PRODUTORES QUESTIONAM GOVERNO: SÓ AGORA APÓS ELEIÇÕES PROÍBEM REALIZAÇÃO DE EVENTO?

Pernambuco retrocedeu no Plano de Convivência das Atividades Econômicas com a Covid-19. Um decreto estadual que será publicado nesta terça-feira (8) proíbe shows e festas, com ou sem cobrança de ingresso e independente do número de participantes, em todo o estado. Casamentos, formaturas e eventos sociais similares podem continuar acontecendo, desde que os protocolos vigentes sejam cumpridos. 

Shows e festas de Natal e Réveillon estão proibidos em Pernambuco, incluindo os realizados em espaços públicos ou privados, como condomínios; clubes; hotéis e afins. O decreto entra em vigor nesta terça 8, a partir da publicação no Diário Oficial.

"Estamos tomando essas medidas por precaução. Volto a reforçar que, se a gente cumprir os protocolos, a gente consegue ter o plano de convivência sendo realizado, dando a oportunidade de as pessoas saírem de casa para trabalhar. O que não pode é descumprir as regras e foi isso o que aconteceu em outros países da Europa, nos Estados Unidos e na América Latina. Já os países asiáticos tiveram um maior rigor no cumprimento dos protocolos", pontuou.

Schwambach destacou que o diálogo com os setores produtivos do estado vai continuar. 

"Vimos um certo relaxamento no cumprimento dos protocolos. Teremos um diálogo mais próximo para que a gente reforce essas ações e que a gente não precise tomar medidas ainda mais drásticas de restrições. Essas são as primeiras medidas que estamos tomando, especialmente porque percebemos um descumprimento total na realização de shows e festas. Em relação aos outros setores, por enquanto vão continuar da forma e com a capacidade que estão programadas, mas vamos conversar para exigir o cumprimento dos protocolos", enfatizou.

Segundo o secretário, chama a atenção do estado o fato de a máscara não estar sendo usada ou exigida em estabelecimentos do setor de alimentação. "Em alguns segmentos de alimentação, percebemos o não uso do protocolo de servir as pessoas apenas quando estiverem sentadas. Vale ressaltar que vai continuar o serviço de alimentação funcionando, mas a gente pede que os protocolos sejam obedecidos para que as atividades continuem funcionando", destacou.

Dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) embasaram a decisão do estado em relação aos eventos. O secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, afirmou que a semana epidemiológica 49 - de 29 de novembro a 5 de dezembro - terminou com alta de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) e nas solicitações de leitos de UTI no estado. Houve aumento de 5,6% nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave, suspeitos para a Covid-19. A taxa de ocupação dos leitos de UTI em Pernambuco está em 87%.

"Essa é a terceira semana seguida de alta nos indicadores. Saímos, então, de um quadro de oscilações para uma tendência clara de crescimento de casos. Esse fato leva hoje o Comitê de Enfrentamento a deflagrar novas medidas em nosso plano de convivência para evitar o aumento de contágio e, consequentemente, de novos casos e mortes. Intensificamos a fiscalização no último fim de semana e constatamos o descumprimento dos protocolos em alguns bares, restaurantes e clubes, que promoviam festas e shows", afirmou.

A presidente da Associação Brasileira de Empresas de Eventos de Pernambuco (Abeoc-PE), Tatiana Marques, disse que o setor de eventos do estado não esperava a decisão anunciada hoje pelo governo de Pernambuco. "A situação é dramática. Nos grupos de WhatsApp com profissionais do setor, a indignação é geral entre os colegas. Ficamos sabendo dessa proibição junto com a população, pois não havíamos sido comunicados previamente", disse.

Tatiana contou ainda que profissionais que trabalham com eventos no estado choraram após o pronunciamento feito no Palácio do Campo das Princesas. "O nosso setor já apanhou muito. Foi o que mais desempregou. Vi pessoas que tiraram de onde não tinham para estudar, fazer planejamento para o Natal e Fim de Ano e, agora, estão desamparados, sem saber o que fazer", comentou.

De acordo com a presidente da Abeoc-PE, o setor não é contrário às medidas de contenção do novo coronavírus, mas discorda da forma como o governo de Pernambuco conduziu a medida. "O diálogo com o setor de eventos e entretenimento existia, mas, desta vez, fomos pegos de surpresa. Vamos procurar o estado e a nova gestão da Prefeitura do Recife para saber o que podemos fazer agora. Também queremos saber por que essa decisão só aconteceu após as eleições e depois de comemorações com aglomerações promovidas pelos próprios políticos", afirmou.

Já o produtor de shows Augusto Acioli disse que procura pensar nas dificuldades que as autoridades têm para tomar as decisões. "São muitos trabalhadores proibidos de exercer suas funções. Muita gente passando dificuldade nesses nove meses sem trabalhar. Espero que essas pessoas possam ser amparadas de alguma forma. No mais, continuo rezando para que esse pesadelo acabe logo", comentou.

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