O POVO SERTANEJO NÃO PRECISA CONVIVER COM UMA USINA NUCLEAR NAS MARGENS DO RIO SÃO FRANCISCO, AFIRMA DEPUTADO JOÃO PAULO

O deputado estadual João Paulo (PCdoB) destacou no Plenário da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), a Carta de Floresta, contrária ao projeto de instalação de uma usina nuclear no município de Itacuruba (PE), na região do Sertão de Itaparica. E provocou a reação do defensor do projeto, deputado Alberto Feitosa (SD), que reclamou de “sensacionalismo” e “terrorismo” na discussão promovida sobre o tema.

O documento resultante de debate promovido pela Diocese de Floresta (PE), juntamente com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), foi assinado por lideranças religiosas, representantes de comunidades quilombolas e de povos indígenas, pesquisadores e estudantes.

Além de expressar preocupação com a possibilidade de conviver com uma usina nuclear, a carta pede mais diálogo com a população local, e lembra que, na década de 1980, famílias da região precisaram ser removidas para a construção da Barragem de Itaparica. Mudança que, segundo o relato do parlamentar, impediu a continuidade do trabalho com dignidade e resultou em altos índices de depressão e suicídio entre jovens.

“Progresso e desenvolvimento só são verdadeiros e reais quando promovem a vida, a partir da vida dos mais necessitados, e não a economia e o lucro de uma restrita elite”, diz um trecho da carta reproduzido.

“Esse povo não sente a necessidade de usina nuclear, não acredita em promessas que já ouviu 30 anos atrás e que resultaram na situação problemática em que hoje vive”, prossegue a carta.

O documento ainda conclui que o desenvolvimento deve respeitar as caraterísticas, tradições, possibilidades e aspirações da população. E, para evitar a repetição de erros do passado, expõe como necessário escutar os interessados e ampliar o conhecimento dos estudos técnicos e socioantropológicos relacionados ao tema.

“Todos aceitam com entusiasmo a possibilidade de uma vida melhor, mas isso significa acesso à educação e à saúde, possibilidade de um trabalho real e contínuo, justiça social e defesa das culturas; significa, sobretudo, unir a população e vislumbrar outros modelos de desenvolvimento pautados no princípio da dignidade da vida humana”, diz outro trecho lido pelo deputado João Paulo.

O deputado Alberto Feitosa disse reconhecer o valor do trabalho realizado no encontro das comunidades, mas destacou que o documento foi feito por “um grupo que, declaradamente, foi promover uma ação antinuclear”. “O mais importante é estarmos cumprindo o papel desta Casa: o debate e o diálogo”, ponderou.

Fonte: Ascom da Alepe
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