Política cultural: Especulação sobre a possível extinção da Secretaria de Cultura faz classe se mobilizar pelas redes sociais

Bruno Albertim *Jornal do Commercio

Não se sabe. Pelo menos, não oficialmente. Enquanto atores importantes da produção cultural lamentavam e se articulavam, através das redes sociais, contra a possível extinção da Secretaria de Cultura (Secult), o Governo do Estado de Pernambuco não confirmava nem negava o fim da pasta, que no ano passado executou um orçamento de 137,4 milhões, sendo 25% só para o Funcultura.

“O governador não anunciou ainda oficialmente a reforma. Oficialmente, não há informação”, dizia, ontem, Marcelo Canuto, escalado como secretário interino, há cerca de um mês, para a Cultura. Antigo companheiro de militância do governador Eduardo Campos, Canuto substituiu Fernando Duarte, petista minado pela crise nacional entre o PT e o PSB. “Ninguém pode dizer que ouviu de um porta-voz do Governo que a Secult vai ser extinta. O que temos é especulação na mídia, nas redes sociais”, diz.

    O fato é que três projetos de reestruturação da máquina chegaram  à sede do Governo. “Não tive acesso ao conteúdo. Não posso dizer se há menção à extinção da Secult, que desempenha um papel muito importante para o Estado”, explicou Canuto. Em sigilo, três membros do primeiro escalão davam como favas contadas o fim da pasta. Assessores e membros de segundo escalão, ontem, não sabiam se podiam iniciar projetos na Secretaria de Cultura. “Não sabemos como as coisas vão funcionar”, disse, em reserva, um servidor.

    Durante sua participação no Programa do Jô na TV Globo, há oito dias, Eduardo falou, mais uma vez, com postura de ator da política nacional: criticou o número excessivo de 39 ministérios no governo Dilma e prometeu enxugar a máquina quando voltasse a Pernambuco. Conversas de bastidores sinalizavam que ele deve recuar da decisão em relação à Cultura em função da grande repercussão negativa e pelo fato de a proposta ter vazado antes do momento estratégico. Hoje, governo deve se pronunciar a respeito: é o último dia útil para se mandar projeto de lei para a Assembleia Legislativa para ser votado este ano.

 Até Eduardo Campos assumir o governo, a Cultura era, na gestão Jarbas Vasconcelos, um apêndice da Educação. Diz-se que a criação da pasta foi um pedido irrecusável do escritor Ariano Suassuna, tio da primeira-dama Renata Campos. Com sua reforma, Eduardo pode acabar com a pasta que ajudou, historicamente, a resgatar - como fez o seu avô, Miguel Arraes.
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