PESQUISADORES ALERTAM QUE MESMO COM MEDIDAS DE DISTANCIAMENTO SOCIAL O NOVO CORONAVÍRUS CONTINUA CIRCULANDO

No final do mês passado ao apresentar uma proposta de flexibilização do modelo de distanciamento social vigente no Rio Grande do Sul, o governador Eduardo Leite fez uma observação que pode exasperar quem não vê a hora de deixar o coronavírus para trás.

"Ainda vamos conviver com o vírus por bastante tempo. Muitas pessoas têm a ilusão de que ele vai passar. Não vai passar, vai continuar circulando. Não há expectativa de vacina no curto prazo", disse o governador.

São palavras incômodas, mas verdadeiras. Um estudo publicado pesquisadores da Universidade Harvard (EUA), por exemplo, estimou que medidas intermitentes de isolamento social podem ser necessárias até 2022, como forma de frear novas ondas epidêmicas.

A questão é que, enquanto uma vacina não for desenvolvida (processo que leva em média 18 meses), fabricada em larga escala, distribuída e aplicada maciçamente, o vírus continuará rodando o mundo e exigindo mudanças de hábitos. A infectologista Lessandra Michelin, diretora da Sociedade Brasileira de Infectologia, observa que as atuais estratégias de distanciamento não têm o poder de erradicar o vírus. O que elas conseguem é reduzir a circulação dele.

"Quando você fica em casa, o vírus não vai te achar neste momento. Mais isso não quer dizer que ele não vai voltar. As medidas de isolamento não são para erradicar o vírus, são para termos tempo de nos organizar para combatê-lo e para proteger as pessoas", explica a especialista.

Lessandra lembra que regiões que já estão às voltas com a epidemia há cinco meses, como em partes do Oriente e da Europa, seguem lutando contra ela e tendo de lidar com novas ondas de infecção. 

No Brasil, a covid-19 ainda há um longo caminho pela frente, especialmente espinhoso por causa do inverno que chegou.

Entre o fim de maio e início de junho, diversas cidades e estados passaram a adotar planos de flexibilização das medidas de distanciamento social adotadas em função da pandemia do novo coronavírus. As iniciativas provocaram debates, uma vez que há locais onde os casos continuam crescendo.

Autoridades de saúde e organizações de pesquisa indicaram recomendações para esses ajustes e para eventuais recuos, chamados por alguns governos “isolamento intermitente”. Entre essas orientações estão os fatores que devem ser avaliados para que autoridades afrouxem ou endureçam as regras de distanciamento.

A Organização Mundial da Saúde divulgou documento de orientações denominado “Critérios de Saúde Pública para Ajustar Medidas de Saúde Pública e Sociais no Contexto da Covid-19” onde discute os parâmetros que devem ser levados em consideração para a avaliação das autoridades na definição das regras de distanciamento social.

Tomando como base a formulação da OMS, em nota técnica sobre o caso pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) afirmaram que há consenso entre estudiosos de que diante do cenário da ausência de vacinas o novo coronavírus continuará circulando mesmo com medidas de distanciamento social, o que pode resultar no ressurgimento da onda e no aumento dos casos e de mortes.

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