DISTRITO DE JUREMAL: BELEZAS E RIQUEZAS DA DIVERSIDADE DA CAATINGA

A caatinga é um ecossistema único, encontrado no sertão nordestino. A palavra caatinga, é indígena, de origem tupi, e quer dizer "mata branca", "mata rala" ou "mata espinhenta". Muitas das plantas da caatinga têm capacidade de reter água no caule e nas folhas, o que acaba servindo para matar a sede de pessoas e animais quando a seca se prolonga muito.

O BLOG NEY VITAL se embrenha numa série de reportagens pelo interior de Juazeiro e chega nos Distritos para mostrar as suas belezas e ouvir também as reivindicações dos moradores. O distrito de Juremal é nosso primeiro destino. Distrito Juremal distante cerca de 40 km da sede de Juazeiro.

O morador, funcionário público, Rinaldo José do Nascimento, conhecido por "Seu Pora, diz que antigamente o nome era Jurema. Ele mostra com orgulho a "antiga estação de trem de Juremal. Detalhe: a Estação foi a primeira em que a caixa de água era usada para abastecimento das locomotivas atendia até duas ao mesmo tempo, por possuir um sistema subterrâneo de abastecimento, ao invés de ser o comum direto da caixa d'água."

Nos arredores do Distrito, está localizada a Fazenda Lajes, Maravilha e Altamira. Nestes pedaços de terra o sertão se faz presente qual nas escritas da literatura brasileira. Beleza, cores e sons se misturam. Problemas e soluções ambientais tambémm gritam, pedem socorro.

"Seu Pora", mostra que com a chuva e a conservação é possível observar as cores das árvores caraibeiras, pau de colher, quixabeira, juazeiro, ouvir o canto dos pássaros Sabiá, Caboré e Juriti. "Aqui as árvores são resistência e mostra toda exuberância da natureza vencendo todas as dificuldades em sua maioria postas pelo homem", diz.

Rinaldo mostra um cacimbão que possui mais de 100 anos no local e que ainda possui água. Mas a caatinga também dá sinais de perigo. Batizado pelo escritor brasileiro Euclides da Cunha (1866 - 1909) como a "árvore sagrada do Sertão", o umbuzeiro corre risco de extinção no semi-árido brasileiro. Não há exagero. 

A reportagem fotografou o Umbuzeiro morrendo. 

O umbuzeiro é uma espécie ameaçada de extinção, embora oficialmente não seja considerada ameaçada pelo governo brasileiro.

Esse alerta, é referenciado pelo agronomo José Wilson Chaves, o Chaveco, também criador de bode na região. Ele diz que na caatinga praticamente não existem novas plantas de umbuzeiro e a história mostra anos de exploração da caatinga que agora revela a morte de alguns pés de umbuzeiros.

As espécies de árvores encotrandas nos arredores do Distrito de Juremal têm entrre 50 a 100 anos de idade. "Por isto estamos com um projeto de plantio da árvore caraibeira, angico, juazeiro, mulungu e conscientização ambiental é essencial neste momento. Plantar árvores se faz necessário para garantir o futuro e conservação da caatinga', diz.

A proposta é bem recebida pelo empresário Italo Lino de Souza que pretende fazer um reflorestamento numa área plantando árvores nativas da região.

Para o autor do livro A Flora das Caatingas no Rio São Francisco, o principal problema que ameaça a espécie de arvores é a criação inadequada de bodes, cabras e ovelhas no nordeste – região que, segundo o professor, detém o maior rebanho do Brasil. Como muitos animais são criados soltos na caatinga, comem as plantas recém-germinadas – o que faz com que as espécies mais jovens desapareçam.

José Alves aponta que, para evitar a extinção do umbuzeiro, os animais precisam ser mantidos em ambientes mais confinados. O pesquisador ainda alerta que, se as comunidades não mudarem a forma de criação de ovinos e caprinos, a preservação do umbuzeiro, corre um sério risco.

O professor e pesquisador da cultura popular nordestina, Genivaldo Nascimento, diz que o umbuzeiro faz parte do universo sagrado do sertanejo. “Quando o sertanejo vê uma planta dessa secando traz angústia e tristeza e isso acaba interferindo no sentimento de pertencimento em relação a região e em relação a Caatinga”.

O umbuzeiro consegue armazenar até 1.000 litros de água nas raízes. O biólogo e especialista em fisiologia de plantas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Saulo de Tarso Aidar, explicou na reportagem em 2016 para o Globo Rural que as plantas tiveram que usar as reservas de água e por isso muitas chegaram a morte. “Os últimos anos houve menos chuva que o normal e talvez tenha sido muito abaixo da condição que a planta precisa para sobreviver. 

O agrônomo e especialista em plantas da Caatinga, Francisco Pinheiro de Araújo, revela que a morte dos umbuzeiros pode interferir nas produções do futuro. “Essas plantas estão morrendo e não estão deixando descendentes, o que é muito grave isso. Porque isso vai comprometer a produção atual, e com as mortes das plantas, as produções futuras, porque não tem plantas novas na nossa Caatinga”, ressalta.


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