AGROECOLOGIA E RECAATINGAMENTO TRANSFORMAM PAISAGEM E VIDA DE FAMÍLIAS NO SERTÃO

“Quando eu acordo, antes das 5h da manhã, eu abro a janela e olho para a Caatinga, sinto o cheiro dela. Cheiro gostoso! Escuto o som dos passarinhos cantando, quando amanhece o dia”.

O depoimento é da agricultora familiar Lucineide Ferraz, 49 anos, apaixonada pela região em que vive e preocupada com o futuro: “me preocupo bastante com o desmatamento. Está acabando com tudo”. Quando questionada sobre o que a Caatinga representa para ela, a resposta é direta: “a vida”.

Perguntada sobre sonhos, ela diz ter um: “fazer faculdade sobre algo da Caatinga, que é o que eu mais gosto, e dos animais”.

É com os olhos marejados de encantamento que ela fala da sua relação com o bioma. Em Pernambuco, há mais de 3 milhões de hectares de área de Caatinga desmatada. Além disso, apenas 2,65% da Caatinga de Pernambuco estão em área de preservação integral.

Lucineide é uma das 13 mulheres que trabalham no Instituto Serra Grande, localizado no distrito de Caiçarinha da Penha, na zona rural, a 43 quilômetros de Serra Talhada, no Sertão.

O projeto, que existe desde 2019, reúne 40 famílias das comunidades de Barreiros e Santana, num trabalho socioambiental - que é a recuperação e restauro de áreas desmatadas da Caatinga - e de agroecologia, preservando e aproveitando os frutos e folhas da vegetação do bioma, para gerar renda às famílias locais.

A agricultora familiar, junto às colegas do Instituto, aproveita os insumos oferecidos pela Caatinga, como o umbu, o caju, o alecrim do mato e a quebra-faca, para fazer geleias, conservas, vinagres e bebidas fermentadas. Elas produzem 50 potes de produtos por dia e vendem em feiras, entre as comunidades, e pela internet.

Para fazer as receitas dos doces tudo é aproveitado. Enquanto a fruta é desidratada, o mel do caju é usado pra fazer licor. O umbu, colhido do pé, também é levado para casa, onde a produção acontece.

Há um ano, Tota Cavalcante começou a trabalhar no instituto. E assim como Lucineide, ela vê o projeto como um grande passo, para realização de sonhos.

“A pessoa pode juntar um dinheiro, juntar um pouco para o futuro, para quando estiver mais velho ter um dinheiro junto, para não depender dos outros. Meu sonho é fazer uma faculdade no futuro quando eu estiver podendo mais”, disse Tota, explicando que deseja fazer o curso de letras, para se tornar professora de português.

O trabalho desenvolvido pelas mulheres da comunidade é presidido pela agricultora familiar Creuza Ferraz, de 69 anos. Aos 10 anos de idade, ela já trabalhava com agricultura.

Líder da Associação de Moradores da comunidade de Santana, no distrito de Caiçarinha da Penha, em Serra Talhada, Creuza tem facilidade para dialogar com as mulheres e famílias que vivem na área, principalmente sobre a importância das mulheres da região terem seu próprio trabalho, e pensarem num futuro melhor para elas e para o ecossistema em que estão inseridas.

“Aqui tudo é na base da mão. Não tem nada industrializado, e nem nós queremos. Nós queremos fazer artesanalmente, porque valoriza. É agricultura familiar”, pontuou a presidente.

O projeto do Instituto foi pensado desde 2003. Dona Creuza e outras mulheres da comunidade chegaram a fazer curso no Sebrae, para aprender a fazer doces, mas só em 2019, depois de muitos testes e estudos com frutas da região e da vegetação da Caatinga, começaram a fazer as geleias e compotas como um negócio local.

"Eu fui a primeira a fazer uma geleia de acerola, e deu certo. Aí eu mostrei no grupo, que as meninas criaram para a gente se comunicar. Aí, uma amiga minha fez outra em casa, deu certo também. Então, a gente começou fazendo em casa, com o aprendizado que a gente teve lá [no Sebrae]”, contou dona Creuza, enquanto mexia um doce de passa de caju.

O preço dos produtos varia de R$8 a R$30. São pelo menos oito horas de trabalho por dia para dar conta da produção. Todo trabalho feito pelas mulheres acontece na Fazenda Serra Grande, uma propriedade privada de 1.260 hectares, com 800 hectares de Caatinga preservada e 260 hectares de área reflorestada.

As terras são do coordenador do projeto socioambiental Serra Grande, Álvaro Ferraz. A área é da família dele desde a época do império, e sofreu com períodos de seca e degradação. Em 2019, quando decidiu morar em definitivo no local, resolveu abrir as portas da fazenda, incentivar as mulheres da região a enxergar oportunidade através da caatinga e orientar os agricultores sobre como é possível viver em harmonia com a terra.

“Essa área foi antropizada, ela foi utilizada por um método de agricultura que queimava, que compactava o solo, que salinizava o solo”, afirmou o coordenador, que tem um viveiro com 26 mil mudas nativas da caatinga, entre frutíferas e cactos, para reflorestamento.

As mudas são utilizadas na área da fazenda que um dia foi lavoura, em um sistema chamado de agroflorestal, onde espécies ameaçadas da caatinga dividem espaço com a plantação de feijão e mandioca, por exemplo. São grandes faixas de plantio com espécies alternadas.

A técnica é importante tanto no processo de recuperação do solo do bioma, como na prática da agroecologia, vivenciada pelas mulheres do instituto.

“A raiz da tuberosa, da mandioca, expande na terra. Então, quando chove, o fato desse solo não ser mais compactado ajuda para que a água da chuva, em vez de escorrer, infiltre. Então, a gente já tem um risco zero de erosão numa área como essa, porque a gente tem um poder de infiltração enorme. Justamente por causa dessas linhas de árvore que estão fazendo o processo de bombear água para o subsolo”, explicou Álvaro.

O sistema agroflorestal utilizado na fazenda é um experimento que ocupa 2,5 hectares de área. A expectativa é de que no próximo ano essa área seja expandida e ocupe 200 hectares de área, que poderá ser utilizada pela agricultura, mas sem impactos negativos à Caatinga.

RECAATIGAMENTO: O projeto socioambiental Serra Grande foi criado por Álvaro em 2003, pela inquietação com os impactos da seca na vida dos sertanejos e pela vontade de ver o bioma, exclusivamente brasileiro, vivo em Serra Talhada.

As mudas nativas do bioma, utilizadas no sistema agroflorestal e para agricultura sustentável, também ajudam a recuperar áreas degradadas da Caatinga, por causa das queimadas, pastagem e criação de caprinos, prática comum no Sertão.

Mas, de acordo com o coordenador do projeto, apenas o plantio de mudas nas áreas desmatadas não é suficiente para restaurar o bioma.

Para o trabalho do "recaatingamento", como costumam chamar, é fundamental a presença da fauna. Álvaro conta que mais de 2 mil espécies nativas da caatinga já foram soltas na área da fazenda, pelo Ibama. E é essa prática, junto ao reflorestamento, que faz o bioma se recuperar.

“Hoje a gente vê crescer uma floresta. É com essa diversidade, com a ajuda da fauna, dos ventos, por isso que também é tão importante a gente ter a soltura desses animais, porque eles também ajudam nesse restauro também. O passarinho come uma semente aqui, mas, se você olha os pés do Juazeiro, por exemplo, vê que tem um Mandacaru dentro. Isso é efeito da dispersão da semente pelos pássaros. Eles usam Juazeiro, que é uma das plantas que demoram a perder copa, é a melhor sombra para ele. Ele come a fruta do Mandacaru e vai se abrigar no Juazeiro. Aí cria uma simbiose, nasce sempre um pé de Mandacaru dentro de um pé de Juazeiro”, detalha Álvaro, pontuando a importância não só dos pássaros, mas tatus e outros animais comuns da Caatinga, para ajudar no restauro da vegetação degradada.

Além das atividades desenvolvidas na fazenda, quem trabalha no projeto também promove rodas diálogos e cursos sobre educação ambiental, para as comunidades vizinhas. Ivair de Lima tem 21 anos, e desde os 10 anos criava pássaros em gaiola.

A família, que trabalha com agricultura, participou de uma das conversas sobre a importância de manter animais como pássaros, tatus, veados e emas, soltos na Caatinga. O diálogo conscientizou Ivair.

“Eu achava bonito eles cantando na gaiola, mas agora eu crio eles soltos. É mais bonito eles voando entre as árvores. E também ajudo no restauro da Caatinga com o sistema agroflorestal, plantando mudas. É importante esse cuidado”, declarou o jovem, que também ajuda o Ibama a soltar os animais silvestres na fazenda Serra Grande. (Por Caroline Rangel, TV Globo)


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A CAATINGA É HOJE NOSSO BIOMA MAIS AMEAÇADO, PORQUE TEM A MENOR QUANTIDADE DE ÁREAS DE PROTEÇÃO", ALERTA PROFESSOR DA UFRPE


Os números do desmatamento da Caatinga em Pernambuco têm chamado a atenção de ambientalistas e de quem vive no Sertão do estado, mas não somente eles despertam preocupação.

“A Caatinga hoje é o nosso bioma mais ameaçado, porque é o que tem a menor quantidade de áreas de proteção e a menor proporção de áreas protegidas”, disse o professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) em Serra Talhada, Martinho Carvalho, preocupado com o futuro da fauna e flora do ecossistema.

Dos 8.277.900 hectares de área do bioma no estado, apenas 219.623 hectares estão em áreas de proteção integral. Ou seja: só 2,65% da Caatinga está protegida.

Os dados são da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH). De acordo com o órgão, Pernambuco tem 13 Unidades de Conservação da Caatinga de Proteção Integral. Duas são mantidas pelo governo federal, nove pelo governo do estado e outras duas pelos municípios (veja no mapa).

