CABELOS BRANCOS: NÓS DA ESQUERDA ESTAMOS ACUADOS, DIZ FREI BETTO

Participei em Belo Horizonte, no início de abril, do 12º encontro nacional do Movimento Fé e Politica. Quase duas mil pessoas. Ao contrário dos encontros anteriores à pandemia, poucos jovens. A maioria de cabelos brancos ou tingidos. 

Minha geração envelhece. Chego este ano aos 80. Nossas ideias, propostas e utopias, também envelhecem?

      É muito preocupante constatar que as forças progressistas não logram renovar seus quadros. Para vice de Boulos, na disputa pela prefeitura de São Paulo, em outubro próximo, o PT precisou importar uma mulher filiada a outro partido: Marta Suplicy, que fará 80 anos em março de 2025.

      No Rio, o PT parece não ter quem indicar para possível vice na chapa do prefeito Eduardo Paes, candidato à reeleição. Tende a importar  Anielle Franco, do PSOL. 

      Tenho proferido conferências pelo Brasil afora e assessorado movimentos populares. Os cabelos brancos predominam na plateia. As poucas manifestações públicas convocadas pela esquerda reúnem número inexpressivo de pessoas e, em geral, a turma dos cabelos brancos.

      Nós, da esquerda, estamos acuados. Como diz a canção de Belchior, "minha dor é perceber / que apesar de termos feito / tudo, tudo, tudo, tudo que fizemos / ainda somos os mesmos e vivemos (...) como os nossos pais". "Nossos ídolos ainda são os mesmos". E não vemos que "o novo sempre vem". 

      A queda do Muro de Berlim abalou as nossas esperanças em um mundo onde todos teriam a sua existência dignamente assegurada. E o capitalismo, gato de sete fôlegos, inovou-se pelos avanços da ciência e da tecnologia e, sobretudo, do neoliberalismo. 

      Primeiro, a privatização do patrimônio público; em seguida, das instituições sociais, reduzidas a duas por Margaret Tchatcher: o Estado e a família. E, por fim, o cidadão foi despido de seu manto aristotélico e condenado a ser mero consumista, inclusive de si mesmo ao passar horas a se mirar no espelho narcísico das redes digitais. 

      Há uma progressiva despolitização da sociedade. A direita é como uma maré que sobe e ameaça afogar o que nos resta de democracia liberal. Basta dizer que um dos três programas de maior audiência da TV Globo e, portanto, de faturamento, é o BBB, que bem espelha os tempos em que vivemos: ali são explícitas as regras do sistema capitalista. O único objetivo é competir. Todos sabem que, ao final, apenas uma pessoa haverá de amealhar o pote de ouro. E a missão dos concorrentes é cada um fazer tudo para que seus pares sejam eliminados. É o que milhões de adolescentes aprendem ao perder horas assistindo àquele simulacro de "O anjo exterminador", de Buñuel.

      Na esquerda "ainda somos os mesmos". Não semeamos a safra de novos militantes com medo de que eles se destacassem e ocupassem as nossas instâncias de poder. Abandonamos as favelas, as zonas rurais de pobreza, os movimentos de bairros. E não aprendemos a atuar nas trincheiras digitais, monopolizadas pela direita como armas virtuais da ascensão neofascista. 

      Não sabemos como reagir diante do fundamentalismo religioso que mobiliza multidões, abastece urnas, elege inclusive bandidos notórios. Fundamentalismo que apaga as desigualdades sociais e as contradições de classe e ressalta que tudo se reduz à disputa entre Deus e o diabo. Todo sofrimento decorre do pecado. Eliminado o pecado, irrompe a prosperidade, que empodera e favorece o domínio: a confessionalização das instituições públicas; a deslaicização do Estado; a neocristandade que condena à fogueira da difamação e do cancelamento todos que não abraçam "a moral e os bons costumes" dos que clamam contra o aborto e homenageiam torturadores e milicianos assassinos.

      Precisamos fazer autocrítica, rever nossas ideias, ter a coragem de abrir espaços às novas gerações e reinventar o futuro. Nossos cabelos brancos denunciam o inverno que nos acomete. É hora de uma nova e florida primavera!

 Frei Betto é escritor, autor de "Diário de Fernando – nos cárceres da ditadura militar brasileira" (Rocco), entre outros livros. Livraria virtual: freibetto.org

Nenhum comentário

MIRELE RODRIGUES E RENATO LÓCIO: UM OLHAR TURÍSTICO CULTURAL NOS PASSEIOS PELOS SERTÕES

Os poetas sentem e sabem, a psicanálise explica. Somos viajantes mesmo quando não viajamos. Viajamos sonhando, sem sair do lugar. O sonho é a viagem daquele que quer ir. Nos seus lugares mais profundos, o corpo é um navegante. Mora ali um fogo que não se apaga. Freud deu a ele o nome de “Princípio do Prazer”.

O educador Rubem Alves refletia que "queremos navegar até o lugar (ou o tempo) onde encontraremos o prazer e sentia-se tentado, à semelhança de Octávio Paz, a falar em “dupla chama”. 

As almas viajantes, a dupla chama,  Mirele Rodrigues e Renato Locio. Amigos tatuados qual a flor de Mandacaru, ambos sabem conviver numa boa com todas as opções culturais, sons, cheiros, cores, estéticas, éticas. De mãos dadas eles são mais que um encontro de ecologia e arquitetura, traduzem empatia, Principios da Alegria.

"Toda viagem inclui duas partes. Primeiro, a escolha do lugar para onde se vai. Essa escolha, quem faz é o coração. Segundo, o preparo da viagem. Esse preparo quem faz é a razão. Por isso, disse Fernando Pessoa: Navegar é preciso".

Mirele e Renato já navegaram pelo Sertão de Alagoas e Recôncavo Baiano, Exu Chapada do Araripe e Juazeiro Ceará, França. Dia desses decidiram fazer mais um passeio, dessa vez um olhar de turistas em Petrolina. Ver a cidade com os olhos de quem descobre algo novo dá às coisas/lugares um sentido diferente. 

