Crônica de Ricardo Anisio: Um João como Furiba é baú de sonhos

Ah, se fora somente um Furiba… Mas é um Furiba valente, que desafia a morte e estica a corda da vida. Um João, que não é um mero João, mas é um João homérico. É um Furiba poeta, é um João Furiba de ouro e de mel.

Simplesmente um João? Qual nada. Um João como o Furiba é baú de sonhos, terreiro de alegrias. Um João que namora a vida, um João que desdenha da morte. Pode até lhe parecer um Davi peitando Golias. E é mesmo. É um lutador de viola na mão.

Navegador dos açudes rachados, um carpinteiro de versos que nasceu para voar. Tão leve que o vento leva, é esse o João que a gente quer. Um João de ouro, um João de Prata. Um João que combina com a morte, para poder namorar mais a vida. João das purezas, João dos luares. O João que se adjetiva, um João que se doura.

Esse é nosso João Furiba, furibando a solidão. Ah, se houvessem mais Furibas. Ah, se fosse fácil sê-lo. Mas num é não, seu moço.

Ser João Furiba não é para qualquer um. Porque a pureza e a alegria não se vendem nem se compram. Fiquem sabendo que anjos como João e anjos como Furiba; quando sobem é Deus quem manda. Porque Deus né bobo não. E Deus quer ter Furiba cantando sua canção, nos alpendres do Paraíso, onde a bondade deu o braço pra coragem, e se assentou no coração.

Fonte: Ricardo Anisio-jornalista
Nenhum comentário

Vi o açude secando/ Com três rachões na parede/ E as abelhas no velório/ Da flor que morreu de sede

A notícia da morte do poeta João Paraibano, em 2014, o mais pernambucano de todos os paraibanos que escolheram este pedaço de chão nordestino para viver, emudeceu o som da viola, engasgou a voz dos repentistas pajeuzeiros, silenciou o campo, entristeceu a alma dos seus admiradores e levou o Pajeú às lágrimas.

Tem gente que não devia morrer nunca. Com a sua viola inseparável, João Paraibano era um desses. Repentista de mão cheia, improvisador que a partir de um mote criava espontaneamente um poema, ele cantava a natureza, os animais e sua gente. 

Era um gênio em qualquer dos gêneros do improviso: sextilhas, décimas, oitavas, martelos e o galope a beira mar. Simples, bem inspirado, seguro na estruturação do verso, estava inserido no rol dos grandes nomes da cantoria nordestina, um dos maiores astros permanentes no palco dos festivais de cantoria da região.

Sabia temperar com emoção e graça seus versos doces e espontâneos, que entravam em nossos ouvidos como um canto de sereia, enfeitiçando e seduzindo. Com o seu canto, fez da dor sertaneja o riso, da seca o grito dos excluídos. Sua poesia, como dizia, vinha como uma flor da ventania.

João Paraibano tinha uma verve só comparável aos grandes menestréis da poesia, trovões do improviso, como os saudosos Lourival Batista, Pinto do Monteiro, João Furiba, Otacílio Batista, Jó Patriota, Manoel Filó e Cancão. Na euforia das primeiras chuvas, quando o companheiro de viola lhe provocou sobre a seca, João Paraibano beliscou as cordas da viola e cantou assim:

“Cai a chuva no telhado/ a dona pega e coloca/ uma lata na goteira/ onde a água faz barroca/ cada pingo é um baião/ que o fundo da lata toca.” “Vi o fantasma da seca/ Ser transportado numa rede/ Vi o açude secando/ Com três rachões na parede/ E as abelhas no velório/ Da flor que morreu de sede.

Um companheiro de cantoria lembrou-lhe a chegada da velhice, dada a presença dos cabelos brancos que já lhe enfeitavam a fronte e apresentou o seguinte mote: “A velhice vem chegando/ é preciso ter cuidado!”

Paraibano respondeu magistralmente: “Estou ficando cansado/ o corpo sem energia.../ Jesus pintou meu cabelo no final da boemia/ pintou mas nem perguntou/ qual era a cor que eu queria!”

Numa cantoria em que era saudada a chegada da chuva no sertão, improvisou alegre:

“Quando esbalda o nevoeiro/ rasga-se a nuvem, a água rola/ um sapo vomita espuma/ onde o boi passa se atola/ e a fartura esconde o saco/ que a fome pedia esmola.”

João Paraibano cantou com maestria o seu sertão do Pajeú, especialmente a sua amada Afogados da Ingazeira, com quem fez um casamento indissolúvel.

 "Uma vida vivida no sertão/ uma fruta madura já caindo/ um relâmpago na nuvem se abrindo/ um gemido do tiro do trovão/ meia dúzia de amigos no salão/ nem precisa de um piso de cimento/ minha voz, as três cordas do instrumento/ o meu quadro de louco está pintado/ O poeta é um ser iluminado/ que faz verso com arte e sentimento”.

Sobre a saudade:  "Vou no trem da saudade todo dia/ Visitar o lugar que eu fui criado/ No vagão da saudade eu tenho ido/ Ver a casa que antes nasci nela/ Uma lata de flores na janela/A parede de taipa e o chão varrido/ Milho mole esperando ser moído/ Numa máquina com o ferro enferrujado/ Que apesar da preguiça e do enfado/ Mãe botava de pouco e eu moía/ Vou no trem da saudade todo dia/ Visitar o lugar que fui criado”.

João Paraibano amava o que fazia, a poesia, que no seu canto se fez belo e forte. João era a beleza que se ouve no silêncio. A sua poesia penetrava no vazio das nossas almas e nos fazia feliz. João era aquele poeta que os demais poetas olhavam para ele para aprender de novo. Ele desencaixotava emoções, recuperava sentidos.

Só veem as belezas do mundo, através do canto e da poesia, aqueles que têm belezas dentro de si, como João Paraibano.


Fonte: *Texto Magno Martins


Nenhum comentário

Viola de Luto: Morre aos 100 anos o poeta violeiro João Furiba

Morreu nesta quinta-feira (31), aos 100 anos de idade um  dos maiores repentistas do Nordeste, João Batista Bernardo, conhecido como João Furiba. Furiba nasceu  em Taquaritinga do Norte Pernambuco em 04 de julho e este ano completaria 101 anos. Ele viveu boa parte da vida em Sumé, no Cariri Paraibano, e atualmente morava em Triunfo-PB.

O artista que era um dos maiores nomes da viola faleceu no hospital regional de Cajazeiras, Paraíba.

João começou a se interessar pela cantoria ainda criança decorando versos que achava bonitos. Pedia sempre ao pai para convidar cantadores para irem cantar em sua casa. Aos 12 anos de idade fez dupla com o irmão Vicente e com ele passou a se apresentar em cidades e vilas da região de Taquaritinga do Norte. 

Aos 15 anos foi para Campina Grande onde fez sucesso cantando ao lado de cantadores como Canhotinho, Josué da Cruz, José Alves Sobrinho, Manoel Raimundo de Barros, Manoel Soares, e outros. Em 1978, participou em Campina Grande, Paraíba, do V Congresso Nacional de Violeiros no qual cantou dois desafios com João Bandeira: “Amor de mulher casada é bom mas é perigoso” e “Morre cego sem ter prazer na vida quem não viu uma festa no sertão”. 