O objetivo das Unidades de Proteção Integral é preservar a natureza. Nelas são proibidas atividades como a caça de animais e a retirada de árvores nativas, para uso comercial ou não.

O Sistema Estadual de Unidades de Conservação (Seuc) - Lei 13.787/09 - divide as unidades de proteção integral em cinco categorias: Estação Ecológica (Esec); Monumento Natural (Mona); Parque Estadual (PE); Refúgio de Vida Silvestre (RVS) e Reserva Biológica (ReBio).

Em algumas dessas categorias não é permitida a visitação de pessoas ou a prática do turismo, mas elas podem ser utilizadas para pesquisa científica, por exemplo. A lei também prevê que as áreas particulares incluídas nos limites do território de proteção integral sejam desapropriadas.

A maior unidade de conservação do bioma que temos em Pernambuco, mantida pelo estado, é a Estação Ecológica Serra da Canoa, fica na zona rural de Floresta, no Sertão de Pernambuco. São 7.598 hectares de área. Ela foi instituída como Unidade de Conservação em 2012, através de um decreto estadual (Nº 38133, de 27/04/2012), assinado pelo então governador Eduardo Campos.

Por estar na categoria Estação Ecológica, a Lei estadual 13.787/09 diz que a visitação pública é proibida em áreas como essa, exceto quando o objetivo for educacional, para pesquisas científicas ou para medidas e manejo de restauração.

Entre as justificativas para instituir a área de Floresta como Unidade de Conservação, o documento pontua “a baixa representatividade do bioma Caatinga no Sistema Estadual de Unidades de Conservação” e “as vulnerabilidades deste bioma, exclusivamente nacional, diante das perspectivas de mudanças climáticas”.

Já entre os objetivos, está “proteger as espécies endêmicas e as espécies raras ameaçadas de extinção ocorrentes na área e nos remanescentes florestais da região”.

Em viagem ao Sertão, o g1 visitou a Estação Ecológica Serra da Canoa. Mas na região a equipe recebeu denúncias de que até dentro da área de conservação da Caatinga existe a prática da caça de animais, como tatupeba, veado, ema e arara azul.

As práticas ilegais foram confirmadas pelo gestor da Unidade de Conservação da Caatinga em Floresta, Ericson da Silva. Funcionário da CPRH convocado para atuar na área desde 2019, ele é o único que vive na região e trabalha na Estação.

“Nós temos problemas seríssimos aqui de caça, retirada de madeira, mineral. Vários agravantes aqui precisam ser equalizados”, declarou o servidor, pontuando que, como sua chegada ao local é recente, a área ainda está passando por um processo de levantamento de terra e pessoal, para montagem do conselho gestor e do plano de manejo da estação.

Além da atividade ilegal da caça, outra irregularidade apontada ao g1 é a presença de residências dentro da estação. O gestor da unidade confirmou a presença de 90 proprietários de terrra no local. De acordo com ele, a regularização fundiária está em curso.

“O proprietário tem toda autonomia na área, porque ainda é o dono da terra. Nós precisamos avançar quanto à questão fundiária, para que possamos ter uma reserva direcionada realmente à pesquisa científica e educação ambiental”, ressaltou, explicando que hoje o seu trabalho na unidade é principalmente relacionar os problemas, para que o estado possa implementar as medidas exigidas para uma área de proteção integral.

Próximo à Estação Ecológica Serra da Canoa está o Parque Estadual Mata da Pimenteira, em Serra Talhada, a 90km de Floresta. A Unidade de Conservação fica bem próxima da Universidade Rural de Pernambuco. A área costuma ser usada pelos professores e estudantes, para pesquisa.

Por estar inserida na categoria Parque Estadual, de acordo com o Sistema Estadual de Unidades de Conservação, a área tem como "objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de ecoturismo".

A Mata da Pimenteira é uma área de preservação da vegetação de Caatinga arbórea. O biólogo e pesquisador da UFRPE Martinho Carvalho acompanhou a visita do g1 à Unidade de Conservação e explicou o que pode ser encontrado no local.

“Essa vegetação é de uma Caatinga Florestal, que é uma Caatinga mais rara. É uma vegetação mais densa. As árvores têm de 12 a 15 metros de altura e um diâmetro de tronco bem maior do que o que ocorre numa Caatinga típica. Ela é mais úmida em comparação aos outros tipos de Catinga, mas um pouco mais seca do que a Mata Atlântica. E, por isso também, ela tem uma riqueza de espécies maior do que as demais”, explicou o professor.

O Parque tem uma área total de 887 hectares e, de acordo com a CPRH, recebeu o título de 1ª Unidade de Conservação do Estado de Pernambuco no Bioma Caatinga.

Mas assim como a Estação Ecológica Serra da Canoa, em Floresta, a área de preservação em Serra Talhada conta com apenas um gestor no quadro de funcionários e também sofre com a presença de caçadores, o que acaba preocupando os pesquisadores, já que esse deveria ser um espaço de proteção do bioma.

“A presença de caçadores também é algo ameaçador. Aqui na reserva se encontram muitos caçadores, principalmente para caçar tatupeba, porque o pessoal acaba usando como aperitivo [a carne]. Eu mesmo, trabalhando aqui às vezes, à noite, já escutei tiros de espingarda. Já encontrei caçadores aqui dentro”, relatou o biólogo.

Além da caça dentro da Unidade e na região, também há a prática do desmatamento da vegetação nativa da Caatinga. O professor de biologia e ecologia da UFRPE André Lima explica que, das espécies ameaçadas do bioma, algumas estão presentes na área de conservação e são alvo da atividade ilegal.

“A aroeira e a baraúna são duas espécies que têm uma madeira muito boa, e por isso tão cobiçada. Mas temos também a umburana de cambão, uma planta que também é utilizada, por exemplo, para fazer as carrancas, porque ela tem uma madeira mole. Além disso existem outras espécies que podem ser utilizadas para produção de carvão, como por exemplo, a própria catingueira. A catingueira é uma planta que tem esse nome justamente porque o cheiro dela não é tão bom, entretanto, ela tem também essa pressão por conta da extração da madeira, que é bem resistente”, explicou o pesquisador.

A madeira extraída da vegetação nativa da Caatinga costuma ser utilizada por carvoarias clandestinas e madeireiras. Pelas estradas do Sertão é comum encontrar caminhões carregados. Eles costumam sair no fim da tarde.

RESPOSTAS: Procurado pelo g1 para explicar sobre a extração ilegal de madeira da Caatinga e a inspeção, o gerente das Unidades de Conservação da CPRH, Gleidson Castelo Branco, explicou que a fiscalização existe e em algumas situações eles apreendem caminhões que saem disfarçados, com plantas que não são nativas da Caatinga na parte externa, para não chamar a atenção da fiscalização.

“A gente encontra muitos caminhões transportando algaroba, mas por diversas vezes já encontramos ele transportando não só algaroba. Ela realmente vem disfarçada com o fundo da carga. Então requer uma atenção dos fiscais durante essa fiscalização e o procedimento é que haja a apreensão de toda a carga, mesmo que tenham poucas espécies ali que são liberadas."

Sobre a falta de efetivo nas Unidades de Conservação da Caatinga, o gerente afirmou que, apesar de ter apenas um gestor na Estação Ecológica Serra da Canoa e no Parque Estadual Mata da Pimenteira, existe uma equipe, na sede do órgão, no Recife, para dar suporte a essas áreas.

“Existe o gestor. Algumas unidades têm uma equipe maior além do gestor, mas na sede no Recife. Inclusive tem um setor de administração de Unidades de Conservação que dá esse suporte na fiscalização da equipe gestora. Quando a unidade não possui a equipe gestora, quem faz esse papel é o setor de administração das unidades de conservação, que fica aqui na sede”.

De acordo com Gleidson Castelo Branco, ao existir denúncia e demanda, uma equipe sai do Recife para a fiscalização nas áreas de Unidade de Conservação.

Questionado sobre o que acontece quando uma pessoa é flagrada numa unidade de proteção ambiental desmatando ou caçando animais, ele explicou o infrator responde administrativamente, tem carga apreendida e pode pagar multa que varia entre R$ 50 e R$ 50 milhões.

“Tem tanto a apreensão da carga como também todos os instrumentos utilizados no cometimento da infração, como o próprio veículo. Existe a multa também que, a depender do caso, tem muitas variantes, agravantes, que vai de R$ 50 a R$ 50 milhões. Em algumas situações, além de ser infração administrativa ambiental, é um crime, então ele vai ser conduzido à delegacia para que se estabeleça todo o procedimento de inquérito criminal. Na Justiça tem as penas, além de multa, a depender do crime também. Inclusive, quando ele é cometido dentro da unidade de conservação, é um agravante”, explicou o gerente das Unidades de Conservação da CPRH.

Entre janeiro e 15 de dezembro de 2022, de acordo com a CPRH, foram registradas 12 autuações de tráfico e caça de animais nativos da Caatinga, além de três por cativeiro [de animais]. Dez autuações de desmatamento em unidades de conservação da Caatinga foram registradas no estado

INVESTIR PARA PRESERVAR: Diante da pequena proporção de áreas de Caatinga protegidas no estado e do desmatamento e da caça dentro dessas áreas, pesquisadores e ambientalistas lamentam a falta de investimento e políticas públicas direcionadas ao bioma.

“O apoio governamental, na verdade, e a gente fala tanto numa escala estadual ou nacional, [a Caatinga] sempre é colocada em último lugar”, afirmou o professor André Lima, da UFRPE.

O Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan) estuda os biomas da região, as áreas de proteção e também atua na recuperação da vegetação e fauna dos locais degradados.

De acordo com o presidente da instituição, Joaquim José de Freitas Neto, esse não é um problema ambiental pontual do estado, mas do país, que segundo ele sofreu com a diminuição de recursos voltados para proteção, gestão e implementação de novas unidades.

