LUIZ GONZAGA: PESQUISADOR PAULO VANDERLEY FARÁ DOAÇÃO DE LIVROS PARA ESCOLAS DE EXU

Os sertões do Cariri no Ceará e do Araripe em Pernambuco são os locais escolhidos para o lançamento oficial do livro “Luiz Gonzaga 110 anos do Nascimento”, a mais completa obra já disponibilizada sobre a carreira e a vida do Rei do Baião. A publicação é de autoria do pesquisador Paulo Vanderley que, durante mais de três décadas, mergulhou no universo “gonzagueano”, resgatando letras, capas de LPs e fotografias raras do artista.

A celebração de 110 anos do nascimento de Luiz Gonzaga, comemorado dia 13 de dezembro deste ano, contará com uma programação especial. O autor e parte da equipe vão participar de diversos eventos, como noite de autógrafos e palestras, em cidades como Exu, em Pernambuco, terra natal do Seu Lua, como também Juazeiro do Norte, Iguatu e Crato do lado cearense. A programação vai ocorrer entre os dias 10 e 18 de dezembro de 2022.

A musicalidade e o universo de Luiz Gonzaga inspiraram Paulo Vanderley a descortinar a trajetória de um dos maiores artistas brasileiros de todos os tempos. Com isso, o autor, considerado a principal referência sobre o Seu Lua, como o artista também era conhecido, pretende democratizar e compartilhar a história e a arte do Rei do Baião.

No sábado, 10 de dezembro, às 18hs, o lançamento oficial acontece em Exu, Pernambuco, no Colégio Barbara de Alencar. No dia 12, também em Exu, acontece a solenidade de doação de livros para escolas.

A obra traz um,histórico de 110 matérias publicadas na imprensa entre as décadas de 1940 e 1980. A publicação traz a discografia completa do artista com a impressão de todas as capas e contracapas em tamanho real, bem como os selos dos discos de 78 rotações por minuto. Além disso, é possível escutar o próprio Luiz Gonzaga contando suas histórias pelos QR codes espalhados pelo livro. É o mais rico material já publicado sobre o nordestino Luiz Gonzaga.

Nomes importantes do cenário musical brasileiro e nordestino também fazem parte da publicação. Ícones da MPB como Fagner, Lenine, Santanna, o Cantador, e Maciel Melo, dentre outros, imprimiram seus depoimentos, resgatando de suas memórias pessoais a influência de Luiz Gonzaga em seus caminhos musicais.

DOCUMENTÁRIO, PODCAST, SITE: “Luiz Gonzaga 110 anos do Nascimento” conta também com websérie, podcast, bem como site https://luizluagonzaga.com.br/, garantindo, dessa forma, o caráter multimídia do projeto. Os apaixonados por Seu Lua conseguirão ter acesso ao conteúdo de parceiros musicais e seus herdeiros no forró por meio de uma conversa leve e descontraída.

O podcast “Luiz Gonzaga 110 anos do Nascimento”, lançado este ano, reúne símbolos importantes da carreira do sanfoneiro, cantor e compositor. Este projeto reúne mais de 50 programas nas principais plataformas de áudio. Cada uma das gravações conta com a presença de convidados especiais, como Elba Ramalho, Waldonys, Fagner e Espedito Seleiro.

PARCERIAS: O êxito do projeto contou com importantes parcerias. A edição é permeada pela obra dos artesãos mestre Espedito Seleiro e Maninho Seleiro de Nova Olinda/CE. O projeto gráfico tem assinatura do designer Vladimir Barros de Souza.  

Quem também está presente na obra é o artista visual Bené Fonteles, curador e escritor que, em 2010, lançou “O Rei e o Baião”, em homenagem ao sanfoneiro.

Vale destacar ainda a consultoria da jornalista francesa Dominique Dreyfus, autora da biografia mais completa de Luiz Gonzaga, intitulada "Vida do Viajante: A Saga de Luiz Gonzaga", publicada em 1996.

O AUTOR: A experiência e o conhecimento fizeram de Paulo Vanderley uma referência nacional no tema, tanto que ele foi convidado como consultor em importantes projetos sobre Gonzaga, como o Museu Cais do Sertão, no Recife, o filme "Gonzaga: de pai pra filho", de Breno Silveira, e do desfile campeão do carnaval do Rio de Janeiro em 2012, da Unidos da Tijuca de Paulo Barros.

Aos poucos, Paulo conseguiu transportar esse valioso material para diversos tipos de plataformas, o que permite o público em geral se debruçar no universo do Rei do Baião. “É uma forma de manter viva a memória de um dos maiores nomes da nossa música e reconectar todo esse legado com novas gerações. Eu fico animado com esse interesse por Gonzaga. Ele foi e é muito importante para nossa cultura”, destaca Paulo Vanderley.