Esses desafios foram lançados em disco pelo selo Marcus Pereira em 1980, no LP “Violas e repentes – 2 – V Congresso Nacional de Violeiros”, gravado ao vivo. Em 2006, participou do 5º Concane – Congresso de Cantadores do Nordetse, realizado na cidade de Recife, Pernambuco. Ao longo da carreira participou de inúmeros congressos e recebeu mais de 30 troféus em festivais de violeiros tendo obtido o primeiro lugar em 13 deles.
Nenhum comentário

1º ‘Cerpics no Parque’ oferecerá vivências gratuitas no Parque Josepha Coelho, em Petrolina

O Centro de Referência em Práticas Integrativas e Complementares (Cerpics) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) vai realizar, no sábado (02), o 1º ‘Cerpics no Parque’, em Petrolina, no Sertão de Pernambuco. O evento contará com atendimentos gratuitos a toda a comunidade, das 07h20 às 12h, nas arenas 2 e 3 do Parque Municipal Josepha Coelho.

O objetivo do evento é oferecer uma manhã de cuidados para a população de Petrolina e também de Juazeiro, na Bahia, através de vivências em variadas práticas integrativas e complementares em saúde. Os interessados poderão realizar a inscrição no local.

Serão oferecidas as seguintes vivências: Meditação, Yoga, Bioenergética , Massoterapia, Reiki, Cromoterapia, Biblioterapia, Ventosaterapia, Barras de Access, Auriculoterapia, ThetaHealing , Medicina vibracional
Nenhum comentário

"Árida": conheça a história do jogo videogame que narra a saga de uma menina no sertão da Bahia

O ato de jogar videogame está costumeiramente associado a diversão e ao entretenimento, sem grandes responsabilidades sociais.

Mas o que dizer de um jogo que mistura história do Brasil, diversidade racial e discussão de gênero? Essa é a proposta do jogo Árida, feito pela Aoca Game Lab, formada por jovens nascidos na Bahia e que vivem em Salvador.

A proposta da plataforma está situada na experiência de Cícera, uma adolescente de 15 anos que vive com o avô, um ex-vaqueiro, no sertão nordestino.

Dividido em 4 capítulos, o jogo mostra a saga da personagem durante o século XIX, pré Canudos, movimento histórico de resistência social liderado por Antônio Conselheiro, entre 1896 e 1897, no interior da Bahia.

As aventuras de Cícera, explica Filipe Pereira, desenvolvedor do jogo, acontecem em um ambiente de seca e fome, semelhantes ao mundo real. “A gente tem esse parâmetro da fome e da sede no jogo, que está ligado a realidade do sertão. À medida que você vai evoluindo na plataforma, conhecendo os personagens, fortalece-se a imagem de um lugar onde a seca não ousa bater, e esse lugar é Canudos. A narrativa do jogo se desenvolve a partir desse contexto da seca e a criação da utopia da cidade de Canudos”, explica.

Para além do jogo, Filipe Pereira afirma que a diversidade encontrada em Árida também é vista na equipe de trabalho.

O time, aliás, está situado no projeto Comunidades Virtuais, localizado na Universidade Federal da Bahia e com foco no desenvolvimento de jogos envolvendo educação. “Para fazer jogos diversos, eu preciso de uma equipe diversa. Para nós é importante ter um time com mulheres participando e uma maioria de negros”, explica.

Nascido em Salvador, assim como a maioria dos integrantes da equipe, Filipe afirma que foi ao sertão para conversar com a população da região para entender como é viver naquele ambiente.

Auxiliado por pesquisadores e estudiosos da história nacional, ele ressalta que estar no local onde o jogo seria retratado foi fundamental para dar mais veracidade aos cenários descritos em Árida.

“Ir lá foi uma experiência significativa e indispensável para poder desenhar melhor a experiência do jogo. Não só na perspectiva gráfica ou visual. Quando fomos lá, validamos e excluímos muitas coisas que estávamos fazendo. O principal de estar lá foi o contato humano com os moradores da região”, enaltece Filipe.

Previsto para ser lançado até março e exclusivamente para computador,  Árida tem o papel de quebrar paradigmais na indústria que desenvolve jogos de vídeogame, na avaliação de Filipe Pereira.

Além de sair do eixo Rio-São paulo, ele ressalta que a temática nordestina e sertaneja, com uma mulher no papel de protagonista, contrapõe personagens quase sempre brancos e homens. “Ao mesmo tempo que nós temos interesse de trabalhar com essa temática, nós olhamos para o nosso mercado e vemos que há essa carência. São vícios que a nossa indústria tem: personagens sempre brancos, masculinos. Essa carência temática pode se tornar, inclusive, uma oportunidade de mercado”, completa Filipe

A expectativa da Aoca Game Lab é disponibilizar o jogo Árida para consoles famosos, como Playstation e Xbox, em um futuro próximo.

Brasil de Fato
Nenhum comentário

Escola em assentamento do MST produz embalagens sustentáveis a partir da banana

Em Arataca, no sul da Bahia, nasceu um projeto pioneiro que faz embalagens sustentáveis a partir da banana, fruta comum na região. O projeto é aplicada pelos alunos do Centro Estadual de Educação Profissional da Floresta do Cacau e do Chocolate Milton Santos, localizado no assentamento Terra Vista, ligado ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

No local, a banana verde se transforme em uma película que depois pode ser moldada como uma embalagem, canudo ou copo descartável. A ideia veio do professor de biologia Robson de Almeida da Silva que ministra aulas para o curso técnico em meio ambiente. 

“As embalagens produzidas a partir da biomassa de banana verde tem levam, aproximadamente, 15 a 20 dias no processo de decomposição, desde que entre em contato com um ambiente biologicamente ativo, com umidade e exposto a microrganismo. Já as embalagens produzidas a partir do petróleo demoram muito tempo para se decompor, em torno de 100 a 300 anos", explica o professor.

Robson da Silva conta que no local há muitas bananeiras, porque a sombra da planta é necessária para o crescimento do cacau, o principal produto da região. O professor de biologia explica que a banana precisa estar bem verde, quando tem alta concentração de amido, para ser transformada em película. 

“O processo passa pela escolha da banana, cozimento da banana, trituração da banana e produção das películas. A partir das películas que desenvolvemos a embalagem. Geralmente, o processo leva uma manhã inteira", diz.

No assentamento Terra Vista moram 55 famílias que sobrevivem da produção agroecológica, especialmente do cacau. O objetivo é que a película da biomassa de banana verde possa embalar os chocolates que são produzidos no assentamento. 

O projeto de embalagens sustentáveis feitas com banana verde ficou entre os cinco melhores da região nordeste e os 25 melhores do Brasil no prêmio “Respostas para o amanhã”, uma iniciativa voltada para projetos de escolas públicas de todo o país.

Brasil de Fato
Nenhum comentário

Forró do Poeirão expressa a diversidade cultural do Araripe

No último sábado (26), aconteceu a quinta edição do Forró do Poeirão, no Restaurante Chico Guilherme, Ouricuri/PE, que este ano homenageou o grande cantor e compositor Sivuca.  No palco do Poeirão, passaram mais de 20 forrozeiros,com um público animado e cheio de energia, estima-se que cerca de 700 pessoas participaram.