“É importantíssimo a gente conseguir proteger esse capital natural que ainda existe da Caatinga, sob a forma de unidade de conservação, que hoje é a principal estratégia de proteção de floresta em pé, dentro da governança ambiental brasileira. Nos últimos tempos, sobretudo nos últimos quatro anos, vem ocorrendo um desmonte de políticas ambientais. Então se a gente não tem um direcionamento do governo federal, toda governança ambiental se torna fragilizada. Não adianta nada a gente criar uma unidade de conservação e ela não ter uma gestão efetiva, com diálogo com a comunidade, não ter planejamento, como o plano de manejo, que norteiam a gestão".

CAATINGA: Um bioma totalmente nacional que representa cerca de 11% do território brasileiro. A Caatinga está presente na região Nordeste e no norte de Minas Gerais. De origem tupi-guarani, caatinga significa “floresta branca”. Em homenagem a João Vasconcelos Sobrinho, pesquisador pioneiro em estudos ambientais, foi criado em 2003 o Dia Nacional da Caatinga, celebrado em 28 de abril.

O clima na Caatinga é tropical semiárido, com temperaturas elevadas e longos períodos de seca. De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, pesquisas indicam a existência de 3,2 mil espécies de plantas, 371 de peixes, 224 de répteis, 98 de anfíbios, 183 de mamíferos e mais de 500 de aves.

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PESQUISA IDENTIFICA LOCAL DE NASCENTES DE DOIS RIOS IMPORTANTES NAS SERRAS DE JACOBINA

Os locais exatos das nascentes dos Rios Fumaça e Aipim, nas Serras de Jacobina, situadas no norte da Chapada Diamantina, na Bahia, foram identificados em um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). A pesquisa, que também teve o objetivo de determinar a situação de conservação dessas nascentes, foi divulgada recentemente em um artigo publicado pela Revista Enciclopédia Biosfera, periódico do Centro Científico Conhecer.

O trabalho foi realizado pelos pesquisadores Vladimir de Sales Nunes, estudante de Ciências Biológicas e presidente da Empresa Júnior (EJ) Preserve Jr; Bruno Cezar Silva, docente do Mestrado Profissional em Administração Pública (Profiap); Renato Garcia Rodrigues e Benoit Jean Bernard Jahyny, docentes do Colegiado de Ciências Biológicas (CCBio), e Gabriel Luiz Celante da Silva, biólogo graduado pela Univasf. O artigo “Determining the springs of two important rivers on the Serras da Jacobina Mountains, Chapada Diamantina, Bahia, Brazil” (Determinando as nascentes de dois rios importantes nas Serras da Jacobina, Chapada Diamantina, Bahia, Brasil) é resultado dos trabalhos de ecoturismo da Preserve Jr, EJ de Ciências Biológicas, e de outras pesquisas da Univasf que vêm sendo realizadas na Serra da Fumaça, desde 2019.

No estudo, realizado em 2022 com apoio do Núcleo de Ecologia e Monitoramento Ambiental (Nema) e da Preserve Jr, os pesquisadores fazem um mapeamento das primeiras nascentes do Rio Fumaça e do Rio Aipim. A pesquisa também alerta para uma série de atividades que têm causado danos a essas áreas, como mineração, desmatamento, compactação do solo por gado e motos, poluição causada por turistas e queimadas.

O estudante Vladimir Nunes aponta que há uma grande carência de informações científicas sobre a região e que no único artigo encontrado sobre essa temática existem algumas inconsistências. “Nós descobrimos que naquela área há duas nascentes distintas. Uma dessas nascentes é o que chamamos de pontual ou fixa, onde a água brota diretamente do solo, sendo um tipo de nascente nova para esse rio. A outra nascente, do tipo difusa, está na verdade em um local completamente distinto de onde os autores do outro artigo defendiam”, pontua o estudante, que relata que a nascente do Rio Aipim foi encontrada por acaso enquanto retornavam para o acampamento.

O Rio Fumaça é um importante recurso natural na região das Serras de Jacobina e forma várias cachoeiras de grande potencial turístico, como Véu de Noiva, Poço das Estrelas e Sete Quedas na Serra da Fumaça, município de Pindobaçu (BA), que atrai muitos visitantes devido às riquezas naturais. Nunes ressalta que o artigo expõe os riscos aos quais a região está sujeita e oferece soluções, mostrando que é possível conciliar o desenvolvimento econômico com a conservação ambiental.

“No trabalho nós alertamos que o poder público não precisa expulsar as pessoas da área ou retirar sua fonte de renda para proteger a biodiversidade e os recursos naturais. Em vez disso, é necessário tomar medidas como o estabelecimento de Áreas de Preservação Permanente (APPs) em todas as nascentes da região, como é preconizado no Código Florestal. Outra medida que sugerimos para a Serra da Fumaça é a criação de uma Unidade de Conservação, em processo devidamente acompanhado por todos os setores envolvidos na região, de modo a proteger os recursos naturais e garantir a renda e atividades das populações locais”, conclui.

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BRASIL DEVE RECEBER MAIS DE 30 A 50 ARARINHAS AZUIS EM 2023

O Brasil deve receber mais uma leva de ararinhas-azuis (Cyanopsitta spixii) em 2023. Entre 30 e 50 aves devem chegar ao país, vindas da Alemanha, como parte do projeto de reintrodução da espécie na caatinga brasileira, duas décadas depois de ser considerada extinta na natureza.

Segundo Camile Lugarini, coordenadora executiva do Plano de Ação Nacional (PAN) da Ararinha-Azul, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a ideia é que os animais cheguem ao Brasil já no próximo mês.

O primeiro grupo de 52 ararinhas-azuis chegou a Curaçá em 2020, procedentes de um criadouro alemão. Foi nesse município baiano que o governo brasileiro criou unidades de conservação ambiental para garantir a proteção e o habitat desses animais na natureza.

Ali também foi construído um enorme recinto de adaptação para que as ararinhas reaprendam a viver soltas. As primeiras oito aves foram reintroduzidas na natureza em junho deste ano. No último dia 10, foram soltas mais 12. A ideia é soltar 20 aves, por ano, nas próximas duas décadas. As informações é da Agência Brasil.

Cerca de 30 ararinhas são mantidas no cativeiro, na sede do projeto em Curaçá, como reservas para a reintrodução e como reprodutoras. Três filhotes já nasceram dentro do viveiro baiano e devem ser soltos na natureza, assim como devem ser libertados filhotes nascidos em um criadouro de Minas Gerais, a Fazenda Cachoeira.

No entanto, a principal fonte de animais para reintrodução continua sendo o criadouro alemão ACTP. Para a chegada dessa nova leva, vinda da Alemanha, os pesquisadores aguardam a liberação da vigilância agropecuária do Brasil devido a um surto de gripe aviária que atinge a Europa.

“Caso não seja possível trazer as aves em janeiro, a gente vai verificar se consegue, com os animais que nasceram aqui no Brasil, fazer uma soltura, porque uma coisa importante é o número de aves. Quanto maior o número no grupo, maiores são as chances de sucesso. Não adianta soltar uma ou duas, ou três ou quatro. Além de ter todo um critério, que leva em consideração a genética e a saúde, o número de animais também é fator importante”.

Na natureza, as ararinhas têm, como principal risco à sobrevivência, a existência de predadores. Das 20 ararinhas-azuis soltas, três foram mortas por aves de rapina. Há ainda o risco de dispersão para áreas onde os pesquisadores não conseguirão monitorá-las e da ameaça de sua captura por traficantes. (Agencia Brasil)

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UM FELIZ NATAL PRA TODOS!

Um dia, um pedaço do tempo caiu em meus braços, e se fez felicidade. Cronometrei cada segundo e vivi cada minuto como se fosse eterno. Outro dia acordei e percebi que havia perdido. O tempo é assim: se reparte, se fragmenta, se esfarela, se dilui em nossos instantes e num indo e vindo, sai causando um rebuliço na alma, preenchendo nosso vazio de cor e brilho por um determinado momento, depois vai embora.

         A felicidade é só um vulto que vem e vai na hora em que bem quer. 

Há dias que ela vem em forma de gente, há dias que ela vem em forma de coisas; noutros, ela vem fazendo festa: assanha o riso, espalha brasas em nosso interior, incendeia os nossos desejos, bagunça tudo – e se escafede.

         Felicidade é um vento que chega do nada, faz um redemoinho, sacode a poeira, joga um cisco no olho da gente e vai gargalhar noutra freguesia. 

        A felicidade é um relógio que atrasa, faz a gente perder a hora e a noção de tempo e de espaço.

       Felicidade é não se perder no tempo, é viver cada ano de nossas vidas em comunhão com tudo que for paz, que for ternura, que for plural, que for amor.

UM FELIZ NATAL PRA TODOS!

(Texto cantor e compositor Poeta Maciel Mel0- o Caboclo Sonhador)

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FUTURO MINISTRO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL É UM APAIXONADO PELA CIDADE DE AREIA, PARAÍBA, TERRA DA CULTURA

O atual senador e ex governador do Piauí, Welligton Dias a partir de 2023 vai comandar o Ministério do Desenvolvimento Social, uma das pastas mais importantes do novo governo e que será responsável, entre outros programas sociais, pelo Bolsa Família (atual Auxílio Brasil). 

Wellington Dias afirmou que o foco inicial da pasta será "tirar o Brasil do mapa da fome".

Welligton Dias é um apaixonado pelas causas da justiça social. Detalhe: o futuro ministro é um apaixonado pela cidade de Areia, Paraíba,  considerada Terra da Cultura, município que possui o Centro de Ciências Agrárias.

