09 DE FEVEREIRO. DIA DO FREVO: RUAS VAZIAS E RITMO NO TOM DA SAUDADE

O frevo, “só aqui que tem só aqui que há”. No Carnaval, é compasso que “entra na cabeça, toma o corpo e acaba no pé”. Embriaguez. Desde o final do século XIX mais precisamente, o ritmo de Pernambuco faz a terra tremer, encanta o Brasil e é um dos orgulhos em linha reta mais cortejados por quem é da terra dos altos coqueiros e festeja o ritmo em um Dia do Frevo para chamar de seu: 9 de fevereiro pelas bandas de cá, é data para celebrar.

Mas neste 2021 ele não vai tomar as ruas e alucinar multidões, ainda não é tempo de impor a pulsação dos clarins momescos ao fervor da massa - mesmo que “a gente ‘brinque’ escondendo a dor”, seguimos servis à intensidade de uma pandemia (ainda) sem trégua.

No entanto, intangível que é, oficial e solenemente declarado pela Unesco como Patrimônio Imaterial da Humanidade (2012) sob a referência “Frevo: Arte do Espetáculo do Carnaval do Recife”, o ritmo de Pernambuco é para ser aclamado mesmo em sua quietude.

Na memória dos seus dobrados, marchas e maxixes; no fervor que causa, seja de rua, de canção ou de bloco, é cadência que não finda, porque “somos madeira que cupim não rói” como bem declamou o maior compositor do frevo no Estado, Capiba (1904-1997).

Sem as agremiações, que não vão ostentar seus estandartes, sem Alceu, Antônio Nóbrega e Getúlio Cavalcanti nos palcos da Cidade e sem as sombrinhas coloridas, cujo simbolismo identifica o ritmo, mas que este ano não vão pairar sob o céu do Recife. 

Nem com o Galo da Madrugada para ostentar sua imensidão de maior bloco do mundo e espaço de manifestação do ritmo que tem em "Vassourinhas" o seu hino mor, o frevo retorna ao seu habitat natural - no Carnaval das ruas, ladeiras, esquinas e avenidas pernambucanas - em uma duradoura e interminável contagem regressiva de 365 dias.

Como poetizou o cantor e compositor André Rio, em single que chega nos próximos dias às plataformas digitais, “ (...) esse povo de intensa alegria traz em seu sangue paixão e folia, se essa gente é quem faz a festa, atrás das troças, dos blocos e orquestras (...) é preciso frevar, virar o mundo de pernas pro ar, esse amor é o que nos resta”.

E se em 2021 seguiremos saudosos e melancólicos ao frevo, o brado do 'Evoé!' ao melhor Carnaval do Brasil há de chegar novamente para causar rebuliço e botar para ferver o ritmo, tal qual começou nos idos anos de 1908 quando pela primeira vez ficou conhecido e se desdobrou em locomotivas, dobradiças, molas, ferrolhos e capoeiras, dentre outras dezenas de passos que fazem o frevo de compositores como Nelson Ferreira, Edgar Moraes, J. Michiles, Clóvis Pereira e João Santiago e de centenas de milhares de foliões, ser a maior identidade cultural do povo deste 'país' chamado de Pernambuco. (Fonte: Folha Pernambuco. Texto Germana Macambira)


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