Com tema feira de Mangaio, o poeirão inovou com uma feira de artesanatos e agroecológica, onde artesãos e artesãs do município comercializaram seus produtos e agricultores e agricultoras levaram produtos agroecológicos para vender e reafirmar a grandeza da agricultura familiar, pois cultura e agricultura familiar são imprescindíveis para que haja vida digna no Semiárido. As danças e comidas típicas também fizeram parte do cenário cultural. 

O idealizador do Forró do Poeirão, o cantor e compositor Tacyo Carvalho, ouricuriense, que ainda muito jovem foi morar com a família Gonzaga no Rio de Janeiro, onde teve a oportunidade no convívio com o Rei do Baião, Luiz Gonzaga, de aprender muito sobre forró e conhecer grandes artistas, se tornou radialista, cantor e compositor. Ficou conhecido como o garotão de Ouricuri, apelido que Luiz Gonzaga lhe deu. Hoje o forrozeiro segue com o forró gonzagueano defendendo a cultural popular nordestina, é integrante da Associação Brasileira de Forrozeiros do Brasil Luiz Gonzaga e está em eventos de resistência e luta da cultura.  

“O Forró do Poeirão surgiu como uma forma de nós que defendemos a cultura nordestina nos encontrarmos de ficar juntos e sermos mais fortes. Com o passar dos anos foi se tornando maior e hoje é esse evento grandioso que conta com o apoio de tanta gente boa”, diz Tacyo Carvalho.

A cada ano o evento se fortalece e assume o papel mais fortemente de mostrar o quanto o forró de Gonzaga é pulsante na vida dos povos do Semiárido. “Essa é a maior prova que o forró autentico está vivo e que não precisa se apequenar, mendigar. Somos grandiosos”, disse Elmo Oliveira, durante a apresentação.

O Forró do Poeirão reúne forrozeiros com mais experiência, alguns que tocaram com Luiz Gonzaga, Domingos e outros grandes mestres da sanfona, como Vital Barbosa, De jesus e Epitácio Pessoa, e jovens que contribuem e garantem a sucessão cultural  como Leninho  de Bodocó, Elmo Oliveira, Fábio Carneirinho e tantos outros que tem servido de inspiração para as próximas gerações que também tem espaço no Poeirão, como é o caso de Raul Sanfoneiro de apenas 12 anos. 

A sexta edição do Forró do Poeirão acontecerá em 2020 e já tem homenageado escolhido, dessa vez será o grande poeta Patativa do Assaré.

Fonte: Kátia Rejane-Caatinga
Nenhum comentário

Movimentos Sociais farão ato em protesto contra crime ambiental praticado pela Vale

Os movimentos populares, organizações, partidos e pessoas interessadas em se solidarizar com as vítimas do crime da Vale, em Brumadinho (MG), se reuniram em plenária convocada pela Frente Brasil Popular Minas Gerais, em Belo Horizonte.

Uma das propostas do encontro foi realizar uma série de ações diretas para denunciar a responsabilidade da empresa em relação ao rompimento da barragem. A primeira, será um ato na porta da Vale, em Belo Horizonte. A concentração está agendada para 17h da quinta-feira (31), na Rua Paraíba, 1322, sede da empresa em Belo Horizonte.

Além de organizar as pessoas interessadas em se solidarizar em frentes – comunicação, saúde, transporte, agitação e propaganda, pesquisa e outras – a plenária sugeriu ainda que o dia 25 de fevereiro seja um dia de grande ato nacional. Outras datas – como o 8 e 14 de março – também serão marcadas por denúncias em relação ao crime da mineradora.

De acordo com Joceli Andreoli, da coordenação nacional do MAB, outras informações sobre a situação da região ainda estão sendo escondidas pela empresa. “Quanto custa uma vida? Para a Vale, nada”, disse. Segundo ele, o caso da mineradora mostra que “a prepotência do lucro predomina em Minas Gerais”.

Andrade também denunciou a influência da Vale na Justiça Federal, onde tramitam processos relativos ao rompimento de outra barragem de propriedade da mineradora, a de Fundão em Mariana, na região central do estado, ocorrido há três anos. Na ocasião foram 19 mortos e um aborto forçado.

“No trâmite do processo, o juiz se comportou como o advogado da Vale”, criticou o coordenador nacional do MAB.

A privatização da Vale pelo governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 1997, foi lembrada no evento por outros movimentos sociais.

Ainda no encontro, deputados federais presentes, como o líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS) e o petista Rogério Correia (MG), sinalizaram a criação no Congresso Nacional de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar a atuação das mineradoras em âmbito nacional.

Já no âmbito estadual, parlamentares se movimentam para criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as empresas de mineração em Minas. 

“Vamos construir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar, apurar e fiscalizar a atuação das mineradoras em nosso estado. Ela é constituída a requerimento assinado por 26 deputados e deputadas estaduais. É o que precisamos”, reforça a deputada estadual eleita Beatriz Cerqueira.

Nenhum comentário

Campina Grande: Bloco da Saudade fará homenagem a Jackson do Pandeiro

Campina Grande, Paraíba, começa a respirar o clima das festas do Momo, exemplo disso é o tradicional Bloco da Saudade, que neste ano homenageará os 100 anos de Rei Ritmo , o célebre Jackson do Pandeiro.

A programação terá início dia 11 de fevereiro, com o lançamento do Bloco que celebra 28 anos, resgatando os tradicionais blocos de rua de Campina Grande.

A partir das 18h será apresentado o documentário ” Jackson do Pandeiro”, que em a direção do cineasta e jornalista Rômulo Azevedo, seguindo-se de uma rodada musical com Bilu de Campina. O evento ocorrerá na Casa Memorial Severino Cabral, localizada na Rua Getúlio Vargas.

Dia 15 / 02 será a vez do Festival de Inverno de Campina Grande, apresentar o Bloco ” POROROCA DOS AMORES “, com direção de Gal Caiaffo. A programação terá inicio as 20h com a Serenata dos Artístas, sendo conduzida por integrantes do Bloco da Saudade, num dos pontos históricos de Campina, o ” Beco da Pororoca ”

Dia 16/ 02 – Dia oficial da Saída do Bloco da Saudade, a partir das 16h terá o ” Beba do Samba”, músicos e instrumentistas que animarão os foliões da Saudade, com canções dos grandes interpretes da Música Popular Brasileira.

As 18h iniciará “O BAILE DA GABRIELA”, com Sandra Belê e banda, saudando os presentes com um vasto repertório alusivo ao Rei do Ritmo.

As 20h iniciará o ‘Passeio Lírico da Saudade” acompanhado por orquestras, tocando no chão batido e com a Ala de frente, composta pelos Grupos Populares de Campina Grande e região. 

O passeio sairá de frente a Casa Memorial Severino Cabral e seguirá pelas principais ruas da cidade, concluindo o trajeto no Beco 31, rua histórica do Carnaval Campinense, de onde pela primeira vez o Bloco da Saudade saiu no ano 1991.
Nenhum comentário

Pássaro Corrupião, "sofreu", considerada uma das aves mais bonitas do Brasil

Se na natureza existisse concurso de beleza, o corrupião seria forte candidato. Também conhecido por joão-pinto e sofrê, a espécie é considerada uma das aves mais bonitas do País.

O título se deve à plumagem laranja do peito, pescoço, ventre e crisso que contrasta com o preto pigmentado do capuz, dorso, asas e cauda.

