Decolou no início da tarde de hoje (23) do Aeroporto de
Congonhas, na capital paulista, para o Aeroporto Presidente Juscelino
Kubitschek, no Distrito Federal, o primeiro voo comercial brasileiro com
bioquerosene. A operação com combustível renovável, feita pela
companhia Gol Linhas Aéreas, pode reduzir em até 80% a emissão de gases
de efeito estufa. A empresa espera disponibilizar cerca de 200 rotas com
essa tecnologia durante a Copa do Mundo de 2014. O evento marca o Dia
do Aviador, celebrado na data em que Santos Dumont fez o primeiro voo em
um avião.
De acordo com a Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear), o
combustível de aviação representa, atualmente, cerca de 43% do custo das
passagens aéreas. A curto prazo, no entanto, essa mudança não deve
repercutir no valor da tarifa. "Com maior adesão a esse tipo de
programa, acompanhado de políticas públicas, a tendência é que haja um
ganho de escala a ponto de fazer com que esse combustível tenha um custo
equivalente ao de origem fóssil. Para nós, já seria uma grande
conquista. Essa é a meta do primeiro momento", explicou Paulo Kakinoff,
presidente da Gol.
O ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil, Moreira Franco,
considera que ainda é cedo para definir uma política pública de
incentivo à utilização de biocombustível na aviação. "A consequência que
queremos é que essas melhorias signifiquem custos menores, mas é cedo
para definir como vamos operar para que essa experiência, que já é
viável, seja coletivamente utilizável. Esse é o objetivo da política que
vai ser formulada a partir de agora", declarou. Ele esclareceu que,
inicialmente, a proposta foi garantir um padrão de sustentabilidade que
melhore a vida no planeta.
A tecnologia do biocombustível, exclusiva para a aviação, foi
desenvolvida pela empresa norte-americana Amyris, com filial no Brasil, e
não necessita de nenhum ajuste do maquinário do avião. "O bioquerosene é
uma mudança de paradigma. Você passa a ter, a exemplo do carro a álcool
e veículos de biodiesel, também os aviões com essa possibilidade",
avaliou Donato Aranda, professor do curso de engenharia química da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O processamento do
combustível do voo de hoje utilizou uma mistura de óleos vegetais,
incluindo o de milho e o de cozinha já usado.
O primeiro voo com essa tecnologia em caráter experimental foi feito
no ano passado, durante a Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. "De todos os biocombustíveis,
esse é o mais novo. E para a adoção de um parâmetro novo na aviação, a
segurança exigida é quatro vezes maior do que qualquer outro veículo. É
uma tecnologia mais sofisticada", justificou Aranda. Foram pelo menos
cinco anos de estudos até que fossem concluídas as validações de
especificações técnicas pela indústria aeronáutica e órgãos como a ASTM
Internacional (um órgão norte-americano de normalização, originalmente
conhecido como American Society for Testing and Materials) e a Agência
Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Fonte: Agência Brasil
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