CESOL SERTÃO DO SÃO FRANCISCO PARTICIPA DE FEIRA DE ARTESANATO DA BAHIA

A feira de Artesanato da Bahia movimentará a cidade de Juazeiro, mais conhecida como a terra da Bossa Nova, durante os dias 24 e 25 de setembro, no Espaço Cultural da Casa do Artesão, das 14h às 21h. 

O Centro Público de Economia Solidária Sertão do São Francisco (Cesol-SSF) é um dos apoiadores do evento que tem como propósito, promover a exposição e a comercialização de produtos de artesãs e artesãos do território, aquecendo o turismo e valorizando a cultura local.

Fruto da iniciativa do Governo do Estado, por meio da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), em parceria com a Associação Fábrica Cultural, a Feira de Artesanato da Bahia, contará nesta edição em Juazeiro, com um desfile cultural, com as peças do artista plástico Gildemar Sena e atrações musicais.

Responsável pelo grupo familiar Toque de Zabumba, empreendimento atendido pelo Cesol-SSF, o juazeirense Gildemar Sena Oliveria ou Sr. Gil, como é popularmente conhecido em Uauá-BA, cidade onde reside, produz à mão desenhos temáticos do Sertão, que retratam as vivências, a cultura e a tradição regional em camisas de malha e tecido, vestidos, shorts, calças, macaquitos, bolsas e desenhos em papel canson.

"Depois de dois anos de pandemia e com a ausência de eventos presenciais, retornar agora com a Feira de Artesanato é muito importante e dará um gás para as nossas produções e para a comercialização dos produtos", informou Gildemar Sena.

Além do desfile temático, o público juazeirense terá a oportunidade de conhecer a produção e toda a criatividade de artesãs e artesãos, as técnicas de trabalho utilizadas e os traços culturais de cada produção. 

"A pandemia do novo coronavírus trouxe inúmeros prejuízos para a população e os artesãos foram um dos maiores prejudicados. Essa feira, promovida pelo Governo do Estado, vem como uma oportunidade de visibilizar e oportunizar a comercialização, além de apresentar para o público a riqueza do artesanato regional", destacou a coordenadora do Cesol-SSF, Aline Craveiro.   

A Feira Artesanato da Bahia em Juazeiro conta com a parceria de Sebrae Bahia, Faeb/Senar, Centro Público de Economia Solidária do Sertão do São Francisco e Casa do Artesão, além do apoio da Prefeitura Municipal de Juazeiro.

SERVIÇO

FEIRA ARTESANATO DA BAHIA – JUAZEIRO

Data: 24 e 25 de setembro (Sexta e Sábado)

Local: Espaço Cultural Casa do Artesão

Horário: Das 14h às 21h

Evento Gratuito

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A LUTA E A VOZ DAS LIDERANÇAS POPULARES CONTRA A INSTALAÇÃO DA USINA NUCLEAR COM USO DAS ÁGUAS DO RIO SÃO FRANCISCO

A luta e a Voz das lideranças Populares contra a instalação de uma Usina Nuclear com uso das águas do Rio São Francisco. Este é otema da live, Nesta terça-feira (21), a partir das 19h30, na roda de diálogo transmitida no canal youTube da Pastoral da Comunicação da Diocese de Floresta e TV Raízes da Cultura.

A live é uma realização da TV Raízes da Cultura e a Pastoral da Comunicação da Diocese de Floresta.

Populações tradicionais, ambientalistas e ativistas da região da bacia do rio São Francisco continuam promovendo mobilizações e ações que têm o objetivo de alertar para os perigos que ameaçam a permanência de um dos rios mais importantes do Brasil: o Rio São Francisco com o projeto que está em andamento do Projeto de Instalar uma Usina Nuclear com o uso das águas do Velho Chico.

Ontem (20) o plano de instalação de uma usina nuclear em Itacuruba (PE) foi alvo de críticas em debate promovido pela Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado, em Brasília.

O projeto da Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras, voltou a ser defendido pelo governo federal, em meio à busca de alternativas para a crise energética. No entanto, os debatedores salientaram a possibilidade de acidentes, os prejuízos às comunidades indígenas e quilombolas da região, e os riscos ambientais envolvidos no plano.

O presidente da CDH e autor do requerimento de audiência, senador Humberto Costa (PT-PE), abriu a sessão salientando as dificuldades enfrentadas pela população de Itacuruba (PE) que, à época da construção da barragem da usina hidrelétrica de Itaparica, foi reassentada em região de terras menos férteis.