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IV SEMANA DE HUMANIDADES CAMPUS OURICURI TERÁ APRESENTAÇÃO DA ORQUESTRA SANFÔNICA DE EXU E CAMINHADA DAS SANFONAS

"A Semana de Humanidades do Campus Ouricuri, em sua quarta edição, traz como tema 'Exu nas escolas': saberes ancestrais, identidades e memórias. O evento homenageia a artista Elza Soares, que se encantou no começo deste ano, após mais de 60 anos de carreira. Considerada a voz brasileira do século XX, ela intitulou um dos seus últimos álbuns, gravado em 2018, de 'Deus é mulher'. Escancarando em suas letras problemas ligados ao machismo e à homofobia, uma das músicas do disco também trata da luta contra o racismo religioso: 'Exu nas escolas'. 

Nesta quarta-feira (30) novembro, das 16h às 18hs, acontece a Caminhada das Sanfonas, que contará com participação da Orquestra Sanfônica de Exu. 

O evento terá mediação dos professores Marcos Eugênio Gomes e professora Mayra Carmeli Maia Sales

EXU 110 ANOS Luiz Gonzaga; Em sua terceira edição, a Caminhada das Sanfonas vai acontecer no sabado, dia 10 de dezembro em Exu (PE), Sertão do Araripe e terá um significado especial neste ano. O evento, que foi criado para manter viva a memória do eterno Rei do Baião Luiz Gonzaga, vai celebrar os 110 anos do músico e homenageará desta vez o saudoso artesão Luizinho dos Couros. Além disso, também servirá para o lançamento de livros do pesquisador Paulo Vanderley.

Luizinho foi nada menos que o primeiro artesão de Gonzagão. O jornalista Leonardo Saraiva, neto de Luizinho, relata que em um domingo de 1954, Luiz Gonzaga, que estava de passagem, viu o vaqueiro Chico Ventura pelas ruas de Exu e notou, admirado, um gibão elegante de detalhes floridos. Mesmo sem conhecer o homem, o chamou: “Ei vaqueiro, venha cá. Quem foi que fez esse gibão seu?”, perguntou o Rei do Baião. “Foi um primo meu”, respondeu Chico. Gonzaga perguntou onde morava o artesão e logo pediu também para que ele levasse um fardo de couro que já tinha comprado, e foi logo se apresentando: “Aqui é Luiz Gonzaga, Rei do Baião!”.

“Chico cumpriu o pedido e entregou o fardo de couro para Luizinho, seu primo, vaqueiro e artesão de couro que aprendera o ofício com seu pai desde muito novo. Chico lhe contou a história toda. Luizinho ficou surpreso e aflito com tamanho pedido. Dias depois de Luizinho matutar sobre como faria, Gonzaga voltou a Exu e ambos trataram de tirar as suas medidas e confeccionar aquele que seria o primeiro terno de couro do rei do baião. E como todo rei, tem a sua coroa, colocada no grande chapéu de couro, um pedido de Luiz Gonzaga, que junto do gibão de vaqueiro vestia Luiz Gonzaga como rei, e Luizinho então passou a ser conhecido como Seu Luizinho dos Couros“, conta Leonardo.

Por isso a criadora do Projeto Caminhada das Sanfonas, a produtora cultural Marlla Teixeira, propõe mais uma vez aos sanfoneiros a oportunidade de mostrar o trabalho deles e, consequentemente, prestar diversas homenagens ao ‘Mestre Lua’ (como Gonzagão também era carinhosamente conhecido).

De acordo com Marlla, esta terceira edição mais uma vez destaca o setor cultural e de economia criativa de Exu. “A Caminhada das Sanfonas foi criada no ano de 2019, com o objetivo de valorizar os sanfoneiros das regiões sertanejas, promovendo a cultura gonzagueana e suas vertentes“, conta a produtora, ressaltando que é um evento gratuito.

A primeira edição reuniu mais de 100 sanfoneiros de todos os gêneros e faixas etárias, com a participação do Projeto Asa Branca – Escola de Sanfona de Exu. “Na programação de 2019, contamos com a apresentações do Grupo da Associação de Mulheres As Karolinas, desfile de Vaqueiros encourados e um lanche com comidas típicas para os participantes. Este ano 110 anos a expectativa é de mais um grande caminhada pelas ruas de Exu“, lembra Marlla.

A Caminhada das Sanfonas faz parte do primeiro evento-modelo de Feira de Economia Criativa, com exposição de artesanato, declamação de poesia, dança, apresentação cultural e artes de profissionais de Exu, com foco no trabalho manual feito nas associações, e que tenham como fonte de renda primária.

