualizar seu cadastro anualmente para garantir a participação nos editais. Os interessados no edital Funcultura Geral e da Música 2016/2017 podem se inscrever ou atualizar o CPC até 24 de fevereiro, na sede da Fundarpe ou com envio de documentos pelos Correios.

Com o objetivo de orientar realizadores e produtores audiovisuais, cineclubistas, pesquisadores e educadores que desejam elaborar projetos para a seleção pública, a Secult-PE e a Fundarpe deram  início hoje dia 9 de janeiro ao Ciclo de Capacitações para o edital do Audiovisual. Produtores de outras linguagens também serão contemplados com um calendário ampliado, que será divulgado em breve.

O prazo de inscrição será de 27 de janeiro a 17 de fevereiro de 2017. Interessados em participar devem se inscrever ou atualizar o Cadastro de Produtor Cultural (CPC) até 27 de janeiro de 2017.

Informações: www.cultura.pe.gov.br/canal/funcultura/governo-de-pernambuco-lanca-novos-editais-do-funcultura
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Celestino Gomes, uma centelha que incandescia a escuridão que somos

Pronto!
Agora, não mais incomodas
Agora a falsa ternura que brota das acomodadas e incomodadas faces
Mistura-se, sem nenhum pudor, à sagacidade de tua irreverência

Agora, não és mais um louco
Mas um excêntrico que os normais não conseguem entender e aceitar

(Mesmo sendo, cada um dos que hoje assim te veem
Parte do batalhão impiedoso que te julgava e condenava sumariamente)

Ora, mas agora nada mais importa!
Que fazer, se as mortíferas balas perdidas do mundo não te atingiram
E se o teu perturbativo jeito de ser, jamais se perturbara?

Diante de nós, acomodados sonâmbulos que nunca sonham
Eras um delírio permanente

Ou uma centelha que incandescia a escuridão que somos
E trespassava o breu impenetrável de nossa hipocrisia
Cotidianamente estabelecida
Covardemente aceita

Se eras, perante o mundo
Indiferente aos valores que se impõem a todos
Eras também, para este mesmo mundo, uma proposta de alento
Contida na inquietude de teus dias intensamente vividos
E em tuas noites, das quais não dependias para o sonho

Pronto!
Agora, não és mais uma ilha perdida
Na imensidão de uma cidade vazia, estéril
E hoje, mais que nunca, pálida, triste e pobre

A covardia, a servidão e o medo
Tranquilos, podem pastar na grama dos jardins das praças
Livres que estão dos afogueados ferrões e dos flamejantes chicotes
Que se manifestavam em tuas atitudes e em tua língua de farpas

Teus raros amigos saberão – alguns
Silenciar a dor da perda que não é perda
Outros tecerão e bradarão palavras em teu louvor no momento preciso
E assim, haverão de elevar-te o nome que já é, em si mesmo, celeste

Agora tu és o que sempre foste sem que nunca percebêssemos
Um caudaloso rio submerso a irrigar luzes e cores
A fazer que brotem da sequidão do solo do sertão
Arco-íris tingidos com tonalidades que nos acalentam e libertam

Agora, é como se em tua inquietação
Pairasse uma brandura que não se acomoda
E retinisse, numa candura que insiste em dizer-nos
Que és feito de fogo, de rio, e de sol

Pronto!
Agora dormem, sob o cerro de tuas pálpebras
As mais incandescidas imagens que concebeste
Em comunhão com os encantos dos entardeceres
Revestidos com enigmáticas tramas de tonalidades

Da mesma forma que dormem, em teu corpo inerte
Todas as cores e luzes que explodiram de teus pincéis
De teus anseios e de tuas mãos

Que teceram com raios de estrelas, de lua e de sol
Todos os encantos e desencantos, reais e fictícios
Que te faziam viver como sonhar

Como dormem, ainda
Acalentadas pela perpetuação do teu último suspiro
Repousadas na fartura do teu emblemático bigode
Todas as imagens
Minuciosamente capturadas pela agudeza de tuas retinas

Pronto!
Agora, tudo está definitivamente vivo
Quando cintilam as luzes que se manifestam nas cores de tuas telas
E nas formas das marcantes figuras esculpidas pelas tuas mãos
Concebidas pela humanidade que explodia em teu peito
E pela fecundidade dos teus argutos olhos azuis

Pronto!
Agora és o que sempre foste e o que sempre serás
Um homem liberto das amarras dos conceitos e dos preconceitos

A anti-razão do sonho, enfim realizado
Expresso no desejo maior de sentir-se, um dia, misturado
Às ternas e acolhedoras águas do amado
Velho Chico.