Ele entende que a a construção da usina causará danos irreversíveis à população e ao meio ambiente, alertando que nenhuma central nuclear está livre de acidentes como os de Chernobyl e de Fukushima.

Professora de antropologia da Universidade Federal de Pernambuco (Ufpe), Vânia Fialho ressaltou que a taxa de suicídio em Itacuruba é quase seis vezes maior que a média nacional. Ela considera que a instalação da usina nuclear em Itacuruba constitui violação de direitos humanos por si mesma, afetando especialmente os povos tradicionais da região: 11 povos indígenas e 9 comunidades quilombolas.

"A população vive com medo de mais este empreendimento de riscos e consequências incomensuráveis e não dimensionados pela própria ciência — disse, criticando a falta de transparência do projeto nuclear e a ausência de informação à população afetada, contra a determinação da Corte Interamericana de Direitos Humanos.

A cacica Lucélia Leal Cabral mencionou a luta do povo Pankará para a demarcação das terras, situação atribuída por ela à morosidade da Fundação Nacional do Índio (Funai), e lembrou que os povos indígenas da região de Itacuruba já foram fortemente afetadas pela construção da barragem e a inundação das ilhas que habitavam. Ela disse que a comunidade foi “surpreendida” pelo projeto da usina nuclear.

— Isso propõe mais uma vez a expulsão de nossa comunidade. O povo Pankará se vê obrigado a peregrinar na defesa de nossos direitos.

Em sentido semelhante, José Júnior Karajá, assessor do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), contestou a oportunidade da construção da central nuclear que, segundo ele, se somará a outros projetos para “sugar” mais recursos hídricos do Rio São Francisco.

— O rio não possui segurança hídrica para um empreendimento desta natureza — alertou.

Ele acusou a “irresponsabilidade” do governo federal em retomar o projeto, e salientou que o argumento da instalação da usina num suposto “vazio geográfico” é a admissão de que a alternativa nuclear está sujeita a acidentes.

CONSTITUIÇÃO: Humberto Costa também defendeu a Constituição estadual de Pernambuco, que só permite a exploração da energia nuclear quando todas as alternativas estiverem esgotadas — esse artigo, no entanto, está sob questionamento da Procuradoria-Geral da República (PGR) em face do projeto em Itacuruba. O deputado estadual de Pernambuco Isaltino Nascimento (PSB) acusou a PGR de “artifício” para defender o posicionamento ideológico do governo federal e escapar à discussão legítima da questão na Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco (Alepe).

DEFESA: O deputado Alberto Feitosa (SD) é defensor da instalação da Usina Nuclear. Segundo ele isto é “um grande projeto para o Estado” e o projeto de energia nuclear proposto para Itacuruba (Sertão de Itaparica) é estimado em mais de R$ 30 bilhões.

“O tema da energia nuclear vai fazer parte do cenário econômico do Estado. É só uma questão de tempo”. Alberto Feitosa é o autor do Projeto PEC (Proposta de Emenda à Constituição), permitindo instalação de uma usina do tipo no Estado.

O parlamentar também confirmou que, entre os dias 16 e 18 de outubro, está agendada uma visita às usinas localizadas em Angra dos Reis, no litoral do Rio de Janeiro, a convite da Eletronuclear. “A empresa espera uma grande comitiva de deputados, que terão a oportunidade de esclarecer dúvidas sobre o funcionamento do empreendimento”, ressaltou.

Segundo estudos da Eletronuclear, o município de Itacuruba, em Pernambuco, reúne as condições ideais para abrigar uma Central Nuclear com 6,6 mil megawatts de capacidade instalada, o equivalente a toda produção de energia da Chesf. A receita anual desse empreendimento gera um montante de R$ 800 milhões em ICMS para o Estado e cerca de R$ 160 milhões em ISS para o município, trazendo ainda mais progresso e desenvolvimento”.


