MORRE AOS 101 ANOS PEDRO RODRIGUES, MESTRE NA ARTE DE TOCAR SANFONA DE 8 BAIXOS

O mestre da sanfona de 8 Baixos Pedro Rodrigues faleceu na noite de ontem 22. Ele é pai do também tocador de sanfona Manuel Geraldo e avô do músico percussionista Paulo Henrique (PH Lucas).

A morte de tocador Pedro Rodrigues representa que o mundo da sanfona de 8 baixos fica cada vez mais sem ícones que possam ensinar aos mais jovens e manter a tradição da cultura de tocar 8 Baixos.

Na identidade de Pedro Rodrigues, consta o nascimento dia 26 de abril de 1926. Mas a idade de seu Pedro era 101 anos.O sepultamento de Pedro Rodrigues acontece no final da tarde deste domingo (23).

Na atualidade são poucos os sanfoneiros de 8 Baixos que continuam mantendo a sonoridade considerada uma arte.

O músico e neto PH Lucas, disse que o avô "era pura alegria e amante da música e da sanfona de 8 Baixos",

Manuel Geraldo, e considerado um dos mais talentosos da região, toca sanfona de 8 e de 120 baixos, um dos poucos sanfoneiros que possui este conhecimento.

"Meu pai, Pedro Rodrigues partiu. Cumpriu a missão na terra. Deixou uma história de determinação", disse Manuel Geraldo.

O compositor Rosalvo Antonio, membro do Conselho Popular de Petrolina, lamentou a morte de Pedro Rodrigues. "Cada vez mais nossa cultura e em especial nesta partida fica mais sem representatividade, sem o talento e a possibilidade de ser ensinada para as novas gerações", disse Rosalvo.

"Quem sabe tocar sanfona de oito baixos hoje está ficando velho, morrendo. É preciso renovar, buscar novos talentos, para a tradição não morrer". Essa é preocupação do sanfoneiro paraibano Luizinho Calixto, que há mais de 20 anos inicia crianças no instrumento, famoso nas mãos de Januário, pai de Luiz Gonzaga. O músico desenvolveu uma didática para facilitar o ensino, que carece de professores em todo o Nordeste. Em 2012, ano do centenários de Luiz Gonzaga, Luizinho Calixto realizaou uma oficina para alunos de Exu Pernambuco que receberam o certificado de que aprederam os primeiros passos na "pé de bode".

A sanfona de oito baixos é dividida em baixo, fole e teclado com 21 teclas. Cada tecla faz um som diferente quando o fole abre e fecha, ou seja, são 42 sons ao todo. As teclas do baixo têm que ser tocadas na hora certa, em harmonia com as do teclado. "A sanfona de oito baixos veio da Europa com uma afinação diatônica. Quando chegou aqui no Nordeste, alguém transportou, não se sabe o porquê nem baseado em quê, a afinação para o dó-ré, que é única no mundo todo", explicou Luizinho Calixto.

Esta falta de informação sobre a sanfona de oito baixos foi um desafio que o músico teve que vencer para poder elaborar a oficina de iniciação. "Diziam que só tocava quem tinha dom ou um parente na família para ensinar. Mas criei um sistema onde cada tecla é um número. Se a tecla está pintada de vermelho, é para fechar. De azul, para abrir. Assim, os meninos olham e pronto, já saem praticando sozinhos", disse. 

O método foi batizado de tablatura.


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