"Encontramos beleza e gestos gentis, quase sempre raros. No momento em que fazíamos as fotos, me vi emocionada ao ouvir de um ciclista orgulhoso, que acreditou que éramos realmente turistas, que aquela rua era o cartão postal de Petrolina - A Petrolina Antiga. É lamentável que, ao que parece, uma parcela significativa dos petrolinenses não sinta ou expresse o mesmo orgulho pela história da cidade, haja vista a recente obra de "revitalização" da praça da catedral, entre uma infinidade de outras intervenções questionáveis que trazem consigo a bandeira da modernização, mas que resultam no apagamento de sua história." 

Essas são as observações e falas feitas por Mirele Rodrigues Feitosa, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Extensão Rural, da Universidade Federal do Vale do São Francisco e residente na cidade de Petrolina há 18 anos. 

Para Renato Carvalho Lócio de Albuquerque,  bodocoense, que após alguns anos retorna à Petrolina para cursar Arquitetura na UniFTC, "não há muito o que acrescentar no olhar lúdico e questionador de Mirele, traduzido em palavras. Mas ele acrescenta: 

"Mirele Rodrigues e eu somos turistas todos os dias de nossa cidade adotiva: Petrolina. Uma terra, um lugar, que pertencemos, pela morada, intimidade e construção de muitas memórias. Temos uma proximidade com os espaços, especialmente aqueles que formam e contam histórias. Petrolina Antiga é um deles. Arquitetura não é, infelizmente, uma linguagem popular e inclusiva. Diversas vezes, exclusiva. Não é tempo de romantizar casas coloniais e seus coronéis, mas colocar em pauta a contribuição estética e histórica desses espaços para ressignificar a própria história, trazer o povo à ocupação e gerar renda com o turismo e economia criativa. Há sementes, mas faltam árvores."

O colaborador da REDEGN leu a postagem do passeio turístico de Mirele Rodrigues e Renato Locio, o Jornalista e Técnico em Agroecologia Ney Vital, traduziu: Mirele e Locio aproveitam cada instante, valorizaram cada minuto. Bem disse Luiz Gonzaga, a vida é viajar, estudar, aprender/ensinar, pesquisar, fazer extensão por este Brasil.

E  Mário Quintana finaliza: A verdadeira arte de viajar... A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa, Como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo. Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali... Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando.

Nenhum comentário

BRASIL NÃO TRATA MEIO AMBIENTE COM SERIEDADE, DIZ PROMOTOR

A Associação de Membros do Ministério Público do Meio Ambiente (Abrampa) promove, entre os dias 24 e 26 de abril, em Belém, no Pará, a 22ª edição do Congresso Brasileiro do Ministério Público de Meio Ambiente. O tema é “Amazônia e Mudanças Climáticas: uma atuação socioambiental estratégica e integrada”. Mais de 30 especialistas vão discutir os desafios e as soluções para lidar com os impactos das mudanças climáticas.

A Agência Brasil entrevistou o presidente da Abrampa, Alexandre Gaio. Ele falou sobre os principais problemas relacionados à preservação do meio ambiente, em especial, os que envolvem a atuação dos Ministérios Públicos estaduais e federal. O promotor destacou a falta de seriedade com que o país ainda lida com questões ambientais, o crescimento do crime organizado, a falta de proteção com ativistas e comunidades tradicionais, assim como os riscos de que os desmatamentos em curso nos principais biomas do Brasil se tornem irreversíveis.

Nenhum comentário

GARANHUNS: GONZAGUEANOS RELEMBRAM A BUDEGA DE ZÉ

Fui um dos homenageados na edição 2015, onde recebi o "Troféu Viva Dominguinhos Amizade Sincera". Na oportunidade o professor e um dos coordenadores do evento Antônio Vilela, membro do Instituto Histórico Cultural de Garanhuns, Pernambuco explicou que  os indicados ao prêmio Troféu Viva Dominguinhos foram escolhidos pelos relevantes serviços prestados a cultura brasileira e conhecimento da vida e obra de Dominguinhos.

O Troféu foi entregue pelo prefeito de Garanhuns, Izaías Régis. Os contemplados foram o radialista Geraldo Freire, o jornalista Ney Vital; Wilson Seraine, professor universitário e radialista; o cantor e radialista Zezinho de Garanhuns; o colecionador Paulo Wanderley; o ex-prefeito Ivo Amaral; o proprietário da casa de eventos Arriégua, professor Luiz Ceará; o cantor e compositor Waldonys; o filho de Dominguinhos, Mauro Moraes; José Nobre, proprietário do Museu Luiz Gonzaga de Campina Grande; Marcos Lopes, proprietário do Forró da Lua Natal-RN, e a secretária de Cultura, Cirlene Leite.

Na oportunidade o sanfoneiro e amigo Jadson Alves, o Matuto do Forró me apresentou a Luiz de Barros Silva Neto – mais conhecido como Neto – jovem empreendedor movido pela busca de sempre inovar e surpreender seu público. Ele é o gerente, proprietário da Cachaçaria A Budega de Zé, localizada em Garanhuns, Pernambuco, uma referência na cidade, berço do sanfoneiro Dominguinhos. Alie-se a temática da Cachaçaria a beleza cultural e turística presente em Garanhuns.

A cachaçaria foi criada pelo saudoso Zé de Barros. Zé de Barros era torcedor do Náutico. Se vivo fosse Zé de Barros estaria festejando hoje mais um aniversário. Teria sanfona e zabumba"

Depois da morte de "Seu Zé", a sua "ida para o Grande Sertão da Eternidade", o  filho, Neto, prossegue a tradição da cachaçaria e oferece novos e exclusivos produtos no mercado, aliado ao atendimento da gastronomia, que vai da carne de sol aos mais refinados pratos. A cachaçaria serve mais de 199 rótulos de sabores de cachaça de primeira qualidade. Vai do gengibre, pimenta a rapadura. Todas deliciosas.