O empresário Ítalo Lino, que todos os anos participa dos festejos de aniversário de Luiz Gonzaga, define que Exu, terra de Luiz Gonzaga, é uma riqueza, um dos maiores patrimônios culturais do Brasil, que tem na sanfona infinitas formas de criações artísticas. “A sanfona é um dos instrumentos mais populares do Brasil. Este encontro é importante porque possibilita aos cidadãos um tipo de entretenimento que, ao mesmo tempo, promove e valoriza nossa cultura gonzagueana, e a homenagem a seu Luizinho dos Couros mostra o quanto a economia da região possui uma marca forte“, avalia. 

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PROJETO DE REPENTE NA ESTRADA ACONTECE NO DIA 02 DE DEZEMBRO

A Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc) realiza na próxima sexta-feira (2), às 20h, mais uma edição do projeto ‘De Repente na Estrada’, desta vez no município de Itabaiana, no Agreste do estado. O show gratuito acontecerá na Praça Epitácio Pessoa e traz a dupla de repentistas paraibanos Erasmo Ferreira e João Lourenço. A apresentação fica por conta de Iponax Vila Nova, coordenador do projeto.

João Lourenço nasceu em Pilar (PB), nas terras do Engenho Corredor, mesma propriedade rural onde nasceu o romancista José Lins do Rego. Começou a cantar em 1977. Dedicou-se por sete anos ao coco e depois adotou a viola. Mudou-se para Pernambuco em 1984, quando começou a atuar em dupla com Rogério Menezes. Começou a carreira de repentista na Zona Rural e depois veio para a cidade com a intenção de se profissionalizar. Atualmente, João Lourenço reside em Caruaru (PE). É considerado, pelos amantes da cantoria, como um dos melhores poetas cantadores do Nordeste.

Erasmo Ferreira nasceu um Aroeiras (PB) e desde pequeno sinalizava a afinidade com a arte do repente e da cantoria. Percebendo o talento do filho, sua mãe logo o presenteou com o primeiro violão, instrumento comprado de um cigano que passava pela cidade. Assim, aos 15 anos, ele começou a participar de apresentações e, desde então, passou a se destacar em encontros e festivais de violeiros pela região Nordeste e por todo o país.

No começo dos anos 90, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde deu continuidade à cantoria. Tem uma constante preocupação em promover a cultura nordestina, atuando em Aroeiras, Serra Branca, São Jose do Cordeiros, entre outros municípios. Já conquistou vários prêmios em festivais de violeiros e gravou três CDs, acumulando também algumas participações em álbuns de festivais com parceiros de poesia. Atualmente, Erasmo Ferreira reside em Campina Grande, onde assumiu, em janeiro do ano passado, o cargo de presidente da Associação de Repentistas e Poetas Nordestinos (ARPN), com sede naquela cidade.

O projeto ‘De Repente na Estrada’ vem sendo realizado no formato presencial desde janeiro de 2022. O objetivo da ação itinerante é visitar uma cidade paraibana a cada mês, levando a cultura popular ao interior da Paraíba e, para isso, conta com a participação de 30 repentistas de seis estados do Nordeste: Paraíba, Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí e Maranhão.

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19ª ROMARIA DE PAU DE COLHER ACONTECE NO DIA 13 DE DEZEMBRO COM O TEMA SOMOS POVO DA ESPERANÇA. POVO DE FÉ

No dia de Santa Luzia, terça-feira (13) de dezembro, será realizada, no município de Casa Nova (BA), será realizada a 19ª Romaria de Pau de Colher.  Com o tema “Somos Povo da Esperança. Povo de Fé", a romaria terá início às 8h, com concentração no “acampamento”, local em que na década de 1930 reuniu um movimento camponês religioso, social e político, composto por aproximadamente quatro mil pessoas.

No mesmo espaço, em janeiro de 1938, cerca de mil camponeses foram massacrados pelo Estado brasileiro.

No ano de 2018, na sombra lateral de sua casa, em meio ao sertão nordestino, Seu Militão Rodrigues da Silva pega a bengala improvisada e desenha um círculo no chão de terra. Ao lado da esfera, sinaliza com algumas batidas que ali era o local onde estava a metralhadora, amarrada a uma árvore e apontada para o acampamento. O episódio ao qual se refere, com memórias tão vivas, mesmo próximo de completar 90 anos de idade, é o massacre de cerca de mil pessoas da comunidade de Pau de Colher, ocorrido em janeiro de 1938.

Sobrevivente, Seu Militão é testemunha de um capítulo de horror da história brasileira, marcado pela violência brutal do Estado, na época sob a Ditadura Vargas, e que até hoje reverbera em traumas e preconceitos.

Há 84 anos, o arraial, localizado a 98 km da sede do município Casa Nova (BA), na divisa com os estados de Piauí e Pernambuco, chegou a reunir aproximadamente quatro mil pessoas, população maior do que a própria sede do município e cidades vizinhas, a exemplo de Petrolina (PE) e Remanso (BA). No local, debaixo de um frondoso pé de juazeiro existia uma feira e importante ponto de encontro, bastante movimentado, mas os motivos dessa grande aglomeração foram religiosos e sociais.