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JORGE DU PEIXE INTERPRETA LUIZ GONZAGA: NO BAIÃO GRANFINO O ENGENHO DA ARTE


O Nordeste continuaria existindo caso Luiz Gonzaga não tivesse aterrissado por lá há mais cem anos. Teria a mesma paisagem, os mesmos problemas. Seria o mesmo complexo de gentes e regiões. Comportaria os mesmos cenários de pedras e areias, plantas e rios, mares e florestas, caatingas e sertões. Mas faltaria muito para adornar-lhe a alma. Sem Gonzaga quase seríamos sonâmbulos. Ele, mais que ninguém, brindou-nos com uma moldura indelével, uma corrente sonora diferente, recheada de suspiros, ritmos coronários, estalidos metálicos. A isso resolveu chamar de BAIÃO.

Gonzaga plantou a sanfona entre nós, estampou a zabumba em nossos corpos, trancafiou-nos dentro de um triângulo e imortalizou-nos no registro de sua voz. Dentro do seu matulão convivemos, bichos e coisas, aves e paisagens. Pela manhã, do seu chapéu, saltaram galos anunciando o dia, sabiás acalentando as horas, acauãs premeditando as tristezas, assuns-pretos assobiando as dores, vens-vens prenunciando amores. O seu peito abrigava o canto dolente e retorno dos vaqueiros mortos e a pabulagem dos boiadeiros vivos. As ladainhas e os benditos aninhavam-se por ali, buscando eternidade. E um dia, em 2021, dele saltou-nos Jorge du Peixe.

Em releituras belas e disciplinadas, sem macular as melodias, sem invencionices modernosas, Baião Granfino, de Jorge du Peixe, prolonga a alma gonzagueana, avança sobre os nossos dias com seu timbre rouco, mas afinado, seu selo grave, em momento tão agudo de nossas crises existenciais. Jorge segura o baião como um filho frágil, acabado de vir ao mundo. E o baião o sustenta com sua vitalidade. Quanta beleza em suas veredas sonoras, quanta sutileza no seu cantar que, a alguns deve ter assustado, mas que a mim, apaixonou-me. Não feriu a majestade, vestiu-se e caminhou com ela. Trouxe o Assum Preto e sua sina complexa, difícil, dolente, talvez anunciando a sua mesma dor, abrindo um álbum cheio de lirismo e paz, dentro na luta.

A Sanfona Sentida nos fala tão delicada em nosso coração à mostra que nos faz chorar, pelo fôlego que nos falta enquanto sociedade vilipendiada por dias sem ar. O instrumental, corretíssimo, entre a sanfona chorona e chorosa, apaixonante, e um baixo em marcação profunda, capoeirística algumas vezes. Uma percussão adornada pela bateria disciplinada, ciente de suas entradas e saídas. Certezas me carregam de que Dominguinhos aprova, entre as nuvens doiradas. Não sei se Anastácia o ouviu, mas em ouvindo, não se furtará ao peito aberto e receptivo. É minha opinião.

A seleção de canções e sua disposição no álbum, iniciada com Assum Preto, como escrevi acima, essa seleção e essa disposição foram pensadas, anotadas, estudadas, cronometradas. Há um prólogo épico, uma invocação, seguida de uma proposição e um oferecimento. Segue-se uma contação de histórias de amor e alumbramento (Orélia), de despedida e sofrimento (Qui Nem Jiló), de dor na solidão (Sabiá), de redescoberta do amor e da existência (Acácia Amarela). Na sétima casa do álbum, esse número místico e completo, Jorge du Peixe entra com a louvação à ancestralidade (Rei Bantu). Depois dessa iluminação, a vestimenta do baião cumpre seu destino (Baião Granfino).

Cacimba Nova lança um olhar melancólico ao passado de fausto, mas Pagode Russo nos chama de volta à terra e nos grita e empurra para a celebração, pois estamos vivos e fazendo acontecer para a eternidade que virá. Quando o Fole Roncou, as almas recebem o ápice dessa celebração, com guitarras, pedais, eletricidade e a beleza absoluta de Cátia de França, encarnação do talento, do engenho e da arte.

 Belo álbum que em mim trouxe de volta a Ideia, a Letra, a Vida. Obrigado, Jorge du Peixe, sua voz arrancou-me a lágrima. E com ela, novamente, o Texto. Como diz Cátia, na última frase dos trabalhos: “Isso é eterno!” (Texto: Aderaldo Luciano-mestre e doutor em Ciência da Literatura)-KURUMA'TÁ - REVISTA DE CULTURAS E AFETOS

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EM DEBATE, ESPECIALISTAS ATACAM PROJETO DE USINA NUCLEAR COM USO DAS ÁGUAS DO RIO SÃO FRANCISCO

O plano de instalação de uma usina nuclear em Itacuruba (PE) foi alvo de críticas em debate promovido pela Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado nesta segunda-feira (20). O projeto da Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras, voltou a ser defendido pelo governo federal, em meio à busca de alternativas para a crise energética. 

