Ministros da Agricultura e da Saúde vão explicar durante audiência a liberação de 211 agrotóxicos

Os ministros da Agricultura, Tereza Cristina, e da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, serão os próximos a serem sabatinados pela Câmara dos Deputados, em Brasília. 

Os dois confirmaram presença na Comissão de Defesa do Consumidor da casa após um requerimento de convocação do deputado federal pernambucano Felipe Carreras, do PSB. A audiência está confirmada para o dia 7 de agosto, logo na primeira semana após o recesso parlamentar. 

A intenção é que eles expliquem a liberação indiscriminada de 211 novos agrotóxicos apenas nos primeiros seis meses deste ano, como está sendo feita a fiscalização nas lavouras e quais os impactos na saúde da população. A expectativa é de um bom embate entre a bancada contra a utilização dos produtos e a bancada ruralista.

O número de liberações de agrotóxicos nos seis primeiros meses de 2019 já ultrapassa todo o ano de 2018. Além disso, o País segue totalmente na contramão da tendência mundial, que é diminuir cada vez mais a quantidade de agrotóxicos permitidos e suas utilizações. 

O caso do Brasil, inclusive, já se transformou em um problema acompanhado por todo o mundo, como confirma matéria do jornal francês Le Monde, na última semana, que afirmou “Ao liberar agrotóxicos, Brasil vai na contramão da tendência mundial”, lembrando ainda o caso que a Rússia bloqueou um carregamento de soja brasileiro por ter ultrapassado os limites autorizados de resíduos de glifosato.

“O que está acontecendo no Brasil é que estão colocando veneno na mesa das pessoas e o governo parece estar pedindo que coloquem cada vez mais, fechando os olhos para a fiscalização e dando mais subsídios para que essas substâncias atinjam mais pessoas. 

Matérias jornalísticas nos mostram todos os dias problemas de saúde provocados por estas substâncias. Pessoas estão morrendo e o governo quer liberar cada vez mais agrotóxicos. Isso não pode continuar desta forma”, argumentou o deputado Felipe Carreras.

Segundo levantamento realizado com base em dados do Ministério da Saúde, as notificações por intoxicação por agrotóxico dobraram desde 2009, passando de 7.001 para 14.664, em 2018. Apesar desses números, a Organização Mundial de Saúde estima que este índice pode ser até 50 vezes maior.

Na última semana, em audiência pública sobre Isenção Fiscal de Agrotóxicos, realizada em Brasília, foi afirmado que o incentivo aos agrotóxicos do Brasil pode superar a casa dos R$ 14 bilhões anualmente. Além disso, a cada US$1 gasto com defensivos agrícolas, é necessário um custo de até US$ 1,28 em tratamentos de intoxicação.

“Já foram registrados milhares de casos de intoxicação por agrotóxicos no País. São mais casos de câncer, doenças crônicas e malformações congênitas. No Ceará, por exemplo, a médica pesquisadora da Universidade Federal do Ceará, Ada Pontes, constatou que os agrotóxicos estão ligados diretamente aos casos de má formação e puberdade precoce em crianças. Este é apenas um caso de vários já apresentados por pesquisadores e pela imprensa. Se esses produtos estão fazendo tanto mal, estão onerando os cofres públicos e toda a população é contra, queremos saber o que explica essa quantidade de liberações”, finalizou Carreras.

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