A comunidade se tornou uma espécie de extensão de Caldeirão, comunidade cearense liderada pelo beato Zé Lourenço. O escritor piauiense Marcos Damasceno, autor do livro “Guerra de Pau de Colher: Massacre à sombra da ditadura Vargas”, explica que, no início, a ideia era que Pau de Colher fosse um local que selecionasse as pessoas que iriam para Caldeirão, mas, com a destruição deste em 1936, as pessoas permaneceram e os sobreviventes que seguiam Zé Lourenço se juntaram a eles.

“Então Pau de Colher se formou como uma terra sagrada, como uma terra prometida. E daqui as pessoas iam buscar alcançar as coisas do céu porque aqui faltava tudo”, comenta o escritor.  Era uma época em que imperava a injustiça social, desigualdades e opressões, marcada sobretudo pelo coronelismo. A região era esquecida pelo Estado e grande parte da população vivia em situação de extrema pobreza. A escolha de seguir o José Senhorinho, líder religioso de Pau de Colher, representava uma luta por melhores condições de vida. Pau de Colher foi um movimento camponês religioso, mas também social e político.

Em 1934, as pessoas começaram a chegar ao local, primeiro para participar das rezascom o Senhorinho, depois, para morar. Em 1937, o arraial atingiu sua maior população. Foi um “dilúvio de gente”, lembra Dona Helena Nogueira, sobrevivente da guerra. Homens, mulheres e crianças viviam em “latadas”, uma espécie de barraca feita com palha e varas, e faziam refeições coletivas. Comia “tudo na mão, não era colher não”, conta Seu Militão ao falar da alimentação no acampamento, que, segundo ele, era “um feijão véio mal cozinhado, sem tempero”.

Nem toda a população da vizinhança quis integrar o movimento religioso, o que gerou disputas, motivadas, principalmente, de acordo com Damasceno, pela postura do Joaquim Bezerra. O Quinzeiro, como era conhecido, assumiu a liderança de Pau de Colher após a morte do Senhorinho. Para o escritor, a história do movimento pode ser dividida em dois momentos, uma sob a liderança de Senhorinho, marcada pela vida em comunhão, partilha e rituais religiosos; e outro com o Quinzeiro, época de violência e brigas entre os que estavam dentro e fora do arraial. Essa distinção também é relatada em depoimentos dos moradores do local.

Para além das disputas internas, a multidão em Pau de Colher incomodou as forças políticas regionais. O período era de Ditadura Vargas, perseguição ao cangaço, e movimentos semelhantes como o próprio Caldeirão e Canudos haviam sido dizimados.

Quatro volantes policiais foram a Pau de Colher. A primeira, de São Raimundo Nonato (PI); a segunda, de Casa Nova, que matou o Senhorinho; a terceira, do Pernambuco, comanda pelo capitão Optato Gueiros e responsável pelo massacre da comunidade; e a última, do estado Piauí.

O ataque da polícia de Pernambuco ocorreu entre os dias 19 e 21 de janeiro de 1938. A população reagiu, lutou contra a força policial com as armas que tinham (cacetes feito de árvores), alguns conseguiram se esconder e fugir, mas a maioria não sobreviveu. Mais de 400 pessoas estão enterradas em uma sepultura coletiva localizada onde funcionava o acampamento. Estima-se que cerca de mil tenham morrido no massacre, atingidos pelas armas e também de fome e sede na caatinga.

“Diz minha mãe que ficou lá o campo igual melancia na pedra”, relata o lavrador Francisco do Nascimento, nascido em Pau de Colher. Ele conta que sua mãe, Dona Ângela, 92, sobrinha do Senhorinho, enquanto fugia do ataque policial com a família, viu sua irmã mais nova morrer em seus braços com um tiro na cabeça. A brutalidade da ofensiva policial foi tamanha, que Dona Gildete Justiniano, nascida no ano do massacre, e que perdeu avó e tios na guerra, diz que “até tem hora que pensa que [a guerra] é um sonho”.

Para o lavrador Gregório Manoel Rodrigues, 73, nascido na comunidade, “eles morreram tudo de injusto. A polícia não era pra ter matado aquele povo. Era pra ter pegado e ver o que eles queriam”.

INVISIBILIDADE: Quem chega na comunidade formada por cerca de 40 famílias, se depara com aqueles que têm orgulho de dizer que são “raiz e semente da história” e outros que evitam ao máximo tocar no assunto. A história da luta do povo por dignidade e pela sobrevivência diante da negação e violência do Estado foi ocultada. Prevaleceu a versão de um povo sem propósito, violento e fanático.