No entanto, os debatedores salientaram a possibilidade de acidentes, os prejuízos às comunidades indígenas e quilombolas da região, e os riscos ambientais envolvidos no plano.

O presidente da CDH e autor do requerimento de audiência, senador Humberto Costa (PT-PE), abriu a sessão salientando as dificuldades enfrentadas pela população de Itacuruba (PE) que, à época da construção da barragem da usina hidrelétrica de Itaparica, foi reassentada em região de terras menos férteis.

— Este fato impactou no modo de vida e na saúde dos itacurubenses. A cidade, hoje, tem uma das maiores taxas de suicídio do Brasil — afirmou.

Ele entende que a a construção da usina causará danos irreversíveis à população e ao meio ambiente, alertando que nenhuma central nuclear está livre de acidentes como os de Chernobyl e de Fukushima.

Professora de antropologia da Universidade Federal de Pernambuco (Ufpe), Vânia Fialho ressaltou que a taxa de suicídio em Itacuruba é quase seis vezes maior que a média nacional. Ela considera que a instalação da usina nuclear em Itacuruba constitui violação de direitos humanos por si mesma, afetando especialmente os povos tradicionais da região: 11 povos indígenas e 9 comunidades quilombolas.

— A população vive com medo de mais este empreendimento de riscos e consequências incomensuráveis e não dimensionados pela própria ciência — disse, criticando a falta de transparência do projeto nuclear e a ausência de informação à população afetada, contra a determinação da Corte Interamericana de Direitos Humanos.

A cacica Lucélia Leal Cabral mencionou a luta do povo Pankará para a demarcação das terras, situação atribuída por ela à morosidade da Fundação Nacional do Índio (Funai), e lembrou que os povos indígenas da região de Itacuruba já foram fortemente afetadas pela construção da barragem e a inundação das ilhas que habitavam. Ela disse que a comunidade foi “surpreendida” pelo projeto da usina nuclear.

— Isso propõe mais uma vez a expulsão de nossa comunidade. O povo Pankará se vê obrigado a peregrinar na defesa de nossos direitos.

Em sentido semelhante, José Júnior Karajá, assessor do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), contestou a oportunidade da construção da central nuclear que, segundo ele, se somará a outros projetos para “sugar” mais recursos hídricos do Rio São Francisco.

— O rio não possui segurança hídrica para um empreendimento desta natureza — alertou.

Ele acusou a “irresponsabilidade” do governo federal em retomar o projeto, e salientou que o argumento da instalação da usina num suposto “vazio geográfico” é a admissão de que a alternativa nuclear está sujeita a acidentes.

CONSTITUIÇÃO: Humberto Costa também defendeu a Constituição estadual de Pernambuco, que só permite a exploração da energia nuclear quando todas as alternativas estiverem esgotadas — esse artigo, no entanto, está sob questionamento da Procuradoria-Geral da República (PGR) em face do projeto em Itacuruba. O deputado estadual de Pernambuco Isaltino Nascimento (PSB) acusou a PGR de “artifício” para defender o posicionamento ideológico do governo federal e escapar à discussão legítima da questão na Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco (Alepe).

— Se houver a instalação da usina, o lixo nuclear terá que ser acondicionado por 300 anos. Três séculos. O Brasil oficialmente tem cinco séculos — protestou, acrescentando que a execução do projeto sem consulta aos povos locais constitui violação de tratado de direitos humanos do qual o Brasil é signatário.

O procurador-geral da Alepe, Hélio Lúcio Dantas da Silva, diz que a Constituição de Pernambuco é plenamente compatível com a Constituição federal, conduzindo uma mensagem clara a favor da exploração preferencial de fontes de energia que não trazem danos à saúde.

— A proposta, aparentemente, seria viável economicamente, mas inequivocamente apresenta uma ameaça ecológica, à saúde da população, às comunidades tradicionais, indígenas e quilombolas — resumiu. (Fonte: Agência Senado)

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PETROLINA, UM FESTIVAL E UM SHOW

O que há de comum entre um festival e um show? Pouca coisa desde que não tenham acontecido num lugar por nome Petrolina. A terra onde o impossível amanhece provável e anoitece pleno, realizável. E antes que adormeça o sol deste aniversário de 126 anos, vamos apurar algumas sobras de lembranças e retornar a 1980, há 41 anos, quando tivemos dois momentos emblemáticos da cultura sanfranciscana: o '1º Festival Lítero Musical da Faculdade de Formação de Professores de Petrolina – FFPP' e o show 'Cabelo duro é preciso que é pra ser você crioulo'.

