Eduardo
Coutinho foi um mestre da entrevista. Seus filmes não raramente são utilizados
no treinamento de jovens psiquiatras e terapeutas no país, tamanha sua
habilidade em deixar à vontade seus entrevistados, conseguindo com naturalidade
que eles fizessem as mais íntimas confissões. Numa da ironias em que é pródigo,
quis o destino que ele fosse morto por seu filho, provavelmente, durante um
surto psicótico.
Ainda não
há detalhes sobre crime ou sobre a doença do rapaz, até pela discrição de
Coutinho em relação ao tema, mas amigos comentam que além de esquizofrenia ele
teria problemas com drogas. Como ele e sua mãe também foram esfaqueados, a
principal hipótese da polícia é que tenha sido homicídio seguido de tentativa
de suicídio.
Infelizmente
os transtornos mentais só se tornam notícias em momentos como esse, apesar de
apenas 5% dos crimes violentos serem cometidos por pessoas com algum
diagnóstico psiquiátrico. Além disso, há hoje em dia uma enorme quantidade de
boas notícias produzidas pelos os avanços das neurociências – como novos
tratamentos e exames diagnósticos. Mas o fato é que, sem o tratamento adequado
existem doenças que aumentam o risco de a pessoa se tornar agressiva, sobretudo
quando há associação com o uso de drogas.
Que a
morte trágica de Eduardo Coutinho, que em vida nos ensinou a conversar com as
pessoas, nos ajude a aumentar os cuidados – e não os preconceitos – com os
pacientes psiquiátricos.
Fonte: Daniel
Martins- Psiquiatra e Sociedade-Estadão
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