A Cachaçaria é líder no segmento restaurante/bar, sendo reconhecidos como as melhores opções de lazer e gastronomia brasileira em Garanhuns. O ambiente reúne culinária de excelência, diversidade de bebidas e produtos exclusivos e uma arquitetura rústica...A Cachaçaria Budega de Zé é um espaço cultural, os amigos, visitantes, clientes e turistas escutam no ambiente forró do bom, pop, e até rock. (Texto Jornalista Ney Vital)

Nenhum comentário

II FÓRUM DE POTENCIALIDADES TURÍSTICAS DE EXU DO GONZAGÃO ACONTECE NESTA QUINTA-FEIRA (18)

Acontece nesta quinta-feira (18), o II Fórum de Potencialidades Turísticas de Exu do Gonzagão. O evento terá inicio às 18hs no auditório do Colégio Barbara de Alencar.

A secretária de Cultura, Turismo e Desportos de Exu, Isa Apolinário aponta que o turismo em Exu fortalece toda a rede da economia criativa do turismo e cultura, com a inclusão de todos os setores. 

Durante a solenidade será entregue os Títulos de Mestres da Cultura Exueense, apresentação das Rotas Turísticas, Criação Trade Turístico e a entrega do Estudo Impacto Econômico e Social no Festival Viva Gonzagão, além do Inventário Turístico.

Em 2022, o Governo Federal, por meio do Ministério do Turismo, divulgou o novo Mapa do Turismo brasileiro – instrumento que reúne municípios que adotam o turismo como estratégia de desenvolvimento e identifica necessidades de investimentos e ações para promoção do setor em cada região turística do país.

Na lista Exu (PE), no Sertão do Araripe, foi certificado no roteiro do atual Mapa do Turismo.

A secretária de Cultura, Turismo e Desportos de Exu, Isa Apolinário, avaliou que o processo para chegar ao Mapa de Turismo brasileiro é uma ação de muito trabalho e empenho. 

Exu é privilegiada pela sua diversidade cultural e abraçada pela exuberante beleza da Chapada do Araripe.

"Exu, terra de Luiz Gonzaga e da mulher revolucionária Barbara de Alencar é um dos mais exuberantes patrimônios da cultura brasileira. A Chapada do Araripe, o forró, baião são riquezas culturais. Venha conhecer Exu e se já conhece venhar rever estas riquezas turísticas e culturais", finalizaou Isa.

Nenhum comentário

A QUEM INTERESSA USINAS NUCLEARES NO BRASIL

Nada discretamente, poderosos grupos lobistas, nacionais e internacionais, pressionam o governo federal e a sociedade brasileira para aceitarem a necessidade de expansão de usinas nucleares no país utilizando justificativas falaciosas e mentirosas. São conhecidos personagens e empresas que sempre boicotaram as fontes renováveis de energia, e retardaram a entrada em operação das tecnologias solares e eólicas no país. Defensores das termelétricas a combustíveis fósseis e da eletricidade nuclear desprezam os interesses nacionais, em detrimento dos interesses econômicos, pessoais e empresariais.

Afirmar que a energia elétrica produzida por materiais radioativos é "energia verde"; "energia limpa"; que é mais barata que outras formas de geração; que riscos de acidentes inexistem; que os resíduos das reações nucleares (conhecidos como "lixo atômico") podem ser armazenados com segurança por milhares de anos; que o país precisa desta fonte energética para evitar apagões futuros é desconhecer a ciência.

Essas inverdades têm a intenção de buscar a aceitação popular para uma fonte de energia perigosa, suja e cara. Não esqueçamos que mentir é um ofício destes grupos, cujo único objetivo são os negócios, os interesses econômicos, pouco se lixando para a soberania nacional, para a população que acaba sofrendo com as decisões completamente equivocadas na política energética nacional.

No governo do atraso foi indicado para ministro de Minas e Energia (MME) um almirante de Esquadra da Marinha. Aquele mesmo, envolvido no cabuloso negócio do contrabando das "joias das arábias" (https://www.ihu.unisinos.br/categorias/627478-usinas-nucleares-joias-das-arabias-e-outros-trambiques-artigo-de-heitor-scalambrini-costa), que em 16 de dezembro de 2020, aprovou e anunciou o Plano Nacional de Energia 2050 (PNE50), cuja determinação é a expansão do parque de geração nuclear no Brasil em 8 GW e 10 GW, nos próximos 30 anos.

Assim, o planejamento prevê fazer investimentos bilionários em um setor marcado pela polêmica e por conflitos socioambientais. Documentos oficiais apontam que o Governo Federal pretende expandir o número de usinas e abrir o setor para a iniciativa privada, sendo que atualmente a Constituição Federal veda esta possibilidade. Embora defendida como uma medida ambientalmente sustentável, a cadeia da energia nuclear no Brasil tem um histórico marcado por um rastro de contaminação, graves acidentes e mortes.

Quando nos referimos à cadeia produtiva da geração nuclear, estamos falando das várias indústrias envolvidas na produção do combustível atômico. Da mineração, do beneficiamento do minério, do enriquecimento do urânio, da fabricação do combustível e do armazenamento do lixo letal. É neste contexto que temos que discutir e afirmar, categoricamente, que esta tecnologia não interessa ao país.

O Brasil possui duas usinas em operação atualmente: Angra 1 e Angra 2, instaladas no município de Angra dos Reis, Rio de Janeiro, com potencial de geração de 2 mil megawatts. E a usina inacabada de Angra 3, iniciada em 1985, cujos equipamentos já foram comprados e são absolutamente obsoletos, frente à evolução tecnológica. Acabar este elefante branco significa investimentos de aproximadamente 17 bilhões de reais. 