Em 2003, na condição de jornalista, produtor jornalismo da TV Grande Rio Afiliada da Globo e depois assessor de imprensa da Superintendência do Incra-Ministério Desenvolvimento Agrário, ouvi do então Governador do Piauí a confissão de, eles ser um apaixonado por Areia. Minhas origens são de Areia Paraíba.

Welligton Dias tem origem indígena e declara “ter orgulho de ser descendente da nação Jê, da tribo de Jaicó”.

O futuro ministro Welligton Dias é primo do professor Tiago Jardelino Dias que possui graduação em Agronomia (2003), mestrado em Manejo e Conservação do Solo e da Água (2006) e doutor em Agronomia (2011) pela Universidade Federal da Paraíba atuando principalmente nos temas: manejo de solo e água, manejo de irrigação, olericultura e manejo e produção de culturas.

O Tio de Welligton é Getulio Dias, engenheiro agrônomo que estudou em Areia. Getúlio no primeiro ano do Governo Lula foi indicado para ser presidente geral da Superintedetencia da Codevasf.

Aos 60 anos, Wellington Dias é natural de Oeiras, no Piauí. Trabalhou como bancário no Banco do Nordeste, no Banco do Estado do Piauí e na Caixa Econômica Federal, além de ter atuado como radialista.

Filiou-se ao PT em 1985 e foi presidente do Sindicato dos Bancários do Estado do Piauí de 1989 a 1992. Governou o estado por quatro mandatos: foi eleito em 2003, 2010, 2014 e 2018. Além disso, presidiu o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste (Consórcio Nordeste) e coordenou o Fórum Nacional de Governadores.

Welligton Dias e formado pela Universidade Federal do Piauí, especialista em letras portuguesas. Além disso, tem também especialização em políticas públicas e governo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Dias é casado com a deputada federal Rejane Dias (PT-PI), com quem tem quatro filhos.

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LUIZ GONZAGA E OS RECORDES DE AUDIÊNCIA NAS PLATAFORMAS DIGITAIS IMPRESSIONAM DEVIDO OS MILHARES DE ACESSOS

Na terça-feira, 13 dezembro foi dia de celebrar a cultura brasileira, mais especificamente um ritmo musical que nasceu no Nordeste e se espalhou por todo o Brasil, o forró. Neste dia 13 de dezembro, o sanfoneiro Luiz Gonzaga, considerado o Rei do Baião, completaria 110 anos se vivo estivesse. O artista nasceu em 1912, em Pernambuco, e morreu em 1989, no mesmo estado.

O cantor e compositor foi o principal responsável por apresentar a música nordestina ao restante do país e, apesar de ter morrido há 33 anos, seu legado continua vivo e suas canções seguem marcando a vida dos brasileiros. Xote das Meninas, Asa Branca, Vem Morena, Pagode Russo, Numa Sala de Reboco, entre outras, são canções que fazem parte da playlist dos amantes do forró.

Prova de que o talento e importância de Gonzaga para a música nordestina continua vivo na memória dos brasileiros são os números que suas obras seguem alcançando na atualidade. O artista tem mais de 630 mil ouvintes mensais no streaming de música Spotify e suas canções mais famosas, como A Vida do Viajante, tem mais de 10 milhões de reproduções na plataforma.

No Youtube, os números são igualmente surpreendentes. O vídeo da música Asa Branca, em parceria com o cantor Fagner, por exemplo, tem 42 milhões de visualizações. Outro, uma parceria com a cantora Elba Ramalho na canção Sanfoninha Choradeira, acumula 14 milhões de reproduções.

Em 1947 Gonzaga gravou a música Asa Branca. A canção foi escrita pelo sanfoneiro e por Humberto Teixeira em 3 de março daquele ano e se tornou o maior sucesso do Rei do Baião e uma das músicas mais populares do país.

De acordo com o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD), Asa Branca é uma das músicas mais tocadas em festas juninas. Na década de 2010, a música ficou em terceiro lugar no ranking das canções mais usadas na festividade nordestina. Além disso, segundo relatório do Escritório, divulgado em setembro de 2022, ela é a terceira música mais regravada da história do Brasil, com 366 interpretações.

A música fala sobre a seca no sertão nordestino sob o olhar de um roceiro. A forma como o cantor descreve as paisagens, a sazonalidade e os animais rendeu a Gonzaga o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). O nome da canção é inspirado na ave asa-branca, uma espécie de pombo que possui natureza migratória e consegue voar a longas distâncias e altitudes.

Logo após esse sucesso, mais precisamente em 1950, Gonzagão se consagrou como o Rei do Baião e a voz mais popular da música nordestina. Baião é um gênero musical e de dança popular na região Nordeste, ele deriva do lundu — dança e canto de origem africana introduzida no Brasil pelos escravizados vindos da Angola — e utiliza muito instrumentos musicais como viola caipira, triângulo, flauta doce e sanfona.

Luiz Gonzaga é o artista mais tocado em festas juninas. Suas músicas ocupam o topo da lista de mais reproduzidas nessa ocasião. “Olha pro céu”, por exemplo, ficou em segundo lugar como a música mais ouvida em São João da última década, ficando atrás somente de “Festa na roça”, autoria do cantor Mario Zan.

“Pagode Russo”, é outra composição de Gonzagão que está entre as mais usadas em festas juninas, tendo sido a mais tocada no ano de 2010. Ela é também a quinta canção interpretada pelo sanfoneiro mais ouvida no período entre 2016 e 2020.

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PROJETO DO NEMA CONCLUI IMPLANTAÇÃO DE 39 BARRAGENS NAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA ARARINHA AZUL

Para recuperar a vegetação das áreas localizadas no interior e entorno das Unidades de Conservação da Ararinha-azul, em Curaçá (BA), o Núcleo de Ecologia e Monitoramento Ambiental (Nema) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) realiza uma série de esforços através do Projeto RE-Habitar Ararinha-azul. 

O processo de reflorestamento dessas áreas se dará com a união de modelos de recuperação de áreas degradadas e a implantação de tecnologias sociais de prevenção à desertificação, como barragens e cordões em contorno. O projeto concluiu a construção de 39 barragens sucessivas, que irão aumentar significativamente a disponibilidade de água na região.

Realizado em parceria com a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento (Fade) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o projeto irá recuperar 100 hectares vinculados às margens de rios intermitentes ou temporários e 100 hectares em regiões mais secas. Toda essa área se concentra nas unidades de conservação Refúgio de Vida Silvestre (RVS) e Área de Proteção Ambiental (APA) Ararinha-azul, em Curaçá (BA), habitat prioritário das ararinhas-azuis.

As barragens sucessivas foram implantadas em riachos e afluentes em seis propriedades rurais como parte das técnicas de recuperação das áreas degradadas de mata ciliar. Concluídas em outubro, as obras duraram dois meses e envolveram o esforço de uma equipe de nove pessoas, entre analistas ambientais e auxiliares de campo, em sua maioria moradores da região.

Estas barragens auxiliam na manutenção da água e na fertilização gradual do solo onde são implantadas. Dessa maneira, contribuem para um ambiente mais favorável para as espécies vegetais e, consequentemente, para a fauna silvestre, em especial as ararinhas-azuis. Com a recuperação de várias funções do ecossistema, será possível para os moradores, que vivem no interior das unidades de conservação, o desenvolvimento mais sustentável de atividades agrícolas em suas propriedades.

De acordo com o pesquisador do Nema, o engenheiro agrônomo Anderson Souza, essa tecnologia social irá reter um maior quantitativo de água que, normalmente, se perde por conta da baixa cobertura vegetal nas áreas degradadas. “As barragens sucessivas contribuem na redução da velocidade das enxurradas após as chuvas, aumentando a infiltração de água no solo e a disponibilidade hídrica, além de auxiliar na contenção de sedimentos, evitando o assoreamento de rios e reservatórios”, explica.

O projeto ainda implantará sete barragens subterrâneas e cerca de 50 quilômetros de cordões em contorno, junto à execução de semeadura direta e plantios de mudas em áreas degradadas. Todos fazem parte dos métodos que compõem o arranjo tecnológico do Nema para recuperar áreas de mata ciliar e savana estépica.

RE-Habitar Ararinha-azul - Projeto aprovado na chamada do GEF-Terrestre, em seu componente para recuperação de áreas degradadas da Caatinga. A iniciativa é financiada pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA).

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UFRN SERÁ A PRIMEIRA INSTITUIÇÃO DE ENSINO NO BRASIL A REALIZAR PESQUISAS CIENTÍFICAS COM DERIVADOS DE CANNABIS

A Anvisa concedeu uma autorização especial para a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) conduzir projetos de pesquisa pré-clínica com derivados da Cannabis.

As pesquisas pré-clínicas não são realizadas em humanos e serão conduzidas pelo Instituto do Cérebro da UFRN (ICe-UFRN) para avaliação da eficácia e segurança de combinações de fitocanabinóides no manejo de sinais e sintomas associados a distúrbios neurológicos e psiquiátricos .

A Autorização Especial Simplificada para Estabelecimento de Ensino e Pesquisa (AEP) foi concedida após a UFRN entrar com um recurso administrativo frente ao indeferimento de um pedido anterior de AEP relacionado aos referidos projetos de pesquisa científica, que buscam avaliar o potencial terapêutico da planta.

Apesar de sua utilização com fins medicinais há milhares de anos, ainda existe importante lacuna científica sobre as potencialidades, mecanismos de ação e efeitos do uso de Cannabis no organismo humano.

De acordo com a Anvisa, a ausência de informações científicas acuradas pode implicar em imprecisão que impede, muitas vezes, a determinação da eficácia do uso de produtos derivados da Cannabis em terapias curativas ou amenizadoras de dores.

Para a Anvisa, a geração de conhecimento científico se torna fundamental ao desenvolvimento de medicamentos, nos termos da própria Resolução da Anvisa, que prevê uma regularização temporária para os produtos derivados de Cannabis autorizados, de modo que possam ser comercializados de forma segura enquanto estão sendo concluídos os estudos clínicos.