Fonte: Virgilio Siqueira-músico e poeta
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A Flor do Mocambo: Apolonio Cardoso espreme as últimas gotas de emoção do coração de poeta

A Flor do Mocambo é uma das mais belas canções do nosso cancioneiro caboclo. Originalmente composta por Apolônio Cardoso, morto em 2014, teve várias interpretações entre os cantadores. Apolônio foi o mestre das canções, ensinou-nos a poética mais delicada, mais ligada à alma. Parece-me que, ao compor a canção, estava espremendo as últimas gotas de emoção do seu coração de poeta.

Foi no programa Retalhos do Sertão, Rádio Borborema de Campina Grande, Paraíba,  que conheci Apolônio, primeiro a voz, depois o homem. Naquele dia, quando se falava no primeiro Congresso de Violeiros de Campina Grande, eu tinha apenas 10 anos e poder ver e ouvir o poeta foi como ganhar o mais desejado presente. Foi meu irmão Cacuruta quem me levou. Ele trabalhava como marceneiro numa serraria local e chamou-me para passar um dia conhecendo o trabalho, para ver se me conseguia uma chance de ajudante. Naquele tempo, para uma criança, trabalhar era a honra suprema.

Meu tio João era embolador de coco, mas cantava apenas nas festas de casa. Falava-me muito de um tio que nunca conheci que era repentista em Juazeiro do Norte, Ceará. Minha mãe tinha o cordel dentro de si, cantava as histórias que me fizeram pessoa. Esses encontros com a poética tradicional criaram em mim a superação. Quando sintonizei a Rádio Borborema pela primeira vez, foi nesse programa Retalhos do Sertão. A voz inconfundível dos cantadores abrilhantou meus dias.

Quatro canções foram muito importantes em minha vida. Abriram o horizonte para as belezas da arte da terra: O Velhinho do Roçado, Serenata na Montanha, Uirapuru da Saudade e A Flor do Mocambo. Todavia foi a Flor quem primeiro ouvi, a que primeiro mexeu com meus centros emocionais, que me fez, criança, chorar sem saber porque.

A canção conseguira transpor sua metáfora sonora, transformando-se em elemento etéreo, monumento indecifrável de emoções. Obrigado ao poeta Apolônio Cardoso, a quem todos as saudações são poucas.

Fonte: Aderaldo Luciano-escritor-professor mestre e doutor em Ciencia da Literatura
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Festa de Bom Jesus dos Navegantes de Penedo,Alagoas, terá peixamento no Rio São Francisco

Espécies nativas da bacia hidrográfica do rio São Francisco que há décadas estavam desaparecidas das águas do Baixo São Francisco, a exemplo da matrinxã e da curimatã-pioa, serão inseridas no “Velho Chico” durante o tradicional peixamento realizado pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) na Festa de Bom Jesus dos Navegantes de Penedo, em Alagoas. O repovoamento será realizado no próximo domingo, 08 de janeiro, às 10 horas, com concentração no Porto das Balsas no Centro Histórico de Penedo.

Segundo o engenheiro de pesca Paulo Pantoja, chefe do Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura de Itiúba da Codevasf, o peixamento realizado na Festa de Bom Jesus dos Navegantes de Penedo integra o programa anual de repovoamento da bacia hidrográfica do rio São Francisco com espécies nativas, ação que busca aumentar a quantidade e a variabilidade de espécies nativas.
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Platão e o Poder da música que imita os estados da alma

Como se sabe, Platão condena os poetas no livro III de sua República. Se, por um lado,  tem Homero em alta conta, por outro, expulsa os poetas da cidade ideal. Essa aparente contradição, em que admiração e interdição convivem, revela os poderes consideráveis que o filósofo atribuía às artes.

Os poetas são expulsos porque são traiçoeiramente sedutores. A obra de Homero pode ser deslumbrante, produto de um grande criador, mas não serve para edificar um povo. 

À época de Platão, os jovens eram educados por meio das epopeias homéricas. Ouviam-nas todos os dias e delas extraíam parâmetros de conduta, noções de honra, nobreza, beleza e bondade. Atuando no plano afetivo, cognitivo e comportamental, as artes deviam servir a determinadas funções sociais.

Deve-se ter em mente que, para Platão, o mecanismo psicológico da empatia descarta o filtro da razão. Ao se dirigir à parte sensível e irracional da alma, à sensibilidade e à afetividade, a imitação de tipos extremados alimenta no espectador sentimentos ruins, quando, nos termos do filósofo, o melhor seria deixá-los “secar”.