Como se não bastassem as cores intensas bem distribuídas em 26 centímetros de comprimento, a ave de olhos claros também conquista pelo canto: é considerada “dona” de uma das vocalizações mais melodiosas do continente.

Endêmico do Brasil, o corrupião ocorre nos estados do Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste do País, além do leste do Pará, Goiás e Tocantins.

Comum em áreas de Caatinga e zonas secas abertas, também habita bordas de florestas e clareiras, onde vive aos pares.

No cardápio da espécie onívora estão frutos, sementes, insetos, aranhas e pequenos invertebrados. Entre as flores, ipê-amarelo e mulungu são o “prato principal”.

Assim como outras aves da família, o corrupião coloca o bico em um fruta, madeira ou folhas enroladas, abre a mandíbula e, assim, pega o alimento escondido. A técnica é conhecida como “espaçar”.

Foto: Admilson Gomes/VC no TG
Nenhum comentário

Se for detectado metal pesado nos melões ou nas mangas produzidas no Vale do São Francisco, as exportações para a Europa serão afetadas, diz especialista

Os efeitos do desastre ocorrido em Brumadinho, Minas Gerais, poderão ser sentidos pela população pernambucana. 

É o que temem pesquisadores da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), que estão realizando um estudo emergencial a partir de imagens de satélites para descobrir o alcance de uma provável contaminação da bacia do Rio São Francisco.

O responsável pelo estudo e pós-doutor em risco de desastres pela Universidade de Buenos Aires (Argentina), Neison Freire, está avaliando os volumes em quilômetros quadrados e a velocidade de movimentação da lama. 

“Teremos a extensão da área de contaminação até determinada data. Saberemos se haverá possibilidade de atingir a bacia do São Francisco. Se houver contaminação lá, com certeza sentiremos aqui. Fatalmente o rio será contaminado. Procuramos agora o nível de contaminação. Mais cedo ou mais tarde isso chegará à foz, em Piaçabuçu, Alagoas”, explicou o pesquisador.

A bacia está ligada a mais de 500 municípios 18 milhões de pessoas. Em Pernambuco, Neison demonstra preocupação especialmente com a produção frutiovinocultura de Petrolina.

“Os elementos dessa vez são mais pesados que os da barragem de Mariana, rompida em 2015. Por isso temos mais energia cinética (que dá velocidade à lama) e mais poder de destruição”, avalia.

Ele lembra que a produção das cidades próximas ao rio São Francisco são abastecidas por ele. “Se for detectado metal pesado nos melões ou nas mangas produzidas em Petrolina, sem dúvida as exportações para a Europa serão afetadas. O problema vai do pescador, do pequeno produtor, até o grande latifundiário. Falamos de um rio que já é muito sofrido. Pela contaminação por esgoto, desmatamento, assoreamento.”

O sacrifício de uma usina hidrelétrica, a de Retiro Baixo, será necessária, segundo Neison, para conter a lama. O ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, espera que os dejetos cheguem até Retiro Baixo entre 2 e 7 de fevereiro e já desligou suas turbinas. Mas, para o Governo Federal, a perspectiva de a lama chegar à bacia do Rio São Francisco é “baixa”.

O problema, contudo, não é a lama em si, mas os elementos químicos que se misturam na água, segundo o doutor em Oceanografia Biológica pela Universidade de São Paulo Clemente Coelho. 

“Não veremos a parte física, aquela lama, mas sentiremos a partir do material diluído na água. E, mesmo se toda a lama fosse contida agora, esse material chegaria até o litoral através da cadeia de fauna e flora do rio São Francisco.

Sentiremos de uma forma invisível. Isso acontece aos poucos, de médio a longo prazo.”
O diretor-presidente do Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste, Cepan, Severino Ribeiro, trabalhou na recuperação da bacia do Rio Doce, após o desastre da barragem de Mariana. 

Ele reforça a impossibilidade atual de saber se o minério fino chegará à bacia, mas concorda que ele pode adentrar no rio muitos quilômetros.

“Uma série de variáveis, como o movimento do leito e a quantidade de metal pesado, definirá se sentiremos a contaminação aqui. Mas é preciso urgentemente evitar que a lama chegue às áreas de nascentes. O rio Paraopebas, já atingido, nunca mais será como antes, mesmo com muito trabalho.”

Nenhum comentário

Caminho da Lama: Vale tenta impedir que lama de rejeitos chegue ao Rio São Francisco

O diretor-executivo de finanças da Vale anunciou em entrevista ao Jornal Nacional três medidas imediatas. Luciano Siani disse que a empresa vai montar a partir desta terça-feira (29), uma cortina de contenção no Rio Paraopeba, na altura da cidade de Pará de Minas, para evitar que os rejeitos da barragem cheguem a outros rios.

"Estamos instalando membranas e cortinas de contenção de rejeitos próxima a cidade de Pará de Minas. A lama está avançando muito lentamente dentro da calha do rio. Ela está a 40 km de Pará de Minas. Existe a expectativa que nas próximos 48 horas a lama chegue à cidade, mas essas cortinas são de instalação muito rápida e a nossa expectativa é que seja o suficiente para conter esse rejeito e não permitir nenhum problema para captação de água do rio", disse.

A lama da barragem percorreu, mais ou menos, 80 km e se aproxima de uma usina hidrelétrica.
Na barragem que se rompeu na sexta-feira (25), havia cerca 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério. 

A onda de lama da barragem número 1 desceu rápido e passou por duas outras barragens. Sete quilômetros depois, atingiu o Rio Paraopeba, que é um dos afluentes do Rio São Francisco.
Nenhum comentário

Rejeitos de barragem não devem chegar a usina de Três Marias, diz CPRM

O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) informou, por meio do Boletim de Monitoramento Especial do Rio Paraopeba, que a previsão é que a chamada pluma, mistura de rejeitos e água, resultante do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho na última sexta-feira (25), deve chegar ao reservatório da Usina Hidrelétrica de Retiro Baixo entre os dias 5 e 10 de fevereiro, mas que não chegará ao reservatório da Hidrelétrica de Três Marias, na Bacia do Rio São Francisco, região central de Minas Gerais. 

Este é o segundo boletim expedido pelo serviço. A previsão anterior, disse que a lama com rejeitos alcançaria o reservatório da Usina Hidrelétrica de Três Marias entre 15 e 20 de fevereiro.

A nascente do Paraopeba está localizada no município de Cristiano Otoni, mesorregião metropolitana de Belo Horizonte, e a foz, na represa de Três Marias, no município de Felixlândia (MG). "A expectativa é que todo o rejeito fique retido no reservatório desta usina [Retiro Baixo]", diz o CPRM. 

O CPRM informou ainda, em boletim diário de monitoramento da velocidade de deslocamento dos rejeitos, que a previsão é que a água turva possa chegar ao município de São José da Varginha (MG) no dia 29 de janeiro à noite.

Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou que pediu informações à concessionária Retiro Baixo Energética sobre a capacidade do reservatório da hidrelétrica de suportar os rejeitos oriundos do rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão. 

O prazo para o envio do relatório com as informações é até 31 de janeiro. A usina também deverá enviar informações diárias à agência sobre o acompanhamento do deslocamento dos rejeitos.