Para conceder a autorização especial, a Anvisa alguns critérios obrigatórios a serem seguidos, dentre os quais destacam-se:

O projeto de edificação e instalações da Instituição de Pesquisa deve ser submetido à avaliação da Anvisa previamente ao início da pesquisa;

A Universidade deverá encaminhar à Anvisa os registros do acompanhamento individual de cada projeto em desenvolvimento por meio de relatórios semestrais e anuais;

Deverá ser apresentado à Anvisa um relatório de conclusão ao término do projeto de pesquisa, contendo informações completas sobre a utilização e destinação da planta Cannabis sp.;

Em caso de descarte de produto, este deve ser inativado por meio de autoclavagem e, posteriormente, descartado por empresa especializada em descarte de resíduos químicos e biológicos pelo processo de incineração;

Definição de requisitos específicos referentes ao controle de acesso às instalações onde serão realizadas as pesquisas.

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LIVRO CELEBRA 110 ANOS DE LUIZ GONZAGA Á ALTURA DE SUA GRANDEZA

Foram muitas as vezes em que Paulo Vanderley repetiu “Seu Luiz Gonzaga”. Havia respeito no tom e reverência na fala que discorria sobre o Rei do Baião. Aos 43 anos, Paulo segue sem hesitar em demonstrar (e afirmar) que o artista pernambucano é o maior do Brasil de todos os tempos.

“Sim, eu sempre falo isso. Eu sempre falo isso”, reforçou o paraibano, assumidamente fã, colecionador, admirador e mais recentemente autor de um compilado que reúne um tanto do muito que foi/é a imensidão do mais completo representante da música nordestina e que no último dia 13, se vivo estivesse, teria completado 110 anos – data que trouxe à tona o livro “Luiz Gonzaga – 110 do Nascimento”, material em box que envolve de histórias da vida e obra de Gonzagão, além de raridades em fotos, capas de LP’s e outros itens que detalham sobre o filho de Januário e Mãe Santa, nascido no Sertão do Araripe, em Exu.

 “A ideia do livro vem rondando meu juízo desde a época do centenário, mas acabei envolvido em vários projetos de Seu Luiz, como o filme (“Gonzaga: de Pai para Filho”, 2012), o desfile da Escola de Samba (Gonzaga foi homenageado no desfile da Unidos da Tijuca, em 2012). Eu já queria fazer o livro, porque são mais de 30 anos colecionando e juntando materiais do selo Luiz Gonzaga”, contou Paulo em conversa com a Folha de Pernambuco, complementando que do livro, o fã vai se emocionar com o fato dele ser contado em primeira pessoa. 

 “As pessoas vão ouvir a voz de Seu Luiz Gonzaga contando a história dele pra gente, através de QR Codes espalhados pela obra, bastando apontar o celular para ouvir a voz dele bem intimista, parece que está falando no ouvido da gente, essa é a sensação”.

Pensado para levar o máximo de Gonzagão, como artista e como pessoa, aos fãs, o livro é fruto de um trabalho de pesquisa intenso, que envolve do palco à infância entre as boas novas do artista que foi porta-voz das dores e das delícias do nordestino. 

“Montamos o livro com entrevistas de rádio que ele deu, transcrevemos o material e foram mais de 300 páginas. E a cereja do bolo desse projeto foi a entrevista com Dominique Dreyfus (biógrafa de Gonzaga com a obra “Vida de Viajante: a saga de Luiz Gonzaga”, 1996). 

Ela, uma jornalista francesa, fez com Seu Luiz exatamente o que eu gostaria de fazer: acompanhou-o do palco até em casa, numa relação muito próxima”, contou Paulo, que como referência para a obra utilizou materiais semelhantes produzidos para os Beatles, Elvis e Senna.

“Não é muito comum no Brasil ver esse tipo de trabalho com nossos artistas, e usamos isso como base mas tem que ser daqui para frente, tem que ser melhor do que essas referências”. 

A obra é formada, entre outros detalhes, por capas dos discos de carreira de Gonzaga, carteira com seu retrato 3 x 4, documento do carro, cartaz, pôster e o livro, multimídia, com quase 500 páginas, além de curiosidades como o contrato de ‘Seu Luiz’ com a Rádio Nacional e o seu cartão bancário – este último item, aliás, traduz bem o começo da história de Paulo Vanderley com o Rei do Baião, já que o seu pai era gerente do Banco do Brasil em Exu.

E foi com Luiz Gonzaga como cliente da agência que a história do artista pernambucano se entrelaçou com a do paraibano, fato que consta inclusive em fotos suas em rede social, precisamente ao lado de sua irmã, ambos crianças e sorridentes ao lado do ídolo.

“Eu adoro essa palavra legado. Porque o legado gonzaguiano é fantástico, imensurável e para mim foi ele que ditou, que embalou minha vida desde que me entendo de gente”, contou.

Serviço: O box “Luiz Gonzaga - 110 Anos do Nascimento” pode ser adquirido pelo valor de R$ 200 (+ frete), no link que fica no Instagram de Paulo (@paulovanderley_) ou diretamente no site 110anos.luizluagonzaga.com.br.

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PROGRAMAÇÃO E HORÁRIOS DA POSSE DE LULA E ALCKIMIN ACONTECE NO DIA PRIMEIRO DE JANEIRO

O Senado divulgou o roteiro da cerimônia de posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 1º de janeiro. O cronograma previsto tem início às 13h30 com a chegada de autoridades, convidados e chefes de Estado ao Congresso Nacional, e se encerra com a ida de Lula e do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) ao Palácio do Planalto às 16h20.

Em sua conta no Twitter, Lula fez nesta sexta-feira (16/12) uma convocação para que seus apoiadores compareçam à Esplanada dos Ministérios a partir das 11h para acompanhar a posse.

O cortejo com Lula e Alckmin terá início na Catedral Metropolitana de Brasília às 14h30, em carro aberto, em direção ao Congresso Nacional. Ambos serão recebidos pelos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A sessão solene da posse terá início às 15h, com a leitura e assinatura do termo da posse e pronunciamentos de Lula e Pacheco.

Após a sessão solene, presidente eleito e vice vão à área externa do Palácio do Planalto, onde recebem as honras militares antes de subir a rampa. Além do Congresso, Lula e Alckmin também participarão de solenidades no Planalto e no Itamaraty.

Em paralelo, ocorre na Esplanada dos Ministérios o Festival do Futuro, com shows gratuitos de dezenas de artistas e transmissão da posse. O evento terá início às 12h.

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MPF CONSEGUE INCLUSÃO DA COMUNIDADE INDÍGENA COMO PRIORIDADE DE VACINAÇÃO CONTRA CONVID-19

Após atuação do Ministério Público Federal (MPF), a Justiça Federal proferiu uma sentença obrigando a União a incluir o povo indígena Pankararu, da Aldeia Angico, em Petrolândia, no Sertão de Pernambuco, no rol de prioritários para a vacinação contra a Covid-19 e ao cadastramento no Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS). 

A decisão confirmou liminar obtida no âmbito de ação ordinária movida contra a União pelos indígenas. O Estado de Pernambuco, por sua vez, deverá receber os imunizantes disponibilizados pelo Governo Federal e encaminhá-los ao Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei/PE).

A liminar, proferida em maio do ano passado, garantiu a aplicação da primeira dose da vacina contra a Covid-19 em 34 homens e mulheres acima de 18 anos. À época, a Justiça Federal determinou, após atuação do MPF, que Pernambuco e a União providenciassem a distribuição das doses necessárias para a vacinação prioritária do povo indígena. A comunidade ainda não tinha sido contemplada pelo Plano Nacional de Imunização contra a Covid-19, embora a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) tivesse promovido a vacinação de outros indígenas da etnia Pankararu.

A pedido do MPF, a Justiça Federal também incluiu o Estado de Pernambuco no polo passivo do processo, uma vez que a ação ordinária movida pela comunidade indígena havia sido ajuizada apenas contra a União. A inclusão visou a garantir todas as providências necessárias para a efetivação da vacinação dos índios, desde o fornecimento dos imunizantes pelo Ministério da Saúde, passando por sua distribuição pelo Estado de Pernambuco, até sua efetiva aplicação pelo Dsei.

Na manifestação do MPF, o procurador André Estima destacou que, embora a área ocupada pela Aldeia Angico Pankararu não tenha sido demarcada oficialmente como terra indígena ou área de reserva, a comunidade habita o local e ali vive de modo tradicional, atendendo aos requisitos legais e à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que determinou prioridade na vacinação dos povos indígenas localizados em terras não homologadas.

O MPF reforçou ainda que a Lei nº 14.021/2020, que dispõe sobre as medidas de proteção social para prevenção do contágio e da disseminação da Covid-19 nos territórios indígenas, impõe que serão abrangidos, entre outros grupos, os indígenas isolados e de recente contato, aldeados e aqueles que vivem fora das terras indígenas, em áreas urbanas ou rurais.

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ESPECIALISTAS COBRAM A VOLTA DA EXCELÊNCIA À VACINAÇÃO NO BRASIL

Os especialistas que participaram do painel "A saúde como fonte de sustentabilidade da nação" chamaram a atenção para a vacinação no país, cuja falta de uma campanha pelo Ministério da Saúde, no governo do presidente de Jair Bolsonaro, baixou os índices de cobertura junto à população. Isso aumentou o risco da volta de doenças que estavam erradicadas, como a poliomielite — segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Marlene Oliveira, presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida, foi enfática ao ressaltar a necessidade de fortalecimento do Programa Nacional de Imunização (PNI), posição endossada pelo ex-ministro da Saúde Humberto Costa ao salientar que entre os pontos considerados emergenciais pelo governo de transição — e que deverá ser objeto de ação do futuro governo — está a reorganização do Programa Nacional de Imunização (PNI), "para atender a milhões de crianças e jovens que correm o risco de contrair doenças que já foram erradicadas no país".

A presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida lembrou que o PNI, que tem quase meio século, é referência mundial e oferece 47 imunobiológicos. Mas lamentou que a cobertura vacinal infantil voltou ao patamar de 1987. "Tem que voltar ao centro da discussão", cobrou Marlene.

Mas este não é o único problema no horizonte da saúde brasileira no curto prazo, que terá de ser enfrentado pelo governo que se inicia em 1º de janeiro de 2023. Humberto Costa chamou a atenção para uma demanda reprimida de consultas, atendimentos e tratamentos que deixaram de ser executados por causa da crise sanitária provocada pela covid-19.

"São milhões de pessoas que, na pandemia, tiveram que abdicar de suas consultas, seus exames, porque os hospitais estavam voltados ao tratamento dos pacientes de covid", lembrou, acrescentando que o isolamento social que foi necessário ser feito no primeiro momento da pandemia afastou os pacientes de suas rotinas médicas. Costa assegurou que haverá "um grande mutirão" do futuro governo para diminuir esse passivo.

O senador ressaltou, porém, que esse esforço não poderá ficar somente sobre os ombros da administração pública. Ele deixou claro que a iniciativa privada terá de participar desse processo, como fornecedora de insumos e tecnologias.


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DOCUMENTÁRIO SOBRE A TRAJETÓRIA DE MANUCA ALMEIDA SERÁ LANÇADO NESTA SEXTA-FEIRA (16)

O lançamento do vídeo documentário 'Eu sou o que sou', que narra a trajetória do multiartista Manuca Almeida será lançado às 18h desta sexta-feira (16), dentro da programação do Festival Edésio Santos da Canção, na Orla II de Juazeiro. 

O material é fruto do Trabalho de Conclusão de Curso do jornalista André Calixto e o lançamento acontece no dia em que Manuca completaria 59 anos. O apoio é da Prefeitura de Juazeiro, através da Secretaria de Cultura, Turismo e Esportes (Seculte).

No documentário, André Calixto mergulhou fundo na trajetória de Manuca Almeida, que faleceu aos 53 anos, no ano de 2017. A narrativa do vídeo é baseada na família, nos amigos e nos parceiros. O material conta com importantes contribuições de pessoas que conviveram com Manuca e muitos nomes de renome nacional, como Margareth Menezes, Xangai, Tato (Fala Mansa), Targino Gondim, Alexandre Leão e o ator Paulo Betti, além de artistas locais como João Sereno, Mauriçola, entre outros.

Nascido em Sergipe e radicado em Juazeiro, Manuca era compositor, poeta, ator, escritor e artista multiplural. Sua marca era a irreverência, como explica o autor do vídeo documentário. "Manuca era um artista completo, um ser inigualável, inimitável, amigo, parceiro, pessoa do bem que sempre levou por onde quer que andasse, o nosso jeito criativo no meio artístico, musical, poético e futebolistico, o cara que simplesmente fez o "marqueting", um dos dialetos criados por Manuca, o qual através da sua irreverência foi e continua sendo o maior propagandista da nossa cultura e arte para o Brasil e o mundo inteiro", descreveu o jornalista André Calixto.

Esse é o primeiro trabalho desse tipo após o falecimento de Manuca, esse ícone que que chegou até a ganhar um Grammy de melhor música brasileira em 2001, com "Esperando na Janela", composta em parceria com Targino Gondim e Raimundinho do Acordeon.  André Calixto aproveita a oportunidade para convidar a população para o lançamento do documentário e agradece pelo apoio da Prefeitura de Juazeiro. "Eu quero agradecer à gestão Suzana Ramos, por meio da Seculte por apoiar a divulgação desse importante documentário e convidar a população de Juazeiro para prestigiar o lançamento hoje, às 18h", concluiu. (Fonte: Ascom/PMJ)

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ADERALDO LUCIANO: ESTRADAS, ENGENHOS E SINAS

Areia Paraíba 14 dezembro de 2022. Boa tarde a todos e a todas. 

Minha mãe, hoje, me deu a seguinte missão: "Escreva um texto bem bonito sobre Aderaldo Luciano. Ele merece!". Essa missão quase me fez desistir de vir aqui apresentar o novo livro de Aderaldo, que recebi há dois dias e li, de chofre, em poucos minutos. Leitura fluida e boa. Vou ficar devendo o belo texto, nunca o afeto e a gratidão pela honra do convite. Venho de uma família de ansiosos e, amanhã, serei madrinha de casamento do meu primeiro sobrinho. E, como ser madrinha de casamento será o mais perto que cheguei e chegarei de um altar, estou eu tão nervosa quanto a noiva. Pois bem, apresentado o motivo real pelo qual vocês não ouvirão esse belo texto, vamos a ele: o texto. 

Sobre o livro, falarei depois, porque o autor é figura deveras instigante. Seguindo o conselho do escritor, na orelha do livro: "Quanto a mim, quem quiser saber mais dos meus desencantos, jogue meu nome na busca da internet." Assim o fiz. Quase sem fim, a busca. Em suma, louvam o Mestre e Doutor em Ciência da Literatura, pela UFRJ, poeta, músico, cantor e um dos maiores nomes no estudo da poética nordestina. Mas, querido Aderaldo, li muita coisa e, creio, que sabemos mais dos seus desencantos que todos os navegadores de busca, nós, os amigos de sempre. Uma amiga querida me disse outro dia: "Eu não entendo Aderaldo Luciano". Ao que respondi: nem você, nem ele, nem eu. Nem nós. 

Mas apresentadora elegeu um leque de adjetivos para sua alma inquieta e para quem quiser entender Aderaldo Luciano. Aderaldo, o inquieto, o polêmico, o performático, o inteligente, o saudosista, o satírico, sarcástico e lírico, ao mesmo tempo. O sensível, o corrosivo, o lúcido, o louco, o provocador, o conciliador, o avesso do avesso. Um belo verso de pé quebrado, talvez lhe seja uma boa definição. O verso de pé quebrado é aquele que fere a métrica ou o ritmo do poema, mas para alcançar melhor o sentido. Aderaldo sempre grita porque sempre careceu de gritar para ser ouvido. Como disse Clarice: "como atingir sem exagerar? Sem exagerar, como conseguir?". Por isso, ele superou aos outros, ao meio e a si e serve de modelo e exemplo para quem veio antes e depois dele. 

Passando por cima do autor, vamos à obra: Estradas, Engenhos, Sinas. 

Talvez a escolha da pessoa para apresentar a obra tenha sido devido ao afeto, de há muito tempo, entre mim e ele: cursamos algumas disciplinas no Curso de Letras da, hoje, UFCG. Já naquela época, ele armora um levante para exigir a saída do professor de Crítica Literária, considerado terrível, pois só duas alunas (eu e outra) teriam pago a disciplina e deveria haver outros motivos mais. 

Aderaldo, o notívago insone, a fazer a ronda noturna, acompanhando os vigias, quando havia os poéticos vigilantes pelas ruas enladeiradas. Aderaldo, o que largou tudo e, de repente, estava bem instalado no RJ, para a surpresa dos amigos. O que casou, fundou editora, largou tudo e foi pra SP. O que vai e vem sempre, porque é ser de fluidez absoluta. 

Deixemos o autor em paz. Vamos ao texto.

Não tenho sido autoridade quando o tema é a poesia popular, o maravilhoso cordel. Nunca soube contar bem sílabas poéticas e cédulas reais, sou também um verso de pé quebrado no poema trágico que é a vida. 

Pois bem, vamos tentar fazer o melhor com o pouco que temos. A apresentação é um texto perfeito, são 8 itens explicativos, como sinalizadores da forma escolhida, da história de Sebastião e seu lugar. São sextilhas, seis estrofes, versos de sete sílabas poéticas (aqui o ritmo é que manda) e rimas soantes, são as que levam em conta a identificação sonora entre as vogais até a última sílaba tônica do verso. E, claro, os bem vindos versos de pé quebrado, que desobedecem as ordens estabelecidas. Tal qual o autor do texto. Assim, somos apresentados à leitura  da história de Sebastião e à paisagem brejeira, aos Engenhos de fogo Morto, às estradas sinuosas e simpáticas que ligam Pilões, Serraria, Areia, aos famigerados temporais. Sim. Tudo é Areia. 

Aderaldo é um homem de sua terra, o telurismo, o amor à terra natal perpassa todos os versos. Amar um lugar nunca é amor contínuo, segue exatamente como são as batidas irregulares do coração, vezes amor, outras puro ódio, outras devoção. Amar Areia e seus arredores não é amor fácil. Todos sabemos disso. Mas li de um autor que nada é mais significativo que o lugar em que a gente nasce e a pessoa a quem a gente ama. Não há nada mais importante que isso.

Pois bem, a forma perfeita, o lugar imperfeito são o cenário, para a história de Sebastião, um cambiteiros dos Engenhos, como chamados aqui. Sebastião e o cenário descritos pelo autor me lembraram os personagens de José Lins do Rego e me levou um pouco mais longe: a Juca Mulato, de Menochi dele Picchia, lá de 1922, leitura amada na adolescência, do caboclo que cisma e passa a se sentir inadequado desde que, ali, a filha da patroa começa a lhe dirigir olhares. Aqui, em Aderaldo, a própria patroa. O desfecho é perfeito: sem amores perfeitos, ele volta apenas como observador que não julga, apenas observa e louva e aceita, altivo, o seu destino: 

Suas certezas estavam 

Claramente definidas: 

Um momento é um momento, 

Pode ou não mudar as vidas. 

Os detalhes vêm na estrada,

Nas léguas todas vencidas. 

Ainda no fim do texto, os dísticos (as parelhas, estrofes de dois versos) perfeitos, que resumem, todo o telurismo e o amor â terra, pretendidos pela obra: toda estrada só nos leva ao lugar que mais amamos. É a certeza. 