A potência instalada e a geração de energia das duas usinas em operação são desprezíveis quanto à participação na matriz elétrica nacional. Em nada contribuem para a transição energética, nem para a segurança energética do país. São unidades que já ultrapassaram suas vidas úteis e são conhecidas como "vaga-lumes" devido às interrupções frequentes no fornecimento de energia, e dos inúmeros problemas técnicos e operacionais cuja frequência escalou desde 2023. Uma grande irresponsabilidade que ainda estejam em funcionamento.

Todavia, os lobistas de plantão - com espaço e palco concedidos para suas mentiras e enganações pela grande mídia corporativa - têm aliados poderosos no meio militar que almejam construir a bomba nuclear. São evidentes tais interesses nas declarações de seus comandantes e em acordos internacionais realizados. Dizem que ter a bomba é essencial para a segurança nacional. Pura balela. Vivenciamos hoje, segundo Papa Francisco, que o mundo está à beira de uma guerra nuclear, e a pergunta que não quer calar é "e nossa bomba tupiniquim teria qual efeito apaziguador, diante de um histriônico presidente à frente de uma nação detentora de tal artefato desprezível?

O que é escondido da população é que acidentes em usinas nucleares acontecem com muita mais frequência do que os conhecidos, e divulgados. Geralmente não chegam ao domínio público, não são revelados a população. Assim, é impositiva a pressão da sociedade sobre parlamentares, gestores das estatais e governo federal para a realização do urgente e inadiável debate público sobre a política nuclear brasileira, alvo frequente de auditoria e advertências do Tribunal de Contas da União.

Heitor Scalambrini Costa- Professor associado aposentado da Universidade Federal de Pernambuco. Graduado em Física pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP/SP), Mestrado em Ciências e Tecnologias Nucleares na Universidade Federal de Pernambuco (DEN/UFPE) e Doutorado em Energética, na Universidade de Marselha/Comissariado de Energia Atômica (CEA)-França. Membro da Articulação Antinuclear Brasileira.

Zoraide Vilasboas -Jornalista, Movimento Paulo Jackson – Ética, Justiça, Cidadania e integrante da Articulação Antinuclear Brasileira.
Nenhum comentário

DIA NACIONAL DE CONSERVAÇÃO DO SOLO É COMEMORADO NESTA SEGUNDA-FEIRA (15)

Neste 15 de abril - Dia Nacional de Conservação do Solo - o Brasil tem pouco a celebrar, já que não avançou no compromisso assumido internacionalmente de recuperar 12 milhões de hectares de vegetação nativa. Dados da plataforma do Observatório da Restauração e do Reflorestamento apontam que o país possui hoje pouco mais de 79 mil hectares da sua cobertura vegetal original recuperada. Isso significa que menos de 1% da meta foi atingida.

Somado a isso, nos últimos anos o desmatamento e a degradação avançaram sobre os biomas brasileiros. De acordo com levantamento da MapBiomas, entre os anos de 2019 e 2022, o Brasil perdeu 9,6 milhões de hectares de vegetação nativa.

Segundo a diretora do Departamento de Florestas do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Fabíola Zerbini, esse cenário fez com que desde janeiro de 2023 o governo iniciasse uma revisão das metas e políticas públicas para o setor, não apenas para que o Brasil possa cumprir com os acordos firmados para conter os avanços da crise climática, mas principalmente para que as propriedades rurais privadas e o próprio Estado fiquem regulares em relação à legislação ambiental.

“O horizonte de passivo do Código Florestal - somando área privada e pública - está em torno de 25 milhões de hectares de vegetação nativa que precisa ser recuperada. A gente entende que desses 25 [milhões], aproximadamente nove podem ser compensados, ou seja, o produtor decide que vai proteger uma área que está conservada, e a gente vai recuperar algo em torno de 14 milhões, que é a meta atualizada, mas lembrando que a oficial é pelo menos 12 milhões de hectares,” disse Fabíola. (Agencia Brasil)

Nenhum comentário

PADRE CÍCERO E OS CONSELHOS PARA AGRICULTURA SUSTETÁVEL

Considerado por muitos como o santo padroeiro do povo nordestino, o Padre Cícero Romão Batista (1844 – 1934) é uma das figuras mais lendárias do Nordeste. Fundador do Juazeiro do Norte cidade no sul Ceará, Padre Cícero foi deputado federal, prefeito e vice-governador do estado, porém sua fama de santo milagroso é o que mais marca na história desse religioso muito homenageado na famosa Romaria de Finados, que reúne milhares de devotos todos os anos.

No entanto, para quem decide investigar mais profundamente a história de Padre Cícero, outras revelações surpreendem, como os preceitos e lições deixadas pelo líder religioso, relacionadas à preservação da Caatinga e o jeito de viver no sertão. São onze recomendações de ordem ambiental que certamente estão bem atuais para os tempos de discussões sobre os problemas climáticos e de devastação de ecossistemas que afetam este bioma e sua biodiversidade.

O professor Vasconcelos Sobrinhos, um dos maiores pesquisadores da Caatinga, muito contribuiu com a divulgação desses preceitos do padre Cícero ao longo dos anos. Assim como Sobrinho, Daniel Walker, professor da Universidade do Cariri, tem publicado em livros e artigos comentados, essas sábias palavras proferidas pelo “santo dos nordestinos” 

“Numa observação um tanto apurada dos ‘Preceitos do Padre Cícero”, observa-se no geral, uma lógica relacionada aos conteúdos da proposta de Convivência com o Semiárido, que sugere não somente uma prática produtiva adaptada à realidade climática, como também um manejo ecológico dos solos, das águas, das plantas e de toda a natureza desse ambiente aparentemente frágil, mas com condições de proporcionar uma vida digna para o povo da região.