O pedido faz parte das ações que agência tem tomado desde o rompimento da barragem. De acordo com a Aneel, a barragem de Retiro Baixo foi uma das 122 estruturas fiscalizadas in loco pela agência entre 2016 e 2018 e está em boas condições. A última visita dos técnicos da agência foi em agosto do ano passado.

A usina está localizada a 200 km do local do rompimento da barragem. Desde o rompimento, a operação da usina foi paralisada. A hidrelétrica de Retiro Baixo tem potência instalada de 82 MW e está localizada entre os municípios de Curvelo e Pompéu (MG), no baixo curso do Rio Paraopeba, afluente do Rio São Francisco.

Segundo a Aneel a usina está atualmente operando em cerca de 20 MW, para diminuir o nível de seu reservatório para reter a pluma. Ela vai continuar gerando energia até que seu reservatório atinja o nível operacional mínimo de 613 metros acima do nível do mar, informou a agência.

Na tarde desta segunda-feira, o Operador Nacional do Sistema (ONS) informou à Agência Brasil que a paralisação das atividades da usina não vai afetar o abastecimento de energia elétrica. De acordo com o operador, a operação da usina de Retiro Baixo foi paralisada por medida de precaução.  

O CPRM disse que diariamente serão divulgados dois boletins de monitoramento com a previsão de chegada do início da água turva nos pontos de interesse. As previsões mostram o caminho que a água turva está percorrendo no Rio Paraopeba.
Nenhum comentário

Rejeitos liberados com o rompimento da barragem podem chegar à foz do Rio Paraopeba entre os dias 5 e 10 de fevereiro, diz CPRM

Boletim de Monitoramento Especial do Rio Paraopeba elaborado pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) prevê que a lama com rejeitos de barragem da mineradora Vale, em Brumadinho, alcance, entre os dias 15 e 20 de fevereiro, a Usina Hidrelétrica de Três Marias, na Bacia do Rio São Francisco, região  central do estado de Minas Gerais.

A nascente do Paraopeba está localizada no município de Cristiano Otoni, mesorregião metropolitana de Belo Horizonte, e a foz, na represa de Três Marias, no municío de Felixlândia.

De acordo com boletim da CPRM, a “água turva” percorre a Rio Paraopeba a uma velocidade de 1 km/hora. Amanhã à noite (29), os rejeitos deverão alcançar o município de São José da Varginha e, entre os dias 5 e 10 de fevereiro, a Usina Hidrelétrica de Retiro Baixo, entre os municípios mineiros de Curvelo e Pompeu.

Diariamente, o CPRM emite dois boletins sobre as águas contaminada do Rio Paraopeba, um a partir das 11h e o outro a partir das 17h.  A previsão da velocidade dos rejeitos é baseada em dados observados/coletados em campo, considerando as características da bacia hidrográfica.

Fonte: Agencia Brasil
Nenhum comentário

“Rejeitos da barragem da Vale chegarão ao Rio São Francisco de qualquer forma”, afirma especialista

Os rejeitos de minério de ferro da Barragem 1 da Mina Feijão, em Brumadinho, Minas Gerais, “chegarão até a Bacia do Rio São Francisco de qualquer forma”. 

A afirmação foi dada pelo geólogo e professor doutor em Geografia Física da Universidade Federal do Ceará (UFC), Jeovah Meireles, em entrevista exclusiva à Agência Eco Nordeste. A barragem, que pertence à mineradora brasileira Vale, rompeu no início da tarde desta sexta-feira (25), deixando, a princípio, cerca de 400 funcionários desaparecidos, casas soterradas, além de destruição da fauna e da flora da região.

Até o início da madrugada de sábado (26), nove mortes foram registradas pelo Corpo de Bombeiros. Eles disseram, depois, que ainda não é possível calcular o número de mortos, porque mais corpos estão sendo encontrados. Neste sábado, um ônibus soterrado com funcionários da Vale foi encontrado. O último balanço divulgado aponta que mais de 100 pessoas ilhadas foram resgatadas.

“A lama contaminada com minério de ferro já atingiu o Rio Paraopeba, que deságua no Rio São Francisco. Então, mesmo que eles tentem conter o seguimento da lama de rejeitos na barragem da Usina Hidrelétrica de Retiro Baixo, quando houver precipitações acima da média na região, a barragem vai precisar sangrar e os rejeitos vão sair misturados à água. E essa água vai seguir o fluxo do rio, que deságua no São Francisco e em outros, até chegar ao mar. A contaminação irá se espalhar”, explica o professor. 

A Agência Nacional de Águas (ANA) informou que a Usina de Retiro Baixo será utilizada para tentar amortecer os rejeitos da Mina Feijão.

Além disso, a ANA comunicou que a “onda de rejeitos” levará de três a quatro dias para chegar à Hidrelétrica de Retiro Baixo – distante 300 Km do local do rompimento da barragem da Mina Feijão. Diante dos danos ainda incalculáveis causados tanto à população de Minas Gerais quanto aos seus ecossistemas, a Justiça estadual determinou o bloqueio de R$ 1 bilhão da Vale. O valor será destinado para dar suporte às vítimas e reduzir as consequências do desastre.

Ainda segundo Meireles, a tragédia em Brumadinho é um crime ambiental, porque poderia ter sido evitada e causa danos socioeconômicos e ao meio ambiente inestimáveis.

“Uma barragem é uma obra de engenharia e carece de monitoramento e acompanhamento sistemático, assim como a bacia hidrográfica acima dela, para que sejam realizadas manutenções. As mudanças na bacia geram tensões nas paredes da barragem, como uma maior vazão do rio, por exemplo, o que pode levar a infiltrações”, enfatiza.

Fonte: Eco Nordeste Alessandra Castro
Nenhum comentário

Rejeito de Brumadinho deve chegar à hidrelétrica de Furnas nesta segunda-feira 28

A estatal Furnas, do grupo Eletrobras, monitora a chegada dos rejeitos da barragem de Brumadinho (MG) em sua hidrelétrica Retiro Baixo, que funciona no Rio Paraopeba, afluente de Rio São Francisco, podendo comprometer as operações da usina.

O gestor ambiental, especialista em recursos hídricos, saneamento e residência agrária em tecnologias sociais e sustentabilidade, Almacks Luiz Silva, avalia que "ainda é pré-maturo falar sobre o real risco que o rio São Francisco corre. O Rio Paraobepa desagua no rio São Francisco e o impacto contaminantes é muito pesado".

Segundo a Agencia Nacional de Água (ANA), "estima-se que essa onda atingirá a usina nesta segunda-feira 28".

O Rio Paraopeba faz parte da bacia do Rio São Francisco. A hidrelétrica Retiro Baixo está localizada entre os municípios mineiros de Curvelo e Pompeu. 

Por meio de nota, a ANA informou que está em constante comunicação com os órgãos e autoridades federais e estaduais, inclusive no âmbito de recente Acordo de Cooperação sobre Segurança de Barragens, que está permitindo troca facilitada e mais rápida de dados sobre a situação no local do evento. 

"A ANA está monitorando a onda de rejeito e coordenando ações para manutenção do abastecimento de água e sua qualidade para as cidades que captam água ao longo do Rio Paraopeba", declarou.

Foto: Corpo Bombeiros MG

Nenhum comentário

MST celebra 35 anos e reafirma luta por reforma agrária e alimentos saudáveis

O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) celebrou neste final de semana seus 35 anos de existência em encontro com 400 militantes na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), em Guararema (SP).