Por fim, as ilustrações feitas pelo artista plástico areienses Severino Ramos vão narrando, junto com as sextilhas, a história de Sebastião, e dos meeiros, cambiteiros, agregados que ainda compõem o repertório do nosso lugar. Meus desenhos eleitos são as  duas primeiras ilustrações porque são imagens eternizadas desde a primeira infância. 

Parabéns, Aderaldo. Obrigada, Aderaldo. Fico devendo o Belo texto. 

(Texto: Janaína de Castro Azevedo Silva,  Mestre em Linguística pela UEPB, professora, escritora, elaboradora de projetos culturais)  

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EXU CRIATIVO: FEIRA DE ARTESANATO MOVIMENTA FESTEJOS DOS 110 ANOS DE NASCIMENTO DE LUIZ GONZAGA

Exu Criativo. Nas festividades dos 110 anos do nascimento de Luiz Gonzaga, o município também ganha o ritmo da Feira de Artesanato Economia Criativa na praça da Matriz, a partir das 08hs do sábado, 10 de dezembro.

Entre as participantes da Associação de Mulheres As Karolinas, detalhe, Mulheres Karolina com K. a música interpretada por Luiz Gonzaga mostra o empoderamento das exuense. No universo das comunidades artesanais brasileiras, 90% do segmento é formado por mulheres artesãs. Um exemplo está em Exu, Pernambuco. As mulheres artesãs trazem inovação, um olhar para o todo e buscam atuar em Exu, Pernambuco e região, o que fortalece ainda mais o trabalho que desenvolvem através do artesanato.

Ano passado durante as festividades dos 109 anos de Luiz Gonzaga, a presidente da Associação de Mulheres As Karolinas, localizada na Comunidade da Vilha Nossa Senhora Aparecida, a agricultura Cícera Evarista, disse  que é neta do artesão, o saudoso Zé Maria que transformava cipó em Arte e que associação surgiu com objetivo de melhorar a qualidade de vida e autoestima das mulheres.

A Associação de Mulheres As Karolinas é exemplo de superação, esforços e vontade de vencer. "Todas as mulheres artesãs aqui seguem a máxima da música Vozes da Seca, pois queremos trabalhar e ganhar com nosso suor, não queremos esmolas. Queremos trabalhar e mostrar que somos da terra da arte", afirma Cicera.

A associação surgiu para garantir dignidade às mulheres e está em ascensão, se aperfeiçoando para driblar os desafios para conquistar seus espaços. “Não é fácil e nem simples, mas é transformador”, afirma Cícera ressaltando que as mulheres fazem tricô, croché, bordado, brincos, e várias miniaturas com a imagem de Luiz Gonzaga.

São cerca de 36 mulheres, todas unidas e com a missão também de capacitar pessoas para a geração de rendas. "As artesãs criam juntas e ganham juntas”.

As mulheres são maioria no Brasil, equivalente a 51,8% da população segundo o censo do IBGE de 2019. Nas comunidades artesanais brasileiras esse número é ainda maior: as mulheres representam 90% de todo segmento. O fortalecimento do trabalho das artesãs no país acontece especialmente pelo trabalho contínuo de comunidades e instituições de apoio.

CRIATIVIDADE: Em Exu, Pernambuco, terra de Luiz Gonzaga, mestre da Sanfona e de Bárbara de Alencar, mulher revolucionária na definição de arte, tem um nome: Giselly Nogueira. No mundo da arte ela assina como GiNogueira. "Meu apelido é Luna Gizel e pretendo assinar minhas obras somente por Gizel", revela GiNogueira que tem 35 anos e trabalha com artes há mais de 23 anos.

De acordo com relatos de sua mãe, a poetisa Nenem Nogueira, Gizel, começou a desenhar aos 3 anos de idade, extremamente curiosa e apaixonada pelos gibis da Turma da Mônica, a alegria das músicas interpretadas por  Luíz Gonzaga, evoluções da ciência e sempre novas descobertas.

"As maiores inspirações em minha vida de início sempre foi a minha mãe em sua mente versátil, Maurício de Souza, Leonardo Da'Vinci, Luíz Gonzaga. Mas no geral minhas inspirações são momentâneas, que vão desde um simples morador de ruas até a genialidade dos físicos e químicos", revela Gizel, ressaltando que como pesquisadora vive fazendo testes e mais testes para criar técnicas que corroborem com a sustentabilidade e valorização do meio ambiente e ecologia.

Uma das técnicas aprovadas nas suas observações e testes deu o nome de Acrilicanatur: acrílica ( o acrílico que vem do lixo retirado do meio ambiente e materiais comerciáveis) e natur ( natureza na língua yorubá, a luta por liberdade dos afrodescendentes desde a colonização no Brasil até agora).

"Criei esta técnica logo após ter iniciado os estudos com alquimia aos 16 anos de idade", conta Gizel.

Neste mês de setembro, quando o município de Exu, completou 115 anos de emancipação política, um dos trabalhos que merece destaque foi a releitura sobre a história da bandeira da cidade.

"Quanto a bandeira de Exu, esta foi uma de minhas melhores obras, foi uma encomenda feita pela escola São Vicente de Paula aqui de Exu através do professor Maiadson Vieira que também é um pesquisador. Meu irmão Davi Wesley que também é desenhista me ajudou a compor esta releitura", explica Gizel.

A técnica usada foi a aquarela, feita com acrílica sob tecido oxford, a vestimenta foi modificada segundo relatos dos próprios índios parentes dos Exuenses os índios Kariris. Segundo, conta a a história, o povos originários, devido ao pequeno número de aves na região do Araripe os índios usavam palhas em suas vestes e não penas, o modelo de cocar com penas coloridas é proveniente dos índios norte-americanos que em algumas regiões do Brasil as tribos usam penas, porém na região em que vivemos de agreste e sertões, cerrado as aves são em menor número.

No desenho da bandeira o milho representa a colheita através do trabalho duro e conhecimento dos ancestrais quanto a época de plantio sob as dificuldades climáticas da região. A índia segurando a lança representa a força feminina que luta como igual junto ao homem.

"O horizonte com o sol nascente remete a esperança de dias melhores, da evolução espiritual e moral de cada ser humano, o desbravar dos mistérios da vida que nasce todos os dias sob a serra, nos lembrando que é mais uma chance de lutar pelo que acreditamos", diz Gizel.

Neste mês de dezembro é a data das festividades dos 110 anos do nascimento de Luiz Gonzaga. De acordo com Gizel, o "sentimento é de saudades de quem só conheci a história e ainda estou a conhecer mais sobre estes heróis da história de Exu Pernambuco para o Brasil e o mundo. O coração gigante do Rei do Baião que tanto fez e ainda faz pelo sertão, a força e coragem de uma mulher que poderia ter sido eleita presidente do Brasil, a heroína Bárbara de Alencar, é uma honra pertencer a um lugar que ainda desperta tantas outras personalidades e suas histórias de exemplo".

Nascida em Exu, Giselly Nogueira, GiNogueira, Gizel é a razão de haver luz no universo da arte e defesa do meio ambiente, possui na arte um reflexo do ser humano e representa a sua condição social e essência de ser uma livre pensadora.

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POETA LUIZ FERREIRA LANÇA LIVRO EM HOMENAGEM AOS MUNICÍPIOS PERNAMBUCANOS

O poeta Luiz Ferreira, 77 anos, aproveitou os dois anos que precisou seguir as regras sanitárias e ficar em casa, o isolamento social,  período que usou para escrever o livro que tem o título de "Pernambuco em Versos-Conquistas e Municípios. O livro destaca os 187 municípios de Pernambuco valorizando o patrimônio cultural e histórico das cidades. 

O livro será lançado durante as festividades dos 110 anos de Luiz Gonzaga, na IV Semana Viva Gonzaga, em Caruaru, na quinta-feira (15), às 20hs, no hall da Fundação de Cultura.

" No início da pandemia covid-19 fiquei muito triste, mas não podia desanimar. Então resolvi fazer o livro. Nele cito os municípios pernambucanos, os amigos, poetas, compositores, pessoas que fazem cultura e arte, envolvidos na vida e obra de Luiz Gonzaga", explica Luiz Ferreira.

Luiz Ferreira nasceu na zona rural de Caruaru, no Agreste Pernambuco. Caruaru possui o título de Capital do Forró. Luiz Ferreira é o idealizador, fundador e diretor presidente do Espaço Cultural Asa Branca do Agreste, considerada a verdadeira Academia Gonzagueana. Neste local todo mês de novembro acontece o grande encontro com os estudiosos e pesquisadores, especialistas da vida e obra de Luiz Gonzaga, os gonzagueanos, como também são conhecidos.

Todo ano é entregue o troféu ‘Luiz Gonzaga – Orgulho de Caruaru’, criado em 2012. O Grande Encontro Nacional dos Gonzagueanos de Caruaru tem o objetivo de manter viva a memória de Luiz Gonzaga. O grupo de amigos se reúne todos os anos e trocam idéias, experiências e falam sobre a vida e obra do Rei do Baião.

O Encontro dos Gonzagueanos é realizando anualmente desde 2012, sempre na segunda semana de Novembro sendo coordenado pelo diretor do Espaço Cultural e promovida pelo Fã Clube de Gonzagão do Nordeste. Assim como tem o apoio do Lions Vila Kennedy.

HISTÓRIA: No ano de 2014, a coordenação do Curso de Jornalismo do Centro Universitário do Vale do Ipujuca-Caruaru-PE, promoveu, A Semana do Jornalista. Na programação além de palestras com jornalistas da TV Globo e Sistema Jornal do Commecio, contou com o lançamento do documentário-filme Os Gonzagueanos.