O festival, inspirado no 'MPB 1980', realizado pela TV Globo no Rio de Janeiro, foi meu primeiro alumbramento e deu início a uma parceria poética com Lênio Ferraz que resultou na publicação dos livros Suspiros de Imaginações (1981) e Sementes (1983). 

Participamos da primeira eliminatória, defendendo a canção Voar sem Asas. Era o mês de junho e o Cine Massangano, hoje Centro Cultural Dom Bosco, completamente tomado, respirava tão somente os acordes e harmonias, arranjos, letras, melodias, o sentimento dos artistas da região.

 A banda base, Mirage, animava as torcidas organizadas ao som dos solos do guitarrista João Neto, o garanhuense que anos depois veio a tocar com nomes como Dominguinhos, Nando Cordel e Belchior. Tudo bem conduzido com o talento dos apresentadores Daniel Campos e Stella Rios e sob os cuidados de um júri formado por artistas, jornalistas e professores. O primeiro lugar, já era esperado, foi para Maciel Melo, com a música 'Cheia'. A nossa canção não ganhou prêmios, mas pela empolgação foi escolhida para abrir a final deste festival, que além do incentivo, marcou a linguagem e o estilo de muitos compositores ribeirinhos.

Três meses depois, a cidade, ainda sob esse clima, viveu o show que mais incrivelmente teve a plateia enérgica e participativa. Era setembro, e no clima de aniversário de Petrolina, o Grupo de Teatro Imaginativo – Guterima, subiu ao palco do Cine Massagano sob o comando de José Geraldo, Eraldo Rodrigues, Maciel Melo, Mariney, Jailson Mangabeira e uma bandeira: "...Cura dessa doença de branco/ de querer cabelo liso já tendo cabelo louro/ Cabelo duro é preciso que é pra ser você crioulo'".

 Uma canção na qual Gilberto Gil canta sua negritude e a de todos os brasileiros. A primeira apresentação, além da irreverência, rebeldia e recorde de público, deixou um saldo de 42 cadeiras quebradas pela plateia que transformou o auditório em um grande salão e o show em uma dançante festa, uma comunhão de encontros.

A repercussão fez com que a produção procurasse outro endereço para a segunda edição e a trupe seguiu, 15 dias depois, com mais gente ainda para o Cine Petrolina. A empolgação, com músicas a exemplo da 'Massa', de Raimundo Sodré, 'Arrasta Pé', de Jorge Alfredo e Chico Evangelista e o 'O Mal é o que Sai da Boca do Homem' ("Você pode fumar baseado/ baseado em que você pode fazer quase tudo"), de Pepeu Gomes, foi tamanha que o número das poltronas quebradas subiu para 66. 

José Geraldo garante que todo o prejuízo foi devidamente pago aos dois cinemas e ainda sobraram alguns trocados para uma outra paixão, 'A Crucificação', o espetáculo sacro que o Guterima apresenta há 44 anos e que já faz parte da tradição na Semana Santa. Mas o saldo maior deste ano de 1980 rotações, que também registrou o lançamento do primeiro romance publicado na cidade, 'Pedro e Lina', de Antônio de Santana Padilha, é certamente o legado de artes e de saberes que alterou o curso da história cultural de Petrolina, enquanto o País assistia ao desmoronamento do regime militar e já respirava o clima das  'Diretas Já'.

 Carlos Laerte *Poeta, jornalista e diretor da Clas Comunicação e Marketing
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NESTA SEGUNDA-FEIRA (20) COMPLETA 34 ANOS DA MORTE DO POETA ZÉ MARCOLINO

"Quem, morrendo, deixa escrito um verso belo deixou mais ricos os céus e a terra e mais emotivamente misteriosa a razão de haver estrelas e gente". A frase de Fernando Pessoa traduz o sentimento que Zé Marcolino vive.

