CULTURA: POETAS DE CORDEL CRIAM ASSOCIAÇÃO PARA FORTALECER CATEGORIA

As métricas, rimas e sextilhas da literatura de cordel em Pernambuco permanecem em movimento, e agora com: “ (...) força e engajamento
Vem mostrar o envolvimento
Dos poetas cordelistas
Que lutam para incluir
Valorizar os artistas
Na defesa do cordel
Surge assim a Acordel
Como uma grande conquista”.

Assim disse a cordelista Susana Morais em um dos trechos de uma literatura popular, Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil e que passa a contar no Estado com a Associação pelo Cordel em Pernambuco (Acordel-PE), recém-criada por mais de 70 poetas durante reunião virtual realizada com o intuito de fomentar a arte e viabilizar projetos para o setor, agora institucionalizado.

“A Acordel-PE surge como somatório de forças em prol do cordel e um desejo incessante por reorganizarmos a categoria. Engana-se quem pensa que o cordel está morto. Em Pernambuco, ele é forte e vigoroso e está sempre atento às modificações do mundo moderno, como exemplo do uso da tecnologia para nos reaproximarmos”, conta o poeta Felipe Junior, nomeado em assembleia (virtual) presidente da Associação. Além dele, os cordelistas Ângela Paiva (vice-presidenta), Josué Limeira (diretor administrativo), Susana Morais (diretora financeira) e Shirley Izabela (diretora executiva) completam a chapa “União Pelo Cordel”, eleita para o biênio 2020/2022. 

A discussão para formação da Acordel começou em março, em meio à pandemia que passou a assolar o mundo, obstando setores da cultura a seguirem em frente. O futuro (e o presente) da poesia, portanto, passou a ser mote para encontros marcados via WhastApp.

 “Sempre acreditei que a composição formal de uma associação é fundamento para debate, produção, formação e organização. São muitas cabeças pensantes, muitos desejos com um só objetivo: valorizar o cordel. É extremamente necessária essa reorganização, pois é através da força dela que entramos no debate por políticas públicas voltadas para a cultura. Nossa proposta é incomodar, mostrando a riqueza presente na cultura popular através da Literatura de Cordel”, complementa Felipe, em conversa com a Folha de Pernambuco.

Ainda de acordo com ele, a Acordel - que abrigará, além de poetas, pesquisadores, autores e participantes da cadeia produtiva da literatura de cordel - surgiu "a pedido dos próprios cordelistas”, que mantiveram esforços de não se perderem, de compartilharem poemas e pensamentos para os dias vindouros de um setor que anteriormente já havia contado com a União dos Cordelistas de Pernambuco (Unicordel), criada em 2005 mas que não seguiu adiante. 

“A Unicordel resgatou a Literatura de Cordel no Recife, foram muitos os projetos executados e as conquistas, mas a associação se perdeu no tempo”, explica José Felipe Nazário Junior, paraibano, tataraneto de Agostinho Nunes da Costa, “precursor da cantoria de viola e da literatura de cordel no Brasil” como ele mesmo expôs.

Admirador dos cordéis de São José do Egito, no Pajeú pernambucano, Felipe é também professor e pesquisador da poesia popular e, entre outras coisas, assina mais de 60 livretos e romances de feira. “O futuro do cordel independe do término da pandemia. A própria vida precisou de reorganização e a pandemia é uma resposta da vida. A gestão já está trabalhando na elaboração de projetos e no mapeamento dos cordelistas no Estado”, conclui ele, não sem antes, é claro, entregar mais rimas, métricas e poesias.


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