ORQUESTRA CRIANÇA CIDADÃ É RECONHECIDA COMO PATRIMÔNIO IMATERIAL E REALIZA LIVE

Uma sessão virtual da Assembleia Legislativa de Pernambuco no ínicio deste mês aprovou, por unanimidade, um projeto para o governo estadual conceder o registro de Patrimônio Cultural Imaterial do Estado de Pernambuco à Orquestra Criança Cidadã. Desde 2006, a orquestra contribui para a formação musical, artística e cultural de crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social no estado. O projeto é coordenado pela Associação Beneficente Criança Cidadã (ABCC) e atualmente atende 405 jovens divididos nos núcleos do Coque, no Recife, de Ipojuca e Igarassu.

"A outorga representa muito para a orquestra, é mais um conhecimento que recebemos. Transmite ânimo, força e vigor para todos os que trabalham nesse projeto”, agradeceu o juiz João Targino, idealizador da OCC, em entrevista por telefone. 

A data da cerimônia de oficialização do registro ainda será marcada. Como forma também de celebrar a conquista, o grupo promove um recital online nesta quarta-feira (27), às 20h, no Instagram (@criancacidada). A apresentação será com os professores Robson Gomes (trompa), Cláudia Pinto (clarinete), Eneyda Rodrigues (flauta transversal) e Érico Veríssimo (trompete). O repertório incluirá composições nacionais e internacionais.

Em 14 anos, a orquestra recebeu mais de 30 prêmios, chegando a ser mencionada pela Organização das Nações Unidas como uma boa prática de inclusão social em 2010. O dia 31 de outubro de 2014 foi um marco para a entidade e 43 músicos do grupo. Na Sala Clementina, no Vaticano, eles se apresentaram para o Papa Francisco. O concerto fez parte da 16ª Conferência Internacional da Fraternidade Católica.

Há cinco anos, a OCC se tornou a primeira escola de música das Américas e a segunda do mundo a fazer parte do Programa de Escolas Associadas da Unesco. “Enfrentamos diversas dificuldades, mas temos imensos motivos para estarmos felizes, visto que conseguimos transformar a vida dos jovens que já passaram pelo projeto. Apesar de todos os eméritos, o troféu diário é a transformação”, diz Targino.

Mesmo com as conquistas, Targino está preocupado com a situação financeira do projeto devido à profunda crise econômica que o país enfrenta com a pandemia. De acordo com ele, a orquestra tem recursos para sobreviver até novembro.

“A maior parte da nossa receita vem através da Lei de Incentivo à Cultura, que está diretamente ligada com o lucro real das empresas. Não sabemos até quando a pandemia vai durar e, diante do cenário, creio que pouquíssimas empresas nesse país darão o lucro real no final do ano após os balanços. Se não existe lucro real, não existe destinação à Lei Rouanet. É um cenário muito preocupante para a instituição, assim como é para as empresas.”

No repertório da live de hoje da orquestra, três músicas brasileiras integram a parte reservada ao clarinete: Melodia (de Osvaldo Lacerda), Aboio ao sol (Laila Campelo) e Brincando com o clarinete (Lourival Oliveira). Na trompa, serão executados solos do segundo movimento da Sinfonia nº 5, de Tchaikovsky, e do primeiro movimento do Concerto nº 3 para trompa e orquestra, de Mozart. 

Na flauta transversal, os espectadores vão apreciar Syrinx, de Claude Debussy, e, no trompete, uma parte solo do Concerto para trompete e orquestra, de Johann Nepomuk Hummel. 

“Além de o projeto sempre divulgar as ações e os resultados dos alunos e suas apresentações, também é muito importante mostrar os professores, quem são e o que tocam. Afinal, por trás do aluno, há o professor, e isso precisa ser compartilhado”, diz Robson Gomes, professor de trompa.
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