Disco de vinil são reeditados e estão de volta ao mercado fonográfico


“Muita atenção às instruções de uso e manutenção. Primeiramente, retire cuidadosamente o disco da capa e coloque-o sobre a radiola. Em seguida, ajuste delicadamente a agulha no disco. Deixe, então, os primeiros milésimos de segundos de silêncio agir e sucederem-se ao som da música.” A bula na verdade não existe, mas bem que poderia.

 Seja por nostalgia, modismo, qualidade do som ou simples vontade. Seja jazz, frevo, samba, música lenta, bossa nova, rock ou forró, cada vez mais amantes da música e bandas vêm mostrando-se adeptos dos vinis, fazendo com que a bolacha preta não esteja mais restrita aos sebos. É, aliás, cada vez mais comum ouvir o som chiado dos LPs em casa e em festas, como a Terça do Vinil, projeto itinerante que o DJ 440, Juniani Marzani, toca atualmente no Bar da Moeda, no Bairro do Recife.

O Reino Unido viu em 2013 seu melhor ano para os vinis desde 2001, chegando a 700 mil LPs vendidos. E o Brasil segue no mesmo rumo. A única fábrica do País, a Polysom, prensou 135.657 mil bolachões entre 2010 e 2013. Isso sem contar as bandas nacionais que optaram por contratar o serviço na Europa. A banda Café Preto – projeto recente de Cannibal, da Devotos do Ódio – lançou seu primeiro CD e vinil ano passado e preferiu encomendar a fabricação dos LPs na França.

“Cheguei a fazer um orçamento com a Polysom e custaria cerca de R$ 7.000. Muito caro, não dava. E eu queria que o disco fosse colorido. O irmão de Leandro, um dos dono do selo Loop Play, trabalha na França e partir daí fizemos o contato e ficou do jeito que a gente queria e bem mais barato”, disse. Por enquanto, a bolacha do grupo ainda não está à venda nas lojas do Recife, mas sim pela internet.

Foram os mesmos motivos que levaram Herbert Lucena a lançar sua mistura de coco e forró em vinil prensado na República Tcheca. Não me peçam jamais que eu dê de graça aquilo que eu tenho para vender,segundo álbum do músico, chegou às lojas em LP no mesmo dia que em CD, em dezembro de 2011. “O vinil feito lá é mais grosso, tem 160 gramas enquanto o feito no Brasil tem 120g, e acaba saindo pelo mesmo preço. Então, proporcionalmente, sai até mais barato.”, conta. Com mais de 1.000 vinis em casa, Herbert diz que é raro ouvir CD.

Uma das primeiras bandas da cena pernambucana dos anos 1990 ter um disco de vinil para chamar de seu foi a sempre precursora Chico Science & Nação Zumbi. Em 1994, os mangueboys lançavam seu primeiro álbum, Da lama ao caos, e a Sony (gravadora do grupo na época) resolveu fazer uma tiragem especial em bolacha preta. Na época, o CD já tinha tomado o lugar do vinil nas lojas e casas do mundo afora.

Atualmente, tiragens especiais de LPs de 12 polegadas de reedições de discos clássicos também têm sido realizadas pela Polysom. Feito em casa, de Antonio Prado; Todos os olhos (e sua polêmica capa), de Tom Zé; A máquina voadora, de Ronnie Von; Maria Fumaça, da banda Black Rio; e Coisas, de Moacir Santos, entre outros.

Fonte: Jornal do Commercio
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