“Ainda hoje tem gente que tem preconceito com isso aqui, tem umas pessoas que não quer nem que falem das pessoas daquele tempo”, comenta Gregório Manoel. Por muito tempo as pessoas utilizavam o nome da comunidade no sentido pejorativo, para adjetivar negativamente outras situações. “Lá vai virar um Pau de Colher”, conta Francisco do Nascimento. “Usavam o nome daqui pra poder chocar os outros”, complementa.

O historiador e professor da Universidade de Pernambuco (UPE) Moisés de Almeida afirma que em quase todos os eventos em que ocorrem massacres há a tentativa de apagamento, de esquecimento da memória. Almeida desenvolve pesquisa sobre a narrativa dos jornais de Pernambuco sobre os movimentos sociais, entre os anos de 1896 a 1938. Segundo o historiador, a imprensa do período trata as lutas de Pau de Colher, Canudos e Caldeirão como atentados ao regime.

Para a imprensa “é uma população que se rebela contra o governo, contra o Estado e o Estado precisa neste caso agir, agir fortemente contra a população”, destaca o professor que acrescenta que “a imprensa, inclusive, vai dizer que para fera não existe outra solução que não a bala ou a faca”.

IDENTIDADE: Após 84 anos da Guerra do Pau de Colher ainda encontramos objetos da época no local do acampamento, a exemplo de balas. Não existe museu ou memorial na comunidade. A memória e a história são preservadas pelos próprios moradores, que são os responsáveis por capinar o acampamento, manter conservadas as sepulturas e guardar os objeto antigos.

À espera da construção de um museu, a família do Seu Gregório guarda como se fosse um tesouro as balas, talheres, pedaços de vidro, moedas e cachimbos encontrados. “O poder público acabou, matou o povo, eles tinham o direito de construir e entregar propovo”, afirma Gregório ao falar sobre o desejo da construção de uma estrutura física.

O Estado, que despreza a história, continua a negar o local, mas a população permanece resistindo. Desde 2003, a comunidade realiza, todos os anos, uma romaria. “É de muita importância, porque se não o lugar tava acabado. Todo mundo fala na romaria, se não tivesse a romaria ninguém falava”, diz Gregório.

Realizada junto com a Paróquia São José Operário e a Comissão Pastoral da Terra (CPT), a Romaria de Pau de Colher acontece sempre dezembro, no dia de Santa Luzia. “Até o ano de 2003 o pessoal tinha um trauma daqui, mas agora o pessoal tá atentando pravalorizar a história do Pau de Colher”, aponta Francisco. É também a partir desse período que tecnologias sociais chegaram, a exemplo das cisternas de captação de água de chuva para consumo humano e produção, e algumas instituições passaram a atuar na comunidade, possibilitando melhores condições de vida para população.

Entre os moradores do município de Casa Nova é comum encontrar pessoas que desconhecem a história de Pau de Colher ou que a associam apenas a uma visão negativa da comunidade. Com o objetivo de mostrar uma nova visão do movimento religioso e social, uma turma de estudantes do Colégio Antônio Honorato desenvolveu um projeto sobre a história local. Eles realizaram uma pesquisa com a comunidade escolar e descobriram que apenas 4% dos estudantes, professores e servidores do Colégio tinham conhecimento sobre a Guerra de Pau de Colher.

A partir desse dado, os estudantes foram até a comunidade, conversaram com os moradores e produziram uma série de materiais, como um álbum de fotografias, perfis de redes sociais online e um documentário. “Foi muito importante para trazer a história de Pau de Colher para que se torne patrimônio da escola, para ela ser mais conhecida, porque é uma história muito desconhecida e tem sua versão muito distorcida pela população casa-novense”, avalia a estudante do 1º ano do ensino médio Jailane Braga

Para Átila Ramon Gomes, também estudante e integrante do projeto, os materiais que eles produziram “estão sendo usados como meio para contar uma nova versão da história e mostrar realmente como que aconteceu, que não foi só o que eles pensam, mas que tem um outro lado da história”.

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NEY VITAL SACODE O FORRÓ COM BOM JORNALISMO

A audiência de rádio no Brasil vem crescendo, segundo dados do Kantar IBOPE Media. A integração entre o rádio e as plataformas digitais é uma realidade que vem ganhando corpo nos últimos anos no Brasil. Se no início da ascensão digital se falava em ouvir rádio pelo site das emissoras, hoje muitas delas já contam com aplicativos e uma série de conteúdos e promoções exclusivas para os meios digitais.

Para se ter uma ideia, segundo estudo recente do Kantar Ibope Media, 89% das pessoas escutam Rádio via mobile, pelo computador, enquanto 56% segue nos receptores convencionais, em casa ou no carro.

A audiência ainda está ligada ao aparelho receptor comum, mas o ouvinte também está no computador e, principalmente, no celular.O rádio continua sendo o principal veículo de comunicação do Brasil. Aliado a rede de computadores está cada vez mais forte e líder.

