MACIEL MELO RETORNA DA QUARENTENA COM PARCERIAS, ÁLBUM DE INÉDITAS E TERCEIRO LIVRO

Caboclo sonhador e de coração tão sertanejo. Maciel Melo, 58, se autodefine nos versos que assina – inclusive destes extraídos de um clássico da música nordestina (e brasileira), Caboclo Sonhador (1982).

Cantor, compositor, poeta, escritor e quaisquer outras possibilidades que a arte lhe permitir, ele segue ávido em musicar poesias e ritmar pensamentos e, quiçá, roteirizar histórias para o cinema. “Ainda quero dirigir um filme, roteiro já tenho”, adianta ele, natural de Iguaraci, Sertão pernambucano, Região fomentada por seus cantos e causos.

De volta e como ele mesmo afirma “em grande estilo” após uma quarentena inspiradora em que produziu um álbum de inéditas e findou seu terceiro livro (A Marca da Cicatriz), ele também arrematou parcerias na música dentre elas com um veterano do cancioneiro nacional, Renato Teixeira. 

“Nós nos conhecemos há algum tempo, já tínhamos canções juntos. Minha junção com ele tem me dado um gás danado”, celebra Maciel, em conversa com a Folha de Pernambuco.

Com Renato, Maciel Melo recentemente fez shows em Caruaru e Santa Cruz de Capibaribe, no Agreste. Ocasiões exaltadas por ele em rede social. “(...) O instante mais sublime de minha vida, cantar com Renato Teixeira”.

O impulso de dividir o palco com o cantor e compositor paulista veio à tona depois de quase dois anos sem trabalhar, mas que não o impediu de produzir material robusto para lançamentos em um futuro próximo e outras parcerias com nomes como Fagner, Bráulio Tavares e Geraldo Azevedo. Mas as pretensões do cantador pernambucano vão mais adiante. 

“Quero chegar ao Sul e Sudeste, e vai ser com Renato. Quero dar uma ‘voada’ por lá. Ele tem mais a ver com o meu jeito de compor e vai ser meu elo com esse lado do Brasil”, destacou Maciel sobre um dos seus desejos imediatos.

Mas antes de alargar a trajetória de mais de 40 anos e pelos menos 400 composições – parte delas emprestadas a vozes diversas da MPB – ele segue atento ao que paira por sobre a imensidão que repousa no Recife, cidade homenageada por ele em um blues ao lado de Teixeira em “Recife Eu e Você”, disponível nas plataformas em breve. “Renato queria celebrar a cidade. Me ligou dizendo que havia me escolhido para fazer a canção”.

Avesso a “esse negócio de live”, como ele mesmo diz, Maciel até se rendeu ao formato no período junino. Mas em sendo nordestino e das bandas sertanejas, do tipo que arrasta vaidoso a sandália de couro e um chapéu que o identifica - é com o olho no olho que se afina.

“É muito chato a live, o povo vê a gente, mas a gente não vê o povo. É um negócio muito frio e precisamos do olhar das pessoas. Se as pessoas tomarem consciência de que a pandemia ainda não acabou e precisamos tomar cuidado, vamos voltar logo”. 

Com representatividade que vai além do seu fazer artístico, Maciel Melo se assume como formador de opinião quando sobe ao palco e se depara com multidões, e não hesita em enxergar realidades, tais quais as que têm tomado a Cultura, setor penalizado com a pandemia e com a falta de políticas públicas.

“Fomos os mais prejudicados com a Covid-19. E temos um governo (federal) com ações que vão de encontro a frentes como educação e cultura. Artista representa pessoas, não à toa boa parte do que faço se relaciona com questões sociais. Sou artista e transformo em música o que penso como cidadão”, complementa ele que entre as boas-novas do seu retorno fez ao lado de Bráulio Tavares a canção “A Hora do Lobo”, traduzindo vivências de um poeta que quando está “rabiscando umas folhas de papel, sabe que a vida é quase nada”, mas (sempre) pode ser reanimada com a potência de um nordestino cantador. (Fonte: Germana Macambira/Folha de Pernambuco)

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