Silvério Pessoa e a valorização musical de Jackson do Pandeiro

Há quem diga que Jackson do Pandeiro cantava com as mãos quando manipulava o pandeiro e com a voz, ritmava as suas composições, tamanha a simbiose musical do paraibano de Alagoa Grande. 

Por seus compassos passaram coco, samba, frevo, xaxado, baião e, inspirados pelo “Rei do Ritmo”, como ficou conhecido, revisitaram suas obras nomes de peso da música brasileira. 

E em Pernambuco, se for para falar de Jackson, da ressignificação do seu legado e da importância da cultura nordestina a partir da sua obra, o cantor e compositor Silvério Pessoa é referência e, mais uma vez, vai contemplar a discografia do “mestre” no Sarau do Jackson do Pandeiro, apresentação que ocorre neste sábado (19), no Teatro Hermilo Borba Filho, em dois horários: 18h e 20h. 

O show integra a programação do festival Janeiro de Grandes Espetáculos e será uma espécie de pontapé inicial para celebrar o centenário de José Gomes Filho, nome de batismo de um dos mais ilustres representantes da nossa música popular brasileira.

“O sarau tem o simbolismo de ser um encontro de confraternização, com o intuito de compartilhar momentos de lirismo e saudosismo, embora a pegada seja contemporânea. Vamos conversar, ouvir música e poesia”, contou Silvério em entrevista à Folha de Pernambuco. 

Como mote do repertório, Silvério sobe ao palco com o coco e o forró do disco “Cabeça Feita”, mas outros clássicos do paraibano serão levados para a apresentação, que também terá canções do “Micróbio do Frevo”, ressaltando as sonoridades presentes no trabalho do músico pernambucano. 

“Ele (Jackson do Pandeiro) me acompanha desde o início da carreira, sendo a grande inspiração do Cascabulho. O sarau reúne a cultura popular nordestina, pernambucana e paraibana, com ressalva do forró sem acordeom, zabumba e triângulo. Criar essa pegada para cantar Jackson e toda sua polirritmia e versatilidade interpretativa, não foi fácil mas nos deu muito prazer”, completou.

Em agosto Jackson do Pandeiro, se vivo estivesse, completaria 100 anos de vida. Para iniciar as reverências ao mestre, Silvério Pessoa abre as portas do Hermilo Borba e depois começa a se programar com celebrações no decorrer de 2019. Outras cidades de Pernambuco e a ideia de percorrer com a obra de Jackson em um circuito nacional, também estão entre as possibilidades de lembrar o centenário do ritmista.

“Há outros projetos sendo pensados. Um deles, tem relação sinfônica com Jackson e com a orquestra de câmara regida pelo maestro José Renato. Na Paraíba também faremos participações, e vem os festejos juninos e antes disso o Carnaval, com o 'Micróbio do Frevo', que é uma parte carnavalesca do Jackson que pode ser metamorfoseado em vário segmentos”, ressalta Silvério que se distancia do que boa parte do nosso país fez em relação ao "Rei do Ritmo", relegado quase sempre a papeis secundários.

Para o show deste noite, Silvério Pessoa levará para o palco a persistência de manter vivo o cancioneiro do paraibano, nordestino e brasileiro “caba da peste”, Jackson do Pandeiro, com "Vou de Tutano", "Xote de Copacabana", "Xarope de Amendoim", "Coração Bateu", "Chiclete com Banana", "1 x 1" e "Tum Tum Tum", entre outros clássicos. 

“Acho que ainda há um certo núcleo de resistência, de tentar multiplicar, ressignificar e se inspirar nos mestres tradicionais. Passamos por uma certa escassez de referências na música mas temos um legado, estabelecido por Jackson, que não ganhou a exposição e expansão de Luiz Gonzaga, por exemplo, é relativamente desconhecido da discografia brasileira mas, foi um gênio, e está ali ao lado de Frank Zappa, Miles Daves, BB King, Tom Jobim, Chico Buarque, Lenine e Djavan", concluiu Silvério.

Fonte: Folha de Pernambuco
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