Onaldo Queiroga revela simplicidade de Dominguinhos

Amigos: este artigo é do juiz, pesquisador da obra de Luiz Gonzaga, Onaldo Queiroga. Reproduzo pois é necessário manter acesa a chama da Sanfona de Dominguinhos. Boa leitura...



Quando cheguei pela primeira vez ao Parque Aza Branca, Exu, Pernambuco, um fato logo me chamou a atenção. O lugar estava cheio de populares, artistas e principalmente turistas, em meio a tudo isso, transitava um ser ilustre, grande pelo toque de sua sanfona, pelas letras de suas músicas, pelo seu canto exuberante, mas acima de tudo pela sua simplicidade.

Com uma cordialidade indescritível, pacientemente falava com todos, atendia aos seus fãs, permitindo a realização de fotos e filmagens. Autografava discos, cds e fotos. Depois sentou-se à varanda da casa grande do Parque e juntamente com Zé Calixto, Luizinho Calixto e Eurides (pai de Waldones), abriu seu acordeon e para o publico presente tocou sua majestosa sanfona e cantou por mais de uma hora, interagindo com o povo gonzaguiano. Ao término, cumprimentou a todos, e de forma mansa, saiu para nova sessão de autógrafo, fotos e carinho para com os seus fãs.

Tudo aquilo que presenciei já tinha ouvido falar, mas Deus permitiu-me com os próprios olhos testemunhar o exemplo de homem consagrado, uma celebridade que sempre carregou e carrega consigo a simplicidade e humildade.

Como se sabe desde o início, ainda adolescente o rebento de seu Chicão aprendeu a ser bom filho, bom irmão, bom amigo, bom marido; a ser humilde, a ouvir antes de tudo, a ser paciente e respeitar o próximo. Seu perfil foi talhado durante a convivência com Luiz Gonzaga, seu ídolo maior, seu pai musical, seu mestre, seu padrinho, seu amigo, seu norte, seu destino e sua vida.

Certa feita, ele comandava um programa de rádio lá pras bandas do Rio de Janeiro, a despeito de já consagrado musicalmente, em vez de tocar suas próprias músicas, seus sucessos, executava o repertório de seu Luiz Gonzaga. Chamado a atenção pela direção da rádio, afirmou: No próximo programa vou tocar meus sucessos. Tudo conversa, pois sua devoção, seu respeito e seu afeto ao Rei do Baião, o conduziram instintivamente a, mais uma vez, tocar somente o Baião do Exu. No final, indagado porque não tocou suas músicas, o brilhante sanfoneiro, sorrindo exclamou: “Eu não toquei nenhum música minha? Sabe que nem percebi...”

Hoje é o representante maior do baião, da cultura gonzaguiana, da nossa música de raiz nordestina. Fiel aos ensinamentos do Rei Lua, segue humildemente de carro itinerante com sua inseparável sanfona por este país. Com tanta poluição musical, sua sanfona às vezes chora sentida, mas como ele próprio diz: “Vem amor, Vem cantar / Pois teus olhos ficam querendo chorar / Deixa a mágoa pra depois / O amor é mais importante a dois / Chora sanfona sentida em peito gemendo / Vai machucando / E em meu peito de amor vai morrendo / Quanto mais chora / Me entrego todinho ao amor / E o teu gemido disfarça em minha alma essa dor...”.

Este é simplesmente, Dominguinhos!!!
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