Pela sua importância na história da música brasileira, o Poeta Zé Marcolino, merecia mais de atenção das entidades culturais. Detalhe: Zé Marcolino morou nos anos 70 em Juazeiro, onde foi comerciante. Juazeiro e Petrolina tem uma dívida com a memória de José Marcolino.

No dia 20 de setembro de 1987 a voz de José Marcolino Alves  silenciava por ocasião da morte causada de acidente de carro próximo a São José do Egito, Pernambuco. Em Sumé, na Paraíba, Zé Marcolino nasceu no dia 28 de junho de 1930. Venceu os obstáculos da vida simples e quando teve oportunidade deixou o Rei do Baião...digamos "bestim com tamanha genialidade". 

No ano de 1962, metade do repertório do LP Ô Véio Macho, tem Luiz Gonzaga interpretando as composições que José Marcolino lhe mostrou em Sumé, Paraíba: Sertão de aço, Serrote agudo, Pássaro carão, Matuto aperriado, A Dança do Nicodemos e No Piancó. Estes seriam os  forrós de Zé Marcolino gravados  pelo Rei do Baião. Ele interpretaria várias outras, entre as quais as antológicas Numa Sala de reboco Cacimba Nova e Quero chá.

Zé Marcolino participou da turnê de divulgação do LP Veio Macho, viajando de Sul a Norte do País com Luiz Gonzaga, no entanto, a saudade da família e suas raízes sertanejas foram mais fortes. Depois de um show no Crato, Ceará,  ele tomou um ônibus até Campina Grande e de lá foi para Sumé, de onde fretou um táxi para a Prata, onde morava.

Com o sucesso de suas canções cantadas por vários artistas (Quinteto Violado, Assisão, Genival Lacerda, Ivan Ferraz, Dominguinhos, Fagner, Jorge de Altinho, Elba Ramalho, Mastruz com Leite e tantos outros nomes da música brasileira), é atualmente Zé Marcolino um dos mais talentosos compositores da música brasileira de todos os tempos.

Somente em 1983, produzido pelos integrantes do Quinteto Violado, Zé Marcolino lançou seu primeiro e único, hoje fora de catálogo, LP Sala de Reboco (pela Chantecler). Um disco que está merecendo uma reedição em CD, assim como também seu único livro, necessita uma reedição. No citado disco Véio Macho, com seis músicas de Marcolino, ele toca gongue. No LP A Triste Partida, Luiz Gonzaga gravou Cacimba Nova, Maribondo, Numa Sala de Reboco e Cantiga de Vem-vem.

Zé Marcolino morou em Juazeiro da Bahia e ficou até 1976, quando foi para Serra Talhada, Pernambuco. Inteligente, bem-humorado, observador,  Zé Marcolino tinha os versos nas veias como a caatinga do Sertão. 

Zé Marcolino casou com Maria do Carmo Alves no dia 30 de janeiro de 1951 com quem teve os filhos Maria de Fátima, José Anastácio, Maria Lúcia, José Ubirajara, José Walter, José Paulo e José Itagiba. Zé Paulo e Fátima residem atualmente em Petrolina.

FAMÍLIA MARCOLINO: Recentemente Walter Marcolino, lançou o CD ao vivo  "Pai, Filho e Neto". No trabalho consta participação da Banda Corrupio, Walter Junior, Ruy Grudi e Dany Feitosa. No CD Walter Marcolino "Pai, Filho e Neto", tem a interpretação Socorro Moreninha, Amor Divino, Rolinha Branca, Recordando o Ceará e Lata de Lixo.

Fátima é compositora. Em 1996, numa conversa com o seu irmão, cantor e compositor Bira Marcolino, escreveram a música Siá Filiça.

"Cadê a lenha da fogueira

Siá Filiça

Cadê o milho pra assar

Cadê aquele teu vestidinho de chita

Que tu vestia pra dançar

Cadê aquele sanfoneiro

Que eu pedia pra tocar

A canção da minha terra

Um forró de pé-de-serra

Que eu ajudava a cantar

Quando me lembro disso tudo

Siá Filiça

Me dá vontade de chorar"

A música marcou o período junino porque faz qualquer nordestino lembrar dos simbolismos que marcam essa época: o vestido de chita, o milho, a fogueira, balão e o sanfoneiro. Bira e Fátima jamais imaginariam que ela realmente fosse representar dor em algum momento.

