"O REI DO BAIÃO NÃO GOSTOU MUITO DO FORRÓ ESTILIZADO E ADVERTIU PARA BOTAR SANFONA, ZABUMBA E TRIÂNGULO", CONTA ASSISÃO

A série jornalística “Histórias Perdidas” trás hoje um relato de um fato pouco conhecido dos nordestinos, em particular, os amantes do forró. Foi buscando resgatar está revolução musical e para colocar no lugar o verdadeiro responsável por isso, que Alejandro García, repórter fotográfico do FAROL, e o repórter Paulo Cesar, entrevistaram o cantor e compositor serra-talhadense Assisão. ]

Assisão é hoje uma das maiores expressões da música popular brasileira, com mais de 53 anos de carreira. Ele construiu um dos mais importantes currículos da história do forró, chegando inclusive a receber o título de “O Rei do Forró”. Mas, nos anos 80, período em que viveu o auge do sucesso, Assisão inovou ao trocar o som da tradicional zabumba, sanfona e triângulo, pelo o da guitarra, baixo, teclado e bateria. Isso ocorreu mais precisamente em 1985, no LP “Forró do Imbiga”.

“A gente queria mudar e resolvi colocar um som de guitarra, baixo, teclado e bateria. Teve música que a gente colocou o compasso musical do Havel Metal e rifs – introdução – com guitarra, entre outras” explica Assisão.

Segundo ele, a ideia era mudar sem tirar as bases que ajudaram a edificar o ritmo. “Uma das primeiras músicas que trabalhamos esse sistema foi “Forró do Futuro”, a letra dela é bem regional”, conta o forrozeiro.

Segundo cantor, o Rei do Baião, Luiz Gonzaga, não se agradou muito da ideia e recomendou que “não deixe de usar a zabumba, a sanfona e o triângulo”. 

Mesmo com as recomendações do Velho Lua, o serra-talhadense continuou a sua saga e em 1987 atingiu a marca de mais 350 mil cópias de discos, um feito para uma época em que poucos nordestinos tinham uma radiola em casa. O sucesso abriu as portas para o cantor se apresentar no programa do Chacrinha – um dos maiores comunicadores da televisão brasileira – e a ser tema de reportagem no programa Fantástico, ambos na TV Globo.

As músicas se tornaram verdadeiros hits, sendo obrigatórios nas quadrilhas juninas, que com base no ritmo das músicas aceleram os passos dando origem ao que é conhecido hoje como “quadrilhas estilizadas”, já que modificaram marcação usadas nas quadrilhas tradicionais, que possuem passos oriundos das danças francesas e portuguesas.

Somente nos anos 90 surgem as bandas que ao longo dos anos se denominaram como as primeiras do gênero forró estilizado, como Mastruz Com Leite, Forró Maior, Mel Com Terra, Cavalo de Pau, Limão Com Mel e outras. No entanto, poucos sabem que Assisão foi quem criou a primeira banda desse gênero, a banda Planeta Terra, formada por Douglas, Zé Orlando, Arnaud Lima e João Grúdi. A banda gravou um LP, em 1986, mas não chegou a fazer sucesso.

Passados 30 anos de transformação iniciadas por Assisão, o forró de hoje pouco lembrar os de décadas passadas, o que para o velho forrozeiro é motivo de tristeza. Porém, ele também vê o outro lado da história ao afirmar que a mudança fez com que o estilo musical fosse valorizado e os cachês aumentaram, tornando possível que bandas e cantores pudessem montar uma estrutura que envolvesse muita gente. “Hoje você vê bandas com mais 60, 70 pessoas trabalhando”, salienta. o criador do forrozeiro estilizado.

Assisão, que se define como um perfeccionista, que gosta de coisas boas e que, segundo ele, gosta de ouvir as opiniões antes gravar, não pode ser esquecido pelo seu pioneirismo e pelas inovações revolucionarias que propôs, muitas delas sintetizadas na profética música “Forró do Futuro” (composta por Assisão), gravada em 1985 no LP “Forró do se Imbiga”, que este outras coisas diz: “…Guitarra, pandeiro e ganzá/Sanfona tocando batera virar/Contra baixo gemendo/E o povo comendo/Mulher bonita na sala a gritar/Nesse forró vai ter futuro, Ai, ui, ai, ui…”.

Um forte abraço e até a próxima!
Fonte: Reportagem Paulo César Gomes- Fotos: Farol de Notícias/Alejandro Garcia
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