São José do Egito comemora os 104 anos de Lourival Batista, o poeta Louro do Pajeú

São José do Egito, Pernambuco, terra onde a cantoria de viola deu origem a verdadeiras dinastias, está em festa com as comemorações dos 104 anos de Lourival Batista (1915-1992), conhecido na cultura como Louro do Pajeú. 

A cidade recebe uma programação variada de debates, exposições fotográficas, recitais, cantorias e apresentações musicais. 

A programação, deste ano vai de 3 a 6 de janeiro também celebra os 60 Anos de Isabel Marinho e 90 Anos de Job.

A habilidade de Louro com os versos - que rendeu a ele o título de “rei do trocadilho” - começou aos 15 anos e veio de uma longa linhagem de parentes exímios em cantorias e desafios. 

Ele foi irmão de dois outros repentistas famosos da região, Otacílio e Dimas Batista. 

“O Pajeú, em Pernambuco, e o Cariri paraibano, em especial a Serra do Teixeira, são regiões que têm uma ancestralidade nesse sentido. O registro mais antigo do primeiro cantador no Nordeste é dos fins do século 16, na Serra do Teixeira, e esse homem era um ancestral de Louro”, explica Antonio Marinho, neto do repentista e organizador das comemorações, além de membro do grupo musical Em Canto e Poesia. A mãe dele, Bia, também vive da cantoria e tem mais de 30 anos de carreira.

Embora tivesse morado no Pajeú durante boa parte da vida - com um intervalo decisivo no Recife, onde estudou na adolescência e decidiu ser cantador ao ver um cego improvisando no Mercado de São José - a atuação de Louro não se limitou à região. 

“A geração dele levou a cantoria aos grandes centros urbanos do Brasil e a países da América Latina, como Argentina e Bolívia. Em 1946, o Teatro de Santa Isabel foi o primeiro a abrir espaço para a cantoria de viola, com Pinto do Monteiro e os irmãos Otacílio e Louro. 

Ele teve para a cantoria a dimensão que Luiz Gonzaga teve para o forró, uma importância desbravadora, porque valorizou a profissão e criou os oito filhos a partir de seus versos e improvisos”, detalha Marinho.

A importância de Louro do Pajeú não ficou restrita ao tempo no qual ele viveu. Segundo o poeta, violeiro, cantador e mestre de maracatu Adiel Luna, cuja família é do Cariri paraibano e segue a tradição da cantoria de viola, até hoje ele é referência tanto como artista quanto como pessoa. 

“Quando era pequeno, meu pai me levou para ver Louro cantar em um mercado. Ele era um ícone e, hoje, o tenho como referência de um estilo mais brejeiro, que ia desde uma erudição até a sabedoria mais pura do nosso povo. Até hoje ninguém sabe explicar como ele criava”.

Para assegurar que a obra do cantador não se perca, foi fundado, há cerca de cinco anos, o Instituto Lourival Batista, que funciona na casa onde ele morou com a esposa, Helena.
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