PROJETO MUSEUS ORGÂNICOS: POTENGI, CEARÁ GANHA O MUSEU CASA DOS PÁSSAROS

O Serviço Social do Comércio (Sesc), braço social do Sistema Fecomércio-CE, inaugurou o Museu Casa dos Pássaros do Sertão, também conhecido como a casa do Seu Mário Abraão e Dona Zizi, situada no Sítio Pau Preto, no município de Potengi, Ceará. A iniciativa faz parte do projeto Museus Orgânicos do Sesc, em parceria com a Fundação Casa Grande, que tem como principal premissa estabelecer um vínculo entre o legado histórico do saber dos mestres e onde inicia e reside a tradição: suas moradas.

A história do Museu Casa dos Pássaros do Sertão começa em meados dos anos 30 e 40, quando o casal Abraão Gonçalves de Pinho e Ana Gonçalves de Pinho, e sua filha de cinco anos de idade, Josefina Zizi da Conceição, chegavam de mudança em sua nova propriedade, a Fazenda Belo Horizonte. A família, que antes residia na Cachoeira dos Gonçalves, em Crato, comprou a nova propriedade onde se instalaram para trabalhar com a pecuária bovina.

No ano de 1947, com 15 anos de idade, Josefina Zizi da Conceição, a Dona Zizi, se casa com Mário Gonçalves de Lima, e juntos passam a trabalhar com agricultura, produzindo algodão, milho, feijão e fava, e com a pecuária, criando gado. Com o passar dos anos, constroem uma família na Fazenda Belo Horizonte.

Seu Mário e Dona Zizi se tornam grandes produtores da região e têm uma vida próspera na fazenda, que ganha o apelido de “Sítio Pau Preto”. Durante a jornada, o casal tem nove filhos: Adalberto, Mariinha, Francisca, Joaquim, Abraão, José, Ana Lúcia, Luiz e Mário.

Seu Mário, também chamado Mário Abraão (apelido herdado do sogro), e Dona Zizi decidem dividir a propriedade com os filhos, definindo e documentando uma parte da prioridade para cada um. Com isso, após alguns anos, surge “A Casinha”, propriedade do filho mais novo do casal, Mário Gonçalvez de Lima Filho, e agora, recém-inaugurada Museu Casa dos Pássaros do Sertão.

Localizada no meio da caatinga, na Fazenda Belo Horizonte, mais conhecida como Sítio Pau Preto, hoje, “A Casinha” se transformou em espaço de observação e de fotografia de aves de Jefferson Bob, bisneto de Seu Abraão, neto de Dona Zizi, e filho mais velho de Mário Filho. Bob, como é chamado na região, desde criança teve sua vida conectada com o sítio, tornando-se biólogo e conhecedor da avifauna.

À medida que foi crescendo, o bisneto de Seu Abrão e neto de Dona Zizi percebeu que além dele, outras pessoas também faziam o mesmo e então passou a exercer a atividade de guia de observação de aves em 2013.

O Sítio Pau Preto, que conta atualmente com 212 espécies de aves registradas no “E-Bird”, foi ganhando espaço como ponto turístico. A presença de visitantes e de agências de observação de aves de toda parte do mundo exigiu de Bob uma transformação para um local de acolhida.

Em 2016, ele e sua mãe Ivete Guedes iniciaram um projeto de hospedagem domiciliar, que recebe apoio de muitos observadores de aves via arrecadação pela internet. Após a reforma, os grupos passaram a usar o local como hospedagem e ponto de apoio para a atividade. No local, também é feito o trabalho de preservação da natureza.

Através das redes sociais e do contato com agências da área, o Sítio Pau Preto hoje é referência e pioneiro no Nordeste como área exclusiva para a atividade de observação de aves. Com todo esse enredo em volta, o Sítio Pau Preto dá mais um passo, e se transforma no “Museu Casa dos Pássaros do Sertão”.

O projeto surgiu em Nova Olinda, através da Fundação Casa Grande, responsável por duas experiências naquele Município: o Museu do Ciclo do Couro: Memorial Espedito Seleiro e o Museu Casa Antônio Jeremias. Os dois espaços movimentaram ainda mais a quantidade de visitantes na cidade, integrando um roteiro turístico local.

Com o sucesso, a proposta foi apresentada ao Sesc que topou ampliar, instalado mais 16 novos museus, com investimento de R$ 160 mil. Em setembro do ano passado, foi inaugurado o primeiro deles: o Museu Orgânico Casa do Mestre Antônio Luiz, em Potengi, que homenageia o líder do reisado dos Caretas de Couro, no Sítio Sassaré. Já o segundo, foi aberto no mesmo município, em novembro, na oficina de Francisco Dias, o Mestre Françuli, que fabrica aviões com folhas de flandre e zinco.

Em agosto deste ano, foram inaugurados o Museu Orgânico Mestre Raimundo Aniceto, em Crato, dedicado ao integrante da centenária Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto; e o Museu Casa do Mestre Nena, em Juazeiro do Norte, líder do grupo Bacamarteiros da Paz, do bairro João Cabral. Já no mês de outubro, foi a vez de abrir as portas do Museu Orgânico Casa da Mestra Zulene Galdino, também em Crato, que valoriza uma das principais guardiãs da cultura popular do Cariri.

Contato pelo e-mail: araripebirding@gmail.com ou pelo telefone: (88) 99204-2146.

Fonte: Facebook Ana Vartan (Biologa)
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