A alma é, assim, ameaçada por sua parte irracional. Acaba por fortalecer emoções indesejadas, que deveriam ser mantidas em sleep mode.  É por isso que devemos expulsar da cidade os poetas cuja arte, por suas formas e conteúdos, sustenta e desenvolve a face sombria do homem. O prazer não é, em definitivo, um bom critério de avaliação das artes – outros valores tomam-lhe a dianteira.

Na Antiguidade, a música possuía uma função catártica, de purificação. Colocava o corpo em equilíbrio, harmonizando-o com a ordem cósmica, preparando-o para a aparição do divino. Possuía também uma função mimética e indutora: se a poesia imitava os homens em ação, a música imitaria os estados de alma, suas emoções e virtudes. A cada modo musical atribuía-se um éthos, um caráter específico que o ouvinte associava de imediato a um significado psíquico, que poderia infundir ânimo e potencializar virtudes do corpo e do espírito.

Platão submete a música ao mesmo exame severo ao qual estão sujeitas as outras artes. Na visão do filósofo, existem harmonias boas e más, ritmos bons e maus. Certos modos (o lídio ou o jônico) devem ser censurados porque amolecem a alma; outros (o dórico ou o frígio) devem ser incentivados, pois exaltam a alma e inspiram coragem.

Alguns ritmos chegam a ser proibidos, assim como certos instrumentos e inovações musicais. A ideia central da concepção platônica é resumida numa fórmula célebre e ainda hoje impressionante, justamente pelo poder que concede à música: “Introduzir uma nova forma de música, eis uma mudança da qual devemos nos precaver como de um perigo global. É que em lugar algum alteram-se os modos da música sem que se alterem as leis mais importantes da cidade.”

Ao contrário do que ocorre com a poesia, a música atua sobre as almas não pelo viés da empatia, mas de uma maneira subconsciente. Coloca em cena um novo tipo de influência, perigosamente eficaz. Porque nada mergulha mais fundo no cerne da alma do que os ritmos e as harmonias.

Em um de seus últimos escritos, As Leis, o filósofo afirma que os cantos e as danças permitem acalmar os desequilíbrios emocionais, ensinam a dominar as manifestações somáticas dos afetos e das paixões. De todas as artes, a música é, sem dúvida, aquela cujos efeitos são os mais profundos e insidiosos.

Fonte: Fonte: Paulo da Costa e Silva é músico, pesquisador e doutor em Letras. Coordenou a Rádio Batuta, do Instituto Moreira Salles.
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Cúpula da Cachaça se reúne de 27 a 29 de janeiro em Minas Gerais

O ano de 2017 já começa em velocidade total para o mercado da cachaça. Além de diversos cursos marcados pelo Brasil, há o encontro de cachaciers na fazenda-escola Cana Brasil, em Itaverava (MG), já em meados de janeiro. Neste encontro, todos os alunos formados pela escola se reúnem para discutir os rumos da profissão e outros assuntos pertinentes ao mercado da branquinha, com mesas redondas, debates e palestras.

O mês segue com a realização da V Cúpula da Cachaça, com parceria e cobertura exclusiva do Paladar. De 27 a 29 de janeiro, diversos temas pertinentes à bebida nacional serão discutidos em profundidade pelos membros do grupo – ou “cúpulos”, como os treze integrantes se auto-entitulam e do qual tenho muito orgulho em fazer parte.

Além disso, este ano, a Cúpula terá, pela primeira vez, uma grande mesa de discussão formada por diferentes convidados. A ideia é ampliar e envolver mais pessoas do mercado no debate sobre os temas importantes para a bebida. Essa mesa será realizada no dia 28 (sábado), à tarde; os nomes dos convidados serão anunciados em meados deste mês.

A Cúpula da Cachaça surgiu em 2012 com a missão de valorizar a bebida, um patrimônio brasileiro, e de ajudá-la a conquistar o mundo. Tudo começou com um encontro marcado: um grupo de amigos, especialistas em cachaça que se encontravam em eventos Brasil afora, planejaram uma reunião em que pudessem debater, com a devida calma, os diversos temas pertinentes à bebida nacional brasileira.

“A riqueza dos debates da Cúpula vem, claro, da experiência de décadas dos integrantes do grupo. Mas, sobretudo, de uma coisa que a gente preza muito, que é a diversidade de formações e visões. Até nisso a gente está afinado com o universo da cachaça”, diz o presidente da Cúpula, Milton Lima, se referindo à variedade de sabores do destilado nacional brasileiro.

