CARUARU: RÁDIO CULTURA REALIZA ESPECIAL PARA FESTEJAR OS 92 ANOS DO COMPOSITOR ONILDO ALMEIDA

Os programas Cultura Entrevista e Tarde Livre irão homenagear o artista caruaruense. Nesta quinta-feira (13) a Rádio Cultura realizará um especial em comemoração aos 92 anos do cantor e compositor Onildo 
Almeida. O artista tem grande relevância para a culturabrasileira, tendo sido autor da música “Feira de Caruaru” e um dos sócios da Rádio Cultura do Nordeste.

A programação especial vai até às 17hs, iniciando ás 14hs com o programa Cultura Entrevista, que contará com a apresentação de Iran Carvalho e participação do historiador José Urbano, que  falará sobre a trajetória do artista e a importância dele para a história de Caruaru. 

O programa terá a apresentação de Hérlon Cavalcanti e participação de Onildo Almeida, às 15h no programa musical Tarde Livre, que tocará clássicos do cantor, como “A Feira de Caruaru”, “Carne de Sol” e “Bichim que Roi”. O programa também contará com depoimentos de diversos artistas nordestinos que irão parabenizar o compositor.

O Compositor e amigo de Luiz Gonzaga, o músico caruaruense Onildo Almeida, de 92 anos, revela a história que há por trás da última música que fez especialmente para Gonzagão: "Hora do Adeus", um dos clássicos do Rei do Baião. "Quando [Luiz Gonzaga] ouviu, chorou", lembra.
Nascido em Caruaru, no Agreste de Pernambuco, Onildo Almeida conta que em 1967, há 52 anos, o Rei do Baião o pediu para escrever uma música que representasse o fim da carreira. Segundo Onildo, Gonzaga sentia que tempo dele no cenário musical havia chegado ao fim. No início, o músico se recusou, mas fez a canção.

"Uma semana depois [do pedido de Gonzaga] fui ao Rio de Janeiro. Meus colegas de rádio de Caruaru estavam lá e nos encontramos. Luiz Queiroga, que era um deles, tirou um papel do bolso com umas palavras e disse: 'Vocês querem ver o que é talento? Onildo, coloca música nisso aí'. Quando eu abri o papel, tinham dois versos: O meu cabelo já começa prateando, mas a sanfona ainda não desafinou/ A minha voz vocês reparem eu cantando, que é a mesma voz de quando meu reinado começou. E eu fiz desses verso uma música", detalha.

Quando Onildo voltou para Caruaru, percebeu que Luiz Queiroga havia escrito poucos versos e decidiu completar a obra. "Dias depois, Luiz Gonzaga chegou perguntando se eu havia feito a música para ele. Respondi: 'disse que não faria', mas acabei mostrando 'Hora do Adeus', com os meus versos e os de Luiz Queiroga", recorda o caruaruense.
Luiz Gonzaga achou a música bonita e a gravou, mas ela não marcou o fim da carreira do pernambucano. Para Onildo, "Hora do Adeus" é  uma das principais obras dele porque conta a história de Gonzaga do começo.

"É uma canção importante porque conta a história do que é, para mim, o maior nome da música popular brasileira. Gonzaga não era só cantor, era compositor e instrumentista, por isso o acho o maior. Ele mudou e despertou no governo a realidade nordestina. Deu nome ao baião, xote, xaxado, coco de roda. Ninguém queria saber da música nordestina, era música de subdesenvolvimento. Mas, por causa da música de Gonzaga, o Nordeste mudou a cara", ressalta Onildo.

Onildo Almeida foi compositor de vários sucessos de Luiz Gonzaga, como "A Feira de Caruaru", "Capital do Agreste", Regresso do Rei, Carne de Sol, Queimando Lenha e "Sanfoneiro Zé Tatu".
Hora do Adeus

(Onildo Almeida e Luiz Queiroga)

O meu cabelo já começa prateando

Mas a sanfona ainda não desafinou

A minha voz vocês reparem eu cantando

Que é a mesma voz de quando meu reinado começou

Modéstia à parte, é que eu não desafino

Desde o tempo de menino

Em Exu, no meu Sertão

Cantava solto que nem cigarra vadia

E é por isso que hoje em dia

Ainda sou o Rei do Baião

Eu agradeço ao povo brasileiro

Norte, Centro, Sul inteiro

Onde reinou o baião

Se eu mereci minha coroa de rei

Esta sempre eu honrei

Foi a minha obrigação

Minha sanfona, minha voz, o meu baião

Este meu chapéu de couro e também o meu gibão

Vou juntar tudo, dar de presente ao museu

É a hora do adeus

De Luiz, Rei do Baião.

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