“Não vamos abrir mão de continuar em luta. Ocupando terra, dialogando com a sociedade, defendendo os direitos da classe trabalhadora e produzindo alimentos saudáveis”, afirmou o representante da direção nacional do MST, João Pedro Stédile, que ressaltou a disposição de toda a militância do movimento de seguir em resistência e em luta permanente.

O ato político contou com a presença de parlamentares, representantes de movimentos populares, professores universitários e amigos e amigas da organização, e reafirmou em toda sua mística a disposição dos Sem Terra em todo o país de seguir na construção da resistência, que possa avançar na construção do projeto de Reforma Agrária Popular e de um novo modelo de sociedade.

Moisés Borges, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) reforçou o legado do MST na luta no país. “São 35 anos de história, 35 anos de luta, de organização e de exemplo para os movimentos populares, nessa capacidade incrível de se reinventar. Esse exemplo é o que faz com que a gente acredite que esse cenário político que vivemos hoje, será derrotado por nós”, disse.

Participaram ainda do ato político Rui Falcão, do Partido dos Trabalhadores (PT), Walter Sorrentino, do PCdoB, Vagner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), representação do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Levante Popular da Juventude, Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), além de parlamentares do PT e PCdoB.

Crianças, jovens, homens, mulheres, sujeitos da diversidade sexual, negros e negras, referendando a identidade Sem Terra, de punhos erguidos, bandeiras tremulando no alto e ferramentas de trabalho em mãos, fizeram ecoar juntos e juntas a mensagem da resistência daqueles e daquelas que amam a revolução.

“O MST surge numa década de grandes mudanças, década em que em conjunto nós conseguimos derrotar a ditadura e agora, 35 anos depois, nos deparamos com outro tipo de ditadura. Uma ditadura que não coloca tanques e fuzis na rua, mas se associa com a mídia, com o judiciário e com o grande capital para retirar direitos do povo”, disse.

“O MST foi e segue sendo importante nessa trajetória e temos toda a disposição de lutarmos juntos nas ruas, no parlamento, em unidade, para que a gente possa trazer de volta ao Brasil a democracia e os direitos”, concluiu.

O ato marcou a entrega da Menção Honrosa da Assembleia Legislativa do Paraná em homenagem aos 35 anos do MST, entregue pelo Deputado Estadual Professor Lemos (PT) ao conjunto do Movimento, destacando o papel do MST na luta pela terra no Paraná e em todo o país.

Durante o ato, o MST lançou a “Carta ao Povo Brasileiro”, abordando a posição do Movimento na atual conjuntura política brasileira e internacional. “Lutaremos pela democracia, pela justiça, pela igualdade, pela defesa dos bens da natureza, pela democratização da terra e pela produção de alimentos saudáveis para alimentar o povo brasileiro”, destacou trecho da carta.
Nenhum comentário

Em oração do Angelus, Papa cita vítimas da tragédia de Brumadinho

Após a oração do Angelus de hoje (27), no Lar do Bom Samaritano Juaz Díaz, na Cidade do Panamá, o Papa Francisco lembrou as vítimas do rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), no início da tarde de sexta-feira (25). Pelo menos, 37 pessoas morreram.

O Pontífice citou também a tragédia ocorrida no estado mexicano de Hidalgo, onde a explosão de um oleoduto perfurado ilegalmente mantou até o momento 114 pessoas.

“Desejo expressar meus sentimentos de pesar pelas tragédias que atingiram os estados de Minas Gerais, no Brasil, e Hidalgo, no México. Confio à misericórdia de Deus todas as pessoas falecidas. Ao mesmo tempo, rezo pelos feridos e expresso meu afeto e proximidade espiritual a seus familiares e a toda a população. ”

A presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) também manifestou sua solidariedade para com as vítimas de Brumadinho. Em nota divulgada nesse sábado (26), os bispos destacam que aquela tragédia recente e semelhante quando houve rompimento de outra barragem em Mariana (MG) ensinou muito pouco.

“As famílias e as comunidades esperam da parte do Executivo rigor na fiscalização, do Legislativo, responsabilidade ética de rever o projeto do Código de Mineração, e do Judiciário, agilidade e justiça“, destaca o texto.

A CNBB manifesta estar unida também com toda a família arquidiocesana de Belo Horizonte e reforça o pedido do arcebispo dom Walmor Oliveira: “É urgência minimizar a dor dos atingidos por mais esse desastre ambiental, sem se esquecer de acompanhar, de perto, a atuação das autoridades, na apuração dos responsáveis por mais um triste e lamentável episódio, chaga aberta no coração de Minas Gerais”.

“[A CNBB] oferece orações ao Senhor da Vida em favor das famílias, das comunidades da Arquidiocese de Belo Horizonte, atingidas pelo rompimento da barragem da mineradora Vale. Convidamos cada pessoa cristã a se associar aos irmãos e irmãs que sofrem com a perda de seus entes queridos e de seus bens", diz a entidade.

*Rádio Vaticano
Nenhum comentário

Brumadinho: Maioria dos corpos pode nunca ser encontrada, diz equipe que participa de resgate

A equipe dos Anjos do Asfalto que participa do resgate das vítimas do desastre de Brumadinho diz que, embora a quantidade de lama seja menor que a de Mariana, as condições são mais difíceis e perigosas. Muitas das vitimas, talvez a maioria, poderão nunca ser encontradas.

A lama do rejeito do Corrego do Feijao é mais fluida que a de Mariana e impede que as equipes de resgate possam trabalhar nas zonas mais afetadas, o meio do mar de lama, a chamada zona quente. É mais fluida porque a barragem tinha mais água. Isso a torna altamente instável, explica o resgatista Eduardo Pedrosa.

O resgatista Edmar Freitas explica que ela afunda sob o peso das pessoas e as suga completamente. Algumas áreas tem vários pontos com mais de dez metros de profundidade de lama. Só bombeiros com auxílio de helicópteros conseguem ter acesso ao meio do mar de lama.

Pedrosa diz que é elevado o risco de uma segunda barragem estourar , principalmente devido às chuvas. Também pode se romper um bolsão de rejeito no meio do rio.

Os Anjos do Asfalto também destacam o drama dos animais. Há um número imenso de vacas, caes, cavalos e capivaras presos em agonia na lama. Caes já foram resgatados de casas isoladas no meio da lama, sem que tenha sido achado sinal dos donos.

"A situação é muito difícil e extremamente perigosa. Apelamos que as pessoas não se aproximem da lama nem tentem fazer resgates por conta própria", diz Freitas.

*O Globo  Ana Lucia Azevedo *Enviada especial
Nenhum comentário

Ambientalistas dizem que a onda de rejeitos da barragem de Brumadinho pode chegar ao Rio São Francisco

Técnicos avaliam a extensão do dano ambiental provocado pelo rompimento da barragem em Brumadinho, Minas Gerais.

A quantidade de rejeito que desceu a serra é impressionante: cerca de 12 milhões de metros cúbicos. A lama vazou da barragem 1 do complexo da Vale conhecido como Mina Córrego do Feijão. O primeiro impacto foi nas dependências da mineradora. Escritórios e um refeitório onde havia centenas de funcionários foram soterrados.