Na rádio Cidade AM 870 e Cidade FM 95.7, o jornalista Ney Vital apresenta o Programa Nas Asas da Asa Branca-Viva Luiz Gonzaga e Amigos.  O programa é transmitido todos os domingos,  a partir das 8hs da manhã, www.radiocidadeam870.com.br, também no instagram, YouTube.

A direção da emissora apostou na reinvenção, no projeto especial e aposta no conteúdo cultural e os resultados aparecem.

O Programa NAS ASAS DA ASA BRANCA VIVA LUIZ GONZAGA e SEUS AMIGOS segue uma trilogia amparada na cultura, cidadania e informação. “É o roteiro usado para contar a história da música brasileira a partir da voz e sanfona de Luiz Gonzaga, seus amigos e seguidores”, explica Ney Vital.

O programa Nas Asas da Asa Branca-Viva Luiz Gonzaga é um projeto que teve início em 1990, numa rádio localizada em Araruna, Paraíba. “Em agosto de 1989 Luiz Gonzaga, o  Rei do Baião fez a passagem, partiu para o sertão da eternidade e então, naquela oportunidade, o hoje professor doutor em Ciência da literatura, Aderaldo Luciano fez o convite para participar de um programa de rádio. E até hoje continuo neste bom combate”.

O programa é o encontro da família brasileira. Ney Vital não promove rituais regionalistas, a mesquinhez saudosista dos que não se encontram com a arte e cultural, a não ser na lembrança. Ao contrário, o programa evoluiu para a forma de espaço reservado à cultura mais brasileira, universal, autêntica, descortinando um mar e sertões  de ritmos variados e escancarando a infinita capacidade criadora dos que fazem arte no Brasil.

É o conteúdo dessa autêntica expressão nacional que faz romper as barreiras regionais, esmagando as falsificações e deturpações do que costuma se fazer passar como patrimônio cultural brasileiro.

Também por este motivo no programa o sucesso pré-fabricado não toca e o modismo de mau gosto passa longe. “Existe uma desordem , inversão de valores no jornalismo e na qualidade das músicas apresentadas no rádio”, avalia Ney Vital que recebeu o título Amigo Gonzagueano Orgulho de Caruaru, e Troféu Luiz Gonzaga 2014 Exu,  recentemente em evento realizado no Espaço Cultural Asa Branca, foi um dos agraciados com o Troféu Viva Dominguinhos em Garanhuns.

Ney Vital usa a credibilidade e experiência de 30 anos atuando no rádio e tv. Nas afiliadas do Globo TV Grande Rio e São Francisco foi um dos produtores do Globo Rural, onde exibiu reportagens sobre Missa do Vaqueiro de Serrita e festa aniversário de Luiz Gonzaga e dos 500 anos do Rio São Francisco, além de dezenas de reportagens pautadas no meio ambiente do semiárido e ecologia.

Membro da Rede Brasileira de Jornalismo e Técnico em Agroecologia, Ney Vital é Formado em Jornalismo na Paraíba e com Pós-Graduação em Ensino de Comunicação Social pela UNEB/Universidade Federal do Rio Grande do Norte faz do programa um dos primeiros colocados na audiência do Vale do São Francisco, segundo as pesquisas.

O Programa Nas Asas da Asa Branca, ao abrir as portas à mais genuína música brasileira, cria um ambiente de amor e orgulho pela nossa gente, uma disseminação de admiração e confiança em nosso povo — experimentada por quem o sintoniza, dos confins do Nordeste aos nossos pampas, do Atlântico capixaba ao noroeste mato-grossense.

Ney Vital usa a memória ativa e a improvisação feita de informalidade marcando o estilo dos diálogos e entrevistas do programa. Tudo é profundo. Puro sentimento. O programa flui como uma inteligência relâmpago, certeira e  hospitaleira.

“O programa incentiva o ouvinte a buscar qualidade de vida. É um diálogo danado de arretado. As novas ferramentas da comunicação permitem ficarmos cada vez mais próximos das pessoas, através desse mundo mágico e transformador que é a sintonia via rádio”, finalizou Ney Vital.

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NO BRASIL SÃO MAIS DE 4,2 MIL EMISSORAS DE RÁDIO FM E CERCA DE 1 MIL NA FAIXA AM

O Ministério das Comunicações homenageou ontem (23), 55 radiodifusores, emissoras, entidades e personalidades do setor em cerimônia que celebrou os 100 anos da rádio no Brasil. O evento foi promovido em parceria com a Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

Cada um dos premiados recebeu uma medalha em bronze, confeccionada pela Casa da Moeda e pelo Ministério das Comunicações. Segundo o ministro das Comunicações, Fábio Faria, a rádio continua em expansão, mesmo com os avanços tecnológicos.