Para sua quinta edição, o evento já definiu oito temas de interesse geral que entrarão em discussão em mesas específicas. Entre eles estão: 1. Imagem da cachaça, como trabalhar? A consolidação de uma cultura; 2. Novas regras para o envelhecimento da cachaça; e 3. Cachaça industrial x artesanal: disputa ou complementariedade? A programação completa será publicada nos próximos dias.

A Cúpula também elege nesse encontro o seu presidente, que ficará no cargo até 2019, tendo o desafio duplo de substituir o presidente pioneiro, Milton Lima, e de comandar o III Ranking Cúpula da Cachaça, o maior e mais abrangente do setor, a partir do segundo semestre de 2017.

Em tempo: a Cachaçaria Macaúva, sede da Cúpula, estará aberta com sua carta premiada de cachaças e com programação especial durante todas as noites da Cúpula. Os 13 profissionais de diversas áreas que integram o grupo estarão presentes, confraternizando e trocando ideias com todos aqueles que quiserem visitar a sede do evento.

Fonte:  Mauricio Maia-Jornal Estadão
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Amazan toma posse como prefeito, mas diz que não vai largar a sanfona

Empossado no último domingo como prefeito de Jardim  do Seridó, no Sertão do Rio Grande do Norte, o poeta, sanfoneiro e empresário campinense José Amazan Silva, ou simplesmente Amazan, disse que pretende conciliar a atividade de gestor público com a de artista que o tornou reconhecimento em todo o Nordeste.

Amazan foi eleito pelo PSD em outubro passado. Ele disse que reuniu secretários e vereadores ligados à coligação que o elegeu, para começar a primeira semana planejando as ações que serão desenvolvidas durante seu primeiro mandato na cidade do sertão potiguar, próxima à divisa com a Paraíba.

Ele disse que está encarando o mandato conquistado em outubro de 2016 como “um grande desafio”, mas está trabalhando para executar os projetos que anunciou aos eleitores durante a campanha do ano passado. Amazan explicou que, apesar de ter sido gerado em Jardim do Seridó, nasceu em Campina Grande. Depois voltou àquela cidade do Rio Grande do Norte, onde passou a infância, voltando a morar na Rainha da Borborema.

Mesmo morando em Campina Grande o artista, que também é proprietário da primeira fábrica de sanfonas do Nordeste, Letice, sempre visitou Jardim do Seridó. Ele disse que seu nome surgiu como opção para uma candidatura a prefeito há cinco anos. Não obteve êxito na primeira postulação em 2012, mas em 2016 conseguiu chegar à prefeitura com apoio do governador Robinson Faria. Foi eleito com 4.600 votos (51,13%).

Amazan pretende continuar sua atividade artística como sanfoneiro e compositor e se apresentando em eventos pelo Nordeste, e deve se apresentar no Maior São João do Mundo de 2017. Ele explicou que a prioridade será a prefeitura de Jardim do Seridó, durante quatro anos, mas sua carreira artística continuará paralela à de gestor municipal. Sua atividade de prefeito será durante o dia de segunda a sexta-feira. As noites e os finais de semana estarão livres para a agenda artística.
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Presidente da Codevasf Brasília visita Petrolina e Juazeiro

A  presidente da Codevasf- Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) , Kênia Marcelino, visita o polo Petrolina/Juazeiro até quarta-feira (04)

Na sede da Superintendência Regional da Codevasf em Petrolina, foi assinado um Acordo de Cooperação Técnica envolvendo recursos da ordem de R$ 4,5 milhões com a Prefeitura de Petrolina, com o objetivo de promover ações de universalização do acesso à água em áreas rurais do município para consumo humano e produção agrícola.

O evento faz parte de agenda de trabalho da presidente da Codevasf, Kênia Marcelino, no polo Petrolina/Juazeiro até quarta-feira (04), que inclui também assinatura de ordens de serviços para implantação de sistemas de irrigação comunitária e construção de pátios de múltiplo uso que beneficiarão cerca de duas mil pessoas de comunidades rurais do município. Também está previsto uma reunião com representantes dos trabalhadores rurais assentados no Sistema Itaparica.