Mas quem é Siá Filiça? Siá vem do termo "sinhá", uma espécie de abreviação. E Filiça vem de Felícia, uma senhora que morava na cidade da Prata, na Paraíba, e que todos gostavam muito de brincar com ela quando eram pequenos. Segundo Bira, ela sempre andava com uma lenha. Certo dia, ele estava com a irmã em Caruaru e pensou em "Siá Filiça", que era como chamavam Felícia, e a irmã disse que dava uma boa música.

Então começaram a escrever. Fátima Marcolino foi a autora da frase: "minha esperança ainda dorme, e eu com pena de acordar", que retrata um pouco a espera e o desejo de que a pandemia do coronavírus passe, e o São João volte a ser como era.

Quando foi escrita, muitos artistas queriam gravar a música. O primeiro foi Ezequias Rodrigues, que gravou com voz e violão. Depois veio Santanna e Adelmário Coelho, da Bahia. Mas foi com O Cantador que a música fez sucesso.

Hoje, Bira tem 62 anos. Para um compositor de forró, deixar o São João morrer seria até um crime. "O São João está na veia da gente, o forró está na veia da gente. Sem São João a gente se sente fora d'água, mas não deixa de ouvir não. Eu fiz meu São João sozinho, no mato", conta.

A música foi a grande emoção da live de Santanna na véspera de São João de 2020. Quem assistiu, certamente se emocionou. Antes de cantar, disse algumas palavras: "vou me despedir de vocês com uma música... eu não vou pedir desculpa por me emocionar, porque é a emoção que move o mundo. A emoção é impressionante. Me despeço de vocês com essa canção, que é a música que melhor representa o São João este ano".

Ao fim, tirou o chapéu. Ali, estava representada a tristeza, mas também a esperança de todos se reencontrarem novamente entre público e palco, forró, xaxado e baião.

"A música foi que me escolheu, me escolheu como intérprete principal dela. Ela faz parte da minha vida. Ela foi eleita a música do São Joã  e o sentimento é muito grande. A gente que é sertanejo, a gente sabe o que significa uma festa junina para nós. Eu fico impressionado como a música Siá Filiça entra na vida das pessoas", relata.

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NASCIDA EM AREIA PARAÍBA, MARIA HELLOYSA BRILHA É CLASSIFICADA PARA FINAL DO THE VOICE KIDS. ELBA RAMALHO ELOGIA TALENTO DAS CRIANÇAS

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Natural de Areia, no Brejo paraibano, Helloysa do pandeiro (Maria Helloysa) brilhou mais uma vez no reality musical da TV Globo e é finalista do programa do próximo domingo (26). 

Nordeste na música, no coração e até no figurino! A participante de Areia, PB, cantou "Aquarela Nordestina" e deixou todo mundo arrepediado. Teló elogiou a apresentação. "A voz dela tem uma força, eu adoro ela, sou fã!".

A cantora Elba Ramalho abriu o coração revelando que é fã de The Voice Kids. "Eu tive uma infância bem focada na música, porque meu pai era músico de orquestra. Ela transitava em todos os cômodos e principalmente nos nossos corações. Era costume da família colocar cadeiras na calçada no final da tarde e fazer serestas", diz.

"O violão estava sempre presente, painho no saxofone. O rádio era ligado já às 6h da manhã para ouvir violeiros e repentistas e a difusora da cidade pequena tocava clássicos de Dalva de Oliveira, Francisco Alves...".

De lá para cá, a cantora teve muitas aventuras justamente por conta dessa influência. Ainda pequena, cantou no coral da igreja; depois trabalhou como atriz; e, já moça, se surpreendeu quando veio para o Rio de Janeiro e descobriu que poderia ganhar dinheiro como cantora.

"Até hoje, eu considero a arte à frente das coisas materiais. À frente de qualquer razão. Ela é muito mais da alma, da emoção, do espiritual", conta como única explicação para tudo acontecer como aconteceu.

Por conta disso, se identifica - mesmo com toda a fama e sucesso - com a trajetória de talentos que estão apenas começando. Fã assumida do reality, ela manda um recado especial para os participantes deste ano.

"Desejo imensamente que esse show continue acontecendo, embalando as nossas tardes de domingo e trazendo gratas revelações. As vozes que vão ser cantadas ali vão ecoar pela eternidade. E a música é isso. A gente passa para outras dimensões e a música vai. Pelo seu poder forte, pelo êxtase que provoca na nossa alma e pela divinização dela mesma em si. A música é algo muito sagrado".

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