CULTURA GONZAGUEANA: O FORRÓ MAIS BRASILEIRO NO RITMO DO TRIO AS JANUÁRIAS, SOCORRO E MAZÉ

Durante as festividades dos 109 anos de Luiz Gonzaga realizado em Exu, Pernambuco, um toque com a força da modernidade provocou euforia nas terras do Rei do Baião. A presença do trio As Januárias e da dupla Socorro e Mazé mostrou o talento feminino e os valores e frutos plantados por Luiz Gonzaga.

Essas mulheres protagonizaram lições mais sublimes de música e empatia na terra de Luiz Gonzaga.

Numa das canções mais conhecidas de Luiz Gonzaga, repete-se: “Lui, respeite Januário”. É um clamor para que aceitem outras formas de fazer forró. Pois é justamente pedindo o fim dos preconceitos com diferentes jeitos de fazer música e, especialmente, com a presença feminina na música brasileira que as irmãs Mayra Barbosa, Mayara Barbosa e Sidcléa Cavalcanti criaram um trio forrozeiro. 

O trio se chama As Januárias, banda que traz seu forró com violão um tempero especial. O grupo é ao mesmo tempo inovador e tradicional. É inovador por ser composto por três mulheres jovens que buscam suas referências musicais na história do ritmo e não nos ramos mais recentes. Mas é tradicional por ser um grupo que marca a presença feminina no forró — uma constante desde os primórdios, mas que sofreu um apagamento histórico, como elas defendem — e também por interpretar canções tradicionais.

Quem explica o mix livre de preconceitos e repleto de muita pesquisa histórica que faz as Januárias é Sidcléa Cavalcanti, o ponto fora da curva. Professora das gêmeas Mayra e Mayara, ela se tornou uma irmã postiça de ambas e é ela quem introduziu o violão no trio.

“O forró sempre teve outros instrumentos, o pífano, o melê, o fole de oito baixos, também conhecido como pé de bode, instrumento de Seu Januário, pai de Gonzagão, e até o pandeiro. A ideia do trio liderado pela sanfona veio com a urbanização proposta por Luiz Gonzaga, por ser muito enxuta, mais fácil de transportar. Ela é de fato riquíssima e acabou associada à identidade forrozeira, mas não é a única. Hoje em dia há diversas instrumentações, há forró eletrônico, o próprio Gonzaga usou guitarra, baixo, flauta. O forró é uma música muito diversa e eu, que sou professora de violão, me graduei nesse instrumento, sempre tive facilidade de encaixá-lo nessa mistura”, diz.  

O posicionamento d’As Januárias em defesa da presença feminina no forró também passa por uma argumentação histórica, mostrando que a visão do nordestino como masculino é uma ideia que se construiu ao longo do tempo e que a realização da força do povo também em um aspecto feminino tem ganhado maior espaço — o que culmina até em figuras como Juliette, do BBB. 

“O signo nordestino ainda é muito patriarcal, é o ‘cabra macho’, o cangaço, o resistir, a natureza seca. A mulher, que ainda é vista como um símbolo frágil, ficamos em um ponto periférico nessa estrutura. Mas o feminino sempre esteve na cultura nordestina, no forró. Canções como ‘Feira de Mangaio’, costumam ser citadas como sendo de Sivuca, mas é uma parceria dele com Glorinha Gadelha, sua esposa. ‘Eu só quero um xodó’ é de Dominguinhos com Anastácia, uma figura fundamental do forró. É uma luta diária recriar esse laço e as Januárias e os grupos femininos tem buscado restaurá-la”, afirma. 

PROJETO: O trio “As Januárias” é um grupo feminino de forró criado no ano de 2017 pelas irmãs Mayra Barbosa, Mayara Barbosa e Sidcléa Cavalcanti. A banda surgiu com a proposta de fazer forró com uma formação instrumental diferente da convencional, utilizando violão em vez de sanfona para combinar com a zabumba e o triângulo/agogô. O projeto é formado por mulheres e busca exaltar a força e o protagonismo feminino em um meio ainda predominantemente masculino como o forró, tocando repertório de nomes expoentes como Marinês, Anastácia, Elba Ramalho, Clemilda, Lia de Itamaracá e Selma do Coco. 

Em seu trabalho autoral, o trio mescla influências que vão do forró ao maracatu, com letras que tratam de temas contemporâneos como as conquistas e lutas das mulheres na sociedade. As Januárias buscam fazer forró para o público jovem, mas sem deixar de exaltar a tradição. 

SOCORRO E MAZÉ: A dupla Socorro e Mazé é traduzida por mulheres de vibra que se uniram a levam forró por onde passam. Socorro, paraibana, Mazé, pernambucana, dois estados que tem em sua raiz o autentico forró. Não sabemos se por isso ou se a veia nordestina arretada que instigou a dupla “Socorro & Mazé” desde 1983.

No ano de 1999 se uniram a banda taquaritinguense Naturais do Forró e lançaram um CD juntos. Desde então a carreira vem crescendo e ganhando as mídias e festas da região. Em 2019 foram às homenageadas do São João de Taquaritinga do Norte. Estão sempre se apresentando no Alto do Moura e contratadas para shows na região, sempre muito elogiadas pela critica.

Possuem várias músicas autorais com destaque para: Alto do Moura, Flor de Maracujá, Taquaritinga e Pé de Mulubu e uma homenagem a Luiz Gonzaga. 

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