Os “Preceitos do Padre Cícero” se encaixam perfeitamente nas linhas gerais do Projeto Recaatingamento, executado pelo Irpaa com patrocínio da Petrobras, através do Programa Petrobras Ambiental, principalmente nas orientações sobre práticas produtivas, recuperação da Caatinga, conservação dos recursos naturais e de toda a biodiversidade deste rico bioma. São “Preceitos do Padre Cícero”:

1. Não derrube o mato nem mesmo um só pé de pau;

2. Não toque fogo no roçado nem na caatinga;

3. Não cace mais e deixe os bichos viverem;

4. Não crie o boi nem o bode soltos; faça cercados e deixe o pasto descansar para se refazer;

5. Não plante em serra acima nem faça roçado em ladeira muito em pé; deixe o mato protegendo a terra para que a água não a arraste e não se perca a sua riqueza;

6. Faça uma cisterna no oitão de sua casa para guardar água de chuva;

7. Represe os riachos de cem em cem metros, ainda que seja com pedra solta;

8. Plante cada dia pelo menos um pé de algaroba, de caju, de sabiá ou outra árvore qualquer, até que o sertão todo seja uma mata só;

9. Aprenda a tirar proveito das plantas da caatinga, como a maniçoba, a favela e a jurema; elas podem ajudar a conviver com a seca;

10. Se o sertanejo obedecer a estes preceitos, a seca vai aos poucos se acabando, o gato melhorando e o povo terá sempre o que comer;

11. Mas, se não obedecer, dentro de pouco tempo o sertão todo vai vivar um deserto só. (Fonte IRPAA)

Nenhum comentário

PRECEITOS ECOLÓGICOS DO PADRE CÍCERO DO JUAZEIRO

No Cariri, há mais de cem anos, quando ninguém falava em Ecologia, o Padre Cícero – como extraordinário homem de vanguarda que foi – se antecipava e ensinava preceitos ecológicos aos romeiros.

Eram coisas simples, mas que surtiam um grande efeito. Essa iniciativa hoje largamente disseminada no Nordeste, foi elogiada por muitas autoridades, como, por exemplo, Dr. Rubens Ricupero, ex-ministro do Meio Ambiente, o qual, em artigo publicado no jornal O Globo (19.01.94) disse que Padre Cícero “pregou em pleno sertão nordestino a palavra que hoje a consciência ambiental a duras penas começa a inscrever na nossa visão de mundo. Muito antes de que se realizasse a I Conferência Internacional sobre o Meio Ambiente, em Estocolmo, em 1972, ele teve essa percepção aguda de algo que constitui antes de tudo um interesse legítimo, identificado por quem está  próximo da realidade”.

Padre Cícero deu, portanto, o primeiro passo… há mais de cem anos! Foi, na verdade, um pioneiro da ecologia no Cariri. Pode-se dizer que ele prestou uma importante contribuição para alicerçar a Educação Ambiental no Nordeste.

Os preceitos ecológicos que aqui estão transcritos não foram transmitidos exatamente assim pelo Padre Cícero. É sabido que ele se dirigia diariamente aos romeiros que se postavam à janela da sua casa para ouvir conselhos e que muitos conselhos também eram dados através de cartas. Coube ao falecido ecologista, engenheiro agrônomo J. Vasconcelos Sobrinho, a iniciativa de ordenar os conselhos de Padre Cícero na forma de decálogo ecológico como hoje eles são conhecidos e divulgados.

PRECEITOS ECOLÓGICOS DE PADRE CÍCERO

1. Não derrube o mato nem mesmo um só pé de pau.

2. Não toque fogo no roçado nem na caatinga.

3. Não cace mais e deixe os bichos viverem.

4. Não crie o boi nem o bode soltos; faça cercados e deixe o pasto descansar para se refazer.

5. Não plante em serra acima nem faça roçado em ladeira muito em pé; deixe o mato protegendo a terra para que a água não a arraste e não se perca a sua riqueza.

6. Faça uma cisterna no oitão de sua casa para guardar água de chuva. Represe os riachos de cem em cem metros, ainda que seja com pedra solta.

7. Represe os riachos de cem em cem metros, ainda que seja com pedra solta.

8. Plante cada dia pelo menos um pé de algaroba, de caju, de sabiá ou outra árvore qualquer, até que o sertão todo seja uma mata só.

9. Aprenda a tirar proveito das plantas da caatinga, como a maniçoba, a favela e a jurema; elas podem ajudar a conviver com a seca.

10. Se o sertanejo obedecer a estes preceitos, a seca vai aos poucos se acabando, o gado melhorando e o povo terá o que comer. Mas se não obedecer, dentro de pouco tempo o sertão todo vai virar um deserto só.

Fonte: Blog do Padre Cícero – Daniel Walker-morreu em 2019, foi professor jornalista, historiador 



Nenhum comentário

MEMÓRIA: 150 ANOS DA CHEGADA DO PADRE CÍCERO A JUAZEIRO DO NORTE

O dia 11 de abril de 1872, uma quinta-feira, exatamente 150 anos atrás, chegava para fixar residência definitivamente no povoado do Joaseiro o sacerdote Pe. Cícero Romão Batista. Ele veio da cidade do Crato na companhia de sua mãe, Joaquina Vicência Romana (Dona Quinô), suas irmãs Angélica Romana Batista e Maria Angélica Batista (Mariquinha) e a senhora Tereza Maria de Jesus (Terezinha ou Teresa do Padre). A primeira casa que foi morar localizava-se na Rua do Arame, depois chamada Rua Grande e, atualmente, Rua Pe. Cícero, número 130. A vila do Joaseiro continha aproximadamente 32 casas e um pequeno contingente populacional nesta camada do interior cearense. 

 Que ensinamentos podemos aprender desse fato histórico da vida do Pe. Cícero e do Juazeiro?

 Em primeiro lugar, Pe. Cícero é um homem de decisão. A escolha em morar no lugar pequeno e inexpressivo na cena política e geográfica do Ceará representou um sinal de desprendimento e humildade. Ele foi motivado por um sonho no qual Jesus lhe apresentou um bando de camponeses miseráveis, famintos e desvalidos, vindos dos confins dos sertões, e fixando o olhar, exclamou: “E, você Cícero, toma conte deles”. O Pe. Cícero levou a sério o sonho e tomou consciência da sua missão de acolher e amar esse povo. 