“A rádio continua voando. A iniciativa de levar os aplicativos de rádio FMs para os celulares foi fundamental para este momento. Com mais de 250 milhões de aparelhos de telefones no país com modo FM, vamos ter muito mais gente escutando rádio”, disse Faria.

Segundo o ministro, a pasta já fez mais de 1,1 mil migrações de rádios para FM. “Tivemos também o parcelamento das outorgas. Foi uma entrega de todo o time que temos no ministério e ouvindo a todas as entidades. Acredito que demos mais vida longa para este ramo que é tão importante”, disse.

Entre as emissoras premiadas estão as rádios Band FM (SP), Jovem Pan (SP), CBN (RJ), FM O Dia (RJ), Verdes Mares (Fortaleza), Itatiaia (MG), Pampa e Guaíba (RS), Clube (DF) e Rádio Nacional (EBC). Entidades como a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), a Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abratel) e a Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e Televisão (Agert) também foram condecoradas.

Também foram homenageados os comunicadores Ratinho e Ricardo Boechat, que morreu em 2019 em um acidente de helicóptero. E condecorados o programa A Voz do Brasil, o ministro da Ciência, Tecnologia, Paulo Alvim, e a família do ex-presidente Epitácio Pessoa, que inaugurou o rádio no Brasil.

Na solenidade ocorreu também a apresentação de selos que marcam os 100 anos do rádio. Confeccionados pelos Correios, eles sintetizam a história do rádio e fazem referência à primeira transmissão ocorrida no Brasil, com a imagem de Roquette-Pinto, fundador da primeira emissora do país e considerado o pai da radiodifusão no Brasil. No total, foram confeccionados 14 mil blocos comemorativos. Num procedimento chamado de obliteração, os selos foram marcados para evitar o uso posterior.

O secretário de Radiodifusão, Maximiliano Martinhão, apresentou dados dos programas e ações executadas pelo Ministério das Comunicações. Em quase 2 anos e meio, mais de 36 mil processos foram analisados, resultando na assinatura de mais de 1,6 mil termos de adesão ao Programa Digitaliza Brasil.

Martinhão também citou a migração de mais de 1 mil rádios de AM para FM e a contemplação de 431 municípios pelo Plano Nacional de Outorgas (RadCom). Um total de 94 emissoras foram autorizadas a retransmitir a programação na Amazônia Legal – nos estados do Amazonas (62), Acre (28) e Rondônia (4).

O secretário mencionou ainda a elaboração de editais de consulta pública para rádios comerciais, a flexibilização e dispensa do horário de veiculação da Voz do Brasi, o parcelamento de outorgas vencidas e a portaria que atualiza alterações de classe dos serviços de radiodifusão.

Atualmente, o Brasil tem 642 geradoras de programação para a televisão, com cerca de 24 mil retransmissoras de TVs. São mais de 4,2 mil emissoras de rádio FM com outorgas vigentes e mais de 1 mil na faixa AM. Além disso, existem quase 5 mil rádios comunitárias em funcionamento no país.

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LUIZ GONZAGA E AS BANDAS DE PIFE DOS SERTÕES

Deus era um tocador de pife e foi soprando nele, num pife feito de taboca, que deu vida ao Homem com seu sopro fiel". A expressão, licença poética é do professor doutor em Ciência da Literatura, Aderaldo Luciano. Uma das manifestações culturais mais emblemáticas da cultura são as bandas de pífano.

No próximo dia 13 dezembro, os festejos são para o cantor e sanfoneiro Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, que completaria 110 anos anos de nascimento. Um dos momentos mais emocionantes em Exu, Pernambuco, ainda éf a presença da Banda de Pífe, comadanda pelo mestre Louro do Pife.

No livro Igreja de São João Batista Exu Pernambuco-Sesquicentário, a professora e escritora Thereza Oldam de Alencar, pesquisadora dos episódios e sentimentos que nortearam a criação, o desenvolvimento e a consolidação do território exuense, desde a época da colonização, quando a região ainda era habitada pelos índios da nação Cariri, destaca que o grupo de zabumbeiros e pifeiros pontuam historicamente os eventos em Exu.

"O grupo de pifeiros e zabumbeiros se encontra capitaneado pelo histórico Seu Louro do Pife", diz Thereza Oldam ressaltando que octagenário Lourival Neves de Souza, Louro do Pife, continua atuando, forte, persistente e dinâmico.

Em vida Luiz Gonzaga sempre destacou a presença dos pifes e a importância do instrumento na cultura brasileira. Um das músicas, Bandinha de Fé, é uma homenagem de Luiz Gonzaga aos pifeiros espalhados neste Brasil.