A lama espessa também fechou estradas e foi parar dentro do Rio Paraopeba, que abastece um terço da Região Metropolitana de Belo Horizonte. 

“Nós temos os impactos químicos dos metais que vão sedimentar, que vão se incorporar ao solo, aos fundos dos rios. Vai acabar impactando todo o ecossistema, ou seja, as próprias características biológicas do ecossistema, os peixes de vida superior”, explica Antônio Eduardo Giasante, professor de engenharia hídrica da Universidade Mackenzie.

Ambientalistas dizem que a onda de rejeitos pode chegar ao Rio São Francisco, que além de Minas Gerais passa por outros quatro estados: Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas. 

Além da tragédia humana, os reflexos ambientais também causam angústia nos moradores, especialmente aos que estão na beira do Rio Paraopeba. O aposentado José Moreira, de 61 anos, expressou preocupação com contaminação e possíveis enchentes. 

“A gente já espera as contaminações que vão vir pela frente. Os pés de goiaba acabaram, os peixes todos acabaram. Não existe mais peixe no Rio Paraopeba. Agora, o futuro que vai dizer. A sensação é de destruição”, lamentou. 

“Esse barulho que estamos ouvindo agora, desde o rompimento, só aparecia quando estava chovendo, porque aí o Rio Paraopeba sobe. Meu medo agora é dar enchente, porque vai assorear o rio. Com essa lama, vai gerar doenças, principalmente as de rato, que são as mais perigosas”, complementou o fazendeiro, preocupado com o futuro.

Antes de cair no Velho Chico, a onda de rejeitos passaria pelas barragens de duas usinas hidrelétricas: a de Retiro Baixo e a de Três Marias, na região central de Minas. A Agência Nacional de Águas (ANA) informou que a lama pode poluir 300 quilômetros de rios.

“A contaminação já existe, é o grau de contaminação que precisa ser avaliado. É preciso que se avalie a extensão dos danos, o volume de rejeitos e que medidas serão adotadas para retirada desses rejeitos”, afirma Carlos Rittl, diretor-executivo do Observatório do Clima.

O presidente da Vale, Fabio Schvartsman, disse que a barragem estava inativa desde 2015 e que o material não deve se deslocar muito. 

“Os técnicos estão me explicando é que como esta barragem estava inativa, o material que estava dentro dela vai secando e consequentemente o rompimento levou a espalhar um líquido, mas com uma concentração maior de terra seca, o que faz com que ela não tenha grande potencial de andar. Eu creio que o risco ambiental, nesse caso, vai ser bem menor que o de Mariana”, diz o presidente da Vale.

Fonte: Estado de Minas Foto: Corpo Bombeiros MG
Nenhum comentário

Barragem de Rejeito de Jacobina, avaliada com alto potencial de dano será monitorada

O monitoramento das barragens de rejeitos que existem na Bahia será intensificado, devido ao alerta provocado pela tragédia de Brumadinho (MG), ocorrido na sexta-feira (25). A informação é da gerência da Agência Nacional de Mineração na Bahia (ANM).

Conforme Cláudio da Cruz Lima, gerente regional da ANM na Bahia, no estado baiano são 14 barragens de rejeitos minerais, sendo que quatro delas podem representar algum risco.

"As barragens que têm mais alto potencial de dano são as localizadas em Jacobina (2), Santa Luz (1) e Itagibá (1), mas elas estão sendo monitoradas, inclusive presencialmente, e as empresas estão cumprindo os condicionantes impostos pela ANM. Apesar disso, a gente vai intensificar o monitoramento das barragens, e, a partir desta semana vamos fazer uma reunião para retraçar os planos de monitoramento das barragens aqui na Bahia", completou Lima.

A Bahia não tem registro de acidentes com barragens de rejeitos. A intensificação do monitoramento das unidades é uma medida preventiva, afirmou o gerente da ANM no estado.

Almacks Luiz Silva agente da CPT, graduado em Gestão Ambiental com especialização em Recursos Hídricos, Saneamento e Residência Agrária em Tecnologias Sociais e Sustentáveis no Semiarido, nas redes sociais aponta que a segunda barragem de rejeito de Jacobina, tem um talude (paredão) de 55 (cinquenta e cinco) metros de altura e capacidade para 13 (treze) milhões de toneladas de material e uma área de 34 (trinta e quatro) hectares.

A barragem ainda tem um potencial de 33,9 milhões de toneladas de material para ser processado, 

Almacks explica que risco é a função que associa a probabilidade de ocorrência de um evento indesejado com a gravidade das consequências deste evento, caso ele venha ocorrer.
Nenhum comentário

Wilson Seraine e a obra de Luiz Gonzaga

O professor Wilson Seraine, que também é pesquisador e escritor, recebeu recentemente a Medalha da Ordem Estadual do Mérito Renascença do Piauí - a mais alta comenda do Piauí, no grau Comendador. Ele estuda, há 21 anos, a história e obra de Luiz Gonzaga, e é considerado um dos especialistas mais respeitados do Brasil, quando se trata da vida e obra do “Rei do Baião”.

Em Teresina, ele preside a Colônia Gonzaguiana (grupo de fãs do Rei do Baião, músicos e pesquisadores), que promove eventos culturais na cidade. Entre eles, a Procissão das Sanfonas, que há 10 anos leva a música do Rei do Baião pelas ruas do centro de Teresina, e a Missa de Santa Luzia, uma homenagem ao nascimento de Luiz Gonzaga.

Wilson Seraine também é autor de sete livros nos segmentos de educação e cultura popular, é membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, membro da Academia Piauiense de Literatura de Cordel, integra o Conselho de Cultura do Estado do Piauí e apresenta, na FM Cultura de Teresina, o programa semanal “A Hora do Rei do Baião”.

Wilson Seraine é piauiense formado em Licenciatura Plena em Física na Universidade Federal do Piauí (UFPI). Mestre em Ensino de Ciências e Matemática pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA-RS) e professor de Física do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí (IFPI).

Fonte: Meio Norte
Nenhum comentário

Eletrobras está monitorando a situação da tragédia de Brumadinho e os riscos que podem afetar o Rio São Francisco

As usinas hidrelétricas de Retiro Baixo e Três Marias poderão ser afetadas pelo rompimento das barragens da mineradora Vale, nesta sexta-feira (25). A Agência Nacional de Águas (ANA) informou que a Usina Hidrelétrica Retiro Baixo, que está a 220 km do local do rompimento, deverá ser impactada pelos rejeitos dentro de dois dias e que "possibilitará amortecimento da onda de rejeito".

A usina fica no rio Paraopeba, na bacia do rio São Francisco. Furnas, subsidiária da Eletrobras que tem 49% do empreendimento, está monitorando a situação. Outra hidrelétrica que poderá ser afetada é a usina de Três Marias, também na bacia do São Francisco.

A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), que opera a usina, diz estar acompanhando a situação, mas que espera que o impacto do acidente em seu reservatório seja mínimo, porque boa parte dos rejeitos deverá ser retida pelo reservatório da usina de Retiro Baixo.

