DIA DO SANFONEIRO FESTEJA DATA DO NASCIMENTO DE SIVUCA, O MESTRE DO SOM

Dia do Sanfoneiro. Hoje (26) é o dia a ser celebrado anualmente, em todo o território nacional. A data marca o nascimento de Sivuca, que é natural da cidade de Itabaiana, no Brejo da Paraíba. Além de compositor e arranjador, Sivuca é um mestre da sanfona, instrumento do qual é um dos principais divulgadores na música nacional e internacional.

Sivuca fez sucesso pelo país com seus arranjos que disseminaram a cultura pelo mundo. Ao lado de sua esposa e também cantora, Glória Gadelha, compôs um de seus maiores sucessos, “Feira de Mangaio”, eternizada na voz de Clara Nunes. Sivuca morreu, aos 76 anos, em 2006, vítima de um câncer de laringe, o qual se tratava desde 2004.

Sivuca completaria 91 anos neste 26 de maio, mas continua marcado na memória de todos que compõem a música brasileira. Está vivo, principalmente, por meio de músicos que fizeram eternizar o ronco do fole da sanfona do mestre Sivuca.

Na Paraíba, a influência não poderia vir, se não, por meio do forró e da família. Lucy Alves, multi-instrumentista, nutre uma relação com os instrumentos musicais desde criança, quando por volta dos 4 anos começou a participar da Orquestra Infantil da Paraíba. Foi instrumentista antes de descobrir a voz potente, doce e uma grande aliada em tudo que Lucy quer traduzir por meio da música.

“Eu fui fortemente influenciada pelos meus pais, pela minha família. Tenho tios que tocam sanfona e meu bisavô também já tocava a sanfona de 8 baixos. Tá no sangue. Mas resolvi colocar a bichinha no peito quando formamos o grupo musical ‘Clã Brasil’ e precisava de sanfoneiro. Como já tinha tocado piano quando criança e o grupo era formado por mim, minhas irmãs, pai, mãe, Fabiane e Francisco Neto (ambos filhos do maestro Chiquito), resolvi tocar o instrumento. E me apaixonei. Com a sanfona dá pra fazer de um tudo musicalmente”, relata Lucy.

Mas seguir em um caminho marcado por muitos homens, nem sempre é fácil se inserir como uma linha fora da curva. Questionam o peso do instrumento, o motivo de não tocar outro instrumento, o exótico da “mulher sanfoneira”, mas pouco sobre a qualidade instrumentista. Mas foi assim que Lucy Alves ganhou o Brasil quando apareceu em rede nacional, no programa The Voice Brasil, com a sanfona caindo pelos ombros. A voz que se misturava com o ritmo da sanfona era melodia para esquentar o coração do nordestino. Acabou encantando além da região.

“Já houve um tempo onde mulheres tinham aulas de piano e sanfona nas escolas, internatos… Era algo prendado e até de classe para uma mulher ’bacana’. Mas esse protagonismo de mulheres em grandes palcos e liderando bandas e trabalhos musicais com sua concertina eu vejo ficar cada vez mais forte no agora. É um símbolo de força, beleza e mais uma conquista para nós, instrumentistas”, revela Lucy.

Para fugir da comparação com os sanfoneiros, Lucy Alves escolheu acreditar em si mesma. Com o apoio da família, que nunca deixou de reafirmar a importância e competência do Clã inteiro enquanto musicistas, Lucy foi longe. “Paraíba se orgulha de sua cultura e de seus baluartes”, declara a artista.

“Num mundo ainda machista e patriarcal nós mulheres tocarmos sanfona é muito potente porque amplia um mundo musical e cultural de nossa região ainda muito dominado por homens. Não é fácil carregar e sustentar um instrumento tão bonito, mas tão pesado e que muitas vezes, por termos um físico mais frágil, nos machuca”, desabafa.

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