Pescador: profissão a caminho da extinção no Vale do São Francisco

“Meus filhos serão qualquer coisa, mas jamais pescadores”, afirmou o mais jovem dos dirigentes de Associação de Pescadores,  destacando a opinião compartilhada por seus companheiros.

O vice presidente da Associação dos Pescadores da Ilha do Fogo, localizada em Petrolina/Juazeiro,  Tadeu Reis avalia que não existirá uma nova geração de pescadores no Vale do São Francisco. Ele lamenta a extinção de peixes no Rio São Francisco. "Há 20  anos havia peixe para sustentar a família, mas agora passamos semanas no rio e não encontramos mais peixes".

A pesca esteve normal até antes da construção da Barragem de Sobradinho. “Antes era uma vida maravilhosa, digna,pois ganhávamos o pão de cada dia. Conseguia-se pescar quilos e mais quilos em um dia bom, mas hoje não se chega a dez quilos”, afirmou Paulo César, de 56 anos e na atividade desde os 11, na qual ingressou pelas mãos de seu pai e de seu avô.

Os pescadores mais antigos culpam a construção da Barragem de Sobradinho pelo desaparecimento dos peixes e aliado a isto, de acordo com os pescadores "a poluição, esgostos que são jogados no Rio São Francisco e matam o nosso velho Chico".

A essa contaminação acrescenta-se a produzida pelo esgoto urbano e de numerosas indústrias, que vem se acumulando e crescendo junto com a quantidade de habitantes da região.

Ao redor do Rio São Francisco, a tradição pesqueira de séculos parece chegar ao fim. "Um filho ao perceber o pai sofrendo numa profissão vai buscar outro caminho. A pesca profissional não vai durar mais que uns 10 anos”, disse Pedro Malaquias, pescador desde os 8 anos.
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