Para manter viva a memória de Luiz Gonzaga, um grupo de amigos se reúne todos os anos e trocam materiais, experiências, dividem experiências e falam sobre a vida e obra do Rei do Baião - são os chamados Gonzagueanos. Com o objetivo de registrar essa iniciativa, alunos do curso de Jornalismo desenvolveram um documentário sobre os Gonzagueanos. 

O grupo Gonzagueanos reúne um amplo conhecimento da obra e das parcerias do Rei do Baião, num esforço de manter vivo o trabalho de Luiz Gonzaga. O Espaço Cultural Asa Branca do Agreste, situado no bairro Kennedy, é um exemplo do que essa paixão pelo artista é capaz. O espaço foi criado por Luiz Ferreira, um dos gonzagueanos, a partir da coleção que guardava em um cômodo de sua casa.

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CARUARU: IV SEMANDA VIVA GONZAGA TERÁ PARTICIPAÇÃO DA ORQUESTRA SANFÔNICA DE EXU

Em comemoração ao Dia Nacional do Forró e aniversário do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, que, se estivesse vivo, completaria 110 anos, a Prefeitura de Caruaru, por meio da Fundação de Cultura, montou uma programação dedicada a esta data. De 12 a 16 deste mês, um leque de atividades estará disponível para a população, com exposição, café com Gonzaga, palestras, lançamento de livro e selo do forró, por meio da IV Semana Viva Gonzaga.  

As comemorações terão início, na segunda, 12, com a exposição Viva Gonzaga, na qual peças de barro em homenagem ao artista estarão expostas no hall da Fundação de Cultura, a partir das 19h30. Já na terça-feira, 13, data do aniversário do Rei, será realizado, no Pátio de Eventos Luiz Lua Gonzaga, em frente à estátua, o Café com Gonzaga, onde terá a participação da Orquestra Sanfônica da cidade do Exu, da Orquestra do Maestro Mozart Vieira e artistas locais, que homenagearão o artista cantando músicas de sua autoria. A homenagem tem início às 6h da manhã. 

Seguindo a programação, no dia 14, acontece a palestra: Luiz Gonzaga o Eterno Rei do Baião, que será ministrada pelo compositor e Patrimônio Vivo de Caruaru, Onildo Almeida, também no hall da Fundação de Cultura, às 19h30. 

Para compor o quarto dia de atividades, será a vez do lançamento do selo oficial dos Correios em homenagem ao forró e também o lançamento do livro "Pernambuco em versos, conquistas e municípios", do autor Luiz Ferreira. 

Finalizando a programação, será a vez da palestra "Luiz Gonzaga, Cidadão de Caruaru", com o professor e pesquisador, José Urbano. A palestra será realizada na Escola de Tempo Integral Rubem de Lima Barros, no bairro Cidade Jardim, às 14h30.
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LIVRO LUIZ GONZAGA 110 ANOS DO NASCIMENTO SERÁ LANÇADO NO MUSEU LUIZ GONZAGA, DISTRITO DE DOM QUINTINO, CRATO CEARÁ

Os sertões do Cariri no Ceará e do Araripe em Pernambuco são os locais escolhidos para o lançamento oficial do livro “Luiz Gonzaga 110 anos do Nascimento”, a mais completa obra já disponibilizada sobre a carreira e a vida do Rei do Baião. A publicação é de autoria do pesquisador Paulo Vanderley que, durante mais de três décadas, mergulhou no universo “gonzagueano”, resgatando letras, capas de LPs e fotografias raras do artista.

A celebração de 110 anos do nascimento de Luiz Gonzaga, comemorado dia 13 de dezembro deste ano, contará com uma programação especial. O autor e parte da equipe vão participar de diversos eventos, como noite de autógrafos e palestras, em cidades como Exu, em Pernambuco, terra natal do Seu Lua, como também Juazeiro do Norte, Iguatu e Crato do lado cearense. A programação vai ocorrer entre os dias 10 e 18 de dezembro de 2022.

A musicalidade e o universo de Luiz Gonzaga inspiraram Paulo Vanderley a descortinar a trajetória de um dos maiores artistas brasileiros de todos os tempos. Com isso, o autor, considerado a principal referência sobre o Seu Lua, como o artista também era conhecido, pretende democratizar e compartilhar a história e a arte do Rei do Baião.

No sábado, 10 de dezembro, às 18hs, o lançamento oficial acontece em Exu, Pernambuco, no Colégio Barbara de Alencar. No dia 12, também em Exu, acontece a solenidade de doação de livros para escolas.

No dia 17, o lançamento acontece no Museu Luiz Gonzaga, localizado no Distrito de Dom Quintino, no Crato Ceará.

A obra traz um histórico de 110 matérias publicadas na imprensa entre as décadas de 1940 e 1980. A publicação traz a discografia completa do artista com a impressão de todas as capas e contracapas em tamanho real, bem como os selos dos discos de 78 rotações por minuto. Além disso, é possível escutar o próprio Luiz Gonzaga contando suas histórias pelos QR codes espalhados pelo livro. É o mais rico material já publicado sobre o nordestino Luiz Gonzaga.

Nomes importantes do cenário musical brasileiro e nordestino também fazem parte da publicação. Ícones da MPB como Fagner, Lenine, Santanna, o Cantador, e Maciel Melo, dentre outros, imprimiram seus depoimentos, resgatando de suas memórias pessoais a influência de Luiz Gonzaga em seus caminhos musicais.

DOCUMENTÁRIO, PODCAST, SITE: “Luiz Gonzaga 110 anos do Nascimento” conta também com websérie, podcast, bem como site https://luizluagonzaga.com.br/, garantindo, dessa forma, o caráter multimídia do projeto. Os apaixonados por Seu Lua conseguirão ter acesso ao conteúdo de parceiros musicais e seus herdeiros no forró por meio de uma conversa leve e descontraída.

O podcast “Luiz Gonzaga 110 anos do Nascimento”, lançado este ano, reúne símbolos importantes da carreira do sanfoneiro, cantor e compositor. Este projeto reúne mais de 50 programas nas principais plataformas de áudio. Cada uma das gravações conta com a presença de convidados especiais, como Elba Ramalho, Waldonys, Fagner e Espedito Seleiro.

PARCERIAS: O êxito do projeto contou com importantes parcerias. A edição é permeada pela obra dos artesãos mestre Espedito Seleiro e Maninho Seleiro de Nova Olinda/CE. O projeto gráfico tem assinatura do designer Vladimir Barros de Souza.  

Quem também está presente na obra é o artista visual Bené Fonteles, curador e escritor que, em 2010, lançou “O Rei e o Baião”, em homenagem ao sanfoneiro.

Vale destacar ainda a consultoria da jornalista francesa Dominique Dreyfus, autora da biografia mais completa de Luiz Gonzaga, intitulada "Vida do Viajante: A Saga de Luiz Gonzaga", publicada em 1996.

O AUTOR: A experiência e o conhecimento fizeram de Paulo Vanderley uma referência nacional no tema, tanto que ele foi convidado como consultor em importantes projetos sobre Gonzaga, como o Museu Cais do Sertão, no Recife, o filme "Gonzaga: de pai pra filho", de Breno Silveira, e do desfile campeão do carnaval do Rio de Janeiro em 2012, da Unidos da Tijuca de Paulo Barros.

Aos poucos, Paulo conseguiu transportar esse valioso material para diversos tipos de plataformas, o que permite o público em geral se debruçar no universo do Rei do Baião. “É uma forma de manter viva a memória de um dos maiores nomes da nossa música e reconectar todo esse legado com novas gerações. Eu fico animado com esse interesse por Gonzaga. Ele foi e é muito importante para nossa cultura”, destaca Paulo Vanderley.

PEDRO LUCAS FEITOSA: A história do adolescente teve início em 2013, Pedro Lucas Feitosa, então com 8 anos, voltou encantado de uma visita que fizera ao Parque Asa Branca, o Museu do Gonzagão, em Exu, Pernambuco. Ao voltar para a sua casa, no Crato (Cariri cearense), Pedro Lucas já sabia como dar vazão à admiração que nutre por Luiz Gonzaga: ele criaria um museu dedicado ao Rei do Baião, na casa em que sua falecida bisavó morava, vizinha à dele.

A história virou realidade no distrito de Dom Quintino, a 26 km do centro do Crato,  Ceará, onde Pedro Lucas, montou o museu para contar a história de Luiz Gonzaga. O garoto teve inspiração de outros lugares artísticos. "Eu vi muita gente que queria conhecer a história dele, Luiz Gonzaga, logo vislumbrei criar um ponto turístico e eu criei o museu".

Segundo o avô, Antônio Feitosa, aos 5 anos o menino começou a ouvir as músicas de Luiz Gonzaga e se inspirou. A maior parte dos artigos do museu veio de doações de terceiros. "Eu postava na internet, o pessoal foi vendo e doando", diz o idealizador do museu.

A paixão pela música de Luiz Gonzaga foi concretizada quando numa festa de São João na escola, Pedro Lucas escutou “Numa Sala de Reboco”, letra de Zé Marcolino e ter gostado tanto da música que passou a cantá-la frequentemente. Uma tia dele viu o gosto pela música e presenteou-o com um CD de Luiz Gonzaga.

Atualmente, o Museu Luiz Gonzaga, está localizado na rua Rua Alto da Antena, no Distrito de Dom Quintino. O espaço já foi visitado por nomes como Chambinho do Acordeon, Targino Gondim e o pesquisador Paulo Vanderley, pesquisador da vida e obra de Luiz Gonzaga.

O Museu Reúne objetos que recriam a época em que Gonzagão viveu. Pedro Lucas antes da pandemia guiava as visitas no local, contando a história de cada objeto do museu, função que divide com o primo, Caio Éverton. Além de vinis do artista, o museu exibe sanfonas, ferramentas de trabalho e utensílios, partes do universo cantado por Luiz Gonzaga.

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