Movimento Sem Terra completa 30 anos e acusa Governo de Esvaziamento

Sem força para organizar novos acampamentos de sem-terra e pressionar o governo para a criação de assentamentos, o grupo também sofre os impactos da política da presidente Dilma Rousseff, que só não desapropriou menos terras no período pós-democratização do que Fernando Collor em sua breve gestão.

Dilma também vem adotando medidas que tendem a enfraquecer a força do MST entre famílias já assentadas. Em dezembro, em meio a uma série de decretos para o setor, determinou que os recursos que o governo repassa às famílias assentadas para facilitar sua instalação nos lotes não passem mais por cooperativas. Serão entregues diretamente às famílias, o que enfraquece a capacidade de mobilização das cooperativas e, indiretamente, do MST, que controla boa parte delas.

Indicadores da redução da força do MST estão por toda parte. Um deles é o mais recente relatório da Ouvidoria Agrária Nacional, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário. Ele mostra que número de invasões de terras em 2013 deve ser o mais baixo dos últimos dez anos.

O MST não é a única organização que organiza ocupações e acampamentos (a Ouvidoria registra a existência de quase quatro dezenas delas no País), mas é a principal. Responde por quase 60% de todo tipo de ação relacionada à reforma agrária.

Ainda de acordo com a Ouvidoria, o auge de sua capacidade mobilização ocorreu em 1999, no governo de Fernando Henrique Cardoso, do PSDB. O ponto mais baixo foi 2002 - ano que os movimentos de sem-terra fizeram um recuo para favorecer a eleição do petista Luiz Inácio Lula da Silva.

Um dos líderes do MST, o economista João Pedro Stédile aponta as razões para a redução das ações atualmente. “Elas se devem a uma conjugação de diversos fatores. Do lado do latifúndio, houve uma avalanche de capital que foi para agricultura atraído pelos preços das commodities, que dão elevados lucros e aumentaram o preço das terras. E com isso bloqueia a reforma agrária. Do lado dos trabalhadores os salários aumentaram nas cidades, e isso reforçou o êxodo rural. Há um bloqueio também no Judiciário e no Congresso.”

Quanto ao Executivo, diz: “O governo abandonou as desapropriações. E os trabalhadores acabam desanimando.” Para Stédile, tudo isso é conjuntural, uma vez que não se teria resolvido o problema dos sem-terra: “A retomada da luta com mais força, é a apenas uma questão de tempo.”
 / Foto: Reprodução do Facebook
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