Meio Ambiente: Inpe registra em junho aumento de 88% de desmatamento na Amazônia

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais detectou aumento de 88% no desmatamento da Amazônia comparando junho de 2019 com junho de 2018. O retrato vem de imagens de satélites, que detectam desmatamento em tempo real. Segundo o Inpe, o desmatamento na Amazônia atingiu 920 quilômetros quadrados de floresta em junho.

Quase todo esse desmatamento foi registrado em quatro estados. Só em Juara, Mato Grosso, o MapBiomas, que reúne ONGs, universidades e empresas de tecnologia, calcula que foram cortadas mais de 300 mil árvores no mês.

Foi o pior resultado para junho desde 2016 de acordo com o sistema de monitoramento de alertas do Inpe, que monitora a Amazônia há mais de 30 anos. Os pesquisadores explicam que grande parte do desmatamento pode estar associada à expansão de atividades na região.

“A resposta para isso pode estar ligada a uma série de fatores. Efetivamente, há uma expansão de atividades na região, seja por mineração, por grilagem de terra, por expansão agrícola. Enfim, você tem vários atores que podem estar agindo atrás dessa região”, disse o coordenador do programa de monitoramento do Inpe, Cláudio Almeida.

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, defende que a preservação precisa encontrar um caminho que não sacrifique o desenvolvimento econômico.

“Se houve uma questão numérica de contenção do desmatamento que depois voltou a crescer, também houve um prejuízo que acaba gerando resultados negativos mais à frente de um empobrecimento. A pergunta é: de que forma nós podemos conter o desmatamento ilegal, mas trazer essas pessoas para um padrão de atividade econômica para uma qualidade de vida?”, avaliou.

A política ambiental do governo vem sofrendo críticas especialmente de países europeus, que vêm fazendo pressão para que o Brasil não deixe o acordo de Paris, pacto internacional de preservação. Num encontro com a bancada ruralista, o presidente Jair Bolsonaro rebateu críticas e disse que fez um desafio ao presidente francês Emmanuel Macron e à chanceler alemã Angela Merkel.

“O que eles pensam a nosso respeito? Esses dois em especial achavam que estava tratando com governos anteriores. Que, após reuniões como essa, vinham para cá e demarcavam dezenas de áreas indígenas, demarcavam quilombolas, ampliavam área de proteção. Ou seja, dificultavam cada vez mais o nosso progresso aqui no Brasil. Convidei inclusive ele e Angela Merkel para sobrevoar a Amazônia. Se encontrassem, num espaço entre Boa Vista e Manaus, um quilômetro quadrado de desmatamento, eu concordaria com eles”, disse o presidente.

O MapBiomas identificou problemas exatamente nesse trecho sugerido por Bolsonaro. Foram mais de 2,1 mil alertas ou focos de desmatamento nos últimos seis meses (janeiro a junho). Cada ponto equivale a uma área de 213 quilômetros quadrados. Segundo os pesquisadores, mais de 95% foram desmatamentos ilegais.

O diretor do WWF-Brasil, Edegar de Oliveira, diz que preservar a floresta não impede o desenvolvimento e reforça a importância da prevenção.

“Numa agenda onde você vem questionando muito a questão do desmatamento, das áreas protegidas, da questão das multas em si, isso a gente está vendo indicativo de aumento dessas taxas, uma diminuição da fiscalização. E isso nos leva a um cenário bastante preocupante”, explicou.

Fonte:Jornal Nacional
Nenhum comentário

← Postagem mais recente Postagem mais antiga → Página inicial

0 comentários:

Postar um comentário