O velho novo tema das enchentes

E mais uma vez, como em todos os anos, os jornais anunciam o período das enchentes, das enxurradas, dos desabamentos. As imagens são tão corriqueiras que se poderia repetir fotografias de anos anteriores e poucos leitores se dariam conta.

Junto com as reportagens, segue a costumeira lamentação de especialistas sobre a falta de planejamento, a incúria de autoridades e a falta de critério daqueles que constroem suas casas em lugares instáveis.

A revista Época que circula nesta semana traz entrevista com o premiado arquiteto americano Thom Wayne, para quem as grandes cidades devem ser pensadas como países, porque cresceram ao ponto de exaustão, e juntam uma quantidade e uma diversidade de pessoas impossíveis de administrar pelos meios tradicionais de planejamento. Para ele, o importante é organizar os vínculos sociais, mas os arquitetos e outros profissionais que administram os aglomerados urbanos pensam na estética e nas conveniências presentes.

O texto é interessante por colocar em debate propostas avançadas para o conceito de ambiente ecologicamente adequado, mas passa a anos-luz dos problemas que os brasileiros enfrentam para viver em suas cidades.

Uma das questões das pautas sobre a vida urbana é que elas quase sempre se restringem às metrópoles, enquanto as cidades médias se expandem aceleradamente, sem que seu destino seja colocado em discussão. É nesses lugares que se encontram em gestação os problemas do futuro próximo. O risco das enchentes é apenas um deles, mas é uma constante em muitas regiões do Brasil, repetindo-se nas cidades de todos os portes.

Os jornais registraram seis mortes e 46 mil pessoas desalojadas no Espírito Santo, onde metade dos município se encontra em estado de emergência. Em Minas Gerais, as chuvas já provocaram 15 mortes e no Rio de Janeiro o sistema de defesa civil entrou em alerta. Os números são agravados pelo aumento dos acidentes nas rodovias, parte deles associada às más condições climáticas.

Fonte: Observatório da Imprensa
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