O FORRÓ É PARA QUALQUER ÉPOCA MAS TEM PERDIDO ESPAÇO, NÃO É VALORIZADO COMO DEVERIA SER EM FESTA COMO O SÃO JOÃO, DIZ MACIEL MELO

Poeta e cantador quando cisma de melodiar um fato e dar letra a um causo "qualquer", não há impedimento que o remova da ideia. "Todo show que eu faço, tem uma galega perto do palco".

Justificativa razoável o suficiente para criar um xote e chamá-lo de "Xote da Galega" e, assim, celebrar galegas forrozeiras e apreciadoras de um dos nomes mais atuantes em prol da cultura nordestina, o cantor, compositor, poeta e escritor Maciel Melo, 61. 

Foi ele quem deu voz à composição de Glauber Martins, lançada no último mês de março e, por óbvio, em plena circulação às vésperas dos festejos juninos que já pairam na Região e, especificamente, Pernambuco afora.

DO SERTÃO PARA O MUNDO-De Iguaracy, cidade do Sertão pernambucano, distante pouco mais de 350 Km do Recife, Maciel segue ileso aos costumes e progressos (?) da "cidade grande".

Em visita à Folha de Pernambuco para uma prosa - e das boas - foi de sandália e o típico chapéu que o identifica sombreando os óculos, outro dos seus acessórios inconfundíveis, que ele deu as caras, atestando também pelo sotaque o quanto suas andanças ao longo de pouco mais de 40 anos de carreira Brasil e mundo afora, e pelo menos 400 composições, não lhe tiraram a essência de sertanejo estilo "caba da peste", admirador de Gonzaga e defensor do forró em toda sua legitimidade. 

"O forró é para qualquer tempo e palco, mas tem perdido espaço, não é valorizado, não é protagonista como deveria ser em festa como o São João. Acho que cabe todo mundo, todos os ritmos em todo lugar, mas precisamos de mais atenção", ressalta o "Caboclo Sonhador", em conversa que, claro, desaguou para o resfolego da sanfona dos festejos juninos.

"Estarei no São João da Roça em Caruaru, no próximo dia 19, lá em Terra Vermelha, e estou muito feliz por isso, pelo forró que vai chegar por lá, em um polo descentralizado", comentou Maciel que, além da "Capital do Forró", estará no dia seguinte, 20 de maio, em Serra Negra (Bezerros). Da agenda também constam passagens pelo Bairro do Recife e Zona Sul, entre outras programações.

Embora seja nos festejos de junho levados pelas batidas das zabumbas que ele se sinta "em casa" - época em que a essência do nordestino aflora em manifestações culturais e 'gonzaguianas' - como compositor e artista diverso que é, integrando o rol das referências da Música Popular Brasileira, Maciel Melo segue em meio a parcerias que lhe são o tanto quanto caras. Seu enlace com o renomado Renato Teixeira é um exemplo. 

"O instante mais sublime de minha vida foi cantar com Renato Teixeira”, confessa ele, depois de declamar o Recife em versos musicados por ele e por Teixeira, em "Recife Eu e Você", música gravada por ambos, disponível nas plataformas digitais. 

"Ele me ligou dizendo que queria celebrar a Cidade em uma canção comigo". E assim se fez, em letra que passeia pela Livro 7 e pelo "homem de azul que ensina a pensar", remetendo ao saudoso Tarcísio Pereira. Alceu, Ariano Suassuna, João Cabral de Melo Neto, as pontes e manguezais também estão incorporados nos versos.

Fagner, Zé Ramalho, Elba, Vital Farias, Dominguinhos, Xangai e Flávio José são outros nomes que dividiram palcos e discos com Maciel e/ou emprestaram a voz a composições assinadas por ele, que desde "Desafio das Léguas" (1989), o primeiro disco, até os dias atuais e os que ainda virão, tem fincado os seus cantos, causos e poesias no solar repertório da música nordestina (e brasileira).

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