CASO BEATRIZ: LÚCIA MOTA SEGUE CAMINHADA ATÉ RECIFE E GANHA CADA VEZ MAIS APOIO

A imprensa agora nacional tem repercutido o Caso Beatriz. O dia ainda nem tinha nascido quando Lúcia Mota, 41, apertou os cadarços do tênis para encarar o desafio de concluir uma caminhada de 712 km. O esforço é em memória da filha Beatriz Angélica, assassinada aos 7 anos de idade, em 2015. Em mais uma tentativa desesperada de ser ouvida pelo governador, Lucinha, como é chamada carinhosamente por todos na região, saiu de Petrolina -- cidade cenário do crime -- no último dia 5, com destino ao Recife. A missão é ir a pé até o Palácio das Princesas, sede do governo do estado, para pedir justiça por Beatriz.

Um carro vai acompanhando Lucinha. No comando do apoio está o marido e pai de Beatriz, Sandro Romildo, que conta com a ajuda de mais dois amigos. "Podemos passar 30, 60, 90 dias... uma hora ele [o governador] vai ter que nos atender, uma hora ele vai ter que enfrentar o problema. Chega de indiferença, chega de injustiça, chega de impunidade, chega de incompetência", pede.

No acostamento, ao lado de carros, caminhões e ônibus, que passam buzinando como forma de apoio à causa, ela segue viagem até sumir na linha do horizonte. Na bagagem, a mãe carrega muitas lembranças da filha. "Comigo, no meu corpo, levo apenas recordações de Beatriz", conta.

Beatriz Angélica Mota Ferreira da Silva foi encontrada esfaqueada dentro de um tradicional colégio de freiras em 2015 -- e o motivo do crime nunca foi revelado. Na ocasião, ela estava acompanhada da família para comemorar a formatura de ensino médio da irmã mais velha. A noite de festa foi interrompida quando o pai, que era professor na escola, subiu ao palco e começou a chamar por sua filha no microfone. "Beatriz, ô minha filha, onde você tá?", dizia, já angustiado. Enquanto ele clamava por ajuda, a festa continuava -- alguns convidados mais animados não queriam parar a celebração. Instantes depois, as pessoas começaram a sair da pista de dança. O som parou e os gritos de desespero ressoaram pelo local. Era o choro das primeiras pessoas ao encontrarem o corpo da menina. Beatriz foi vista pela última vez em imagens de uma câmera de segurança, às 21h59, quando se afastou da mãe para ir até o bebedouro do colégio. Foram poucos minutos até ela ser encontrada sem vida atrás de um armário, em uma sala de material esportivo, que fica ao lado da quadra de esportes onde se realizava a festa.

A criança estava com uma faca do tipo peixeira cravada no abdômen e apresentava ferimentos no tórax, nos braços e nas pernas. Mais de duas mil pessoas estavam no local e ninguém viu o crime acontecer. O pesadelo de Lucinha tirou o sono de todos na região naquela noite.

NOTA GOVERNO DO ESTADO: Força-tarefa da Polícia Civil ficará permanentemente mobilizada para chegar ao autor do assassinato da menina Beatriz Angélica

Inquérito do caso tem 24 volumes, 442 depoimentos, sete tipos diferentes de perícias, 900 horas de imagens e 15 mil chamadas telefônicas analisadas

A Secretaria de Defesa Social vai manter mobilizada a Força-Tarefa que investiga o assassinato da menina Beatriz Angélica, ocorrido há seis anos em Petrolina, até que seja identificado o culpado. O inquérito do caso, que tem até agora 24 volumes, 442 depoimentos, sete tipos diferentes de perícias, 900 horas de imagens e 15 mil chamadas telefônicas analisadas, foi remetido ao Ministério Público de Pernambuco, no dia 13 de dezembro de 2021.

O Inquérito Policial já havia sido enviado em 2019, ao MPPE, que requisitou novas diligências. Todas as solicitações foram cumpridas e entregues ao Ministério Público pela Força-Tarefa criada pela Chefia de Polícia para investigar o caso. Os quatro delegados, com vasta experiência em investigações relativas a crimes de homicídios, revisitaram todo o material que já havia sido produzido e realizaram novas diligências. 

Na esfera administrativa, a Corregedoria Geral da SDS publicou, na edição de sábado (18/12) do Boletim Geral da SDS, a conclusão do Processo Administrativo Disciplinar Especial (PADE) em desfavor do perito criminal Diego Henrique Leonel de Oliveira Costa. Instaurado em maio de 2020, o PADE finaliza com parecer pela demissão do servidor. O servidor prestou consultoria de segurança, através de uma empresa da qual é sócio, ao Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, local onde Beatriz foi assassinada e, posteriormente, atuou na equipe de investigação.

Sobre o pedido de acesso aos conteúdos da investigação por parte de uma empresa privada americana, sem qualquer vínculo com o Governo dos EUA ou suas representações diplomáticas no Brasil, esclarecemos que esse tipo de cooperação não encontra respaldo na legislação brasileira. Com relação à requisição de federalização do caso, essa é uma iniciativa que deve partir do Ministério da Justiça.

Por fim, cabe destacar ainda que a família da vítima já foi recebida pela Secretaria de Defesa Social e o comando da Polícia Civil por quatro vezes e pelo governador Paulo Câmara em duas oportunidades. No último sábado, os pais de Beatriz foram informados que o pedido de audiência com o governador foi aceito e o encontro marcado para as 11h da terça-feira, 21 de dezembro. Tendo o governo ainda oferecido transporte para os familiares.

Nenhum comentário

← Postagem mais recente Postagem mais antiga → Página inicial

0 comentários:

Postar um comentário