"É muita festa. Na maior festa que o Brasil tem, eita São João Animado. Seu Sanfoneiro puxe o Fole a noite inteira!!!
Amplio minha coleção de Lps, discos com os cds de Dominguinhos: 1988 É isso ai! Simples como a vida, de 1989 Veredas Nordestinas e 1990 Aqui tá ficando bom! Ouvindo tanta preciosidade, pois no cd consta composições de Hermeto Pascoal, João Silva, João Gonçalves, Zé do Baião, destaco o encarte reproduzido fielmente desta reedição histórica. O texto é o da radialista José Lira, lá de Campina Grande, Paraíba, que fez o perfil mais exato da simplicidade, talento enorme de Dominguinhos.
Confira:
José Domingos de Moraes, filho de Francisco Domingos(Chicão dos 8 baixos) e Maria de Farias, o Dominguinhos, nasceu no dia 12 de fevereiro de 1941, lá prás bandas das terras de Garanhuns, cidade serrana, Estado de Pernambuco, portanto, foram mais de sete décadas vividas.Seu pai também conhecido como Mestre Chicão, foi um famoso tocador e afinador de sanfona de 8 Baixos, nascendo daí uma infância ligada ao mundo musical com certeza, um mundo de simplicidade, reflexo da região rústica e da simplicidade que compunha aquela realidade social.
Dominguinhos tinha o dom de encantar as mais variadas platéias, indo dos exigentes aficcionados dos festivais de jazz, aos dançadores de forrós de pé de serra. Dominguinhos foi uma criança nordestina que trabalhou o solo agreste, "puxando cobra para os pés", num dizer bem nosso, e cedo, junto com os irmãos, tocou nas portas dos hotéis, feiras, nas praças ou em festinhas populares, ao som da sanfona, do pandeiro e do mêle.
A vida de Dominguinhos veio sofrer mudanças de rumo quando aos 9 anos conhece Luiz Gonzaga. Aos 13 vai para a cidade do Rio de Janeiro (na época Capital Política do País) e recebe do Rei do Baião uma sanfona de presente. A partir daí as coisas foram acontecendo num ritmo surpreendente, quer na vida particular, quer na vida musical, pois o próprio artista confessou que não tinha grandes projetos para o futuro, tocante ao saber artístico.
Luiz Gonzaga sempre lembrou a Dominguinhos certo compromisso com nossas raízes. Seu Luiz conhecia de perto a potencialidade do afilhado e por isso temia que o filho do mestre Chicão enveredasse por outro caminho diferente da semente plantada lá pelos anos quarenta.
Explica-se: o grande centro urbano dera condições ao menino Dominguinhos de vivenciar uma situação musical onde despontavam nomes famosos que participaram da Época Ouro do Rádio Brasileiro. E ainda jovem, 18 anos, já estava o nosso sanfoneiro aos microfones celebres das Rádio Nacional, Mayrink Veiga e Tupi do Rio de Janeiro.
A virtuosidade ostentada por Dominguinhos é certo que ocorreu por duas vertentes: primeiro pelo talento que latejava dentro de si e veio explodir no momento certo; segundo, pela experiência de viver ao lado de grandes instrumentistas como Orlando Silveira, Chiquinho do Acordeon e outros nomes da música popular brasileira.
Então Pedro Sertanejo, pai de Osvaldinho, prestigiou esse talento, abrindo as portas de sua gravadora para o primeiro disco, em 1964.
Quem teve a felicidade de conhecer de perto o trabalho de Dominguinhos, como também a grande figura humana que ele é(foi), descobrirá logo de ínicio seu traço característico: A humildade. Humildade que o leva a passar um bom espaço de tempo sentado num desprestigiado tamborete, em cima de um caminhão, dedilhando a sanfona para si, à espera de que o som seja consertado para uma apresentação numa periferia Ou humildemente na postura do gesto, envergando um "Smoking"para receber mais um Prêmio Sharp, considerado o Oscar, no palco do Teatro Copacabana, no Rio.
Eis o perfil desse artista nordestino, de fala cadenciada como uma toada romântica e de olhar triste; de mansidão que conquista no primeiro aperto de mão e de voz quente quando canta e toca um forró bem balançado.
Nota: Em 2012 Dominguinhos foi homenageado aqui em Petrolina, recebeu o Troféu Asa Branca. Dominguinhos lembrou episódios de sua carreira e definiu: " agora é que fico mais emocionado quando escuto os baiões. Tudo é mais bonito"...
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