O pífano (ou pife) é um tipo de flauta transversal feita em material cilíndrico (geralmente de Taboca, metal ou PVC) com 7 furos, um pra assoprar e 6 pra dedilhar, geralmente tem 3 tamanhos: “Régua Inteira”, “Três Quartos”, e “Régua Pequena”, onde quanto maior a grossura ou o tamanho do cano mais grave o som, e vice-versa.

O cantor Alceu Valença conta que Luiz Gonzaga traduzia e definia o ritmo e harmonia de sua banda dizendo: Alceu, sua música é uma banda de Pife eletrônica. 

PIFES SERTÕES: Minhas mais remotas lembranças de uma banda de pífanos levam-me às margens do Rio São Francisco, em Propriá, no Sergipe. Ali onde o calor entra pela boca do rio e desce sobre os viventes, devagar e sempre. O São Francisco foi o primeiro rio que vi de verdade. Nessa primeira vez, passei sobre ele por volta das 4 da manhã. Viajava num velho ônibus da São Geraldo que vinha de Natal, no Rio Grande do Norte, passava em Campina Grande, descia por Caruaru, se mandava para dentro das Alagoas, parava em São Miguel dos Campos seguia para Aracaju. Antes de Aracaju, deixou-me na entrada de Propriá. Não havia ninguém me esperando. Com minha mochila, caminhei a pé por mais ou menos dois quilômetros até à Rua Japaratuba, à procura da casa onde viveria por dois anos. Em lá chegando, sentei praça sob o comando de Salatiel Franciscano do Amaral.

Pois bem, desse tempo passado no Sergipe conheci todo o sertão e as cidades para baixo de Propriá. Em Brejo Grande fui batizdo nas curvas do rio. Na antiga Neópolis, atravessei para Penedo, numa balsa barulhenta com medo de ser arrastado pelas águas.Eu tinha 17 anos e vi e escutei pela primeira vez uma banda de pífano, banda cabaçal, zabumba, como queiram. A Briga do Cachorro Com a Onça e O Besouro Mangagá foram minha primeira aula. E ainda não ouvira falar da Banda de Pífanos de Caruaru. Aquilo arrebatou-me de tal forma que fiquei desarrazoado. O casamento dos pífanos, um na melodia, outro numa espécie de contracanto, a zabumba marcando num compasso diferente de tudo que eu ouvira, uma caixa malassombrada marcando um xaxeado e um par de pratos como um enxame de chuveirinhos juninos.

Nunca mais parei de ouvir esses sona. Depois encontrei com João do Pife, em Caruaru e, com seus discos debaixo do braço, fui fazer uma comparação dele com Zé da Flauta, nos discos de Alceu Valença. O pife é o sopro da vida, é o bicho escondido rosnando enfezado. Tenho certeza que Deus era um tocador de pife e foi soprando nele, num pife feito de taboca, que deu vida ao Homem com seu sopro fiel. Foi mesmo. E vou mais além em meu sonho de jeca: a trilha sonora do Universo, independente de Stephen Hawking, é a Briga do Cachorro Com A Onça!

A tradição do pife brasileiro ainda necessita de boas apreciações. Sendo um instrumento primitivamente da mata, feito a partir da taboca ou do bambu, muitas vezes do próprio talo da folha da abóbora ou do mamoeiro, o pife detém a magia elemental. Tirar o som de um instrumento, ao mesmo tempo rústico e sofisticado musicalmente, com uma escala complicada, não é nada fácil. O pife, como todo o instrumental, é caprichoso, requer tanta dedicação, tanto estudo e tanto apuro que muitos de nós que tentamos tocá-lo ficamos pelo caminho.

Minha arqueologia pessoal, como disse, encontra o pífano na infância quando a tribo de índios de João Pé-de-bolo saía no carnaval areense tocando, fatalmente, a marcha dos índios cariris. Aquele som parecia feito de bolinhas sonoras galopando, invisíveis, até nossos ouvidos. Brotaram-me a admiração e o afeto. Mas, também como falei acima, João do Pife apareceu-me um dia traduzindo uma imensa mesa de possibilidades. Das músicas folclóricas ao mais sofisticado jazz, o velho pife dava conta, dependendo do bico e das acrobacias digitais do tocador.

Independente de toda uma casta pifeira nacional, minhas raízes trazem-me sempre os quatro cavaleiros pelos quais afeiçoei-me na vida: João, Biu, Zé e Edmilsom do Pife. Para mim é o quarteto fundamental porque os primeiros que escutei detidamente tentando entender as frases, as síncopes, os dobrados, os trinados, as longas viagens e precisas estalagens. A partir daí, imaginei certa vez a imagem de Deus criando o homem e, olhando o barro inerte, entrando na mata, retirando um pedaço de taboca, lhe furando o corpo. Assoprou-lhe, dançando os dedos, e derramou a Vida do seu próprio Sopro dentro de nós.

Texto: Aderaldo Luciano-Doutor em Ciência da Literatura

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