Fonte: Assessoria de Comunicação e Promoção Institucional da Codevasf
Fone: (61) 2028 – 4758 /4448
E-mail: imprensa@codevasf.gov.br
Gmail: imprensa.codevasf@gmail.com
Facebook: https://www.facebook.com/Codevasf

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Francisco Josè: do Crato para o Mundo

Um dos maiores nomes do jornalismo brasileiro, o repórter Francisco José celebra os mais de 40 anos de carreira com o lançamento de um livro. A produção reúne histórias e situações do cotidiano do repórter, nascido no Crato, Ceará, e radicado em Pernambuco, que acumula no currículo mais de duas mil reportagens pelo Brasil e nos cinco continentes do mundo. O livro ‘40 anos no ar’ reúne momentos marcantes e tensos da trajetória jornalística de Francisco José, como a cobertura da Guerra das Malvinas, conflito militar entre Argentina e Reino Unido, em 1982, quando foi um dos poucos jornalistas estrangeiros infiltrados no campo de batalha.

Sobre a estreia no jornalismo, Francisco explica que começou a carreira no esporte, especializando-se depois em temas culturais, sociais e ambientais. “Eu corrigi a estatística do Campeonato Pernambucano de Futebol, que tinha muitos erros, e mandei para o jornal. O editor de esportes, logo após, me convidou para participar de uma coluna que ele tinha na rádio. Foi assim que comecei. Eu era muito ligado a esportes e o começo de minha carreira foi no esporte”, disse. Ao longo dos anos, ele cobriu seis Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

“Eu acho que as reportagens mais difíceis são as que se tornam melhores. Para mim, quanto mais difícil, mais importante de se fazer”, explicou. No livro, Chico também relata a cobertura de um dos primeiros grandes assaltos a banco ocorridos no Brasil, na década de 1980, em que se ofereceu para substituir uma refém e foi levado como prisioneiro pelos assaltantes, em uma perseguição que durou horas pelas estradas nordestinas.

Outra passagem narrada no livro fala sobre a reportagem sobre a visita histórica do papa João Paulo II à Coréia do Sul e à Tailândia, em 1984. Toda a renda arrecadada com a venda dos livros será diretamente repassada para a Fundação Terra, do Padre Airton, que realiza projetos de assistência social e em saúde em Pernambuco. “Eu acompanho o trabalho desse padre há mais de 20 anos, eles fazem um trabalho maravilhoso, completamente a partir de doações”, disse Chico.
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2017: discos cada vez mais raros

Discos de Vinil, Rádios, Feira das cidades do interior. Três paixões que tenho. Coloquei aqui dois discos selos originais, raros, estes fazem parte da minha coleção de Música, vida e obra de Luiz Gonzaga. Detalhe: percebam escrita Rosil, data 10-07-1967, ele perterceu a Rosil Cavalcanti, parceiro, compositor de Luiz Gonzaga e de Jackson do Pandeiro. O que impressiona? No dia 10 de julho de 1968 Rosil Cavalcanti morreu. Percebam o valor das datas...a assinatura é exatamente um ano antes dele falecer!

Rosil Cavalcanti é o autor de centenas de clássicos da música brasileira. Sebastiana, Aquarela Nordestina, Saudade de Campina Grande, Amigo Velho, Faz Força Zé...Rosil de Assis Cavalcanti nasceu em Macaparana,
PE.  Eu tive a honra de conhecer na década de 90, a viúva de Rosil, Maria das Neves-Dona Nevinha...

A capa desse disco vinil consta no livro biografia do músico pernambucano Rosil Cavalcanti. O livro “Pra Dançar e Xaxar na Paraíba: Andanças de Rosil Cavalcanti”, de  Rômulo Nóbrega e José Batista Alves, tem prefácio de Agnello Amorim.
Radialista, humorista, percussionista e compositor, Rosil Cavalcanti era radicado na Paraíba, foi autor de obras clássicas da música  brasileira, na voz de Jackson do Pandeiro, Marinês e Luiz Gonzaga, dentre outros intérpretes nacionais.

A biografia de Rosil Cavalcanti foi lançada em 2015 uma homenagem ao seu centenário de nascimento, 47 anos depois de sua morte, em 1968, aos 53 anos de idade, em Campina Grande, onde viveu a maior parte de sua vida e se projetou no Brasil.

O livro “Pra Dançar e Xaxar na Paraíba”, 444 páginas, editado pela gráfica Marcone, é enriquecido com vasta iconografia do biografado, suas fotos desde a infância, juventude, a vida de casado, em programa de rádio no papel do famoso personagem Capitão Zé Lagoa, além de imagens de Rosil com colegas de trabalho, artistas, músicos, suas caçadas e pescarias, capas e selos de discos.


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