 “Se acordou na certeza de que o Senhor, 

Lhe botava para ser nesse caminho,

o padrinho do povo sem padrinho

 e o pastor das ovelhas sem pastor” (Poema de Geraldo Amâncio).

 Outro importante aspecto dessa história é que o Pe. Cícero não veio sozinho, mas trouxe consigo a mãe viúva, as irmãs órfãs e uma senhora que vivia com a sua família. Esse gesto revelou o cuidado, o amor e o senso de responsabilidade com sua família. 

 A atitude de estabelecer morada no pequeno povoado significou abandonar o desejo de ser missionário na China ou mesmo o projeto de ser professor no seminário da prainha em Fortaleza. O início do apostolado do Padre Cícero no lugarejo marcado por rodas de samba, consumo de álcool e prostituição consistiu no trabalho árduo, firme e forte atuação moralizadora de fazer as pessoas abandonarem os antigos vícios e pecados, e ficarem próximos a religião cristã. Com os ensinamentos e conselhos do Pe. Cícero, Juazeiro reencontrou o caminho da concórdia, da paz e da ordem, pautando a vila pela oração e pelo trabalho. 

O vilarejo começa a receber centenas de pessoas, tornando-se o lugar mais populoso dos sertões. Há uma multiplicação de famílias que, provenientes de outros estados nordestinos, vieram residir no povoado, desenvolvendo as atividades do comércio, da agricultura e do artesanato. A casa do padre era o abrigo dos pobres necessitados que ali vinham em busca de alimento, ajuda financeira e trabalho para fixar morada em Juazeiro. Este crescimento da população, aliado à produção de bens e à criação do comércio artesanal, estimulado pelo Padre Cícero, transformou a cidade num lugar de atração econômica de muitos que recorriam a Juazeiro, alimentando a esperança de encontrar a redenção e sustentabilidade de suas vidas. Além do mais, os admiradores e devotos do padrinho Cícero atribuíam  e reconheciam esse território como sagrado, projetando o sonho e desejo da salvação eterna. 

 A memória dos 150 anos da chegada do Pe. Cícero no Juazeiro é momento de gratidão e reconhecimento da sua generosidade, dos seus ensinamentos e das  suas virtudes de compaixão, ternura, paciência, dedicação e amor aos pobres. Ele colocou suas mãos no Juazeiro e hoje colhemos bons frutos.  Que o nosso padrinho Cícero seja inspiração e referência para nós reconstruirmos esse lugar de fé e trabalho nos dias atuais, na promoção da cultura de paz, na defesa da justiça social, na vivência da solidariedade e no respeito a dignidade da natureza e de todo ser humano. 

 OBRIGADO MEU PADRINHO CÍCERO! 

José Carlos dos Santos, professor de Filosofia da Universidade Regional do Cariri (URCA) e do Instituto Federal do Ceará (IFCE) e doutorando em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Nenhum comentário

TORNAR PADRE CÍCERO UM SANTO DO POVO É UMA QUESTÃO DE JUSTIÇA

A continuidade do processo de beatificação de Padre Cícero, anunciada pelo Bispo da Diocese de Crato, em 2022 continua sendo motivo de alegria aos romeiros devotos do “Padim Ciço”, nome com o qual se tornou conhecido. 

Para o professor de filosofia da Universidade Regional do Cariri (Urca) e do Instituto Federal do Ceará (IFCE), José Carlos dos Santos, a decisão é um ato de justiça e verdade em relação ao Padre Cícero.

“Nós estamos praticando a justiça na história. Padre Cícero no seu tempo foi injustiçado, perseguido, os romeiros também foram e hoje estão tendo um ato de justiça e de verdade em relação ao Padre Cícero, seus afilhados e seus devotos”, afirmou José Carlos em entrevista ao BLOG NEY VITAL.

Na definição do professor, o agora servo de Deus Padre Cícero foi "perseguido e injustiçado pela Igreja", mas sempre se manteve fiel a ela. "Esse reconhecimento chega em um momento muito importante da nossa história", afirma. A partir de agora, a Diocese de Crato pedirá à Santa Sé a abertura de um inquérito para seguir com o processo de beatificação do fundador de Juazeiro do Norte.

A jornada eclesiástica de Padre Cícero começou em 1865, quando o jovem Cícero deixou Cajazeiras, localizada na então Paraíba do Norte, para ingressar no Seminário da Prainha, instituição de ensino criada para a formação dos novos padres que havia sido inaugurada no ano anterior.No seminário, Padre Cícero estudou por cinco anos os cursos de filosofia e teologia. Foi ordenado presbítero em 30 de novembro de 1870 na Catedral velha de Fortaleza pelo primeiro Bispo da Diocese do Ceará, Dom Luís Antônio dos Santos. De acordo com registros históricos, Padre Cícero estava entre os alunos mais capacitados, o que lhe possibilitou lecionar na instituição. 

Nenhum comentário

MAURICIO MENEZES PRESTA HOMENAGEM A HOMEM MULTICOLORIDO: ZIRALDO

Maurício Menezes: Homem multicolorido De traço sereno e certo  -Aquele tio sabido Que a gente quer sempre perto!!

Ziraldo nasceu sereno num ano bem conturbado: 1932.

A política fervilhava em revoluções pelo Brasil, naquela década de pólvora.

O tempo passou -talvez  numa Maria Fumaça Mineira.

Muito tempo depois (2012), em uma das nossas viagens de férias por esse belo país, fiz questão de passar por Caratinga MG - berço do multi-artista gigante Ziraldo.

Minha Eloá - a sempre amada Menina Maluquinha - tinha 5 anos. Tiramos fotos ao lado das estátuas que homenageiam o mestre. 

O escritor imenso já estava há tempos na rota de minha admiração: um tanto pelo artista excepcional que era, e mais ainda pelo Brasileiro exemplar, defensor ferrenho da nossa sempre atacada Democracia.

