NÃO DEIXEM O PATRIMÔNIO CULTURAL DE LUIZ GONZAGA MORRER

A voz forte de Luiz Gonzaga ainda ecoa, dirigindo-se para as autoridades (Governadores, Deputados Federais, Estaduais, Prefeitos, Vereadores, presidentes de associações de bairros), para denunciar o descaso, a burocracia que seguram e impedem a velocidade de fazer do turismo e da identidade cultural geração de emprego e renda.

Infelizmente mais uma vez temos que vir a público denunciar o descaso que o Governo Federal e do Estado de Pernambuco tem com aquele que deveria ser um dos principais Patrimônios da Cultura: Luiz Gonzaga e sua sanfona.

É triste e assustador, mas é desafiante saber que estamos na semana da celebração da data de morte de Luiz Gonzaga, 02 de agosto e assistimos o pouco caso dos Governos. Neste ano 2019 completam-se 30 anos de morte de Luiz Gonzaga e até o momento o Brasil e o Nordete, Pernambuco em especial sequer tem uma programação para cantar a saudade de Luiz Gonzaga.

Não vou aqui nem mesmo citar que em dezembro,data de nascimento é outro desafio. Termos uma programação cultural e festiva para homenagear Luiz Gonzaga no dia 13 de dezembro 2019?

Para onde está caminhando a Política Cultural brasileira? 

É a voz de Luiz Gonzaga ainda forte, a fonte maior de sua força social e "a bandeira do sertão nordestino em que tremula o Brasil inteiro". 

Este assunto evoca os versos de uma canção: "Tanta saudade preservada num velho baú de prata dentro de mim / Digo num velho baú de prata porque prata é a luz do luar". Este baú é como um museu pessoal, o museu que todos temos, feito de lembranças, quinquilharias e reminiscências que alimentam o nosso presente. Como todos os museus pessoais, o da canção tem "qualquer coisa" que vai além do "eu".

Luiz Gonzaga, por meio da sua música, deu origem a uma das mais significativas representações da cultura brasileira. Sua música e o baião, sua mais expressiva criação, revolucionaram o imaginário do povo brasileiro. Um universo ímpar de significações que alargou as fronteiras da nossa identidade nacional, incluindo o povo nordestino no imaginário do Brasil. 

Há quem diga que o Nordeste, tal qual o compreendemos, foi uma invenção de Seu Lua. A grandeza de sua obra fez dele um dos representantes mais ilustres da cultura brasileira, pelo que dela ele soube traduzir e o que a ela soube, com sua genialidade, acrescentar. 

Gilberto Gil, ex-ministro da cultura disse que há um momento e um território em que o canto da memória se encontra com outras memórias e outros cantos. E se transforma a partir dos encontros feitos. Os museus de pedra e cal e os museus virtuais são baús abertos da memória afetiva da sociedade, da subjetividade coletiva do país, da soma dos museus pessoais.

É preciso que o Museu do Gonzagão se mantenha vivo e pulse, consagrando o jogo de tradição e invenção que dialeticamente marca a construção da cultura brasileira.

O Museu de Luiz Gonzaga em Exu, têm cheiro de vida e nele está o alimento, a raiz da música mais brasileira inspirada no toque da sanfona de Luiz Gonzaga, de seus compositores e seguidores. E esta raiz remete ao cosmo (e ao caos) das musas.

O museu é a casa das musas. E não por acaso a musa da música tem lugar privilegiado no Templo das Musas, no museu das artes, no panteão das musas que desde a mitologia grega são as inspiradoras de toda arte, de toda criação humana. Os museus abrigam o que fomos e o que somos. E inspiram o que seremos.

O Parque Asa Branca precisa ser visto como um lugar de criação, diálogo e preservação do aqui e do agora. Esta noção está na base dos esforços de todos que preservam a memória e história de Luiz Gonzaga.

Os museus são "pontos de cultura". O Parque Asa Branca deveria cumprir um papel de referência e base para o futuro da cultura. O Museu Gonzagão significa música e poesia para os nossos corpos, mentes e espíritos.

O alerta é para que o pedido de Luiz Gonzaga não se perca no tempo: "Não deixem nosso forró morrer".
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