A reportagem entrou em contato com a ONS (Operadora Nacional do Sistema) para saber se há risco de impacto no abastecimento de energia elétrica, mas ainda não teve retorno. Mesmo que as hidrelétricas sejam afetadas, o órgão poderia acionar outras usinas para garantir o fornecimento.
Nenhum comentário

Barragem de Retiro pode evitar que rejeitos de Brumadinho atinjam Rio São Francisco, avalia governo

Relatório repassado por técnicos do governo ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles , nesta sexta-feira, mostra que os rejeitos da barragem da Vale , que se rompeu na região de Brumadinho , devem atingir nas próximas horas o reservatório da Hidrelétrica de Retiro Baixo, a 150 quilômetros do local do desastre.

Segundo os técnicos, os rejeitos poderão chegar ao Rio Paraopebas e serem canalizados até Retiro Baixo, que serviria como uma espécie de barreira de contenção para evitar que os rejeitos de minério atinjam o Rio São Francisco.

Segundo o corpo técnico do ministério, a barragem de Brumadinho está situada na Bacia do São Francisco, o que, em primeira análise, sugere que a primeira estrutura receptora dos impactos seria a Barragem de Retiro Baixo, a mais de 150 km do ponto de rompimento.

Os integrantes do governo avaliam que as primeiras medidas saneadoras deverão ser adotadas pelos órgãos ambientais do governo de Minas Gerais, o responsável pelo licenciamento e fiscalização da barragem. Ao ministro Salles, os técnicos chegam a apontar prioridades nessas primeiras horas seguidas do desastre: resgate de vítimas e proteção de pontos de captação de água.

Ao GLOBO, o secretário do Meio Ambiente de Minas, Germano Luiz Gomes, afirmou que estava voando para o local do desastre e não poderia comentar os efeitos do rompimento.

Fonte: O Globo
Nenhum comentário

Início de 2019 registra aumento da intolerância religiosa na Bahia

Ofensas nas redes sociais à Mãe Stella de Oxóssi quando seu nome batizou uma nova avenida na capital baiana e atos de vandalismo à Pedra do Xangô, um patrimônio cultural da religiosidade afro-baiana reconhecido oficialmente pelo Município de Salvador. O início do ano de 2019 na Bahia, infelizmente, tem testemunhado o agravamento da intolerância religiosa. 

Os casos têm aumentado. Somente na Promotoria de Justiça de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa, em Salvador, já foram registrados em janeiro 13 casos de intolerância religiosa. O número é mais que o dobro da média mensal de aproximadamente seis casos notificados no ano passado e o triplo do contabilizado em janeiro de 2018.

Segundo a coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público estadual, promotora de Justiça Lívia Vaz, o aumento tem relação principalmente com o contexto político atual do País, apesar do aplicativo Mapa do Racismo, lançado pelo MP em novembro do ano passado facilitar o registro e envio de denúncia pelo cidadão.

“Os dados mostram a necessidade das instituições, sobretudo aquelas que defendem os Direitos Humanos, se posicionarem. E o MP é uma dessas instituições. Temos visto um contexto de recrudescimento do racismo religioso muito motivado pelo contexto político. As pessoas estão se sentindo mais à vontade em manifestar intolerância e ódio. Então, estamos fazendo uma ação mais densa esse ano”, afirmou. 

Quatro terreiros de Juazeiro, no território Sertão do São Francisco, servem de exemplos como espaços religiosos cruciais à preservação da cultura atrelada às religiões de matriz africana. Os são terreiros Ilê Asé Ayra Onyndancor, Ilê Asé Ominkayodé, Ilê Abasy de Oiá Guenã e o Bandalê Congo, todos situados no bairro do Kidé. 

Fonte: MPBA George Brito
Nenhum comentário

Jean Wyllys renuncia mandato e deixa o Brasil após ser ameaçado de morte

O deputado federal Jean Wyllys (PSol) anunciou nesta quinta-feira (24/1) que está abandonando o mandato no Congresso Nacional após sofrer graves ameças de morte. O parlamentar publicou nas redes sociais uma mensagem, agradecendo aos seguidores, e dizendo que manter-se vivo "também é uma forma de resistência". Jean deixará o Brasil sem data de retorno.

O parlamentar está sob escolta da polícia desde o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol), no Rio de Janeiro. Eleito com 24 mil votos para o terceiro mandato, Jean já está no exterior, de férias, e disse que não pretende retornar ao Brasil.

Além de ameaças feitas por grupos de milicianos, o parlamentar também é alvo de grupos conservadores, que o atacam pelas redes sociais diariamente. O político também é um dos maiores alvos de notícias falsas espalhadas pela internet.

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Jean disse que a eleição do presidente Jair Bolsonaro foi a causa principal da desistência. Mas, sim, o aumento do nível de violência. "Não foi a eleição dele em si. Foi o nível de violência que aumentou após a eleição dele. Para se ter uma ideia, uma travesti teve o coração arrancado agora há pouco. E o cara [o assassino] botou uma imagem de uma santa no lugar", disse.

Perguntando pelo jornal sobre o local de destino, Jean Wyllys não quis contar onde está nem para onde vai. "Eu não vou falar onde estou. Eu acho que vou até dizer que vou para Cuba [ironiza]. Eu sou professor, dou aula. Eu escrevo, tenho um livro para terminar. Eu vou recompor minha vida. Eu vou estudar, quero fazer um doutorado." 

Em mensagem publicada no Twitter, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) escreveu uma frase sem fazer referência direta ao deputado. O chefe do Executivo escreveu "grande Dia", logo após afirmar que está voltando ao Brasil, após deixar o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. 

Diante da novidade, milhares de internautas foram ao perfil de Jean para demonstrar solidariedade. "Jean, você sempre foi um símbolo de esperança para mim. Sua decisão é compreensível. Obrigado por ser linha de frente em um ambiente tão hostil. Obrigado por se manter vivo. Fico triste, resignado, mas com gigante admiração", escreveu um seguidor. 

"Obrigada por ser oposição quando precisamos de oposição. É preciso coragem para se estar no seu lugar. E mais coragem ainda para manter-se vivo no seu lugar. Discordamos em muitos pontos, mas admiro sua luta. Volte sempre. Tem apoio de milhões", publicou outra, em resposta ao parlamentar. "Parabéns por toda a sua luta, por todo o seu serviço ao país. Espero que tempos melhores lhe acolham de volta no futuro", disse um internauta. 

Quem pode ocupar o lugar de Jean Wyllys na Câmara é o suplente David Miranda (PSOL-RJ), vereador carioca. Ativista LGBT, casado com o jornalista Glenn Greenwald, David é jornalista e vencedor do Prêmio Pullitzer em 2014 por sua reportagem sobre programas de vigilância secretos dos Estados Unidos.

Quem é Jean Wyllys: Parceiro dos movimentos LGBT, negro e de mulheres, Jean Wyllys participa de ações que combatem a homofobia, a discriminação religiosa e a violência contra a mulher. Foi eleito deputado federal pelo PSOL-RJ para os mandatos 2011-2014 e 2015-2018. É escritor, com quatro livros publicados, apresentador e curador do programa Cinema em Outras Cores no Canal Brasil, programa de curtas metragens.

Wyllys foi professor do Programa de Pós-Graduação em Infecção HIV/Aids e Hepatites Virais da UNIRIO, além de colunista da Carta Capital, da Mídia Ninja, e do iGay, portal LGBT do iG. Atuou também como professor universitário na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e Universidade Veiga de Almeida (UVA). 

Fonte: Folha S.Paulo

Nenhum comentário

← Postagens mais recentes Postagens mais antigas → Página inicial