Maluquinho, Pasquim, Pererê, Slogans, Revista Bundas, Logomarcas, prisões, família, empenho político.....

Mestre Zira fez seu nome!!

Leitor (tentando ser) atento como pelejo ainda, passei certa vez numa banca Literária, centro de Petrolina, e lá estava uma bela Revista, com destaque da letra P na capa: PALAVRA.

Comprei - juntando os parcos recursos dos bolsos. 

O ano era 1999.

Ainda no ônibus coletivo, comecei folhear a bela e robusta publicação - apresentada em tamanho maior do que as tradicionais revistas semanais.

Foi um deslumbre para mim: Cultura, entrevistas, arte, informação, colocações visuais...

Ziraldo foi seu fundador.

PALAVRA circulou por 14 meses: abril/1999 a agosto/2000. 

Viveu pouco,  como tantas e boas publicações neste país.

Ainda hoje guardo com carinho alguns exemplares dela - inclusive o último, com Oscar Niemeyer na capa. Uma bela entrevista com o Arquiteto gênio, amigo de abraço e posição política do gênio cartunista.

Viva sempre as pessoas grandiosas que dedicaram a vida em beneplácito do bem comum.

Viva hoje e sempre as pessoas que semearam a liberdade, e fizeram desse amor um bem inalienável - um traço marcante de suas vidas.

Viva Ziraldo!

Maurício Menezes.

Nenhum comentário

CRIADOR DO MENINO MALUQUINHO, ZIRALDO MORRE AOS 91 ANOS



O escritor Ziraldo morreu neste sábado (6) aos 91 anos. A morte foi confirmada pela família do desenhista. Em nota oficial divulgada pela família, ele morreu de causas naturais, no apartamento onde morava, no bairro da Lagoa, na zona sul do Rio de Janeiro, por volta das 14h30h. Ele tinha três filhos.

Aclamado pelo trabalho literário infantil, Ziraldo recebeu diferentes premiações, como o "Nobel" Internacional de Humor no 32º Salão Internacional de Caricaturas de Bruxelas e também o prêmio Merghantealler, da imprensa livre da América Latina, ambos em 1969. Levou ainda o Prêmio Jabuti de Literatura, em 1980, com O Menino Maluquinho, e novamente em 2012, com Os Meninos do Espaço.

Exposição leva visitantes ao mundo mágico do quadrinista e escritor Ziraldo. Na foto o escritor Ziraldo. Foto: Mundo Zira/Divulgação

Ziraldo Alves Pinto, nasceu em Caratinga, Minas Gerais, em 1932. Aos 7 anos de idade, em 1939, Ziraldo apresentou seu primeiro desenho no jornal Folha de Minas. Em 1949, muda-se para o Rio de Janeiro, onde fez carreira.

Apesar da formação em Direito, pela Universidade Federal de Minas Gerais,  construiu uma carreira importante como desenhista, escritor, apresentador e jornalista. Na década de 1950, trabalhou em uma coluna de humor no jornal Folha da Manhã, atual Folha de São Paulo. Depois iria para a revista O Cruzeiro e para o Jornal do Brasil.

Na década de 1960, publicou a primeira revista em quadrinhos de sucesso, a Turma do Pererê, que seria cancelada pouco tempo depois do golpe militar de 1964. Voltaria ainda em edições pela Abril e Editora Primor nas décadas seguintes.

Ziraldo se destacou por usar a arte como forma de resistência à ditadura militar. Ele fundou e dirigiu o famoso periódico O Pasquim, que fez oposição ao regime. O trabalho incomodaria os militares, a ponto de ele ter sido preso logo depois da promulgação do AI-5, documento pelo qual foi intensificada a censura e a repressão do governo aos opositores. Foi considerado um "elemento perigoso" pelo regime militar.

O desenhista continuaria atuante politicamente, sendo filiado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) e depois ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Também declararia apoio a candidatos do Partido dos Trabalhadores (PT) em eleições presidenciais.

Sua mais conhecida criação, o Menino Maluquinho, nasceu nos anos 1980 e foi inspirado no filho do escritor. O personagem deu origem ao livro infantil campeão de vendas e ao filme de grande sucesso nos cinemas do país. O livro foi traduzido para o inglês, espanhol, basco, alemão e o italiano e teve adaptações para o cinema, teatro e televisão. Outros livros de destaque foram Flicts (1969) e O Bichinho da Maçã (1982).

Com tantos personagens marcantes de histórias infantis, Ziraldo parou de produzir textos e desenhos em setembro de 2018, quando sofreu um acidente vascular cerebral (AVC). Seu estúdio, onde trabalhou durante 70 anos, instalado no bairro da Lagoa, zona sul do Rio, está sendo transformado no Instituto Ziraldo.

Na TV Brasil, os 26 episódios do programa Um Menino muito Maluquinho foram apresentados ao longo de 2006. O cartunista e escritor ainda apresentou o ABC do Ziraldo durante cinco temporadas. Foram 189 episódios onde o tema era sempre incentivar jovens e crianças ao hábito da leitura.

Nenhum comentário

MARIANA AYDAR E MESTRINHO COMPARTILHAM ÁLBUM DEDICADO AO FORRÓ

Com uma amizade que dura há dez anos, que começou nos últimos momentos de vida de Dominguinhos, a cantora e compositora Mariana Aydar e o sanfoneiro Mestrinho lançaram, nas plataformas de música, o primeiro álbum da parceria,  “Mariana e Mestrinho”, produzido por Tó Brandileone (5 a Seco), reunindo um repertório completamente inédito e clássicos do forró.

O repertório buscou equilíbrio entre reverenciar a história do forró pé de serra e criar novos clássicos, ou seja, trazer canções inéditas que pudessem animar futuras pistas de dança. Mais do que isso, Mariana quis colaborar com a amplificação de um discurso feminino no forró, um ambiente predominantemente machista.

Era preciso, portanto, gravar novas canções que trouxessem a mulher para o centro da narrativa, como personagem principal, e não mais como coadjuvante da narrativa masculina. Nessa intenção, compôs “Boy Lixo” (Mariana Aydar/ Fernando Procópio/ Tinho Brito) e ganhou “Alavantu Anahiê” (Isabela Moraes/ PC Silva). Essa última, traz as vozes de Isabela Moraes e de Juliana Linhares, que se juntam a Mariana em participações especiais.
 
Zeca Baleiro enviou a lírica “Dádiva”, escrita especialmente para este álbum. E o próprio Mestrinho escreveu “Eu Vou”. Quem divide os vocais com Mariana e Mestrinho em “Até o Fim” (Mestrinho) é Gilberto Gil, outro nome fundamental para a quebra de fronteiras entre o forró e toda a música brasileira.

Do repertório clássico do forró, Mariana e Mestrinho reagravam “O Filho do Dono”, sucesso de Petrúcio Maia de viés político, social e ambiental. Uma pérola mais conhecida na cena forrozeira do que em outros ambientes. E a romântica “Ninguém Segura o Nosso Amor” (João Silva/ Iranilson), gravada por Mestre Zinho nos anos 1990.

Um dado pessoal: João Silva já foi padrasto de Mestrinho e também é autor de “Preciso do seu Sorriso” (João Silva/ Enok Virgulino), que entra no álbum como uma das homenagens a Dominguinhos. As outras regravações do repertório do mestre que uniu musicalmente Mariana Aydar e Mestrinho são “Te Faço um Cafuné” (Zezum), gravada por Dominguinhos no álbum “Isso Aqui Tá Bom Demais” (1985), e “Cheguei pra Ficar” (Dominguinhos/ Anastácia), pequena obra-prima lançada pelo autor no cultuado LP “Domingo Menino Dominguinhos” (1976).

Mestrinho toca acordeon em todas as faixas de “Mariana e Mestrinho”. Completam o time de músicos do álbum os craques Feeh Silva (zabumba e triângulo), Salomão Soares (piano), Fejuca (violão e cavaco), Federico Puppi (violoncelo), Will Bone (sopros), Rafa Moraes (guitarra) e Léo Rodrigues (percussão). Multi-instrumentista, o produtor musical Tó Brandileone tocou violões, guitarras, baixos, sintetizadores e percussões por todo o álbum.

Assim como foi em “Cheguei Pra Ficar”, primeiro single lançado, todas as faixas ganharam um visualizer com muita dança. Eles estão disponíveis nas páginas oficiais do Youtube de Mariana Aydar e Mestrinho. (Fonte; Folha Pernambuco)



Nenhum comentário

SEMINÁRIO APRESENTA TV 3.0

Em seminário sobre a implantação do novo modelo de televisão aberta a ser adotado no Brasil, chamado de TV 3.0, participantes ressaltaram a necessidade de garantir isonomia entre os sistemas público e privado. O presidente da Empresa Brasileira de Comunicação, Jean Lima, lembrou que a Constituição brasileira determina que os sistemas público, estatal e privado são complementares.

Jean Lima, que representou no seminário a Secretaria de Comunicação da Presidência da República, reivindicou a distribuição dos canais da União pela internet e ressaltou a importância da comunicação pública.

“Entendemos como central a possibilidade de o telespectador assistir pelo aparelho de TV os canais da União pela internet, mesmo se não estiverem disponíveis na radiodifusão no município. TV Brasil, Canal Gov, TV Senado, TV Câmara, TV Justiça, Canal Saúde, Canal Educação são de inequívoco interesse social ao promover transparência sobre as ações do poder público”, afirmou.

Também para o presidente da comissão de Comunicação e Direito Digital do Senado, senador Eduardo Gomes (PL-TO), é fundamental assegurar espaço para as emissoras públicas de TV no novo modelo.

“O importante é que exista realmente na TV 3.0 a preocupação com a TV pública. Falei agora há pouco da TV Senado: somos a fonte de notícia mais importante para o setor, que é a sua regulação, então, é natural que estejamos ali inseridos para a segurança da informação pública brasileira”, disse.

Conforme explicou o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, no ano que vem o Brasil começa a implantar o novo sistema de televisão 3.0, que consiste basicamente na integração da TV aberta com a internet.

Nesse modelo, os conteúdos audiovisuais vão chegar aos telespectadores por meio de aplicativos. Além de contar com qualidade de imagem e som melhores, a TV 3.0 permite maior interatividade. Os espectadores poderão escolher os conteúdos e até as propagandas que querem ver.

Juscelino Filho destacou também que o sistema irá significar uma revolução na forma de fazer televisão, com a possibilidade novos modelos de negócios para as emissoras.

“Traz novas oportunidades, como a publicidade interativa, o comércio eletrônico integrado, oportunidades de patrocínios e parcerias e a possibilidade também de oferta de conteúdo exclusivo e conteúdo premium. Isso se faz ainda mais importante no momento em que a competição com as plataformas digitais é cada vez maior”, afirmou.

Apesar de a integração com a internet ser a principal característica do sistema a ser implantado no País, o ministro deixou claro que mesmo quem não tem acesso à rede poderá assistir televisão normalmente. Para isso, será necessário apenas ter aparelhos compatíveis com a nova tecnologia. Sem a rede de computadores, os telespectadores só não terão acesso aos recursos de interatividade.

Os participantes do seminário ressaltaram que o Brasil ainda é um dos países que mais assistem TV aberta no mundo. Segundo afirmaram, pesquisa recente do Instituto Kantar/Ibope aponta que o brasileiro assiste, em média, a mais de 5 horas de televisão por dia. Estima-se que 98% dos domicílios do País contem com pelo menos um aparelho de TV.

O seminário foi realizado no auditório do Ministério das Comunicações. Fonte: Agência Câmara de Notícias

Nenhum comentário

← Postagens mais recentes Postagens mais antigas → Página inicial